sexta-feira, 8 de março de 2013
quinta-feira, 7 de março de 2013
terça-feira, 5 de março de 2013
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
ARTIGO DE FREI BETTO
PAPAS TAMBÉM RENUNCIAM
Frei Betto
“O papa não adoece, até que morra”, diz um provérbio romano. João Paulo II, homem midiático, não temeu expor–se enfermo aos olhos do mundo. Agora, Bento XVI dá um testemunho de humildade e, admitindo as limitações de seu precário estado de saúde, anuncia que renunciará no último dia de fevereiro.
Na história da Igreja quatro papas renunciaram ao ministério petrino: Bento IX (1º de maio de 1045), Gregório VI (20 de dezembro de 1046), Celestino V (13 de dezembro de 1294) e Gregório XII (4 de Julho de 1415). Bento XVI será o quinto, a partir de 28 de fevereiro.
Sagrado papa aos 20 anos, em 1032, Bento IX não primava pela ética e muito menos pela moral. Sua vida era um escândalo para a Igreja. O povo romano expulsou-o da cidade em 1044. No ano seguinte, voltou a ocupar o trono de Pedro e, meses depois, renunciou. Retornou ao papado em 1047, do qual foi deposto definitivamente no mesmo ano.
João Graciano, padrinho de Bento IX, pagou considerável quantia de dinheiro para que o afilhado lhe cedesse o lugar. Eleito papa em maio de 1045, adotou o nome de Gregório VI e governou a Igreja até dezembro de 1046, quando o afilhado o derrubou sob acusação de simonia.
Morto Nicolau IV, em 1292, cardeais italianos e franceses fizeram do consistório arena de disputas pelo poder, movidos mais por interesses políticos que pelas luzes do Espírito Santo. Após dois anos e três meses de impasse na eleição do novo papa, Pedro Morrone, eremita italiano, de sua caverna nas montanhas enviou carta ao consistório, instigando-o a não abusar da paciência divina.
Os cardeais viram na carta um sinal de Deus e decidiram fazer do monge o novo chefe da Igreja. Pedro Morrone relutou, não queria abandonar sua vida de pobreza e silêncio, mas os prelados o convenceram de que o consenso em torno de seu nome tiraria a Igreja do impasse.
Com o nome de Celestino V, tornou-se papa em agosto de 1294. Menos de quatro meses depois, a politicagem vaticana o levou ao limite de sua resistência. Em consulta a seus eleitores, levantou a pergunta-tabu: pode o papa renunciar?
O colégio cardinalício não se opôs e, numa bula histórica, Morrone justificou-se, alegando deixar o trono de Pedro para salvar sua saúde física e espiritual. A 13 de dezembro do mesmo ano retornou à solidão contemplativa nas montanhas. Vinte anos depois foi canonizado, exaltado como exemplo de santidade. A 19 de maio a Igreja celebra a festa de São Pedro Celestino.
Também o papa Gregório XII renunciou, no início do século XV – período em que três papas reivindicavam legitimidade - para evitar que o cisma na Igreja se aprofundasse.
Joseph Ratzinger, atual Bento XVI, é sobretudo um teólogo. Enquanto papa, não deixou de escrever, tanto que lançou uma trilogia sobre Jesus. São raros os papas-autores, sem considerarmos os documentos pontifícios, como encíclicas, bulas e alocuções, quase sempre redigidos por assessores.
Em geral, intelectuais não se dão bem com funções de poder. As questões administrativas parecem enfadonhas diante de tantos livros por ler e escrever. O político quer administrar; o intelectual, criar. Ratzinger talvez tenha decidido reservar o que lhe resta de tempo de vida para recolher-se à oração e à produção teológica.
Inicia-se agora a mais sutil campanha eleitoral: a da eleição do sucessor de Bento XVI. Entre os atuais 209 cardeais da Igreja Católica, 118 têm direito a voto, pois ainda não completaram 80 anos.
Entre os eleitores figuram cinco brasileiros: Geraldo Magella, arcebispo emérito de Salvador (79); Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo (78); Raymundo Damasceno, cardeal-arcebispo de Aparecida (76); João Braz Avis, ex-arcebispo de Brasília, atualmente em Roma como Prefeito da Congregação para a Vida Consagrada (64); e Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de São Paulo (63).
Com certeza o novo papa fará sua primeira viagem pontifícia ao Rio de Janeiro, em julho, para a Jornada Mundial da Juventude.
Frei Betto é escritor, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
EDITORIAL FEVEREIRO
Cultura, meio ambiente e comunidade
Diante uma crescente onda de consumismo que toma conta da grande mídia no Brasil, a impressão que temos é que por aqui o poder aquisitivo da maioria da população é ilimitado. As grandes agências de notícias manipulam a informação destinada a vender mercadorias com “facilidades” concentrando renda cada vez mais em poucas mãos conflitando com o endividamento da maioria da população. A democratização política deve vir acompanhada da democratização de melhor qualidade de vida e meio ambiente e, consequentemente da democratização econômica.
O diferencial para nós que trabalhamos na área de meio ambiente é a busca que está sendo investida para que tecnologias como a agroecologia seja de fato democratizada e a qualidade da alimentação, por exemplo, não seja manipulada contra o próprio ser humano. Temos o direito ao acesso a informações de meio ambiente que salvem vidas e tragam melhor qualidade de vida para todos como prevê o Artigo 225 da Constituição brasileira. A descentralização da informação e a valorização das comunidades locais ganham significado fundamental neste século 21. Democratizar a comunicação de qualidade, com conteúdos que estimulem soluções e não registros catastróficos a procura de audiência televisiva. Trata-se de valorizar as diferenças, culturas e os saberes comunitários.
Neste carnaval 2013, Belo Horizonte deu mostras de avanço na participação comunitária e na disposição de se festejar com mais harmonia nossa maior festa popular. Os blocos de rua inovaram em todas as regiões da cidade. Exigindo-se do poder público mais sintonia e agilidade no atendimento da infra-estrutura básica para que o cidadão pudesse levar sua família a uma vivência comunitária de alegria e lazer sadios.
A ausência de banheiros públicos por onde saíram os blocos nas regiões da cidade atesta que é preciso desburocratizar a máquina administrativa do poder público local. A colocação de palanques públicos contratando-se músicos locais fortaleceria a comunidade que quer ser feliz além de trabalhar e contribuir para o aumento do PIB nacional. Existem caminhos melhores para seguirmos construindo um Brasil sustentável: meio ambiente e economia solidária. Comércio justo e valorização da agroecologia. Melhorar a qualidade da saúde, educação, comunicação públicas . O Brasil pode de fato inovar em termos de cultura, meio ambiente e valorização dos saberes locais. Contudo a mobilização popular é fundamental. Temos conflitos e contradições socioambientais a solucionar como produzir riqueza distribuindo-se renda para todos, com mais justiça social, ambiental. Que possamos valorizar as boas ações que fazem à diferença em defesa de cidades sustentáveis no Brasil e no mundo.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
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