RIO + 20 PARA TODOS
Conferência Rio + 20 - Riocentro - Foto: Jornal Oecoambiental
O Jornal Oecoambiental credenciado junto à imprensa internacional na Rio + 20 presenciou um momento histórico. O mundo quer se encontrar. A grande imprensa foi tendenciosa ao colocar o sucesso da Rio + 20 apenas na assinatura de acordos entre Estados. Quem participou da Conferência constatou que o caminho da argumentação ainda está sendo construído no Brasil e no mundo. Uma das análises sobre a Conferência é: um momento de reflexão global. Na medida em que os problemas socioambientais ficam mais evidentes no Brasil e no mundo, as pessoas e Estados são convocados a decidir se querem continuar sendo oprimidos ou se querem se libertar das raízes dos problemas socioambientais. Saber dos conteúdos dessas reflexões é direito de todas as pessoas no Brasil e no mundo. Foram mais de três mil eventos, palestras, debates sobre os mais variados temas relacionados ao ser humano e todo meio ambiente. O maior encontro que a humanidade já realizou para buscarmos saídas à crise socioambiental na Terra.
Ao focar a responsabilidade nos Estados, apenas na burocracia em que se cercam Governos, a grande imprensa deixa de perceber que do Estado também fazem parte as pessoas, a sociedade civil. E esta sociedade civil que se une cada vez mais é e continuará sendo a grande novidade e o grande avanço que o Brasil e o mundo estão conquistando para uma vida melhor e um meio ambiente mais sadio para todos.
Roda de Capoeira no Parque dos Atletas na Rio + 20 - Foto Jornal Oecoambiental
Antes de cobrar de outros Estados o Brasil precisa fazer sua parte. Acreditar que somos capazes de valorizarmos nossa própria espécie não exclui enfrentarmos os problemas e desafios da chamada “crise de civilização” que o Brasil e o mundo enfrentam. Os EUA e Europa estão em crise porque querem continuar consumindo além do limite suportável para a harmonia e equilíbrio socioambiental do planeta. Transformar o mundo numa ficção de cinema, sem trazer felicidade concreta à essência de nós seres humanos só gera cada vez mais violência. Nós seres humanos não nascemos para consumir apenas e sim para compartilharmos o conhecimento com igualdade o que eleva o ser humano a uma condição de gente. Somos pessoas e não máquinas de consumo. O triste atentado na estréia do filme Batman nos EUA retrata os conflitos de uma sociedade vazia em conteúdos de felicidade contreta. Quanto dinheiro gasto na produção deste filme enquanto bilhões de seres humanos passam fome no mundo. Qual país pode escapar dos conflitos socioambientais ?
O Brasil continua sendo a terceira pior distribuição de renda do mundo. Cobrar que os brasileiros amem o Brasil sem distribuir renda é propor que nós brasileiros concordemos com a corrupção, a baixa qualidade de vida da maioria de nossa população. Tanto ouro ainda continua sendo tirado daqui nas Minas Gerais - Brasil - e uma população ainda tão pouco respeitada pela pequena parcela que faz da exclusão show televisivo. Incentiva-se o consumo sem valorizar as pessoas e distribuir com justiça a riqueza que todos produzimos. Aliás, por que o Estado, do qual fazemos parte todos nós, paga a deputados salários exorbitantes para representarem a população ? A defesa do ser humano, da boa qualidade de vida de nossas comunidades, das cidades é tarefa de todos humanos. Não há porque remunerar além do salário mínimo vigente vereadores, deputados, senadores. Afinal é com este salário que eles afirmam que uma família brasileira pode sobreviver. Então organizem Srs.(as) vereadores, deputados e senadores suas famílias com o salário mínimo vigente. Alimentem-se e a seus filhos com R$622,00 por mês, eduquem, cuide da sua saúde, moradia, estudo, lazer de qualidade e façam o turismo pelo Brasil e o mundo com este salário. Pois a maioria dos brasileiros não tem o direito a uma vida com qualidade e poder econômico de sair pelo país convivendo com as belezas naturais que nossa pátria foi agraciada por Deus.
Enquanto mantém-se a exclusão a uma vida digna da maioria da população a lógica do modelo predatório de civilização que o mundo precisa vencer continua aqui em Minas Gerais tentando destruir a Serra da Gandarela. Por que tanta dificuldade em se criar o Parque Nacional nesta região sem permitir a mineração em cimas das nascentes que abastecem a região metropolitana de BH ? Por que não mudar de perspectiva econômica ? Toda esta região de nascentes abundantes está para ser destruída por ganância de poucos. Por que não transformar esta região em área de turismo ecológico gerando-se renda, empregos, pesquisas em biotecnologia para toda região em nosso país ? Na Espanha que passa por uma crise econômica, 22% do seu PIB vem turismo. O Brasil com toda nossa beleza natural, apenas 2% do PIB vem do turismo. O turismo no Brasil precisa ser democratizado primeiro para a maioria dos brasileiros. Quem lucra com a exclusão e com esta lógica econômica predatória ?
Enquanto mantém-se a exclusão a uma vida digna da maioria da população a lógica do modelo predatório de civilização que o mundo precisa vencer continua aqui em Minas Gerais tentando destruir a Serra da Gandarela. Por que tanta dificuldade em se criar o Parque Nacional nesta região sem permitir a mineração em cimas das nascentes que abastecem a região metropolitana de BH ? Por que não mudar de perspectiva econômica ? Toda esta região de nascentes abundantes está para ser destruída por ganância de poucos. Por que não transformar esta região em área de turismo ecológico gerando-se renda, empregos, pesquisas em biotecnologia para toda região em nosso país ? Na Espanha que passa por uma crise econômica, 22% do seu PIB vem turismo. O Brasil com toda nossa beleza natural, apenas 2% do PIB vem do turismo. O turismo no Brasil precisa ser democratizado primeiro para a maioria dos brasileiros. Quem lucra com a exclusão e com esta lógica econômica predatória ?
Quando o ser humano conseguir descobrir que pessoa alguma é melhor que outra e que Estado nenhum é dono do planeta, vamos poder perceber que pobreza tecnológica é permitirmos que mais de quatro bilhões de pessoas no mundo sejam tratadas como seres inferiores, como não humanos. No Brasil são mais de 150 milhões de pessoas excluídas, de um mínimo de qualidade de vida aceitável, que não recebem o salário mínimo necessário do Dieese, que deveria ser mais de dois mil e trezentos reais. 70% recebe de zero a três salários mínimos vigentes o que não dá um salário mínimo necessário a sobrevivência de uma família. Sabemos que não há democracia política sem democracia econômica. O Brasil ainda não é para todos brasileiros infelizmente.
Na Rio + 20 no dia 22 de junho no Riocentro, a delegação brasileira na ONU que tinha uma entrevista coletiva programada com a imprensa internacional desmarcou a entrevista. A maioria dos repórteres e da imprensa não soube o porquê deste cancelamento. Fica então nossa pergunta para ser respondida pelo Brasil: porque ainda se permite no Brasil que cada brasileiro consuma em média 5 kg de agrotóxicos por ano como foi debatido na Rio + 20 e cujo debate encontra-se transcrito aqui no blog do Jornal Oecoambiental ?
Sala de imprensa - Stand 3 -Riocentro na Rio + 20
Foto: Jornal Oecoambiental
Este fato do cancelamento da entrevista coletiva da delegação brasileira na ONU nos chamou a atenção, porque o Brasil poderia ter aproveitado a oportunidade para mobilizar o país sobre o conteúdo dos debates da Rio + 20. Dar seqüência a este diálogo nacional e global sobre a busca de solução aos conflitos socioambientais é o caminho possível para vencermos e conquistarmos dias melhores para todos. Assim as soluções apresentadas tanto na Rio + 20 quanto na Cúpula dos Povos precisam ser democratizadas. Por isso a Rio + 20 pode tornar-se a "Cúpula do Povo" na medida em que o mundo continua analisando, refletindo e agindo sobre os problemas socioambientais. Desta forma a Rio + 20 para todos será uma conquista cotidiana.
O Jornal Oecoambiental não pactua com fatalismos de qualquer espécie. A quem interessa dizer que o mundo vai acabar amanhã? Enquanto houver no coração do ser humano a descoberta de que podemos ser bons e melhores a cada dia vamos ver que as belezas naturais de nosso planeta fazem parte de nós. Compreenderemos que preservar e defender a vida, o ser humano é sinônimo de defender e valorizar as belezas da Terra.
Que o conhecimento dos caminhos de solução dos problemas socioambientais seja, de fato, direito de todas as pessoas. Que a democratização da informação que eleva a auto-estima da população brasileira e mundial valorizando-se o ser humano e todo meio ambiente sejam direito de todos.
Continuamos abrindo espaço aos nossos leitores para que nos enviem seus artigos, comentários, matérias sobre a Rio + 20 e a realidade socioambiental do Brasil e do mundo. Assim vamos trilhando, compartilhando os caminhos de solução dos conflitos socioambientais e conquistando dias melhores para todos.