terça-feira, 3 de julho de 2012

CONGRESSO INTERNACIONAL DO ICLEI ( GOVERNOS LOCAIS PELA SUSTENTABILIDADE) EM BELO HORIZONTE

 * Débora Crispim Soares

   Em junho de 2012 aconteceu em Belo Horizonte o Congresso Internacional do ICLEI - Associação internacional de governos locais e organizações governamentais que assumiram um compromisso com o desenvolvimento sustentável.
   O evento contou com a participação de membros de várias cidades do mundo trazendo suas experiências e projetos que tornaram ou pretendiam tornar suas cidades mais aprazíveis de se viver.
   Sim, aprazíveis. Inclusive a felicidade foi o tema de um dos debates que ocorreram. Felicidade agora é assunto sério, possui até mesmo um índice de qualidade de vida para as cidades. FIB (Índice de Felicidade Interna Bruta). Apesar de ser um sentimento e sensação particular, a felicidade exige algumas condições básicas para se manifestar, como acesso aos serviços de saúde, educação, moradia, lazer, alimentação, entre outros.
   Por isso, governos e empresas começam a utilizar o índice de Felicidade Interna Bruta das pessoas, como instrumento para traçar políticas públicas e administrativas. O Brasil ainda está elaborando seu índice, através da Fundação João Pinheiro.
   Também sobre bem –estar falou um palestrante consultor para cidades sustentáveis: Guilhermo Peñalosa. Com suas idéias para criação de ruas para pedestres e ciclovias vai na contramão de cidades construídas para carros. Citou sua experiência em Bogotá, onde parques foram reestruturados pensando no seu uso pela comunidade. Ele defende transformar espações das ruas hoje utilizados para estacionamentos em pistas de caminhada e de ciclovias. Diz que é preciso utilizar barreiras para os ciclistas e pedestres sentirem-se seguros. E em casos como os de Belo Horizonte é preciso ser criativo. Como temos um relevo acidentado podemos pensar em estratégias como bicicletas elétricas (usadas em Águeda, cidade de Portugal, que também teve palestrantes monstrando seu projeto no ICLEI). Construir abrigo para bicicletas criando redes integrados ao metrô e estações de ônibus. Usar teleféricos, escadas rolantes onde as ladeiras são muito íngremes. Adaptar idéias interessantes à realidade local.
   Peñalosa mostrou como o uso dos espaços públicos pode ser incentivado. Apresentou um vídeo de Bogotá, onde avenidas são fechadas nos domingos para as pessoas passearem, se exercitarem e divertirem com a familia. Atividades coletivas como ginásticas, danças, atrações musicais, jogos e outras são promovidas pela prefeitura. A diversão é democratizada. O incentivo ao uso da bicicleta , da caminhada e das atividades fisicas são um investimento em prevençao da saúde pública, uma vez que diminui os índices de obesidade, hipertensao e ansiedade cada vez mais constantes em todas as sociedades.
   A reestruturação dos espaços públicos visando seu uso coletivo é também uma forma de realizar educação ambiental, pois os usuários passam a ter uma melhor percepção do espaço público, a vê-lo como um bem comum. Assim passa a cuidar dele. Melhora portanto também a questao da segurança e a manutençao desses espaços. Diz que se em 24 horas os itens depredados forem consertados, a chance de voltarem a ser destruídos se torna menor.
   Outro ponto importante para a qualidade de vida nas cidades é a água. Um exemplo citado sempre que se fala em qualidade ambiental de meios urbanos é de Seul, na Coréia do Sul, onde ocorreu a desconstrução das estradas sobre o Rio Cheonggyecheon e sua restauração. O prefeito Lee Myung-bak precisou audácia para enfrentar as resistência, mas as mudanças acabaram por trazer impacto econômico positivo para a cidade, pois as pessoas passaram a usar o local para lazer e a usufruir mais do comércio.
   O debate interessado de governantes trocando reais experiências e boas idéias para a construção de realidades locais baseadas na qualidade de vida das pessoas e da preserção ambiental é em certa medida reconfortante, pois mostra que existe uma vontade, ainda de poucos, mas uma vontade de fazer diferente. Claro, nossa ansiedade sempre pede mais, mais ação, maior urgência. Mas vamos caminhando, ainda como formigas, tentando um pouco mais a cada dia e sonhando em um dia com passos de elefante.

  
Débora Crispim Soares, Geógrafa - Técnica em Planejamento Urbano e Ambiental da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

Fontes:

http://www.iclei.org/index.php?id=global-themes
http://www.cm-agueda.pt/beagueda
http://www.8-80cities.org/
http://www.ecomobility.org/
http://www.istoe.com.br/reportagens/14228_QUAL+O+SEU+INDICE+DE+FELICIDADE+
http://www.aedb.br/seget/artigos08/323_Indice%20de%20Felicidade%20Interna_SEGeT.pdf
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,indice-vai-medir-felicidade-do-brasileiro,107243,0.htm


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