quinta-feira, 29 de julho de 2021

MENSAGEM DE ESPERANÇA DE POPOLE MISENGA - DA EQUIPE OLÍMPICA DE REFUGIADOS

 

Membro da Equipe Olímpica de Refugiados, Popole Misenga envia mensagem de esperança

FONTE: ONU - BRASIL
  • Membro da Equipe Olímpica de Refugiados, Popole Misenga iniciou sua segunda participação em Jogos Olímpicos na madrugada de quarta-feira, depois de ter cativado o público brasileiro na Rio 2016.
  • Apesar de ter perdido a disputa, o ACNUR parabenizou o atleta pela mensagem de esperança que enviou a todos os refugiados e migrantes. 
  • O nome e história de Popole ficaram conhecidos mundialmente em 2016, quando participou pela primeira vez de uma edição dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro. Foi no Rio também que ele buscou proteção internacional em face das adversidades enfrentadas na República Democrática do Congo, seu país natal. 
  • A Equipe Olímpica de Refugiados que disputam os Jogos Tóquio 2020 é uma iniciativa do Comitê Olímpico Internacional, com apoio do ACNUR.
Legenda: Atualmente, o judoca Popole Misenga treina em uma escola de judô no Rio de Janeiro, fundada pelo medalhista olímpico Flávio Canto
Foto: © Benjamin Loyseau/ACNUR

Na madrugada desta quarta-feira (28), o refugiado congolês Popole Misenga competiu nos Jogos Tóquio 2020, integrando a Equipe Olímpica de Refugiados. Apesar de ter perdido a disputa para o húngaro Krizstian Toth, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) parabenizou o atleta pela mensagem de esperança que enviou a todos os refugiados e migrantes. 

Popole é uma referência do judô internacional e esta é a sua segunda Olimpíada. Seu nome e história ficaram conhecidos mundialmente em 2016, quando participou pela primeira vez de uma edição dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro. Foi no Rio também que Popole buscou proteção internacional em face das adversidades enfrentadas na República Democrática do Congo, seu país natal. 

“No Brasil eu consigo construir minha carreira para chegar aonde almejo. Eu me casei no Rio de Janeiro, tornei-me pai e sou um exemplo a ser seguido. Estou lutando para que a vida dos meus filhos seja melhor do que a minha, para que outras pessoas refugiadas se inspirem para alcançar seus sonhos”, disse o judoca, em uma entrevista concedida ao Comitê Olímpico Internacional.

História no esporte - Aos 29 anos, Popole já construiu uma história longa com o esporte. Quando tinha apenas 9 anos de idade, foi forçado a deixar Kisangani — na República Democrática do Congo —, fugindo de conflitos violentos na região. Ele perdeu a mãe e, separado da família, foi resgatado oito dias depois de ter sido encontrado em uma floresta da região. De lá, foi levado para a capital, Kinshasa, onde descobriu o judô em um centro para crianças deslocadas.

Com muito treino e disciplina, Popole tornou-se atleta da modalidade. Mas, a cada competição que não vencia, Popole sofria duras consequências, chegando a ser privado de água e comida. O cenário mudou em 2013, durante o Campeonato Mundial de Judô realizado no Rio de Janeiro, momento em que ele decidiu desertar da equipe nacional e solicitar proteção internacional no Brasil.

Depois de conseguir o status de refugiado, Popole começou a treinar no Instituto Reação, escola fundada pelo consagrado Flávio Canto, medalhista olímpico brasileiro. Na época, o atleta reforçou a importância do esporte em sua vida e como a modalidade lhe deu serenidade para continuar.

“No meu país, eu não tinha um lar, uma família ou amigos. A guerra causou muita morte e confusão, eu tive que aproveitar a chance que eu tive para estar em segurança em outro local”.

Acolhimento - Esta outra localidade foi justamente o Rio de Janeiro, cidade que o acolheu com aplausos pela sua participação na Rio 2016. Mesmo que no Japão Popole não conte com torcedores o apoiando, os motivos que o fazem competir não serão esquecidos.

A Equipe Olímpica de Refugiados que disputam os Jogos Tóquio 2020 é uma iniciativa do Comitê Olímpico Internacional, com apoio do ACNUR

Trajetória - Em sua primeira disputa olímpica, nos Jogos Rio 2016, Pople conseguiu vencer o experiente indiano Avtar Singh e fez história ao se tornar o primeiro atleta refugiado a passar de fase nas Olimpíadas. Na competição seguinte, foi eliminado nos últimos 40 segundos da luta pelo campeão mundial, o sul-coreano Donghan Gwak.

Mesmo com a derrota, Popole tornou-se um símbolo para diversas comunidades e espectadores dos Jogos naquele ano, tornando-se reconhecido publicamente, em especial entre a juventude brasileira, que se inspirou em seu passado de superações.

Após a Rio 2016, o judoca seguiu comprometido com os treinos e ampliando sua experiência. Em 2017, garantiu uma vaga para Tóquio 2020 durante o Torneio de Abertura na Arena Deodoro, no Rio de Janeiro, com uma medalha de prata na competição.

Acompanhe o time - Como forma de referenciar o potencial humano dos atletas refugiados, o ACNUR criou a página oficial do Time de Refugiados. Acesse para ver fotos, perfis, horários das competições e outras informações atualizadas sobre a participação da Equipe Olímpica de Refugiados.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

ESTUDO APONTA DECLÍNIO NA CAPTURA DE CARBONO NA AMAZÔNIA

 

Declínio na captura de carbono na Amazônia é abordado por agência da ONU em estudo

FONTE: ONU - BRASIL

Foto: © Incêndios aumentaram, contribuindo para o desmatamento na Amazônia

Em um estudo publicado pela revista especializada Nature na quarta-feira (20), a Organização Meteorológica Mundial (OMM) chamou atenção para uma mudança de padrão na floresta Amazônica, que já está emitindo mais gás carbônico, CO2, do que absorvendo. Segundo a OMM, essa queda na captura de carbono é reflexo do desmatamento e da mudança climática. 

Cientista Brasileira - O estudo foi liderado pela cientista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Lucia Gatti, que também integra um comitê da OMM sobre emissões de gases de efeito estufa. 

Os pesquisadores avaliaram os fluxos de dióxido e de monóxido de carbono em quatro pontos diferentes da Amazônia. As medições foram feitas durante quase 600 voos pela região, entre 2010 e 2018. As emissões de CO2 são maiores no leste da Amazônia, onde houve diminuição das chuvas e aumento das temperaturas nas temporadas secas.  

Incêndios  - O levantamento destaca que “nos últimos 40 anos, a região sudeste da floresta Amazônica foi a que mais sofreu com o desmatamento e com o aquecimento”, na comparação com o lado oeste. O desmatamento e o aumento das temporadas de seca promovem um “stress no ecossistema, aumentam os incêndios e geram mais emissões de carbono”, de acordo com o estudo.  

Além do desmatamento, outro problema é a redução da fotossíntese, também resultado das mudanças climáticas pela Amazônia.  

Acordo de Paris - A OMM explica que, no mundo todo, as concentrações atmosféricas de CO2 continuam subindo para níveis recorde, sendo o desmatamento uma das principais razões para o efeito. A agência da ONU lembra que as florestas tropicais costumavam absorver muito CO2 até agora, mas as mudanças na temperatura e nas chuvas criaram um ambiente severo para a vegetação. O resultado é que as florestas estão se tornando emissoras de gases.  

“Exploramos o efeito das mudanças climáticas e tendências de desmatamento nas emissões de carbono em nossos locais de estudo, e descobrimos que a intensificação da estação seca e um aumento no desmatamento parecem promover estresse no ecossistema, aumento na ocorrência de incêndios e maiores emissões de carbono na Amazônia oriental. Isso está de acordo com estudos recentes que indicam um aumento na mortalidade das árvores e uma redução na fotossíntese como resultado das mudanças climáticas em toda a Amazônia ”, revelou a pesquisa.

A OMM destaca que uma das metas do Acordo de Paris sobre o Clima é conseguir um equilíbrio entre emissão e absorção dos gases de efeito estufa.  
Para ler o estudo na íntegra, acesse aqui.

terça-feira, 6 de julho de 2021

ESTUDO DO PNUD E A DESIGUALDADE EM INVESTIMENTOS NOS PROGRAMAS DE PROTEÇÃO SOCIOAL DURANTE A PANDEMIA

 

Estudo do PNUD mostra desigualdade em gastos com programas de proteção social durante a pandemia

Fonte: ONU - BRASIL
  • Os autores de um relatório global desenvolvido pelo PNUD analisaram o aumento da desigualdade social e de lacunas de renda durante a pandemia de COVID-19 para entender o impacto dos programas de proteção social em diferentes nações.
  • O texto revelou que nos 41 países para os quais havia dados disponíveis, de 15 milhões de pessoas em perigo de cair abaixo da linha da pobreza, cerca de 12 milhões foram impedidas por medidas de proteção social.
  • Países ricos gastam até 212 vezes mais per capita do que os países pobres em assistência social, mostrando capacidade de investir mais em medidas de proteção social “desempenhou um papel crítico em manter as pessoas fora da pobreza”, avaliou um administrador do PNUD. 
  • Os autores estimam que entre 117 e 168 milhões de pessoas tenham ficado pobres durante a pandemia. 
  • Embora 2,9 trilhões de dólares tenham sido investidos em políticas de proteção social em todo o mundo, apenas 379 bilhões de dólares foram gastos pelos países em desenvolvimento.
Enquanto o sistema de saúde de Madagascar lutava sob a pressão da COVID, os dados do PNUD mostraram que as proteções sociais eram amplamente definidas para estados de renda alta e média alta

Um novo relatório das Nações Unidas divulgado na quinta-feira (01) analisou o aumento da desigualdade social e de lacunas de renda durante a pandemia de COVID-19. Os autores do documento concluíram que o lançamento de um "número sem precedentes" de medidas de proteção social adotado por alguns países foi capaz de mitigar, mas não de impedir o aprofundamento das diferenças entre nações ricas e pobres.

O relatório "Mitigando a Pobreza" foi desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e publica novos dados sobre como os gastos com assistência social mitigaram o choque econômico sem paralelo desencadeado pela pandemia. O texto revelou que nos 41 países para os quais havia dados disponíveis, de 15 milhões de pessoas em perigo de cair abaixo da linha da pobreza, cerca de 12 milhões foram impedidas por medidas de proteção social. 

Países ricos se saíram melhor - Embora o impacto geral desse alívio tenha sido forte, o estudo também descobriu que ele estava amplamente baseado nos estados de renda alta e média alta. Os países ricos gastam até 212 vezes mais per capita do que os países pobres em assistência social. 

O administrador do PNUD, Achim Steiner, destacou que a capacidade de gastar mais em medidas de proteção social “desempenhou um papel crítico em manter as pessoas fora da pobreza”.

Para países de renda média ou baixa, o relatório mostrou que os gastos com assistência social foram insuficientes para evitar um aumento repentino de pessoas que se tornaram pobres e em países de renda baixa, não foi possível evitar qualquer perda de renda. “Essa salvação depende de onde você mora”, observou o chefe do PNUD. 

“O desafio agora é expandir o espaço fiscal para permitir que todos os países implementem e mantenham medidas de gastos com assistência social, o que se provou ser uma forma altamente econômica e eficaz de evitar que as pessoas caiam na pobreza.”

Diferenças enormes - Os autores estimam que entre 117 e 168 milhões de pessoas tenham ficado pobres durante a pandemia. Embora 2,9 trilhões de dólares tenham sido investidos em políticas de proteção social em todo o mundo, apenas 379 bilhões de dólares foram gastos pelos países em desenvolvimento. 

Enquanto isso, em média, os países de alta renda alocaram 847 de dólares per capita em medidas de proteção social, incluindo assistência e seguro, enquanto os países de baixa e média renda gastaram em média apenas 124 de dólares por pessoa.  Ao mesmo tempo, a proteção social per capita total apenas nos países de baixa renda era de apenas 4 dólares. 

Recuperação de duas vias - “O relatório oferece algumas reflexões sobre como a pandemia afetou as famílias pobres e vulneráveis ​​nos países em desenvolvimento, mas também sobre a importância das escolhas políticas para diminuir o aumento da pobreza”, disse o economista-chefe do PNUD, George Gray Molina. 

Ele estimou que, se aplicada a todas as famílias pobres e vulneráveis ​​no mundo em desenvolvimento, uma  renda básica temporária — patrocinada pelo PNUD — poderia ter evitado o número de novos pobres extremos, globalmente.  

As projeções do estudo ilustram que isso poderia ter sido alcançado dedicando apenas 0,5% do produto interno bruto (PIB) dos países em desenvolvimento, distribuído ao longo de seis meses, para medidas relacionadas ao apoio à renda. 

 “O resultado final, entretanto, é que poderosos programas de assistência social estavam fora do alcance dos países de baixa renda, preparando o terreno para uma recuperação dupla da pandemia”, disse o funcionário do PNUD

RECUPERAR O TURISMO É UM DOS CAMINHOS PARA VENCER A CRISE DO TRABALHO NA AMÉRICA LATINA

 OIT: Recuperação do turismo é chave para superar a crise do trabalho na América Latina e Caribe

Fonte: ONU - BRASIL
  • A OIT defende como estratégia para a geração de empregos e recuperação econômica pós pandemia de COVID-19 o investimento em turismo na América Latina e no Caribe.
  • No pior momento da crise, cerca de 45% dos empregos no setor de turismo na região foram perdidos. 
  • O diretor-regional da OIT defendeu que "é fundamental que as políticas de recuperação do setor contribuam para a melhoria da qualidade dos empregos e estimulem a formalização do mercado de trabalho".
  • A OIT ainda destaca que, antes da pandemia, em 2019, a economia do turismo, incluindo o turismo e todos os setores que dele dependem, respondeu por 26% do PIB total no Caribe e 10% na América Latina.
  • A redução dos empregos no setor de turismo não atingiu todos os trabalhadores de forma homogênea: a perda foi maior para as mulheres, os trabalhadores jovens, os trabalhadores migrantes e as pessoas que estavam inseridas na informalidade.
A redução dos empregos no setor do turismo não atingiu todos os trabalhadores de forma homogênea, afetando mais as mulheres do que os homens

Organização Internacional do Trabalho (OIT) destacou na última quarta-feira (30) a necessidade de desenhar políticas voltadas para a recuperação do turismo nos países da América Latina e do Caribe. A ideia é que, com a recuperação do setor, possam ser geradas divisas, renda e empregos, impulsionando a região para a recuperação da crise econômica, deflagrada ou aprofundada pela pandemia de COVID-19.

De acordo com uma nova nota técnica regional da OIT, o turismo foi duramente atingido pela crise causada pela pandemia. Enquanto o número de pessoas ocupadas total contraiu em média 24,8% no segundo trimestre de 2020, a perda de empregos no setor de hotelaria e restaurantes na América Latina e no Caribe atingiu 44,7%.

Efeito multiplicador - “A recuperação do turismo depende diretamente da extensão da vacinação e da adoção de medidas adequadas de segurança e saúde no trabalho. A reativação desse setor pode ter um importante efeito multiplicador sobre a economia e o emprego, que pode ser crucial para superar a crise gerada pela pandemia”, afirmou o diretor da OIT para a América Latina e Caribe, Vinícius Pinheiro.

"É fundamental que as políticas de recuperação do setor contribuam para a melhoria da qualidade dos empregos e estimulem a formalização do mercado de trabalho. O apoio às micro e pequenas empresas também é fundamental para que os benefícios do turismo favoreçam o desenvolvimento local”, afirmou o diretor-regional da OIT.

A nota técnica “Rumo uma recuperação sustentável do emprego no setor de turismo na América Latina e no Caribe” (“Hacia una recuperación sostenible del empleo en el sector del turismo en América Latina y el Caribe ”), que faz parte da série Panorama Laboral do Escritório Regional da OIT, destaca que antes da pandemia, em 2019, a economia do turismo, incluindo o turismo e todos os setores que dele dependem, respondeu por 26% do PIB total no Caribe e 10% na América Latina.

Grupos mais afetados - O estudo também destaca que a redução do emprego não atingiu todos os trabalhadores de forma homogênea: a perda foi maior para as mulheres, os trabalhadores jovens, os trabalhadores migrantes e as pessoas que estavam inseridas na informalidade.

Em 2019, as mulheres estavam sobrerrepresentadas no setor de hotelaria e restaurantes, com 58% dos empregos, enquanto no total de ocupações chegam a 42,5%. Outro grupo sobrerrepresentado no setor são os jovens trabalhadores, com até 24 anos de idade, que representam 20,9% do emprego no setor e 13,5% do emprego total.

Informalidade e renda baixa - Antes da pandemia, o peso do emprego informal era maior no turismo do que em todas as atividades: 63,3% dos trabalhadores em hotéis e restaurantes da região trabalhavam em condições informais, enquanto essa porcentagem era de 51,8% do emprego total.

O turismo é caracterizado por uma maior percentagem de trabalhadores com jornadas curtas em 2019: o subemprego afetou 25,9% do total de trabalhadores e 31,2% dos empregados em hotéis e restaurantes. Além disso, de acordo com o relatório, é um setor com remuneração relativamente baixa: a renda dos trabalhadores do turismo representava em média 75% da renda das pessoas ocupadas como um todo.

A análise da OIT destaca a necessidade de desenhar políticas que promovam a recuperação com emprego produtivo, a criação de trabalho decente e empresas sustentáveis no setor de turismo especialmente para enfrentar os desafios associados à elevada presença da informalidade, do subemprego e da baixa renda.

Além disso, as políticas de apoio ao setor devem ter como foco a proteção do meio ambiente e a maximização dos benefícios obtidos pelas comunidades de acolhimento e a minimização dos impactos negativos que a atividade possa causar, acrescenta a análise.

E, dada a presença significativa da mulher no setor, os quadros jurídicos para o desenvolvimento da atividade devem ter uma perspectiva de gênero e incluir mecanismos de prevenção da discriminação e promoção da equidade de gênero.

Outros destaques são a necessidade de digitalização e expansão de capacidades; transformação produtiva e criação de empregos verdes; e diálogo social e fortalecimento da coordenação e articulação no setor de turismo.

Chamado Global à Ação - Esta semana, a recuperação do sector do turismo é objeto de análise por uma reunião tripartite de representantes de governos e organizações de empregadores e trabalhadores, que tem como objetivo a troca de experiências e iniciativas que visem apoiar a recuperação.

O turismo foi objeto de consideração especial na resolução aprovada este mês por delegados de todo o mundo na Conferência Internacional do Trabalho sobre um Chamado Global à Ação para uma recuperação centrada nas pessoas após a crise da COVID-19.

O chamado da OIT levanta a necessidade de “facilitar uma recuperação rápida que impulsione a sustentabilidade do setor de viagens e turismo, levando em consideração sua natureza de mão de obra intensiva e seu papel fundamental em países altamente dependentes do turismo, incluindo pequenos Estados insulares em desenvolvimento”

REDUÇÃO DO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS - DIMINUEM IMPACTOS CLIMÁTICOS

 

Reduzir o desperdício de alimentos é uma das maneiras mais fáceis de diminuir o impacto climático pessoal

Fonte: ONU - BRASIL
  • Cerca de 10% de todas as emissões de gases de efeito estufa vêm da produção de alimentos que são jogados fora, de acordo com um relatório do Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
  • Para especialistas do programa da ONU, reduzir o desperdício de alimentos em casa é uma das maneiras mais fáceis de diminuir o impacto climático pessoal. "Você come - e toma decisões alimentares - pelo menos três vezes ao dia", explica o especialista em sistemas alimentares do PNUMA, Clementine O'Connor. 
  • Ele dá algumas dicas simples para reduzir o desperdício alimentar. Entre elas, comprar apenas o que realmente for necessário, usar tudo o que comprar com receitas criativas e aproveitar bem o freezer para congelar alimentos e sobras.
legumes murchos
Receitas criativas que utilizam partes de alimentos que iriam para o lixo são uma das dicas para diminuir o desperdício, que é estimado em um bilhão de toneladas, ou 17% de todo alimento comprado

Um relatório lançado em março pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) descobriu que o mundo está mergulhado numa epidemia de desperdício de alimentos. Em 2019, os consumidores jogaram fora quase um bilhão de toneladas de alimentos, ou 17% de toda a comida que compraram.

"Se você pode imaginar 23 milhões de caminhões de 40 toneladas totalmente carregados - pára-choque com pára-choque, o suficiente para circular a Terra sete vezes - então é disso que estamos falando", ilustra o analista da organização sem fins lucrativos WRAP, Tom Quested.

"Alimentos não consumidos são um puro desperdício de energia e recursos que poderiam ser melhor aproveitados", reforça o

Quested e O'Connor são autores do Índice de Desperdício de Alimentos 2021. Entre os dados do levantamento coordenado por eles, destaca-se que em todo mundo, antes mesmo da crise gerada pela COVID-19, 690 milhões de pessoas estavam subnutridas. Três bilhões de pessoas não tinham condições de manter uma dieta saudável. Além disso, cerca de 10% de todas as emissões de gases de efeito estufa vêm da produção de alimentos que são jogados fora.

"O desperdício de alimentos gera todos os impactos ambientais da produção de alimentos (uso intensivo e poluição da terra e dos recursos hídricos, exacerbação da perda de biodiversidade, emissões de gases de efeito estufa) sem nenhum dos benefícios de alimentar as pessoas", analisa Quested ao explicar a relação entre o desperdício e as alterações climáticas.

O conceito de desperdício inclui o alimento que é jogado fora pelas famílias (61%), pelos serviços de alimentação (26%) e pelo varejo (13%). De acordo com o relatório, os níveis de desperdício per capita familiar são similares em países da alta e de média renda.  Por isso, o PNUMA está lançando Grupos de Trabalho Regionais de Resíduos de Alimentos na América Latina e Caribe, África, Ásia Ocidental e Ásia-Pacífico.

"Reduzir o desperdício de alimentos em casa é uma das maneiras mais fáceis de reduzir o impacto climático pessoal", explica O’Connor. "Você come - e toma decisões alimentares - pelo menos três vezes ao dia", acrescenta. 

Dicas simples - Entre as dicas do especialista do PNUMA para evitar o desperdício alimentar estão comprar apenas o que realmente for necessário, usar tudo o que comprar e aproveitar bem o freezer para congelar alimentos e sobras.

Para colocar em prática estas dicas, O'Connor recomenda sempre ter uma lista de compras, evitar compras por impulso, e comprar alimentos frescos com frequência. Além disso, ele sugere descobrir novas receitas criativas para utilizar as sobras de alimentos e cozinhar receitas com medidas precisas. Em um restaurante, o especialista sugere por sempre optar por porções menores ou por levar para casa o que sobrou no prato.

Metas para 2030 - O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12, em sua meta 12.3, visa reduzir pela metade o desperdício global de alimentos per capita no varejo e no consumidor e diminuir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo perdas pós-colheita até 2030.

Para acompanhar o progresso dessa meta, o PNUMA envia a cada dois anos um questionário para os Escritórios Nacionais de Estatística e Ministérios do Meio Ambiente. Os dados são disponibilizados publicamente na Base de Dados Global ODS e no Relatório do Índice de Resíduos Alimentares do PNUMA, que será publicado em intervalos regulares até 2030. O próximo questionário será enviado aos Estados Membros em setembro de 2022, e os resultados serão relatados ao SDG Global Database em fevereiro de 2023.

Sobre o relatório - O relatório do Índice de Desperdício Alimentar do PNUMA foi publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) com o apoio do WRAP, uma organização não governamental que trabalha para garantir que os recursos naturais do mundo sejam usados ​​de forma sustentável.

Como guardião do indicador da meta 12.3 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável sobre perda e desperdício de alimentos, o PNUMA desenvolveu o índice para ajudar os países a acompanhar o progresso. O trabalho faz parte dos esforços globais do PNUMA para incentivar o consumo e a produção sustentáveis ​​de alimentos e contribui para a Iniciativa Básica sobre Perda e Desperdício de Alimentos do Programa de Sistemas Alimentares Sustentáveis ​​da One Planet Network. A campanha pública de longa data do PNUMA sobre desperdício de alimentos, Think Eat Save, publica orientações para programas de prevenção de desperdício de alimentos para países e empresas.