segunda-feira, 23 de março de 2015

OS DIAS DA ÁGUA


   Todo dia é dia da água, dos seres humanos.  Sabemos que a diversidade biológica da Terra tem origem na água. E nós seres humanos, sendo parte das várias formas de vida que habitam o mundo, somos seres de cerca de 70% de água.

   Ontem dia 22 de março instituíram “O Dia Mundial da Água”. Esperamos o dia seguinte para postar este texto porque acreditamos que todos os dias são dias da água.
    Quando tivemos a alegria de encontrar uma representante do povo indígena Omágua: Adana Kambeba Omágua que estuda hoje medicina na UFMG, ela nos disse: “o nome do meu povo é Omágua que quer dizer Povo das Águas”. Refletindo pensamos:  os seres humanos  são povos das águas, assim como todos os seres vivos do Planeta Terra.


   Saber que em nosso organismo existe tanta água nos questiona a compreender que nossa origem vem da água e que a sociedade atual engendrada pelos seres humanos está em conflito consigo mesma porque vem poluindo e sujando as águas no Brasil e no mundo.  Fica então uma indagação: por que nossa espécie vem poluindo o próprio ser humano e as águas que nos cercam?


    Acreditamos que a poluição das águas é um “espelho” refletindo a poluição dos seres humanos habitando sociedades excludentes. Tem origem na auto-estima de nossa espécie. Podemos inferir que um ato de amor criou a Terra e as espécies que aqui habitam. Este ato criador está na essência humana. Quando valorizamos os seres humanos entramos em contato com nossa essência que vem desta energia criadora de amor. Cada povo e civilização têm uma explicação sobre nossa origem: esta é apenas uma delas.


    Historicamente os povos e civilizações ocupam o espaço terrestre em maior proporção onde existe mais água. As águas sempre nos mantêm vivos e aos povos e civilizações. A questão é por que existe ignorância histórica dos seres humanos com relação ao valor da água? Para alguns povos evoluídos não há sentido em privatizar a água, a terra, os recursos naturais que são bem de todos e para todos.

   O melhor caminho para vencermos os conflitos socioambientais é não difundir o ódio. Termos capacidade de acreditar na essência da beleza que nos criou. Temos condições de vencer estes conflitos na medida    em que vencemos o medo.  Por que tanta audiência para o ódio na mídia? Quando o ódio ganha audiência o medo se difunde na sociedade. Passamos a degradar o meio ambiente, a poluir as águas, a nossa origem, ou seja, a nós mesmos. Buscar a harmonia nas relações humanas nos ajuda a bem cuidar das águas.



      A relação entre um homem e uma mulher pode ser de amor. Afinal gerar vidas é um ato de amor. As sociedades podem ser edificadas valorizando-se a espécie humana e todo meio ambiente. Assim nos ensina a sabedoria de muitas civilizações e culturas. Podemos aprender este caminho. Estamos aprendendo.

   Nada nos impede de organizarmos mobilizações socioambientais, manifestações pacíficas, passeatas para despoluir os rios e cursos d’água. Organizarmos “panelaços” para limpar as águas. Podemos limpar a Baía da Guanabara no RJ independentemente de estarmos às vésperas das Olimpíadas no Brasil.  Quando encontrarmos este caminho vamos compreender que para vencermos os conflitos socioambientais precisamos nos unir como espécie, valorizarmos a auto-estima humana e nos harmonizarmos com outras espécies de vida na Terra, para uma boa convivência e a conquista da dita “sustentabilidade”.

   Seguindo este caminho vamos compreender que precisamos despoluir cada um de nós, cada pessoa. E vamos descobrindo que não conseguimos nos despoluir sozinhos, sem nos unirmos, porque a espécie humana é social, necessitamos conviver através das culturas, dos povos, sociedades, civilizações. Vamos compreender que precisamos despoluir nossas casas, nossas relações humanas, as sociedades.  O bom desta história é que erramos, mas podemos aprender com nossos erros. Sofremos mas também podemos ser muito mais  felizes do que somos.  Ou seja, a construção de sociedades, comunidades, cidades, povos, culturas que valorizem os seres humanos e todo meio ambiente são possíveis e está acontecendo.

    O respeito aos povos indígenas, as culturas e as sabedorias dos povos que compreendem a essência do valor humano e da natureza que nos cerca é fundamental para a sobrevivência de todos.
   Temos direito a água limpa e a conquista de uma sociedade sadia com dignidade de vida para todos os seres humanos. Podemos ainda aprender a valorizar a biodiversidade e a natureza exuberante que está em torno de todos nós.  Há muito que fazer.

   Fica então um convite: que possamos pensar e agir colocando também como sentido de nossas vidas não só fazermos economia em saber utilizar as águas disponíveis, mas despoluirmos a Lagoa da Pampulha, o Ribeirão Arrudas, o Rio São Francisco, o Rio Tietê, a Lagoa Rodrigo de Freitas e tantos cursos d’água que hoje estão sendo poluídos e destruídos no mundo. A união da sociedade civil e governos limpando as águas é um caminho mais feliz. A tecnologia do direito a vida com qualidade para todos ainda é um ideal para ser conquistado pelos seres humanos.


   Nós acreditamos que podemos seguir este caminho de felicidade e você?