quarta-feira, 26 de agosto de 2020

CEPAL PROPÕE UNIVERSALIZAR ACESSO ÀS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA PANDEMIA


CEPAL propõe ‘cesta básica’ para universalizar acesso às tecnologias digitais na pandemia

por ONU Brasil

A escala e a velocidade dos fechamentos de escolas e universidades representa um desafio sem precedentes para o setor da educação, que tem adotado o ensino a distância. Foto: UNICEF/Raoni Libório

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) fez nesta quarta-feira (26) um apelo para garantir e universalizar a conectividade e a acessibilidade às tecnologias digitais para enfrentar os impactos causados pela pandemia do coronavírus (COVID-19) na região.

Para isso, propôs cinco linhas de ação que incluem construir uma sociedade digital inclusiva, impulsionar a transformação produtiva, promover a confiança e a segurança digital.

A proposta também inclui fortalecer a cooperação digital regional e avançar em direção a um novo modelo de governança para assegurar um ‘Estado de bem-estar digital’ que promova a igualdade, proteja os direitos econômicos, sociais e do trabalho da população, garanta o uso seguro dos dados, e gere a mudança estrutural progressiva.

A secretária-executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, divulgou em uma coletiva de imprensa o Relatório especial COVID-19 N⁰ 7 da Instituição, intitulado: Universalizar o acesso às tecnologias digitais para enfrentar os efeitos da COVID-19, em que propõe aos países da região garantirem uma cesta básica de tecnologias de informação e comunicação composta por um laptop, um smartphone, um tablet e um plano de conexão para os domicílios não conectados, com um custo anual inferior a 1% do PIB.

O relatório destaca que as tecnologias digitais têm sido essenciais para o funcionamento da economia e da sociedade durante a crise provocada pela pandemia.

Apesar dos avanços dos últimos meses, as dificuldades de acesso às tecnologias digitais permanecem, condicionando os direitos a saúde, educação e trabalho, ao mesmo tempo em que podem aumentar as desigualdades socioeconômicas.

“Os países da América Latina e do Caribe têm adotado medidas para impulsionar o uso das soluções tecnológicas e garantir a continuidade dos serviços de telecomunicações. Entretanto, o alcance dessas ações é limitado pelas dificuldades no acesso e uso dessas tecnologias e as velocidades de conexão”, afirmou Bárcena durante a apresentação do relatório.

Segundo o documento, em 2019, 66,7% dos habitantes da região possuíam conexão à Internet. O terço restante tinha acesso limitado ou não contava com acesso às tecnologias digitais, devido à sua situação econômica e social, particularmente sua idade e localização.

Em 12 países da região, o número dos domicílios do quintil de renda mais alta (quintil V) que têm conexão à Internet é de 81%, em média; os números correspondentes para os domicílios do primeiro e do segundo quintil é de 38% e 53%, respectivamente.

As diferenças na conectividade entre a área urbana e a rural são significativas. Na região, 67% dos domicílios urbanos estão conectados à Internet, enquanto nas áreas rurais apenas 23% estão conectados. Em termos de faixas etárias, os jovens e os idosos são os que têm menor conectividade: 42% dos menores de 25 anos e 54% dos maiores de 66 anos não têm conexão à Internet.

O documento acrescenta que a baixa acessibilidade consolida a exclusão dos domicílios de menores rendas. O custo do serviço de banda larga móvel e fixa para a população do primeiro quintil de renda chega a 14% e 12% de sua renda, respectivamente. Isso é cerca de seis vezes o limite de referência de 2% da renda recomendada pela Comissão de Banda Larga das Nações Unidas.

O estudo revela que os dados de mobilidade durante os primeiros meses de quarentena mostram um mundo paralisado no ambiente físico, mas não no virtual. O tráfego nos sites e o uso de aplicativos de teletrabalho, educação online ou ensino a distância e compras online revelam um aumento significativo no uso de soluções digitais. Entre o primeiro e o segundo trimestre de 2020, a utilização de soluções de teletrabalho aumentou 324% e o ensino a distância mais de 60%.

Entretanto, a utilização de soluções de educação online só é possível para quem tem conexão à Internet e dispositivos de acesso, e na América Latina 46% das crianças entre 5 e 12 anos vivem em domicílios que não estão conectados.

O acesso dos domicílios aos dispositivos digitais é também desigual na região: enquanto entre 70% e 80% dos estudantes nos níveis socioeconômicos mais elevados têm laptops em suas casas, somente entre 10% e 20% dos estudantes pertencentes aos quintis de menores rendas contam com esses dispositivos.

 “A diferença entre os estratos econômicos mais altos e os mais baixos condiciona o direito à educação e aprofunda as desigualdades socioeconômicas. Para garantir uma educação inclusiva e equitativa e promover oportunidades de aprendizagem ao longo de todo o ciclo educacional, deve-se aumentar não somente a conectividade e a infraestrutura digital, mas também, as habilidades digitais de professores, bem como a adequação dos conteúdos educacionais para o âmbito digital”, enfatizou a secretária-executiva da CEPAL.

Com relação à porcentagem de empregos que podem migrar para o teletrabalho, o relatório especifica que está positivamente vinculada ao nível do PIB per capita e aos menores graus de informalidade. Na Europa e nos Estados Unidos, quase 40% dos trabalhadores podem trabalhar em casa, enquanto, no caso da América Latina, a CEPAL estima que cerca de 21,3% dos ocupados poderiam utilizar o teletrabalho.

O documento destaca que a Internet mitiga o impacto da crise nas empresas. Especifica que, entre março e abril de 2020, o número de sites empresariais aumentou 800% na Colômbia e no México e cerca de 360% no Brasil e no Chile. Em junho de 2020, a presença online de empresas do comércio varejista aumentou 431% com relação a junho de 2019.

Finalmente, o relatório indica que a pós pandemia será caracterizada por uma nova demanda baseada em canais online que implicará em um esforço dos países e do setor privado para oferecer um melhor serviço. A nova oferta será baseada na flexibilidade, na proximidade local e na capacidade de reação.

“A produtividade e a mudança estrutural continuarão sendo fatores inevitáveis para o desenvolvimento. A região deve avançar para sistemas produtivos mais diversificados, homogêneos e integrados para aumentar a produtividade e a inclusão produtiva, o que se traduziria em maiores níveis de emprego e salários”, concluiu Alicia Bárcena.

Mais informações:

POLIOMIELITE É ELIMINADA NA ÁFRICA SEGUNDO OPAS


OPAS comemora a eliminação 

da poliomielite na África

por ONU Brasil

47 países da região africana estão livres da poliomielite. Foto: OPAS

Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) comemora nesta terça-feira (25) a certificação de que 47 países da região africana da Organização Mundial da Saúde (OMS) já estão livres da poliomielite, após quatro anos sem nenhum caso. Com essa conquista, cinco das seis regiões da OMS têm sua certificação de livre da pólio selvagem.

“Nas Américas, compartilhamos a alegria de milhares de profissionais de saúde, tomadores de decisão e parceiros estratégicos que contribuíram para a eliminação da pólio na África, uma grande conquista”, disse a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne. “Mais uma vez, as evidências científicas, a colaboração internacional e o trabalho árduo no terreno conseguiram derrotar uma doença para o benefício de toda a humanidade”.

As Américas foram a primeira região da OMS a ser certificada como livre da pólio em 1994. O último caso relatado de poliovírus selvagem nas Américas foi em 1991.

“Acabar com o vírus selvagem da poliomielite na África é uma das maiores conquistas de saúde pública de nosso tempo e é uma inspiração poderosa para todos nós terminarmos o trabalho de erradicação da poliomielite no mundo”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Os recursos e conhecimentos usados para eliminar a poliomielite selvagem contribuíram significativamente para a saúde pública e os sistemas de resposta a surtos na África e países ao redor do mundo. O programa da poliomielite oferece benefícios de saúde de longo alcance às comunidades locais, desde o apoio à resposta dos países à COVID-19 até o fortalecimento da vacinação de rotina contra outras doenças evitáveis por vacinas.

Américas: abrindo caminho para erradicar a pólio

Como a primeira região da OMS a eliminar a pólio, a Região das Américas ajudou a pavimentar o caminho para a erradicação global da pólio. As lições aprendidas nas Américas sobre vigilância epidemiológica e iniciativas voltadas para a sustentabilidade dos programas de imunização por meio do Fundo Rotatório para Vacinas da OPAS foram compartilhadas com programas de imunização em todo o mundo.

Entre os principais elementos para alcançar a eliminação da poliomielite nas Américas, estiveram o compromisso político de governos, envolvimento da comunidade, forte colaboração de agências governamentais e internacionais e da Rotary Internacional, coordenação entre agências em cada país e gestão adequada dos recursos disponíveis.

Desde então, a OPAS continuou a trabalhar com seus Estados Membros para promover o acesso universal às vacinas, fortalecer os programas nacionais de imunização, promover o intercâmbio técnico entre os países e documentar boas práticas para compartilhar com outras regiões do mundo.

A Região das Américas também compartilhou suas experiências na realização de campanhas de vacinação em situações adversas, emergências ou após desastres naturais, inclusive durante conflitos armados e guerras civis.

Ao negociar o cessar-fogo e estabelecer “dias de tranquilidade” no plano “Saúde como ponte para a paz” na América Central e no Panamá – parte do processo de paz de Esquipulas – e ao trazer vacinação e outros serviços de saúde essenciais para populações vulneráveis, mesmo em zonas de conflito, a região das Américas demonstrou que a imunização é um bem comum que pode ajudar a superar os principais obstáculos no caminho para a erradicação.

Reta final

Embora o poliovírus selvagem já esteja fora das Américas há 29 anos, a região ainda não pode baixar a guarda, alertaram os especialistas da OPAS. A queda nas taxas de cobertura de vacinação e o fato de que o poliovírus selvagem continua a circular no Afeganistão e no Paquistão significa que a poliomielite continua a ser um risco para crianças em todo o mundo.

A pandemia de COVID-19 criou barreiras adicionais para os programas de imunização, levando a OPAS a enfatizar a importância de manter a imunização como um serviço essencial no contexto da pandemia. Desde o início da pandemia, a OPAS tem pedido aos países que continuem a vacinar e realizar a vigilância epidemiológica das doenças evitáveis por vacinação.

“Em breve, todos os países do mundo enfrentarão um novo desafio: quando tivermos uma vacina, a aplicação do legado de erradicação da pólio será fundamental durante as campanhas de vacinação contra a COVID-19”, disse Etienne. “As vacinas representam uma esperança, uma forma de fazer o bem e um direito para todos os cidadãos do mundo. Devemos continuar promovendo vigorosamente a vacinação”, concluiu.

FAMÍLIAS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES SÃO MAIS AFETADAS PELA PANDEMIA NO BRASIL


Famílias com crianças e adolescentes 

são mais afetadas pela pandemia 

no Brasil,

 diz pesquisa do UNICEF

por ONU Brasil
Brasileiros que vivem em domicílios com crianças e adolescentes foram os mais impactados pela redução da renda, pela insegurança alimentar e pela fome. Foto: UNICEF/Elias Costa

Brasileiros que vivem em domicílios com crianças e adolescentes foram os mais impactados pela redução da renda, pela insegurança alimentar e pela fome. Foto: UNICEF/Elias Costa

Famílias com crianças ou adolescentes foram as mais afetadas pela crise provocada pela COVID-19 no Brasil. É o que revela a pesquisa Impactos Primários e Secundários da COVID-19 em Crianças e Adolescentes, lançada na terça-feira (25) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

Realizada pelo Ibope em todo o país, a pesquisa mostra que os brasileiros que vivem com pessoas menores de 18 anos em casa foram a maioria entre aqueles que tiveram redução de rendimentos, ficaram sujeitos à insegurança alimentar e, inclusive, à fome, entre outros desafios.

“Embora crianças e adolescentes não sejam os mais afetados diretamente pela COVID-19, a pesquisa deixa claro que eles são as grandes vítimas ocultas da pandemia", afirma Paola Babos, representante adjunta do UNICEF no Brasil.

"Suas famílias tiveram as maiores reduções de renda, a qualidade da alimentação que recebem piorou, e muitos de seus direitos estão em risco. É fundamental entender esses impactos e priorizar os direitos de crianças e adolescentes na resposta à pandemia."

A pesquisa revela, também, que grande parte das crianças e dos adolescentes — tanto de escolas particulares quanto públicas — continuou tendo acesso à aprendizagem na pandemia.

No entanto, 9% não conseguiram continuar a aprendizagem em casa, ampliando a exclusão no país. Entre os 91% das crianças que seguiram com acesso à educação, uma percentagem significativa não consegue estudar de maneira regular.

“Os resultados deixam claro que o acesso a direitos ocorre de forma desigual no Brasil. Com a pandemia, as disparidades podem se agravar, impactando fortemente quem já estava em situação de vulnerabilidade”, explica Paola.

Diante desse cenário, o UNICEF reforça o apelo para que o país dê prioridade às crianças e aos adolescentes na resposta à COVID-19. Isso significa destacar e priorizar os direitos e necessidades de meninas e meninos nos orçamentos, programas e projetos, visando mitigar os impactos da crise — em curto, médio e longo prazos — na vida de crianças, adolescentes e suas famílias.

Confira, a seguir, os principais pontos da pesquisa:

Impactos na renda familiar

A crise provocada pela COVID-19 afetou diretamente a renda dos brasileiros. Segundo a pesquisa, 55% afirmam que o rendimento de seus domicílios diminuiu desde o início da pandemia. Os impactos foram maiores nas famílias com crianças e adolescentes. Dessas, 63% viram sua renda diminuir.

A redução também está mais presente nas camadas mais pobres: 67% daqueles com renda familiar de até um salário mínimo tiveram redução de rendimentos, contra 36% daqueles com renda familiar de mais de 10 salários.

O auxílio emergencial foi pedido por 46% dos brasileiros entrevistados. Entre quem vive com crianças e adolescentes, o percentual chegou a 52%. Dos que pediram o auxílio, 25% não foram considerados elegíveis ou ainda não receberam o auxílio. O desemprego também foi maior entre famílias com crianças e adolescentes.

“A pesquisa deixa claro que os impactos econômicos e sociais da pandemia afetam mais crianças, adolescentes e suas famílias. Para além dos benefícios temporários, é importante que os programas regulares de proteção social incluam, de maneira sustentável, todas as famílias vulneráveis", afirma Liliana Chopitea, chefe de políticas sociais, monitoramento e avaliação do UNICEF no Brasil.

"Por isso, precisam ser focalizados nas que mais precisam, aquelas com crianças que já apresentavam altos índices de vulnerabilidades, acentuadas pela pandemia. Em momentos de planejamento fiscal e orçamentário, é fundamental olhar a proteção social não como um gasto e sim como um investimento no presente e no futuro do país."

Segurança alimentar e nutricional

A pandemia tem afetado a segurança alimentar e nutricional no país. Quase metade da população brasileira (49%) reportou mudanças nos hábitos alimentares desde o início da pandemia da COVID-19. Entre as famílias que residem com crianças e adolescentes, o impacto foi ainda maior: 58%.

Entre as mudanças alimentares, o aumento do consumo de alimentos não saudáveis foi fortemente citado. Segundo a pesquisa, 31% das famílias com crianças e adolescentes passaram a consumir mais alimentos industrializados, tais como macarrão instantâneo, bolos, biscoitos recheados, achocolatados, alimentos enlatados, entre outros.

Entre as famílias que não residem com crianças e adolescentes, esse aumento no consumo foi de 18%. Outro destaque foi o aumento do consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas e do consumo de alimentos preparados em restaurantes fast-food (hambúrgueres, esfirras ou pizzas).

Ao mesmo tempo, o cenário de insegurança alimentar e nutricional no país ficou acentuado. Segundo a pesquisa, um em cada cinco brasileiros (21%) passou por algum momento em que os alimentos acabaram e não havia dinheiro para comprar mais.

Novamente, a situação é mais preocupante entre aqueles que residem com crianças e adolescentes, em que o percentual chegou a 27%. Além disso, 6% disseram que tiveram fome e deixaram de comer por falta de dinheiro para comprar comida (9% entre quem vive com crianças e adolescentes).

“Estamos diante de um cenário preocupante de má nutrição. Por um lado, percebemos o aumento do consumo de alimentos não saudáveis, que contribui significativamente para o aumento do excesso de peso e das doenças crônicas não transmissíveis", afirma Cristina Albuquerque, chefe de Saúde do UNICEF no Brasil.

"Por outro lado, vemos o aumento da insegurança alimentar e nutricional que pode levar à desnutrição e deficiência de micronutrientes. A má nutrição tem impactos preocupantes no desenvolvimento das crianças, em especial nos primeiros anos de vida."

"Essa situação impacta prioritariamente as populações mais vulneráveis com efeitos a longo prazo. É fundamental atuar imediatamente para reverter esse cenário e garantir o acesso de meninas e meninos a uma alimentação adequada e saudável."

Direito à educação

Na educação, a pandemia mudou a rotina de crianças, adolescentes e famílias. Com o fechamento das escolas, o UNICEF estima que 44 milhões de meninas e meninos ficaram longe das salas de aula no país.

O cenário, no entanto, não quer dizer que todos ficaram sem aulas. Segundo a pesquisa, 91% dos brasileiros que moram com crianças ou adolescentes de 4 a 17 anos que estavam matriculados na escola antes da pandemia afirmaram que eles continuaram realizando, em casa, as atividades escolares durante a pandemia (sendo 89% dos matriculados em escolas públicas e 94% nas particulares).

Há, no entanto, 9% de crianças e adolescentes que estavam na escola antes da pandemia e não conseguiram continuar as atividades em casa — ficando excluídos da escola.

Entre quem conseguiu, a maioria dos estudantes (87%) passou a realizar as atividades pela internet — 97% entre estudantes em escolas particulares e 81% nas escolas públicas. No entanto, o nível de frequência mostra divergências significativas. Nos cinco dias da semana anteriores à pesquisa, 63% dos estudantes receberam tarefas e atividades escolares, enquanto 12% não receberam tarefa nenhuma e 6% somente em apenas um dia — ficando assim à margem do processo de aprendizagem.

Tanto nas escolas públicas quanto nas escolas privadas, a comunicação com as famílias se manteve ativa. Segundo a pesquisa, 68% afirmam ter recebido contatos da escola para informar progressos das crianças nas atividades (71% nas particulares e 65% nas públicas). Além disso, 48% afirmam que a escola entrou em contato para saber como estava a situação da casa e das crianças e dos adolescentes. Nesse ponto, o contato foi maior para quem tem filhos em escolas públicas, 51%, versus particulares, 44%.

“A pesquisa reflete o esforço das escolas e redes de ensino em manter o direito de aprender. Mesmo com a pandemia, a maioria das escolas manteve o contato com as famílias, o que é fundamental para entender a situação dos estudantes e aprimorar as atividades oferecidas de forma remota", afirma Ítalo Dutra, chefe de Educação do UNICEF no Brasil.

"Por outro lado, a pandemia aumentou as desigualdades. Isso se reflete nos percentuais de meninas e meninos que não conseguiram manter a aprendizagem em casa. Diante da crise provocada pela COVID-19, há que se ter um esforço ainda maior para que a exclusão escolar não aumente no país."

Sobre a pesquisa

A pesquisa Impactos primários e secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes foi realizada pelo Ibope para o UNICEF. A amostra contou com 1.516 entrevistas, representativas da população do País. As entrevistas foram realizadas por telefone, de 3 a 18 de julho de 2020. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

sábado, 22 de agosto de 2020

INDÍGENAS BRASILEIROS MINISTRAM AULAS - ENSINAM COMO TRATAR A TERRA E SEUS RECURSOS

 

Indígenas brasileiros ensinam como tratar a Terra e seus recursos

por ONU Brasil
Evento online teve conversa entre a educadora e ativista indígena Célia Xakriabá e o ator e humorista Paulo Vieira sobre a identidade indígena no Brasil. Foto: PNUMA
              Evento online teve conversa entre a educadora e ativista indígena Célia Xakriabá e o ator e humorista Paulo Vieira sobre a identidade indígena no Brasil. Foto: PNUMA

Os povos Indígenas compõem mais de 5% da população mundial (cerca de 350 milhões de pessoas), segundo a ONU. Com uma cultura de relação profunda e equilibrada com a natureza, os indígenas do Brasil nos propõem importantes reflexões sobre como tratamos a Terra e seus recursos.
Na última sexta-feira (14), o Museu do Amanhã e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) promoveram uma conversa entre a educadora e ativista indígena Célia Xakriabá e o ator e humorista Paulo Vieira sobre a identidade indígena no Brasil.
A sensibilidade do ator e a carga poética das falas de Célia deram o tom do bate-papo, que incluiu questões sobre sustentabilidade, alimentação, educação, religião e ancestralidades. Célia abordou as lutas indígenas, principalmente em meio à pandemia da COVID-19.
“Somos um povo que resiste pela força da ancestralidade. Entendemos o que vem de dentro, isso sim é sustentabilidade, é o que fazemos com o corpo-território. Cada vez que tentam nos arrancar nossos territórios, inventamos novos", declarou.
"Porque nosso território também é história, narrativa, memória, conhecimento, é a ciência que nasce do útero da terra. O fogo que queima a Amazônia e o Cerrado jamais vai queimar a força da nossa palavra e não vai acabar com a nossa espiritualidade.”
Paulo, com simplicidade, respeito e pitadas de humor que o caracterizam, colocou-se no papel do público, trazendo dúvidas e inquietações que estão na mente dos espectadores - e fazendo a ponte com a realidade indígena. “É tribo ou aldeia? Pode casar com qualquer pessoa? Pode chamar de índio?”.
Essas e outras questões foram ponto de partida para um bate-papo informal, rico e permeado por reflexões profundas. Para o ator, a sociedade deve exercitar mais o papel de escuta dos povos indígenas.
“Nesse momento em que a gente passa por uma pandemia que não pode deixar de ser vista como um desastre ambiental, não podemos passar por isso de maneira cega. Olhar para os povos originários é entender o que está acontecendo e saber onde nós erramos”, frisou o ator.
Ao falar sobre educação escolar, Célia ressaltou que é muito importante para os indígenas “aprender sem se prender”. Também comentou sobre a importância de ter professores indígenas nas escolas indígenas e de mudar as narrativas das instituições de ensino sobre a história do país: “precisamos parar de replicar a primeira fake news: que Cabral descobriu o Brasil”.
A diversidade foi tema recorrente em sua fala. “É importante reconhecer os 305 povos indígenas, na diversidade brasileira. Eu tenho medo da monocultura, pra mim toda monocultura mata. Essa ideia de ‘monoculturação’ mata o pensamento, mata a terra."

"Todo mundo fala que um prato que tem sustança é um prato colorido, diverso. Mas ninguém pensa assim para um projeto de sociedade”, disse. Ao ser perguntada sobre a primeira coisa que ensinaria aos não indígenas, voltou ao tema: “a diversidade cura. A diversidade alimenta”.
Paulo e Célia também se encontram na arte. Apesar da trajetória com o humor, ele disse que quando está muito triste tenta fazer arte. Já Célia contou que não houve um momento de se descobrir poeta. "Talvez eu tenha capacidade de fazer da luta melodia."

                             

O encontro encerrou a semana em que é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas, uma data para reforçar a luta pelos direitos e a valorização de todas as etnias nativas.

O bate-papo, que teve tradução em libras e um canal no Telegram disponível para que a comunidade de surdos pudesse enviar perguntas, está disponível no canal do Youtube das duas organizações (@museudoamanha / @PNUMABRASIL) e sela mais uma parceria entre o Instituto de Desenvolvimento e Gestão, responsável pela gestão do Museu do Amanhã, e o PNUMA.

“As lives que fizemos com Sebastião Salgado, Rosiska Darcy e Lenine durante o Dia Mundial do Meio Ambiente, em junho, foram experiências extremamente ricas para ambas as instituições. Há muita sinergia entre os nossos valores, missão e propósito", afirmou Denise Hamú, Representante do PNUMA no Brasil.

"Juntos queremos potencializar nosso alcance; envolver outros públicos, e não apenas especialistas, na construção de entendimentos e caminhos para sociedades mais sustentáveis."

“A parceria marca a troca de conhecimento, informações e programas, além de permitir que juntemos forças para continuar estimulando o debate público sobre as mudanças que precisamos empreender nesse momento de pandemia", declarou Ricardo Piquet, diretor-presidente do IDG - Instituto de Desenvolvimento e Gestão, responsável pela gestão do Museu do Amanhã e do Fundo da Mata Atlântica.

"Queremos continuar pautando a importância da diversidade, do respeito aos povos, da convivência sustentável de todos entre si e com o planeta”, complementou.

O próximo bate-papo virtual será em setembro. Para saber mais, acompanhe as redes sociais do PNUMA (@pnuma_pt) e do Museu do Amanhã (@museudoamanha).


DIRETRIZES PARA A DÉCADA DO OCEANO NO BRASIL

 

Sociedade é convocada a construir diretrizes 

para a década do oceano no Brasil

por ONU Brasil

A Década do Oceano foi proposta pela ONU para conscientizar a população sobre a importância dos oceanos e para mobilizar atores em ações que favoreçam a saúde e a sustentabilidade dos mares. Foto: Jeremy Bishop / Pexels

A partir desta quarta-feira (19), brasileiros de todas as regiões estarão envolvidos em uma agenda de eventos que seguirá até o final do ano para construir de forma colaborativa o Plano Nacional para a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável.

As diretrizes traçadas ajudarão o Brasil a planejar ações a favor do ecossistema marinho-costeiro para serem executadas no período de 2021 a 2030. A participação e o engajamento de diferentes setores da sociedade é parte essencial para desenvolver um plano nacional, que contemple as necessidades, os desafios e as particularidades de todas as regiões do país.

A série de eventos para traçar o Plano Nacional para a Década do Oceano é uma iniciativa do MCTI, Marinha do Brasil, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Unifesp, Fundação Grupo Boticário e Rede ODS Brasil.

A Década do Oceano foi proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar a população global sobre a importância dos oceanos e para mobilizar atores públicos, privados e da sociedade civil organizada em ações que favoreçam a saúde e a sustentabilidade dos mares.

“A partir do engajamento da sociedade como um todo, buscamos gerar conhecimentos e inovações para conservar os oceanos. É a ciência que precisamos para o oceano que queremos”, ressaltou o oficial de projetos da UNESCO no Brasil, Glauco Kimura.

No Brasil, alguns eventos ocorridos desde o ano passado já trouxeram a Década para a pauta das discussões. Agora, várias entidades promovem uma série de eventos on-line, com participação gratuita, com o intuito de conhecer mais e melhor a relação de cada região brasileira com os mares – até mesmo as localidades do interior. O objetivo é reunir diferentes percepções e integrar processos.

“O oceano provê serviços essenciais para a sobrevivência de todos e regula o clima do planeta. Nós precisamos conhecer mais sobre esse assunto, por isso, fazemos o convite à sociedade para reunirmos informações e conhecimentos de cada uma das regiões do Brasil e garantir o futuro sustentável para as próximas gerações”, destacou a coordenadora-geral de Oceanos, Antártica e Geociência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Karen Silverwood-Cope.

A série de eventos começou nesta quarta-feira (19) com o primeiro webinário nacional “Onde estamos?”, que reuniu vários especialistas para falar sobre o cenário atual da costa e da vida marinha brasileira.

A programação seguirá até novembro com cinco oficinas subnacionais – uma para cada região do Brasil. “Buscamos uma participação diversificada, inclusiva e representativa em todas as regiões brasileiras. Com isso, queremos entender de que forma o ambiente marinho está relacionado com a economia, o bem-estar social, a resiliência costeira e a cultura de povos tradicionais em todo o país”, explicou o coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Robson Capretz. Cada oficina regional terá até 105 participantes, selecionados a partir de inscrições, divididos em sete grupos de trabalho.

O calendário termina em dezembro com o segundo webinário nacional “O que temos e para onde vamos”, que trará os resultados de todos os encontros regionais, com um panorama nacional. Para o professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), Ronaldo Christofoletti, a oportunidade de unir o conhecimento de cada uma das regiões é o principal diferencial da iniciativa. “É uma Década da ciência, mas que ao mesmo tempo é construída por todos os setores da sociedade. Precisamos que todos deixem a sua contribuição. Dado o tamanho continental do Brasil, precisamos ouvir as vozes das pessoas que vivem em cada uma dessas regiões”.

A programação completa e o formulário de inscrição estão disponíveis no site http://decada.ciencianomar.mctic.gov.br/.

AGATHA PESSOA - UMA PEDRA PRECIOSA DA MÚSICA E CULTURA BRASILEIRA

 

JUVENTUDE E MEIO AMBIENTE

Agatha Pessoa

Uma Pedra Preciosa da música e cultura brasileira                   

 

  Agatha Pessoa é uma artista, 20 anos, cantora carioca, reside no Rio de Janeiro.  Filha de Alessandro Márcio, músico e compositor mineiro de sambas enredo. Conhecido como Araxá e de Patrícia Fabiana. Estudou numa escola de música chamada Centro de Formação Artística Dança e Teatro de Rio das Ostras. Ela concedeu uma entrevista exclusiva onde aborda temas ligados à cultura e meio ambiente.

    Há uma simbologia em seu nome muito interessante. Uma referência de uma pedra, elemento da natureza. Suas respostas inteligentes e precisas retratam como a juventude vem encarando os desafios socioambientais que o Brasil e o mundo atravessam.

   O nome Ágata tem origem no grego. Agatha uma variação de Agathos que significa – bondade, perfeição, respeitável, virtuosa. Para algumas culturas como a islâmica, as ágatas são pedras muito preciosas. Acredita-se que o portador de um anel de ágata estará protegido contra vários infortúnios e gozará de longa vida entre outros benefícios.

   Pois bem, Agatha Pessoa tem muito a dizer a todos nós. Segue sua entrevista exclusiva ao Jornal Oecoambiental e sua afirmação sobre “o agir invisível”...

 Jornal Oecoambiental: Agatha, conte-nos um pouco da sua história.

Agatha: Eu canto desde, os 4, 5 anos de idade. Mas só entendi a importância da arte e me enxerguei como artista e cantora a partir dos 16 anos. Quando comecei a levar a sério e gravar vídeos para as redes sociais na internet. Hoje tenho 20 anos. Então estou ha quatro anos nesta trajetória. Quando eu comecei a cantar na igreja, a partir dos meus 12 anos até chegar aos 17 eu entendi que o que eu carregava dentro de mim poderia beneficiar outras pessoas. Não só a mim. Porque cantar é um prazer para mim. Eu me sinto bem cantando, envolvida no mundo da música. Além disso, existe um papel que eu carrego quando eu canto as palavras, dependendo daquilo que eu falo. Existe uma influência que gera sobre as outras pessoas. Quando eu entendi a importância e a responsabilidade sobre isso foi um choque para mim. Eu comecei a ter medo. Ainda tenho alguns problemas como à timidez e superar meus limites. Acreditar em mim de uma forma que eu vou poder passar o que está dentro de mim. Então dos meus 13 anos aos 17 foi um período bem conturbado em que eu tive que me conhecer e que eu tive que olhar para mim, para dentro de mim e falar: “bom você é capaz de mudar vidas através do canto, da música, da cultura. Seja o que for.”

Jornal Oecoambiental: Quais são os estilos musicais que canta e gosta? Quais são suas referências musicais?

 Agatha: Canto gospel, MPB, sou envolvida e apaixonada por outros estilos como MPB, R&B, Pop, Rock (seculares ou não).

 Esta pergunta é difícil porque tem muita gente que eu acompanho. Muitos artistas tantos famosos ou não. Seculares, que não fazem parte do meio gospel. Eu gosto muito de um grupo R&B brasileiro: Youn. Eles têm um conhecimento  musical muito grande. Acompanho muito Byoncé. Eu digo vocalmente falando. Whitney Houston, Jennifer Hudson, Jacob Latimore, pessoas tanto do mundo do cinema quanto da arte musical. Estou mais envolvida com estas pessoas, mas tem muito mais pessoas que agora não consigo lembrar tanto.

 Jornal Oecoambiental: Como você avalia a importância da música e da cultura para a população e a sociedade?

Agatha: Não existe uma pessoa no mundo que não seja envolvida pela música e a cultura, mesmo sendo que a cultura e a música, muitas das vezes, não sejam valorizadas. Mas todo mundo participa de algum jeito. Ou pelo menos aproveita de algum jeito.  Eu vi um estudo de algum tempo atrás que mostrava que pacientes em hospitais, que passavam por seu período de recuperação, com um método de musicalização, se recuperavam muito mais rápidos. A importância da música e da cultura não é conhecer apenas novas coisas, mas também respeitar outras culturas, outras pessoas e entender que o mundo é muito amplo. Existem coisas que a gente tem que estar aberto a conhecer porque é fato que nós vamos aprender. Assim a gente vai poder se tornar um todo. Acredito que esta seja a meta que todos precisam. Abrir seus horizontes. Olhar com novos olhares e entender que é necessário conhecer outras coisas, respeitar e valorizar também a música e a cultura entre nós.

Jornal Oecoambiental: Como você avalia a importância do meio ambiente?

Agatha: O meio ambiente é o que sustenta o mundo. É aonde a gente vive. Cada dia que passa eu entendo a necessidade que o ser humano tem de estar envolvido no meio ambiente, na natureza até mesmo porque o nosso corpo pede. A nossa mente pede porque fazemos parte deste meio também. O ser humano não tem levado isso a sério. Está tendo que ser da pior forma possível a gente entender que é necessário cuidar, preservar e sustentar o meio ambiente da melhor forma possível.

 Jornal Ecoambiental: Você tem em seu nome u ma referência da natureza: Agatha. Como vê a importância da participação das pessoas e da juventude para que consigamos melhorar o meio ambiente?

Agatha: Infelizmente acaba ficando muito oculto esta importância na sociedade em si. Principalmente da juventude porque nós somos o futuro da Nação. Mas está tudo muito oculto, muito silencioso. Era pra ser uma coisa mais falada. Pra ser uma coisa que houvesse mais luta em relação a isso. Os jovens não têm tido interesse em procurar saber o que é a sustentabilidade. O que a gente tem feito diante o que tenham destruído aos poucos nosso meio ambiente. Eu percebo que alguém tem que falar né?  Para que todas as pessoas que lutam por isto, não desistam porque eu acredito que em algum momento o mundo vai perceber que a sustentabilidade ela tem pontos extremamente importantes. Que literalmente todo mundo tem uma culpa nisso. Está tudo tão horrível, seja a água, a camada de ozônio que está acabando. E existem responsabilidades nisso.

Jornal Oecoambiental:  O que pensa sobre a importância dos jovens se cuidarem diante as pandemias?

Agatha: É importante se cuidar não somente pelas próprias vidas, mas também pela vida do próximo. Existem pessoas com realidades conturbadas e sem uma boa condição de vida. Pessoas doentes além do covid,  que são grupos de risco nessa situação. Então ser uma ponte de contaminação a uma pessoa nessa realidade pode ser fatal. Fiquem em casa.

Jornal Oecoambiental: Existe uma frase do artista, escritor e compositor Martinho da Vila, na apresentação de um DVD, onde ele diz: “nós nascemos para melhorar o mundo”. O que você pensa a respeito desta afirmação?

Agatha: Eu concordo em partes. Atualmente sim. Todas as pessoas que nascem, elas nascem para melhorar o mundo. Elas já nascem com esta carga de que você precisa fazer alguma coisa também. Mas um dia o mundo foi bom e não fomos nós mesmos que o destruímos. Então a gente só está colhendo o fruto daquilo que foi plantado.

Jornal Oecoambiental: Como você avalia a importância da educação na vida das pessoas, os saberes? E a sabedoria que os mais velhos adquirem em determinadas culturas ao longo da vida?

Agatha: Quanto mais a gente se abre para conhecer outras culturas, outras pessoas, a gente aprende a melhorar. Porque a gente percebe que somos seres pequenos, limitados. A gente nunca vai saber tudo. Quem realmente entende o valor disso tudo consegue alcançar lugares altos. Vejo como uma oportunidade você poder conhecer, conviver, respeitar, aprender, com outras culturas e outras pessoas. Quando você fica mais velho, acredito que faz vir um sentimento de que valeu a pena viver tudo que se vive. Aprender tudo que eu aprendi. E você não se sente arrependido de não ter aproveitado as oportunidades.

 Jrnal Oecoambiental: Você acredita que podemos realizar nossos sonhos? Qual mensagem você pode passar aos jovens principalmente, que têm sonhos e metas a conquistar?

Agatha: Acredito sim. Confesso que nem sempre acreditei. Quando eu entendi que existe o agir invisível, tudo se tornou mais tranqüilo para mim. Eu aprendi a ter paciência no Senhor para esperar as coisas acontecerem dentro da vontade dele. E o recado que eu tenho para vocês jovens, que têm metas, objetivos, sonhos, acreditem no seu potencial. Corra atrás de seus objetivos. Mentalize aquilo que você tanto deseja. E tenha fé no agir invisível. Você pode não estar enxergando nada daquilo que você tanto deseja, mas está acontecendo. Porque o mundo é muito além daquilo que a gente costuma enxergar. Não sei no que você acredita qual sua fé, mas acredite que a sua mente tem um poder incrível e que você é capaz de tudo.yv

Jornal Oecoambiental: Muito obrigado Agatha pela brilhante entrevista. Felicidades a você e sua família.



sexta-feira, 7 de agosto de 2020

AGENCIA DA ONU PARA REFUGIADOS - E INTEGRAÇÃO

 Temas relacionados à integração das pessoas refugiadas no Brasil serão discutidos entre profissionais de campo, pesquisadores e os próprios refugiados. Foto: Daniele Batemarque e Camila Seabra

Foto: divulgação

Fonte : ONU - BRASIL

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), em parceria com universidades da Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM), lançaram na quinta-feira (6) o podcast “Refúgio em Pauta”, que discute temas de integração das pessoas refugiadas no Brasil com profissionais de campo, pesquisadores e os próprios refugiados.

O primeiro episódio trata da segurança alimentar no contexto de pandemia da COVID-19. O coordenador de campo do ACNUR em Boa Vista (RR), Arturo de Nieves, fala sobre a resposta do ACNUR e de seus parceiros em um contexto de emergência humanitária.

A coordenadora do Programa de Atendimento a Refugiados (PARES) da Cáritas-RJ, Aline Thuller, discute a assistência prestada pela ONG no apoio às pessoas em situação de refúgio no Rio de Janeiro (RJ), vivendo em comunidades e no abrigo gerido pela Cáritas-RJ.

Fechando o episódio, o casal de empreendedores venezuelanos Carlos e Marifer relatam o processo de chegada ao Brasil e como está sendo a adaptação de seu empreendimento gastronômico à realidade da pandemia.

Todo mês, um diferente tema conduzirá os debates entre profissionais de campo, pesquisadores, refugiados e parceiros do ACNUR para que seja feita uma análise conjuntural do assunto proposto. O próximo episódio, a ser lançado em setembro, discutirá o tema dos refugiados indígenas que vivem no Brasil.

Para o representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas, o podcast “Refúgio em Pauta” consolida os esforços do ACNUR em fazer com que o tema do refúgio seja tratado de forma inclusiva, trazendo os desafios enfrentados, mas também as amplas possibilidades de contribuição que os refugiados aportam no país.

“Os temas de cada episódio são debatidos entre especialistas e pessoas refugiadas, sendo um retrato da realidade que requer aprofundamento de discussão. Por isso o podcast é importante, pois pode ser acessado em diferentes localidades, por diferentes públicos e traz variadas perspectivas de análise que contribuem para uma melhor compreensão sobre o tema do refúgio como um todo, reduzindo a xenofobia e a discriminação”, afirma Egas.

O podcast “Refúgio em Pauta” é o resultado de um projeto de inovação do ACNUR, onde profissionais da agência de todo o mundo são convidados para trazerem dilemas dos mais variados campos de atuação para discutir soluções adequadas, de baixo investimento.

Como o programa de interiorização de venezuelanos promovido pelo governo federal já realocou mais de 38 mil pessoas desde Boa Vista para cerca de 600 municípios brasileiros, o podcast é uma ferramenta estratégica de informação atual e confiável, estando disponível nos diversos agregadores de podcast.

A produção conta com a participação de acadêmicos vinculados à Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM), uma iniciativa do ACNUR que existe desde 2003 e que atualmente reúne 23 instituições de ensino superior.

A Cátedra tem o objetivo de difundir no ensino universitário os temas relacionados ao refúgio, promover pesquisas e implementar iniciativas que facilitem o processo de integração das pessoas refugiadas no Brasil.

Os seguintes profissionais integram a equipe de produção do podcast:

Coordenação: Miguel Pachioni (ACNUR)
Produção: ACNUR (Miguel Pachioni e William Laureano); PUC-Minas (Profs. Danny Zahreddine e Duval Fernandes); UFES (Profa. Brunela Vincenzi); UNICAMP (Profa. Ana Carolina Maciel e Mariana Hafiz); UFSM (Profa. Giuliana Redin, Gianlluca Simi e Nathália Costa) e Carlos Escalona (jornalista venezuelano)
Arte: PUC-Minas (Daniele Batemarque e Camila Seabra)
Edição de som: ACNUR (Miguel Pachioni), UNICAMP (Mariana Hafiz), UFSM (Gianlluca Simi) e UFES (Alex Rosa de Andrade e Hélio Marchioni)
Vozes das vinhetas: Leonardo Matumona (músico da República Democrática do Congo) e Oula Al-Saghir (artista da Palestina/Síria)

Todos os episódios estarão disponíveis no site do ACNUR Brasil e nos principais agregadores de podcast.