sexta-feira, 29 de abril de 2022
quinta-feira, 21 de abril de 2022
CALOR RECORDE NA ANTÁRTICA E RECUO DO GELO MARINHO
Fonte: ONU - BRASIL
O recente colapso de uma geleira de 1.100 km2 na Antártica surge em um momento de recordes de altas temperaturas e constitui um sintoma de um planeta que sofre uma crise climática, segundo especialistas.
A plataforma de gelo conhecida como Conger, que se separou do lado oriental da Antártica em março, é a nova vítima do aumento das temperaturas nos polos terrestres. Quanto mais as regiões polares se aquecerem, maior é a chance de derretimento, o que pode elevar o nível do mar e inundar comunidades costeiras.
Segundo especialista do PNUMA, Pascal Peduzzi, a concentração atual de gases de efeito estufa é maior que em qualquer outro momento da história humana.
“A concentração atual de gases de efeito estufa é maior que em qualquer outro momento da história humana. É um sinal muito preocupante”, explicou o diretor do Banco de Dados de Informações de Recursos Globais (GRID-Genebra), parte da Divisão de Ciência do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Pascal Peduzzi.
A temperatura média na estação meteorológica Vostok, no centro da Antártica, em março, normalmente é de -53°C. Mas entre 16 e 20 de março deste ano, por volta da época em que supõe-se que a plataforma de gelo tenha despencado, a temperatura estava, em média, 35°C mais quente, atingindo um valor ameno para a Antártida de -18°C em 17 de março. A onda de calor é parte de uma tendência de aquecimento que está sendo observada globalmente.
As imagens de satélite de cinco décadas atrás mostram que o gelo marinho em ambos os polos está recuando. Em 21 de fevereiro de 2022, o gelo marinho antártico, até recentemente estável, atingiu seu menor volume desde o início das avaliações, em 1979.
A situação é muito mais dramática no lado oposto do planeta. Quarenta anos atrás, o gelo marinho no Ártico tinha normalmente de três a quatro metros de espessura. Hoje, está em torno de 1,5 metros, de acordo com o relatório Foresight Brief, uma publicação recente do PNUMA. Um gelo mais fino e uma maior abertura da água levam à maior absorção da luz solar e ao aumento do derretimento no verão. Desde 1979, cerca de 50% da cobertura de gelo marinho que permanece na época do verão foi perdida.
"Houve uma perda significativa de gelo marinho, especialmente nos últimos 20 anos", afirmou o diretor do Centro de Meio Ambiente e Sensoriamento Remoto de Nansen e co-autor do Foresights Brief, Tore Furevik. “A perda de gelo marinho indica um clima que está ficando cada vez mais quente e não está em equilíbrio. A única maneira de deter essa tendência é reduzindo as emissões de gases de efeito estufa”.
O derretimento do gelo marinho provoca mudanças no ecossistema marinho, na circulação oceânica e em eventos climáticos. Tanto no Ártico quanto na Antártida, o aquecimento da água do oceano contribui para o derretimento das camadas de gelo. Enquanto o derretimento do Ártico não leva a um aumento significativo do nível do mar, pois o gelo já está na água, o derretimento do gelo da Groenlândia ou da Antártida acontecerá enquanto ele estiver em terra.
A chave para conter o derretimento do gelo marinho e das camadas de gelo é a mitigação da mudança climática e a limitação dos aumentos de temperatura de acordo com o Acordo de Paris. Como parte do pacto, os Estados-membros se comprometeram a limitar o aquecimento global em até 2°C, e de preferência abaixo de 1,5°C, em comparação com os níveis pré-industriais. Se o mundo cumprir suas promessas atuais relacionadas ao clima, o planeta ainda aquecerá pelo menos 2,7°C até o final do século, adverte o Relatório sobre a Lacuna de Emissões do PNUMA.
Já o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indica que a média de aquecimento global será de 3,2°C até 2100.
“Precisamos levar a crise climática mais a sério. Temos menos de oito anos para reduzir nossas emissões pela metade. Isso não vai acontecer sem uma grande reconfiguração dos principais setores”, defendeu o diretor do GRID-Genebra.
O PNUMA propôs a chamada Solução de Seis Setores para a crise climática. Essa abordagem tem como foco reduzir as emissões de gases de efeito estufa seis em segmentos: energia, indústrias, agricultura e alimentos, florestas e uso da terra, transportes, construção e cidades. O relatório descreve como esses seis setores conseguem reduzir mais de 30Gt de emissões e, com isso, ajudam a manter o aumento da temperatura em conformidade com o Acordo de Paris.
As Nações Unidas também lançaram a campanha ActNow, que orienta as pessoas sobre as escolhas individuais que podem fazer para limitar o aquecimento global e reduzir a mudança climática.
Em março de 2022, o PNUMA lançou uma versão atualizada de sua plataforma de dados, informações e conhecimentos chamada World Environment Situation Room, disponível em inglês. Há um módulo dedicado à mudança climática, que inclui gráficos atualizados diariamente sobre a extensão do Ártico e do gelo marinho antártico. A página também destaca anomalias térmicas e tem uma grande quantidade de dados que explicam e monitoram a mudança climática.
Neste mês, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que "estamos em uma via rápida para o desastre climático".
O diretor do GRID-Genebra afirmou que existe uma indiferença diante da mudança climática, pois muitas vezes as pessoas não se dão conta do enorme impacto que cada grau de aquecimento pode ter sobre o planeta. O especialista revela que: “A 1,5 °C, a elevação do nível do mar limita-se a 48 cm. A 3 °C, o nível do mar aumentaria sete metros e os ecossistemas marinhos poderiam entrar em colapso. A 4°C, os especialistas não sabem como a adaptação seria possível".
terça-feira, 19 de abril de 2022
19 DE ABRIL - POVOS INDÍGENAS CONTINUAM SUA LUTA PARA SEREM RESPEITADOS
Dentre as etnias que compõem a identidade do povo brasileiro, os Povos Indígenas continuam sua luta por suas terras, em defesa de sua cultura e para serem respeitados. Os Povos Indígenas, guardiães das florestas, os primeiros habitantes do Brasil e defensores do meio ambiente. Que todos os brasileiros possam compreender a importância de todas as etnias que formam a identidade do Brasil. Vencer o etnocentrismo e construir sociedades fraternas e solidárias são um desafio para a sustentabilidade. No caso dos Povos Indígenas valorizar e respeitar os Povos Indígenas e suas culturas é valorizar o Brasil em sua diversidade étnica e sua pluralidade cultural.
Por que " 19 de Abril Dia do Índio"?
O 19 de abril remete ao dia em que delegados indígenas, representantes de várias etnias de países como o Chile e o México, reuniram-se, em 1940, no Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Essa reunião tinha o propósito de discutir várias pautas a respeito da situação dos povos indígenas após séculos de colonização e da construção dos Estados Nacionais nas Américas.
No Brasil, o Dia do Índio foi instituído em 1943, através de decreto-lei por Getúlio Vargas, o então presidente que estava no poder no chamado Estado Novo. Vargas e seus ministros usaram o Congresso Indigenista Interamericano como guia para essa resolução.
quinta-feira, 14 de abril de 2022
FELIZ PÁSCOA DE 2022
FELIZ PÁSCOA DE 2022
SAÚDE
PAZ
AMOR
PROSPERIDADE
HARMONIA
SUSTENTABILIDADE
SABEDORIA
VITÓRIAS
PELA CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO MELHOR
QUALIDADE DE
VIDA, DIGNIDADE HUMANA E MEIO AMBIENTE MAIS SAUDÁVEL PARA TODOS
O Jornal Oecoambiental deseja a todos os
leitores e leitoras e seus familiares, uma Feliz Páscoa, onde a vida se renove
com saúde, paz, amor, prosperidade, harmonia, felicidades, sustentabilidade.
Que as pessoas internalizem uma compreensão
de si mesmas sobre o que de melhor existe em cada um de nós, seres humanos,
unindo nossas melhores energias. Percebendo nossa Força interior de promover a
felicidade. Uma interação de aprendizado e cuidado para com a valorização da
espécie humana e o meio ambiente: as águas, florestas, povos tradicionais,
etnias, povos indígenas, que cuidam da valorização da biodiversidade da Terra e
seguem buscando se harmonizar com as melhores energias do universo.
Que dias melhores possam vir com atitudes de
vidas valorizadas, para que as populações e comunidades do mundo possam
erradicar a fome, a miséria, as desigualdades sociais, econômicas, étnicas de
acesso à conquista da dignidade humana plena.
Que
todas as pessoas, instituições, Governos que constroem um mundo mais justo e
fraterno se unam pela gratidão de habitarmos o Planeta Terra de múltiplos recursos
e belezas naturais.
Que através da união de nossas melhores
energias de promoção da vida, com sabedoria e ações sustentáveis possamos cuidar
melhor a cada dia, de cada um de nós humanos, de nossas comunidades e do
exuberante Planeta Terra.
terça-feira, 5 de abril de 2022
AS CHOROSAS - GRUPO DE CHORINHO DE BELO HORIZONTE - MG
POLUIÇÃO DO AR ATINGE CERCA DE 99% DA POPULAÇÃO MUNDIAL
Quase toda a população do mundo (99%) respira ar que excede os limites de qualidade recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), revelou a atualização de 2022 do banco de dados de qualidade do ar da agência.
Em todo mundo as pessoas respiram níveis insalubres de material particulado fino e dióxido de nitrogênio, principalmente em países de baixa e média renda.
As evidências levaram a OMS a destacar a importância de reduzir o uso de combustíveis fósseis e tomar outras medidas tangíveis para reduzir os níveis de poluição do ar, que causa inúmeros problemas de saúde e 7 milhões de mortes por ano.
Quase toda a população do mundo (99%) respira ar que excede os limites de qualidade recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que ameaça a sua saúde. Um número recorde de mais de 6 mil cidades em 117 países está monitorando a qualidade do ar, mas as pessoas que vivem nelas ainda respiram níveis insalubres de material particulado fino e dióxido de nitrogênio, com pessoas em países de baixa e média renda sofrendo as maiores exposições.
As evidências levaram a OMS a destacar a importância de reduzir o uso de combustíveis fósseis e tomar outras medidas tangíveis para reduzir os níveis de poluição do ar.
Lançada às vésperas do Dia Mundial da Saúde (7 de abril), que neste ano celebra o tema “Nosso planeta, nossa saúde”, a atualização de 2022 do banco de dados de qualidade do ar da OMS apresenta, pela primeira vez, medições terrestres das concentrações médias anuais de dióxido de nitrogênio (NO2), um poluente urbano comum e precursor do material particulado e do ozônio. Inclui também medições de partículas com diâmetros iguais ou inferiores a 10 μm (PM10) ou 2,5 μm (PM2,5). Ambos os grupos de poluentes se originam principalmente de atividades humanas relacionadas à queima de combustíveis fósseis.
Até o momento, o novo banco de dados de qualidade do ar é o mais extenso em termos de cobertura terrestre para exposição à poluição do ar. Cerca de 2 mil cidades/assentamentos humanos a mais que na última atualização estão agora registrando dados de monitoramento ambiental para material particulado, PM10 e/ou PM2.5. Um aumento de quase seis vezes do que foi registrado nos relatórios desde que o banco de dados foi lançado, em 2011.
Enquanto isso, a base de evidências para os prejuízos que a poluição do ar causa ao corpo humano vem crescendo rapidamente e aponta para danos significativos causados até mesmo por baixos níveis de muitos poluentes do ar.
O material particulado, especialmente o PM2,5, é capaz de penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea, causando impactos cardiovasculares, cerebrovasculares (AVC) e respiratórios. Há evidências emergentes de que o material particulado afeta outros órgãos e também causa outras doenças.
O dióxido de nitrogênio (NO2) está associado a doenças respiratórias, principalmente asma, levando a sintomas respiratórios (como tosse, chiado ou dificuldade para respirar), internações hospitalares e busca por serviços de emergência.
A OMS revisou no ano passado suas Diretrizes de Qualidade do Ar, tornando-as mais rigorosas em um esforço para ajudar os países a avaliar melhor a qualidade de seu próprio ar.
“As preocupações atuais com a energia destacam a importância de acelerar a transição para sistemas de energia mais limpos e saudáveis”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Os altos preços dos combustíveis fósseis, a segurança energética e a urgência de enfrentar os dois desafios à saúde - poluição do ar e mudanças climáticas - ressaltam a necessidade premente de avançar mais rapidamente em direção a um mundo muito menos dependente de combustíveis fósseis.”
Medidas que os governos podem tomar para melhorar a qualidade do ar e a saúde
Vários governos estão tomando medidas para melhorar a qualidade do ar, mas a OMS está pedindo uma rápida intensificação das ações para:
- Adotar ou revisar e implementar padrões nacionais de qualidade do ar de acordo com as últimas diretrizes da OMS;
- Monitorar a qualidade do ar e identificar fontes de poluição;
- Apoiar a transição para o uso exclusivo de energia doméstica limpa para cozinhar, aquecer e iluminar;
- Construir sistemas de transporte público seguros e acessíveis e redes amigáveis para pedestres e ciclistas;
- Implementar padrões mais rígidos de emissões e eficiência dos veículos; e impor inspeção e manutenção obrigatórias para veículos;
- Investir em habitação com eficiência energética e geração de energia;
- Melhorar a gestão de resíduos industriais e municipais;
- Reduzir a incineração de resíduos agrícolas, incêndios florestais e certas atividades agroflorestais (por exemplo, produção de carvão);
- Incluir a temática de poluição do ar nos currículos dos profissionais de saúde e fornecer ferramentas para o envolvimento do setor da saúde;
Dados - Nos 117 países que monitoram a qualidade do ar, em 17% das cidades em países de alta renda os parâmetros PM2,5 ou PM10 ficam abaixo do estabelecido pelas Diretrizes de Qualidade do Ar da OMS. Nos países de baixa e média renda, a qualidade do ar está em conformidade com os limites recomendados pela OMS em menos de 1 % das cidades.
Globalmente, os países de baixa e média renda ainda apresentam maior exposição a níveis insalubres de material particulado em comparação com a média mundial, mas os padrões de dióxido de nitrogênio (NO2) são diferentes, mostrando menor diferença entre os países de alta e baixa e média renda.
Cerca de 4 mil cidades/assentamentos humanos em 74 países coletam dados de dióxido de nitrogênio (NO2) ao nível do solo. Agregadas, suas medições mostram que apenas 23% das pessoas nesses locais respiram concentrações médias anuais de NO2 que atendem aos níveis da versão recentemente atualizada das Diretrizes de Qualidade do Ar da OMS.
“Depois de sobreviver a uma pandemia, é inaceitável ainda ter 7 milhões de mortes evitáveis e incontáveis anos perdidos de boa saúde devido à poluição do ar. É isso que estamos dizendo quando analisamos a montanha de dados, evidências e soluções sobre poluição do ar disponíveis. No entanto, continua-se fazendo muitos investimentos em um meio ambiente contaminado e não em um ar limpo e saudável”, disse a diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS, Maria Neira.
As pessoas que vivem em países de baixa e média renda são as mais expostas à poluição do ar. Elas também são as menos cobertas em termos de medição da qualidade do ar – mas a situação está melhorando.
A Europa e, em certa medida, a América do Norte, continuam a ser as regiões com os dados mais completos sobre a qualidade do ar. Em muitos países de baixa e média renda, embora as medições de PM2,5 ainda não estejam disponíveis, observou-se grandes melhorias nas medições entre a última atualização do banco de dados, em 2018 e esta, com mais 1,5 mil assentamentos humanos nesses países monitorando a qualidade do ar .
Diretrizes de qualidade do ar da OMS - A base de evidências para os prejuízos causados pela poluição do ar vem crescendo rapidamente e aponta para danos significativos causados até mesmo por baixos níveis de muitos poluentes atmosféricos. No ano passado, a resposta da OMS se deu por meio da revisão de suas Diretrizes de Qualidade do Ar, de forma a refletir as evidências, tornando-as mais rigorosas, especialmente para material particulado e dióxido de nitrogênio, um movimento fortemente apoiado pela comunidade de saúde, associações médicas e organizações de pacientes.
O banco de dados de 2022 visa monitorar o estado do ar do mundo e contribui para o progresso em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Dia Mundial da Saúde 2022 - O Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril, concentrará a atenção global em ações urgentes necessárias para manter os seres humanos e o planeta saudáveis e promover um movimento para criar sociedades focadas no bem-estar. A OMS estima que mais de 13 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano são resultado de causas ambientais evitáveis.
NOVO RELATÓRIO CLIMÁTICO DA TERRA - ALERTA EXIGEM NOVAS POLÍTICAS ENERGÉTICAS
O novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indica que as emissões nocivas de carbono de 2010-2019 foram as mais altas na história da humanidade, com aumentos de emissões registrados “em todos os principais setores do mundo”.
Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, esta é prova de que o mundo está em um caminho rápido para o desastre, que pode tornar o planeta inabitável. “Isso não é ficção ou exagero. É o que a ciência nos diz que resultará de nossas atuais políticas energéticas. Estamos no caminho para o aquecimento global de mais que o dobro do limite de 1,5 grau Celsius que foi acordado em Paris em 2015", ressaltou.
O painel de cientistas realça, no entanto, que é ainda é possível reduzir pela metade as emissões até 2030 e evitar os piores cenários. O relatório detalha medidas e políticas que podem levar a um mundo mais justo e sustentável.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou seu novo relatório na segunda-feira (04). O documento, que tem foco na mitigação das mudanças climáticas, indica que as emissões nocivas de carbono de 2010-2019 foram as mais altas na história da humanidade. Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, esta é prova de que o mundo está em um “caminho rápido” para o desastre.
Em seus comentários sobre o lançamento do novo relatório do IPCC, o secretário-geral da ONU insistiu que, a menos que os governos de todos os lugares reavaliem suas políticas energéticas, o mundo será inabitável.
Seus comentários refletem a insistência do IPCC de que todos os países devem reduzir substancialmente o uso de combustíveis fósseis, ampliar o acesso à eletricidade, melhorar a eficiência energética e aumentar o uso de combustíveis alternativos, como o hidrogênio.
História de terror - A menos que uma ação seja tomada em breve, algumas grandes cidades ficarão submersas, afirmou Guterres em uma mensagem de vídeo, que também prevê “ondas de calor sem precedentes, tempestades aterrorizantes, escassez generalizada de água e a extinção de um milhão de espécies de plantas e animais”.
O chefe da ONU acrescentou: “Isso não é ficção ou exagero. É o que a ciência nos diz que resultará de nossas atuais políticas energéticas. Estamos no caminho para o aquecimento global de mais que o dobro do limite de 1,5 grau Celsius que foi acordado em Paris em 2015".
Questão urbana – Segundo os autores do relatório, uma parcela crescente das emissões pode ser atribuída a vilas e cidades. De forma igualmente preocupante, o relatório sinaliza que as reduções de emissões na última década “foram menores do que os aumentos de emissões, devido ao aumento dos níveis de atividade global na indústria, abastecimento de energia, transportes, agricultura e edifícios”.
De acordo com o novo, as emissões de gases de efeito estufa geradas pela atividade humana aumentaram desde 2010 “em todos os principais setores do mundo”. O documento é fruto do trabalho de centenas de cientistas independentes de todo mundo e foi aprovado por 195 países.
Sinais encorajadores - O painel de cientistas realça, no entanto, que é ainda é possível reduzir pela metade as emissões até 2030 e insta governos a intensificar as ações para reduzir as emissões.
Como exemplo dos avanços, os autores chamam atenção para a redução significativa no custo das fontes de energia renovável desde 2010, em até 85% para energia solar e eólica e baterias.
Incentivando a ação climática – De acordo com o presidente do IPCC, Hoesung Lee, o momento atual representa uma “encruzilhada”. “As decisões que tomamos agora podem garantir um futuro habitável”, disse Lee.
Ele se mostrou encorajado pela ação climática que está sendo tomada em muitos países. “Existem políticas, regulamentos e instrumentos de mercado que estão se mostrando eficazes. Se forem ampliados e aplicados de forma mais ampla e equitativa, podem apoiar reduções profundas de emissões e estimular a inovação”, afirmou.
Para limitar o aquecimento global a cerca de 1,5°C (2,7°F), o relatório do IPCC insiste que as emissões globais de gases de efeito estufa teriam que atingir o pico "antes de 2025, o mais tardar, e ser reduzidas em 43% até 2030".
O metano também precisaria ser reduzido em cerca de um terço, de acordo com os autores do relatório. Ainda assim, mesmo que isso fosse alcançado, é “quase inevitável” que ultrapassemos temporariamente o limite de temperatura de 1,5 grau Celcius acima do período pré-industrial. No entanto, ainda seria possível retornar a um valor abaixo deste limite até o final do século.
Agora ou nunca - “É agora ou nunca, se quisermos limitar o aquecimento global a 1,5°C; sem reduções imediatas e profundas de emissões em todos os setores, será impossível”, disse Jim Skea, copresidente do Grupo de Trabalho III do IPCC, responsável pelo último relatório.
De acordo com o relatório, que reúne as melhores evidências científicas disponíveis, as temperaturas globais se estabilizarão quando as emissões de dióxido de carbono atingirem zero líquido. Para 1,5°C, isso significa atingir emissões líquidas zero de dióxido de carbono globalmente no início da década de 2050; para 2°C, é no início da década de 2070.
“Esta avaliação mostra que limitar o aquecimento a cerca de 2°C ainda exige que as emissões globais de gases de efeito estufa atinjam o pico antes de 2025, o mais tardar, e sejam reduzidas em um quarto até 2030”, ressalta Skea.
Base da política - As avaliações do IPCC são muito importantes porque fornecem aos governos informações científicas que podem ser usadas para desenvolver políticas climáticas.
Eles também desempenham um papel fundamental nas negociações internacionais para combater as mudanças climáticas.
Entre as soluções sustentáveis e de redução de emissões disponíveis para os governos, o relatório do IPCC enfatizou que repensar como as cidades e outras áreas urbanas funcionarão no futuro pode ajudar significativamente a mitigar os piores efeitos das mudanças climáticas.
“Essas (reduções) podem ser alcançadas por meio de menor consumo de energia (como a criação de cidades compactas e caminháveis), eletrificação do transporte em combinação com fontes de energia de baixa emissão e maior absorção e armazenamento de carbono usando a natureza”, sugeriu o relatório, que apresenta opções para cidades estabelecidas, de rápido crescimento e novas.
“As mudanças climáticas são o resultado de mais de um século padrões insustentáveis de energia, uso da terra, estilos de vida, consumo e produção”, resumiu Skea. “Este relatório mostra como agir agora pode nos levar a um mundo mais justo e sustentável.”
Sobre o IPCC - O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) é o órgão da ONU para avaliar a ciência relacionada às mudanças climáticas. Foi estabelecido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988 para fornecer aos líderes políticos avaliações científicas periódicas sobre as mudanças climáticas, suas implicações e riscos, bem como propor estratégias de adaptação e mitigação. No mesmo ano, a Assembleia Geral da ONU endossou a ação da OMM e do PNUMA em estabelecer conjuntamente o IPCC, que atualmente tem 195 Estados-membros.
Milhares de pessoas de todo o mundo contribuem para o trabalho do IPCC. Para os relatórios de avaliação, os especialistas oferecem seu tempo como autores do IPCC para avaliar os milhares de artigos científicos publicados a cada ano para fornecer um resumo abrangente do que se sabe sobre os impulsionadores das mudanças climáticas, seus impactos e riscos futuros e como a adaptação e a mitigação podem reduzir esses riscos.
Sobre o relatório – O último relatório é resultado do trabalho de 278 autores de 65 países, incluindo o Brasil. Eles compõem o Grupo de Trabalho III do IPCC, que se debruça sobre a mitigação das mudanças climáticas, ou seja, medidas que podem tornar menos intensas os efeitos da crise do clima.
O documento faz parte do Sexto Ciclo de Avaliação do IPCC (AR6). As duas primeiras partes deste ciclo foram lançadas em agosto de 2021 e fevereiro de 2022 e tratam, respectivamente, das bases científicas e da adaptação às mudanças climáticas. Um Relatório de Síntese está previsto para ser divulgado no segundo semestre de 2022.