NATAL
É natal? É natal! É natal.
Pompas anunciam o Advento; hinos especiais conclamam o abraçar; luzes anunciam o novo; estrelas apontam o caminho; festeja-se o mistério.
Eis o mistério do natal!
E, no mistério do natal, no fundo, bem no fundo, coisas continuam coisas.
Shoppings, tais e quais cogumelos carnívoros, avançam sobre nós; ofertas milagrosas televisionadas chamam às compras; a gratificação de natal acena ao trabalhador como o canto da sereia.
E o natal (nascer, esperança, vida) esvai-se e apaga-se na roda viva do calendário, tal e qual data de folinha, que é lançada ao lixo, a cada amanhecer.
Pois bem. Dos doze meses do ano, um ou dois são de natal.
E se mudássemos a ordem? Se a nova ordem fosse comemorar o natal em datas incertas, sem aviso prévio. Dez meses de natal. Dois meses de ano vulgarmente dito.
Dez meses de natal (nascer, esperança, vida).
E então, será um outro natal. Um natal natalino, um renascer a cada dia regido pela pureza das crianças. Um sininho cristalino a badalar, porque todo dia será Advento.
Eis o natal para sempre.
Esse é o meu desejo.
Eu desejo a todos esse natal e um ano novo brotando da semente do vir a ser. Tão novo que com ele se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, se alegra, se vive.
Eu desejo que o ano de 2012 seja, eternamente, manhã de domingo, noite de lua cheia, uma festa, um violão, o som do Bolero de Ravel, fogueira de São João, sinal de recreio. . .
Enfim, que a liberdade seja, todos os dias, anunciada tal e qual cheiro de pão quente e aroma de café, e a felicidade seja servida à mesa, todos os dias, antes da sobremesa.
Agradecemos este artigo que nos foi enviado e redigido por
Ephigênia Salles é escritora, advogada, professora e referência nas lutas socioambientais de Minas Gerais e do Brasil