EDITORIAL
Àgua: te
quero limpa
“A crise da água”. Esta foi uma manchete
na grande imprensa. Ao apresentar o conteúdo das reportagens o de sempre: vai
chover ? E as entrevistas “pedagógicas” de como ensinar o cidadão a economizar
água. Como diz o ditado: “a corda arrebenta para o lado mais fraco.” Esta
novela já é conhecida: a culpa é sempre da falta de chuvas. O modo de produção degradado da sociedade
insustentável não é questionado.
A não neutralidade ideológica da grande
mídia sobre a abordagem dos problemas ambientais coloca os consumidores quase como
vilões. E o desperdício dos grandes
poluidores, dos setores sócio-econômicos
que agem economicamente como se os recursos naturais fossem inesgotáveis
? Na Conferência da ONU Rio + 20 e Cúpula
dos Povos o Brasil foi lembrado como líder mundial de utilização de agrotóxicos
na produção de alimentos. Os
agrotóxicos contaminam os seres humanos e o lençol freático. Um boi para chegar a um ponto de abate
consome cem mil litros de água e grande parte desta água. E a mineração
em áreas de nascentes como do Parque
do Gandarela em MG ?
A crise não é da água e sim do ser humano. A forma predatória como o modo de produção da
sociedade vem se organizando está em crise. A insustentabilidade do consumo
ilimitado, da educação predatória que visa o “sucesso” econômico a qualquer
preço e o consumo ilimitado de poucos em detrimento de bilhões de seres humanos
condenados a uma vida degradante.
Oitenta pessoas no mundo concentram mais da metade de toda riqueza produzida no mundo. Estressam o Planeta, os seres humanos e todo meio ambiente. Fazem de outros seres humanos “escravos do consumo ilimitado”, precarizam o trabalho, terceirizam os serviços e não valorizam os trabalhadores terceirizados. Bilhões de seres humanos continuam na miséria. A miséria econômica se estende para a miséria cultural, de pão, alimentação sem agrotóxicos, de falta de moradia, saúde pública e educação pública de qualidade.
Oitenta pessoas no mundo concentram mais da metade de toda riqueza produzida no mundo. Estressam o Planeta, os seres humanos e todo meio ambiente. Fazem de outros seres humanos “escravos do consumo ilimitado”, precarizam o trabalho, terceirizam os serviços e não valorizam os trabalhadores terceirizados. Bilhões de seres humanos continuam na miséria. A miséria econômica se estende para a miséria cultural, de pão, alimentação sem agrotóxicos, de falta de moradia, saúde pública e educação pública de qualidade.
A média de desperdício de alimentos no mundo chega a
mais de 20%. O que leva a mais desperdício de água. O mundo produz alimentos
para alimentar três vezes a população da Terra segundo a FAO. A concentração de
riquezas para poucos, as desigualdades econômicas no Brasil e no mundo é um
problema ambiental dos mais graves que os seres humanos precisam vencer para
que a sociedade alcance uma qualidade
saudável de vida para todos e o
respeito à água e aos recursos naturais.
Todos são bombardeados com propagandas de consumo
que aliena o ser humano de sua condição como parte do meio ambiente. Vende-se sem ética ambiental que a felicidade
está ligada a necessidade de consumo ilimitado e que cada um “precisa de celulares com
design atualizado”, comprarmos TVs de alta definição, comprar a programação das
TVs, que em grande parte, são a vitrine da publicidade que degrada os seres humanos e todo meio
ambiente. Haja energia para dar conta de tanto consumo.
Energia é água. A mesma energia de move nosso corpo humano constituído de 70%
de água. A mesma água que existe para
nossa sobrevivência e que está cada dia sendo mais poluída. Poluir a água é poluir a nossa espécie, a biodiversidade que tem origem na água. O
custo da água não é apenas a conta que pagamos todo mês pelo consumo e que
alguns querem privatizar cada vez mais. Os problemas ambientais estão interligados. Do
desmatamento da Floresta Amazônica a ocupação desordenada das cidades.
Os governos não realizam a reforma
agrária e inviabilizam uma vida rural digna e saudável. Contribuem para o êxodo rural.
As alterações climáticas estão aí
provocadas pela emissão de gases de efeito estufa. Os efeitos da poluição dos cursos d’água quem
vai resolver? Os governos dizem que vão racionar água, realizam campanhas de
economia de água. Sem dúvida, pela situação crítica da escassez de água, todos
temos que economizar. Porém, por que os grandes poluidores e consumidores de
água não são questionados?
Propomos então: que sensibilizados pelo
sofrimento que a falta de água ocasiona, principalmente para os mais pobres, como
sociedade civil, que os governos façam
sua parte e despoluam os cursos d’água como aqui em BH a Lagoa da Pampulha, o
Ribeirão Arrudas, o Rio Tietê em SP, a Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio e tantos
cursos de água no Brasil. Sugerimos que os governos realmente façam cumprir a
legislação ambiental fiscalizem e proíbam que as nascentes de água sejam
destruídas pela ação predatória de segmentos econômicos da sociedade.
Nesta perspectiva toda educação é
ambiental. Como a grande imprensa vai
realizar a “educação ambiental” para o racionamento de água se já “educa” a
sociedade para o consumo ilimitado? Os
conflitos socioambientais estão aí.
Os cursos de água poluídos não são
despoluídos porque há questões políticas em conflito. A sociedade educou o ser humano para não se
importar com o próprio ser humano e muito menos com a água, com a valorização
dos recursos naturais. A sociedade educa sua população para aceitar o Rio
Arrudas. o Rio Tietê, a Lagoa da Pampulha, a Lagoa Rodrigo de Freitas e tantos
outros rios poluídos como coisa “normal”.
Não há olfato para o odor dos cursos de água. Nem visão para os rios,
muito menos poluídos. Precisamos nos
acostumar com os odores dos cursos d’água poluídos, falta água em São Paulo ? Basta olharmos o
espelho da sociedade o Tietê poluído, a poluição dos rios são espelhos das
sociedades. A construção de sociedades
sustentáveis exige dos seres humanos vencerem a alienação socioambiental atual.
Esta educação de degradação é ambiental. Ela nos adestra a “não vermos”,
sentirmos e não nos importarmos em agir para despoluir os seres humanos, os
rios e cursos d’água. Uma educação de fato não deveria degradar o ser humano e
todo meio ambiente. Esta educação também é ambiental. Porque é a educação com ética ambiental de fato.
Como vencer estes conflitos ? Valorizando a
pessoa humana e todo meio ambiente. Este é o caminho da felicidade e não da dor
e sofrimento. A sociedade civil tem este
poder como prevê o Artigo 225 da Constituição assim com os governos, se de fato
quiserem agir para resolver os problemas ambientais.
Lutar pela qualidade de vida é vencer as
causas da degradação humana, ambiental.
Podemos como sociedade civil agir para
despoluir os rios do Brasil. Ok, vamos
economizar água, então vamos como sociedade civil exigir que os seres humanos e
todo meio ambiente sejam respeitados e
os governos despoluam os rios e cursos de água no Brasil. Falta água em SP, MG,
Rio de Janeiro, no nordeste ? Vamos
então deter de fato o desmatamento da Amazônia ? Precisamos unir pessoas que
valorizam a espécie humana e realizar campanhas que reconhecem o valor da água limpa, sem
poluição. A felicidade de reencontrarmos
com nossa essência humana e com outros seres humanos que buscam ser valorizados. Esta é a audiência que é
preciso dar ibope: valorizar pessoas, ações, instituições que estão lutando
pelos cursos de água limpa, despoluir pessoas, rios e sociedades. Que possamos então impedir que nascentes sequem
pela ação predatória e a verticalização indiscriminada dos conglomerados
urbanos.
Em todos os encontros e conferências ambientais que se
realizam e se multiplicam pelo mundo há uma unanimidade: a ação e reação da
sociedade civil construindo sociedades sustentáveis é determinante para o ser
humano não ser destruído como espécie e a Terra seja respeitada e valorizada.
E você o que pensa a respeito ? Envie-nos seus comentários. Inscreva-se no blog: www.oecoambiental.blogspot.com
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