sexta-feira, 15 de novembro de 2013

MESTRE PASTINHA - NOSSA HOMENAGEM



  Vicente Ferreira Pastinha nasceu em cinco de abril de 1889. Fruto da união entre um espanhol, José Señor Pastinha e de uma baiana, Eugênia Maria de Carvalho, nasceu na Rua do Tijolo em Salvador, Bahia.
   Mais conhecido por Mestre Pastinha dizia não ter aprendido a Capoeira em escola, mas "com a sorte". Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno Pastinha no jogo, ainda garoto. Em depoimento prestado no ano de 1967, no 'Museu da Imagem e do Som', Mestre Pastinha relatou a história da sua vida: "Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de tristeza." A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência.
   "Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui". Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o africano seu professor. "Ele costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele sabedor do que você sabe (…). Na última vez que o menino me atacou fiz ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito.

    “EU NASCI COM A CAPOEIRA” – Mestre Pastinha  

    Nós brasileiros nos valorizamos quando valorizamos nossa cultura, nossas raízes. Ser brasileiro é ter história é fazer história. Uma história que nos possibilita avançarmos diante a pluralidade cultural. Na área de meio ambiente dizemos que o Brasil é megadiverso, porque abrigamos em nosso território uma das maiores biodiversidades e belezas do planeta. Também podemos dizer que o Brasil é megacultural. São inúmeras manifestações culturais, regionais, locais que nos ligam a nossa identidade brasileira.
  Um dos maiores legados culturais de nosso país é a Capoeira. “Todos os dias são dias da Capoeira” disse-nos Mestre Primo do Grupo Iúna de Capoeira Angola de BH, durante a Roda de Capoeira promovida dia 13 de novembro na Praça 7 em BH pelos grupos de Capoeira Angola em lembrança a morte de Mestre Pastinha. A Capoeira Angola está mais viva que nunca. Fortalecida pela dedicação e empenho dos Mestres e Contra-Mestres, capoeiristas de BH, de todo país e do mundo.
  Nosso respeito e agradecimento: muito obrigado ao Mestre Africano Benedito ao Mestre Pastinha e todos os Mestres de Capoeira Angola no Brasil e do mundo pelo trabalho que realizam de valorização do povo brasileiro defendendo nossa cultura.

Mestre Cobra Mansa - Fundação Internacional de Capoeira Angola - Foto: Jornal O Ecoambiental

  No 19º Encontro Internacional de Capoeira Angola realizado em Belo Horizonte na Lagoa do Nado, Mestre Cobra Mansa fala sobre o meio ambiente:
   Mestre Cobra Mansa: "Eu acredito que os Mestres de Capoeira podem contribuir com o meio ambiente, conversando com seus alunos e fazendo-os entender da importância que é a preservação do planeta. Temos uma noção errada, dizemos “vamos proteger o planeta” na verdade o planeta não precisa ser protegido. O que precisa ser protegido é a raça humana. Somos nós é que estamos correndo risco de extinção. A Mãe Terra sempre teve uma maneira de eliminar aquilo que está prejudicando a natureza. Eu acho que se o ser humano continuar do jeito que está, nós seremos a próxima espécie a ser extinta.  A Terra vai continuar aí. “Nós temos que lutar hoje é pela preservação da raça humana na Terra.”


Mestre Primo - Grupo Iúna de BH - Foto: Jornal O Ecoambiental




Mestre Primo na Roda de Capoeira em homenagem a Mestre Pastinha na Praça 7 em Belo Horizonte: " De hoje até o dia 20 de novembro vamos estar lembrando nomes importantes da cultura que preservaram a ancestralidade todos os dias. Hoje no caso é Mestre Pastinha dia 13 de novembro. Estamos comemorando a existência de Mestre Pastinha. Ele deixou para todos nós essa ciência, essa sabedoria. Para nós aqui hoje estar podendo contar tudo isso é muito importante."

                             Roda de Capoeira Angola - Praça 7 BH - Foto: Jornal O Ecoambiental



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

TUFÃO HAIYAN, OS SERES HUMANOS E O MEIO AMBIENTE

  


   Mais de 10 milhões de pessoas são atingidas pelo Tufão Haiyan no Continente Asiático, segundo a ONU. O que significa duas vezes a população da região metropolitana de BH. Só nas Filipinas estima-se mais de 10 mil mortos e 2 mil pessoas desaparecidas. Com ventos de mais de 300 km por hora, o diâmetro da tempestade ultrapassou  1.000 quilômetros. É indescritível o sofrimento das populações atingidas pelo Tufão. O sofrimento de milhares de seres humanos é um alerta mundial para os efeitos das mudanças climáticas ou do aquecimento global que vem sendo debatido por especialistas em todo o mundo. O que nos chama a atenção é o que estas mudanças climáticas estão causando em poucos minutos ou horas de devastação. Esta é mais uma catástrofe anunciada ? Esta região ainda que esteja no que se chama de “rota de furações” é uma das regiões que seriam afetadas pela elevação dos oceanos como vem denunciando especialistas e o IPCC/ONU.  Se não há relação do Haiyan com o aquecimento global ou mudanças climáticas provocadas pelos seres humanos, o fato é que existem milhares de mortos e regiões devastadas. A defesa de vidas humanas é o que deve unir as pessoas. E sabemos que não há neutralidade científica. Enquanto se debate se há aquecimento global ou não, bilhões de pessoas no mundo ainda estão sofrendo com a desigualdade socioambiental, com precárias condições de saúde, educação, moradia, transporte e qualidade de vida ruim. Por que não se desenvolvem tecnologias   para salvar vidas, para anteciparmos a chegada de furacões, tufões, tsunamis, tempestades, ou até mesmo a seca, o calor além da média em muitas regiões ?
   Aqui no Brasil, sentimos estas mudanças, não apenas com as ondas de calor ou tempestades que de repente acontecem alagando ruas e cidades.  A perda de vidas, milhares, a desestruturação de famílias, cidades, regiões, países é evidente. É preciso que os grupos de meio ambiente em todo o mundo se unam para vencermos estes desafios. Qualquer cidadão no mundo pode monitorar estas mudanças climáticas ou os efeitos do aquecimento global em várias regiões do Brasil e do mundo. Não há um dia sequer que as manchetes da imprensa não evidenciem alguma alteração climática que desaloja pessoas, ceifam vidas e  afeta a infra-estrutura de cidades e países. No Vietnã  os ventos do Haiyan chegaram a mais de 120 km e a região sofre as consequências do que ocorreu nas Filipinas, hoje considerado um dos maiores tufões da história.

  Assista no youtube a passagem do tufão pelo Vietnã:
 http://www.youtube.com/watch?v=d034KgnIueI&feature=player_embedded

  A natureza vem alertando os seres humanos desde antes dos tsunamis, este trágico acontecimento do Tufão Haiyan ocorre justamente durante a Conferência da ONU sobre mudanças climáticas a COP 19 que foi aberta hoje em Varsóvia, Polônia.
  A responsável da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Clima, Christiana Figueres, na abertura da Conferência de Varsóvia, capital polonesa, afirmou:
“O que acontece aqui, neste estádio, não é um jogo. Não há duas equipes, mas toda a humanidade. Não há vencedores nem vencidos, todos vamos vencer ou ser vencidos consoante com o futuro que construirmos”, ressaltou Figueres na abertura da Conferência Mundial sobre Alterações climáticas.
“Reunimo-nos hoje sob o peso de muitas realidades graves”, acrescentou, referindo-se ao recorde batido no início deste ano de 400 partes por milhão de dióxido de carbono emitidos na atmosfera.
   A segunda é o impacto devastador do Tufão Haiyan, um dos mais poderosos tufões”, disse. “Os nossos pensamentos e as nossas orações estão com as populações das Filipinas, do Vietnã e de todo o Sudeste asiático”, acrescentou Christiana Figueres.

   Esta situação é o que nosso Jornal O Ecoambiental vem acompanhando há anos, reafirmando-se na Rio + 20, Cúpula dos Povos e agora na IV Conferência Nacional de Meio Ambiente em outubro: a sociedade civil tem papel determinante para vencermos os conflitos socioambientais locais e globais. A morosidade de governos em todo o mundo exige que nós cidadãos nos unamos a fim de trabalharmos para a implantação da Agenda 21, na defesa de todo o meio ambiente, de toda biodiversidade, da Floresta Amazônica, dos saberes locais das populações tradicionais, povos indígenas, na conquista de melhores condições socioambientais em nossas comunidades e cidades. Por isto nossa avaliação de que os problemas ambientais devem ser enfrentados sempre se congregando todas as áreas da atividade humana. É preciso unirmos saberes, culturas que defendam a vida como prioridade absoluta.
   Cada um de nós pode fazer algo em defesa dos seres humanos e de todo o meio ambiente. É preciso nos unirmos em todas as frentes possíveis. Demonstrarmos através de ações concretas que existem soluções para estes problemas. E a solução está ainda nas mãos de todos nós seres humanos. Este sentido para a vida é fundamental para nossa espécie, para os adultos e jovens.
    Nossa solidariedade ao povo Filipino e as populações atingidas por mais este aviso dramático da natureza de que temos que mudar com urgência e construirmos a sustentabilidade. As palavras já não confortam estas populações em que as ações deveriam ter defendido as vidas perdidas. Onde está a tecnologia que poderia ter protegido e defendido estas vidas ? A tecnologia da sustentabilidade é urgente para a defesa dos seres humanos e todo o meio ambiente.
   Que nossas ações melhorem de qualidade a cada dia e nos unamos decididamente em defesa da vida que precisa ser valorizada em meio a sociedades que idolatram o mercado, o consumo além do limite, a desvalorização das pessoas e do todo meio ambiente. A saída para a crise socioambiental no mundo vai além do mercado. Precisamos resgatar as boas ações que cada um de nós pode realizar. Assim vencemos nossas limitações pessoais, acreditando na força da união em busca de dias melhores e de um meio ambiente como está previsto na nossa Constituição brasileira no Artigo 225. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

PROPOSTAS APROVADAS NA IV CONFERÊNCIA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE


" É O POVO 
QUEM PRODUZ O SHOW E ASSINA A DIREÇÃO"

 O Jornal O Ecoambiental parabeniza a todos os delegados e delegadas do Brasil que estiveram presentes na IV CNMA em Brasília. É preciso que o Brasil ouça e valorize mais o Brasil que acredita na "Civilização Brasileira" na diversidade de culturas e etnias que constituem este Brasil megadiverso. Que a felicidade de ser brasileiro valorize às boas ações que fazem a diferença e constroem um Brasil e um mundo sustentável, melhor de se viver, com qualidade de vida e  meio ambiente sadio para todos: as presentes e futuras gerações. 


 Nancy  Delegada do RJ na IV CNMA - Brasília - Foto: Jornal O Ecoambiental



ENTREVISTA COM NANCY  ADVOGADA – DELEGADA PELO RIO DE JANEIRO


Joec: Nancy, qual é seu trabalho na área de meio ambiente ?

Nancy: Meu trabalho começou com um grupo familiar que tinha uma produção a partir dos artesanatos dos materiais reciclados. Depois de um grupo informal, fui convidada  para fazer a legalização e constituição da cooperativa.

JOEC: Como você avalia a IV CNMA ?

Nancy: Iniciamos a participação na IV CNMA em nível municipal e foram tiradas várias propostas dentro dos eixos já  programados. Participamos como delegados na Conferência Estadual do Meio Ambiente do RJ e daí fomos eleitos delegados titulares para estarmos aqui na IV CNMA em Brasília.

JOEC: Quais são as principais questões que o setor de recicláveis trouxe para a IV CNMA ?

Nancy: Nossas principais demandas são sobre a Política Nacional de Resíduos a Lei 12.305 de 2010, quem tem seu prazo quase para terminar e cobrar dos municípios a sua implementação em agosto de 2014. E até o momento à maioria dos municípios não conseguiram implementar o que está previsto na Lei.

JOEC: Como lidar com o tratamento de resíduos sólidos ?

Nancy: Temos que passar primeiro pela priorização a coleta seletiva. Depois seguir para as cooperativas e associações para que eles sejam reciclados ou reaproveitados. Uma vez que não tenham como reciclar ou reaproveitar os resíduos devem ser encaminhados para o aterro sanitário.

JOEC: Como é feita a coleta seletiva no RJ ?

Nancy: A coleta seletiva  no município do RJ, na capital, é realizada, mas não em sua totalidade. Nem mesmo na capital ela é realizada plenamente. Nos demais municípios está se iniciando, mas com um grande atraso. Uma vez que pela Lei até agosto de 2014 já deve estar implementada em sua totalidade. Trabalho no município de Itaguaí, com a cooperativa dos catadores de materiais reciclados aonde ainda não há uma coleta seletiva totalmente implementada. Na verdade eles ainda não tem o apoio do poder público.

Delgados de Minas - stand Minas Gerais  na IV CNMA - Brasília 



                                     Povos indígenas delegados da CNMA - Brasília - Foto: Jornal O Ecoambiental


                              Antônio Carlos - delegado das Comunidades Quilombolas e Populações Tradicionais
                                      do Amapa  na IV CNMA - Brasília - Foto: Jornal O Ecoambiental
                                             



                               Lúcia - Delegada pelo Ceará da IV CNMA - Brasília - Foto: Jornal O Ecoambiental

PROPOSTAS APROVADAS:

Segue o link das propostas aprovadas em Brasília da IV Conferência Nacional de Meio Ambiente:
http://www.conferenciameioambiente.gov.br/wp-content/uploads/2013/02/RESULTADO-FINAL-4CNMA.pdf



domingo, 3 de novembro de 2013

IV CONFERÊNCIA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE PODERIA TER CONGREGADO OUTROS SETORES

                                      IV CNMA - Brasília - Foto: Jornal O Ecoambiental

IV CONFERÊNCIA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE


    O que marcou a IV CNMA em Brasília  realizada de 24 a 27 de outubro, foi sem dúvida, a mobilização dos catadores de materiais recicláveis nacionalmente. Os catadores merecem o respeito da população brasileira, uma vez que promovem a melhoria da qualidade de vida para todos. Agora é acompanharmos como serão implementadas as propostas aprovadas na IV CNMA. Ainda falta a coleta seletiva ser realizada de porta a porta em todo o Brasil, tarefa que é principalmente dos governos locais. Isto contribuiria em muito para o trabalho de reciclagem que os catadores realizam e ainda para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros.
    A IV CNMA contou com representantes de todos os Estados do País.  Destacamos a presença de parte dos povos indígenas, populações tradicionais, quilombolas, cooperativas de materiais recicláveis, pessoas que atuam em vários movimentos sociais, sem contudo serem realizadas discussões temáticas fundamentais para o avanço da solução dos conflitos socioambientais do País.  Para quem acompanha as Conferências Nacionais de Meio Ambiente como o Jornal O Ecoambiental, muitos grupos e entidades representativas da área socioambiental do Brasil não estiveram presentes como poderiam: o setor rural, a agricultura familiar, poderíamos ter maior presença de sindicatos e centrais sindicais, grupos que atuam na área de florestas, água, mudanças climáticas, além da sentida ausência da Ministra Marina Silva, Carlos Minc e ativistas de várias áreas socioambientais. Eles foram Ministros de Meio Ambiente e poderiam apresentar  avaliações e retrospectivas importantes para não se ter a impressão que a luta por melhores condições de vida e meio ambiente estivesse restrito apenas as resoluções da IV CNMA. Isto seria óbvio para alguns, mas não para muitos delegados da IV CNMA, que estiveram em Brasília pela primeira vez. A própria Presidenta Dilma deveria ter ido a IV CNMA. 
   O Brasil precisa valorizar a nossa memória histórica de lutas. Esta memória histórica que vem sendo negada principalmente a juventude brasileira, em grande parte insatisfeita, buscando alternativas de um País melhor onde os adultos insistem em não aprender como nossos erros. Aprendermos com o que já foi feito de melhor para avançarmos: o ver, julgar e agir que move e dinamiza as lutas socioambientais há anos.  Mesmo os povos indígenas e populações tradicionais poderiam estar presentes em maior número, pois este segmento é fundamental para que possamos ter saídas para a crise ambiental valorizando-se a sabedoria de povos que originaram a população brasileira. Todos estes segmentos poderiam contribuir para uma melhor abordagem qualitativa das questões socioambientais do Brasil. Os problemas ambientais precisam ser enfrentados por todos os partidos, além dos partidos e por toda sociedade civil. Não há como buscar uma saída para a crise ambiental ancorados em um partido ou alguns segmentos da sociedade apenas, ou mesmo à partir de burocracias. Os desafios da crise ambiental exigem soluções imediatas transdisciplinares. Diante a importância da Floresta Amazônica, reunir comunidades do país em uma Conferência Nacional de Meio Ambiente sem sequer realizar-se um painel sobre a questão atual da Amazônia é preocupante. Precisamos defender a Floresta Amazônica, como quem defende o quintal de nossa casa. 
   A metodologia adotada nas conferências preparatórias e na nacional não abriu espaço à realização de plenárias livres. Talvez isto explique a ausência de tantos segmentos importantes de meio ambiente do País. Participar de uma Conferência onde o povo não pode se manifestar livremente em plenárias livres, antes de se tirarem propostas e onde uma metodologia pré-estabelecida de cima para baixo já traz definido o modelo de todas as conferências locais corre o risco de perda qualitativa. Mesmo algumas propostas aprovadas na conferência municipal  foram modificadas sob o argumento de ser fazer "nova redação" já para a etapa estadual. Uma proposta aprovada em grupos não poderia ser modificada sob qualquer alegação. Como adotar uma metodologia como aconteceu se quem atua na área socioambiental sabe da complexidade e da diversidade que é o meio ambiente e da realidade de nosso país ? A promessa de se realizar painéis temáticos não foi cumprida pela organização da IV CNMA sobre a questão da água, do campo,  das mudanças climáticas, a democratização da comunicação e o meio ambiente,  florestas, povos indígenas e comunidades quilombolas e tradicionais, do movimento sindical e o meio ambiente, avaliações sobre o pós Rio + 20 no Brasil e no mundo. Uma Conferência Nacional de Meio Ambiente não pode prescindir de realizar painéis sobre a conjuntura ambiental global, uma vez que em nosso país foi realizada a Rio + 20 e Cúpula  dos Povos. 
   Um tema que deveria ter sido debatido nesta IV Conferência, diante as manifestações que tomam as ruas do Brasil é o da juventude e o meio ambiente. Discutir-se este tema junto com todos os outros temas de meio ambiente, no sentido de fortalecer a luta de toda a população jovem e adulta para nos unirmos na solução dos conflitos socioambientais. A realização destas plenárias temáticas só traria benefícios à implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Uma vez que a política nacional de meio ambiente e a Lei de Educação Ambiental preconiza a importância da atuação multidisciplinar na solução dos conflitos ambientais, não foram realizados na IV CNMA os debates e painéis de outras frentes de atuação e temas fundamentais, como por exemplo a comunicação socioambiental. 
    Aqui em Minas grupos como o Movimento pela Criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela, Manuelzão, dos Comitês de Bacias Hidrográficas, MOC-ECO, Fonasc, dentro outros, poderiam ter enriquecido muito mais as ações nacionais em defesa do meio ambiente. Mas desde a etapa municipal suas propostas não foram encaminhadas como deveriam. Alguns se fizeram até ausentes nas etapas municipal e regional da IV CNMA. Não se trata de retirar o mérito da discussão dos resíduos sólidos nem dos esforços para que a IV CNMA se realizasse. O melhor das Conferências Nacionais é o encontro do povo brasileiro. Sentimos orgulho de sermos brasileiros quando encontramos em todas as regiões do país pessoas que deixaram suas famílias para se reunirem buscando melhores condições ambientais para todas as famílias brasileiras. O que se precisa é o Brasil ouvir e respeitar mais os próprios brasileiros. O Brasil precisa estar reunido permanentemente para vencer os desafios da crise ambiental, porque nosso país é protagonista na solução da crise ambiental global.
   Fica a constatação que a questão dos resíduos sólidos é uma parte de toda a complexidade de frentes de atuação da área socioambiental. Não se pode creditar a solução de todos os conflitos socioambientais apenas à frente de atuação de resíduos sólidos. A organização nacional dos catadores de materiais recicláveis tem uma grande importância, sem dúvida. Mas sozinhos e isolados não podem solucionar todos os problemas socioambientais do país e do mundo.  O meio ambiente, ou o todo ambiente,  exige uma atuação conjunta e ampla de todas as áreas, como atesta a Agenda 21.  A oportunidade de este segmento socioambiental da organização nacional dos catadores terem se encontrado e dialogado com outros grupos e frentes de luta de meio ambiente, poderia em muito enriquecer em conteúdo e ações práticas a IV CNMA.  Sabemos da importância da reciclagem, do fim dos lixões no país, em se discutir a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei nº 12.305.
    Ao final da IV CNMA observamos um esvaziamento da Conferência, sequer foi realizada uma cerimônia de encerramento. E um detalhe fundamental:  o Hino Nacional não foi tocado na abertura da IV CNMA.  Esperamos que nas próximas Conferências Nacionais haja um trabalho mais multidisciplinar e todos os segmentos possíveis da área socioambiental do país estejam presentes, atuantes e sejamos todos respeitados de fato e possamos colaborar coletivamente para avançarmos na busca de melhores condições socioambientais no campo, nas comunidades e cidades brasileiras. A complexidade da questão ambiental exige que todas as pessoas e instituições e segmentos sociedade civil, empresarial e governamental se unam para solucionarmos os problemas ambientais locais e globais.