O Jornal Oecoambiental promoveu em parceria com o Sitraemg – Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal do Estado de MG – com apoio do Sindicato dos Metalúrgicos de BH e Contagem, Sinttel/MG, Sindagua, Sindicato dos Vigilantes de MG, Movimento pela Criação do Parque Nacional da Serra da Gandarela, CAAP – Centro Acadêmico Afonso Pena – Escola de Direito da UMFG, CACS – Centro Acadêmico de Ciências Sociais da UFMG, NESTH – Núcleo de Estudos Sobre o Trabalho Humano da UFMG o evento: RIO PARA TODOS em Defesa da Vida, do Meio Ambiente, pela Justiça Ambiental – MINAS NA RIO + 20.
Evento Rio Para Todos - Minas na Rio + 20 - Foto: Irinei Lima/Sitraemg
No dia 21 de abril, com a presença de várias lideranças dos movimentos socioambientais de MG, aconteceu uma palestra de Frei Betto, com o tema: “ A participação da Sociedade Civil na Cúpula dos Povos e na Rio + 20”. Foi um momento de reflexão sobre a conjuntura socioambiental global. Acompanhe pelo nosso blog os principais momentos deste debate. Nosso objetivo é estimular a participação da sociedade civil na Cúpula dos Povos e na Rio + 20. Envie suas sugestões, comentários matérias, artigos sobre estes importantes eventos que o Brasil sediará em junho de 2012.
Público RIO PARA TODOS - MINAS NA RIO + 20 - Foto: Irinei Lima/Sitraemg
“Desenvolvemos uma tecnologia que permitiu ao ser humano colocar os pés na lua, mas não desenvolvemos recursos para colocar arroz, feijão, cereais, legumes na barriga de uma criança faminta da África ou do Brasil.” Afirmou Frei Betto. A tecnologia e a ciência não são acessíveis à maioria da população mundial. Elas são produtos de luxo para quem pode pagar por isso. Para uns poucos o luxo para muitos o lixo.” Frei Betto argumentou que em janeiro de 2010 foi convidado, pelos povos indígenas, a participar de um evento de cinco dias no Equador, “que é um dos países indígenas da América Latina, ou seja, onde existe uma população predominantemente indígena, assim como Guatemala e Bolívia”. Frei Betto foi apresentado a filosofia do movimento Bem Viver, que é traduzido em Vida em Plenitude. O termo vem da língua Quéchua, dos indígenas Andinos: SUMAK KAWSAY (SUMAK significa plenitude e KAWSAY, viver). Frei Betto afirmou: “há um consenso que o maior degradador ambiental é o sistema capitalista. A lógica do sistema capitalista é devastadora para o ambiente todo, não só para o meio ambiente.” Segundo Frei Betto, “diante o antagonismo entre preservação ambiental e capitalismo, já se busca do ponto de vista social mundial, o que se fala como: outro mundo possível. Hoje a tendência é falar em outros mundos possíveis. Vários modelos de sociedade que tenham como paradigma a biodiversidade – a preservação de todas as formas de vida.” Ele afirmou durante sua palestra que o resgate do Bem Viver é uma concepção originária dos povos que constituem a raiz da América Latina, os povos indígenas. Esta é uma filosofia de vida principalmente das Nações Quéchua e Aymara, que predominam ao longo da Cordilheira dos Andes. No Equador predomina a cultura Quéchua e na Bolívia a cultura Aymara. Nesta filosofia o mais importante não é o crescimento econômico, não é o desenvolvimento. O mais importante é ser feliz. O Bem Viver trata-se de viver melhor. Não de ficar mais rico, de desenvolver tecnologias sofisticadas, mas viver melhor. Esta concepção teve um avanço importante, porque foi incorporada às Constituições do Equador e da Bolívia. Os pontos básicos da Vida em Plenitude:
1- Estabelecer relações de reciprocidade entre as pessoas e entre as pessoas e a natureza. A nossa relação com a natureza é uma relação de sujeito-objeto. Só povos indígenas ainda aldeados conseguem ter uma relação com a natureza de sujeito a sujeito. A relação que nós mantemos hoje no sistema capitalista é uma relação de mercado. É uma relação de venda e compra. Uma relação que passa por um mediador que é a moeda. O capitalismo olha para a natureza como algo que deve ser rentável. Não como algo que deve ser preservado.
2- Viver em harmonia consigo mesmo; com as outras pessoas; com os grupos diferentes; com a terra; que na cultura andina é chamada de Pachamama, a Mãe Terra; com os filhos de outras espécies e com os espíritos, com o transcendente.