segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

EDITORIAL DE JANEIRO

O CAMINHO A SEGUIR



   Quantos argumentos pessoas e países poderão utilizar para manterem suas economias da degradação humana ? Assistimos a perpetuação infinda de um sistema que trama o fim de nossa espécie ? Os "ajustes de mercado" vão colocando as perdas de vidas humanas como um grande negócio. Nunca "catástrofes" deram tanto ibope. Enviados especiais das redes televisivas, patrocinadas em sua maioria por empresas que degradam e destroem o meio ambiente, dizem-se "consternados" com cenas do extermínio de vidas humanas. No entanto, estas mesmas emissoras vendem a sociedade da exclusão como ideal de realização. Enquanto vidas se perdem pela "aceitação" da opinião pública, a maioria da população que assiste a TV aberta no Brasil é refém de "realities shows" que imbecilizam centenas de milhões de brasileiros.
   Na Conferência Nacional de Comunicação, onde estivemos presentes, a Rede Globo que atinge as famílias de todo país não se fez presente. Acreditamos ser este mais um crime socioambiental. Pois as verbas públicas, dos impostos que todos pagamos, mantém esta instituição. Esta emissora manipula politicamente a população  há décadas com o conteúdo mercadológico alienante da ideologia do consumo infindo. Deu uma demonstração de que não precisa respeitar o povo brasileiro que lutou pela realização da Confecom, principalmente a sociedade civil e muito menos o governo.
   Países que se apresentaram como "reconstrutores" do Haiti. Tiverem esta oportunidade de reconstruirem os "Haitis" de todo mundo em Copenhague e lavaram as mãos, negando o direito à vida a bilhões de seres humanos. Sintomático são estes acontecimentos, após a falta de compromisso de governantes com a crise ambiental em Copenhague, o Haiti. E as redes televisivas insistem em se fazerem "neutras" diante a crise socioambiental que vivemos. O mito da tecnologia cai por terra. A natureza vem sendo implacável combatendo o capitalismo. Já que os humanos estão acovardados e mesquinhos em sua ilusão de consumo, ficamos com o "espetáculo da destruição". Isso dá audiência: a negação da vida humana vende, dá "mais vida" para poucos. Um mundo da "tecnologia digital excludente"  defende os mega capitais e não a maioria dos seres humanos.
   Dos tsunamis ao Haiti devastado onde está a sapiencia humana ? Paralelos sobre o Haiti e New Orleans são inevitáveis. Por que o Japão sobrevive a terremotos e aos "Haitis" só o caos ? Afinal a tecnologia existe ? Está a serviço de quem, de que pessoas e países ? E pasmem neste racismo socioambiental outras etnias também estão padecendo. Haja visto a Sra. Arns vitimada no Haiti. Enquanto a humanidade perpetuar o crime do racismo ambiental, não tenhamos dúvida: todos seres humanos continuarão empobrecidos ética e moralmente, sendo exterminados. Ou seja, o modelo de destruição étnico, econômico, político, socioambiental que destrói o planeta é capaz de evidenciar que se destroem todas etnias humanas. Principalmente nos não G8. Somos independentemente da cor da pele seres humanos e estamos nos destruindo sem qualquer pudor. Além de pessoas, países estão sendo destruídos. Tudo pela prioridade do sistema predatório de lucro a qualquer preço.
   Que autoridade nosso próprio país: Brasil possui para "sensibilizar-se" pelo Haiti se aqui nosso povo segue seu martírio de empobrecimento ? Um presidente sindicalista que mantém um salário mínimo com pouco mais de quinhentos reais enquanto pelo dados "subversivos" do Dieese deveria ser em dezembro de 2009 - R$ 1.995,91 -  deveria também no mínimo, dar o exemplo e criar sua família e sobreviver recebendo este valor em salário. Isto para uma família: homem, mulher e duas crianças. Qual salário o presidente recebe ? Deveria expor sua renda já que a de 70% do povo brasileiro é explícita, de zero a três salários mínimos ( três vezes pouco mais de quinhentos reais agora em janeiro). A argumentação seguinte já sabemos: e economia do país entraria em colapso com este salário do Dieese. O crime socioambiental reside em que este valor de salário mínimo vigente impede que a maioria da população viva com dignidade, com qualidade de vida. Sem contar o roubo de nossa consciência com o péssimo conteúdo das redes de tv aberta do país, da triste situação da qualidade da educação, saúde, transporte, habitação, alimentação, sobrevivência mesmo da maioria de nós brasileiros. Pelas riquezas naturais e humanas de nosso país, temos por direito de justiça ambiental de cuidarmos bem de cada um de nós brasileiros, de nossos filhos e famílias. Nossas famílias estão proibidas de subsistirem com dignidade. Marx em certo sentido tinha razão: não há família no capitalismo só a família burguesa. Estas fazem de tudo para  manterem-se no "poder". Não conseguem olhar-se no espelho do Brasil da exclusão. Um salário mínimo de empobrecimento e endividamento destes é um crime socioambiental. Uma fábrica de conflitos socioambientais. Já que o Estado representa o povo de uma nação, porque não o presidente e todo o poder judiciário, legislativo e executivo não dar o exemplo e "sobreviverem" com estes pouco mais de quinhentos reais ? O problema moral, ético e de crime socioambiental é que nossa Constituição vem sendo descumprida. Não só no que tange ao salário mínimo necessário, mas ao Artigo 225. Se é obrigação do governo garantir o direito que todos temos a um "meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida". Mas já anunciaram as "saídas". Vamos ser o país da copa, olimpíadas, pré-sal. Ok. Vamos aguardar como no século XVII as minas do ouro das Minas Gerais enriquecerem não apenas os mineiros mas o povo brasileiro. Onde está este ouro ?  Falem do crime socioambiental da destruição   do Haiti e esqueçamos os "Haitis" no Brasil e no mundo.
   O Haiti seria muito melhor respeitado se a economia mundial insustentável distribuísse renda e não escravizasse o mundo em grupos G8, G20 etc. Se de fato houvesse determinação em se enfrentar a crise socioambiental no Brasil e no mundo bastariam os líderes mundiais pelo menos saírem "juntos na foto". Não houve acordo em Copenhague a não ser continuar-se o extermínio de vidas humanas e de todo ambiente. Será que só agora depois de tanto sofrimento no Haiti é que descobriram a propensão desta região a terremotos ? Por que estes países que mantém sistemas de exclusão interna e externa em suas economias não disponibilizaram a mais tempo ao Haiti e a outros países, tecnologias preventivas a terremotos, como acontece com o Japão ? Sabemos o que vem ocorrendo com a elevação dos oceanos. Vamos aceitar como coisa "natural", uma razão aritmética das perdas de vidas humanas e socioambientais em Santa Catarina, São Paulo, Belo Horizonte, Angra dos Reis, na Amazônia, em todo Brasil, na Indonésia e na Ásia dos Tsunamis, nas nevascas cada dia mais incontroláveis na europa, américa, New Orleans, nas ondas de calor do Rio de Janeiro a Austrália, ao caos do Haiti e "Haitis" ? Governantes em todo mundo sabem que a ação humana vem destruindo o planeta. Vamos aceitar esta situação até quando ?
   Finalizando nossa indignação, na ( Assembléia Legislativa de MG - ALMG) houve recentemente um seminário sobre trabalho voluntário em preparação para o copa do mundo a ser realizada no Brasil. Enquanto nossa seleção brasileira de futebol rende bons dividendos para a Volkswagen, com o contrato bilionário de patrocínio que a CBF assinou com esta empresa, adolescentes, jovens, estão sendo recrutados para prestarem trabalho voluntário na copa do mundo. Ou seja, o futebol brasileiro dá lucro, para alguns, menos para a maioria dos milhões de brasileiros. Assim esperam continuar enganando nossa população, precarizando cada vez mais as relações de trabalho.
  Mas há luz em meio as trevas. Há ainda a sociedade civil que no Brasil e em todo mundo se manifestam cada vez mais exigindo justiça ambiental. Esta é nossa causa: a conquista da justiça socioambiental para a maioria de nós brasileiros e da população mundial. Este é o caminho: justiça socioambiental, sustentabilidade já no Brasil e no mundo.

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