FUTEBOL E QUALIDADE DE VIDA
O futebol bem jogado, como toda a prática
sadia de esporte, contribui na melhoria da qualidade de vida da população. Conquistar uma melhoria da qualidade de vida
tem tudo a ver com meio ambiente. Diz respeito à valorização dos seres humanos.
O que de bom realizamos. A experiência
de profissionais vitoriosos como Vantuir, um grande jogador que atuou no Clube
Atlético Mineiro, tem muito a ensinar as novas gerações do futebol brasileiro.
Num momento em que o futebol brasileiro precisa reencontrar sua arte e genialidade
que sempre foi respeitada em todo o mundo.
O Jornal Oecoambiental entrevistou com
exclusividade o jogador Vantuir Galdino Ramos, (Vantuir), que alcançou destaque
como quarto zagueiro atuando pelo galo onde foi campeão mineiro em 1970 e
brasileiro em 1971, no time comandado pelo técnico Telê Santana.
Começou sua carreira na várzea,
na região da Concórdia em Belo Horizonte, no mesmo campo, que em várias
gerações, vem revelando craques como o Bruno Henrique. Jogou pelo Acesita do
Vale do Aço – MG. Fez parte de uma das melhores defesas do galo em toda sua
história. Pela qualidade de seu futebol foi convocado e defendeu a seleção brasileira.
Atuou como técnico em vários clubes como no próprio Atlético e na Arábia Saudita no Au-Hilau.
A dedicação aos treinos a responsabilidade com que encara o futebol, e o aprendizado na convivência humana são virtudes que o bom futebol pode proporcionar.
"Nós saíamos do campo onze e meia, meio dia. Vários treinamentos. Um monte de treinamento, mas todo mundo com alegria, com satisfação."
A dedicação aos treinos a responsabilidade com que encara o futebol, e o aprendizado na convivência humana são virtudes que o bom futebol pode proporcionar.
"Nós saíamos do campo onze e meia, meio dia. Vários treinamentos. Um monte de treinamento, mas todo mundo com alegria, com satisfação."
“ Me perguntavam como eu ia parar o Pelé. Eu ficava uma
semana em casa, riscando um papel para ver como eu ia parar o Pelé. Sempre tive
a felicidade, a sorte de marcá-lo em cima. Eu não deixava ele receber a bola.
Porque se ele recebesse aí não tinha jeito. Então eu falava com os jogadores:
“não deixa receber, não deixa ele receber”. (Vantuir)
Acompanhe alguns trechos da primeira parte da entrevista exclusiva de
Vantuir ao Jornal Oecoambiental:
Jornal Oecoambiental:
Vantuir, conte um pouco de sua história.
Vantuir: Eu comecei a jogar futebol através de um amigo que me
colocou no Atlético. O Barbatana me mandou embora da categoria de base porque
eu briguei com um jogador lá do júnior e para minha sorte, logo em seguida, apareceu
o Yustrich. Depois veio aquele que me ajudou e me colocou na mídia que foi o
Telê Santana. Esse eu não esqueço, pode ter certeza. E nós jogamos,
trabalhamos, jogamos com seriedade. Conquistamos o campeonato brasileiro.
Depois disso todo o time foi desmantelado. Em 98 quase que nós chegamos ao
título, quando o São Paulo tirou da gente o título do campeonato brasileiro. Mas jogamos bem. O time foi muito bem. Eu
penso que naquela época o Atlético era um time muito bom, responsável e todos
os jogadores procuravam fazer o máximo, darem o máximo de si. Tínhamos um
técnico altamente competente.
Jornal Oecoambiental: Você
no futebol começou no Acesita?
Vantuir: Eu comecei na várzea em Belo Horizonte aqui na Concórdia.
Jornal Oecoambiental : No
profissional o técnico era o Yustrich? Ele tinha fama de durão.
Vantuir: Tinha não, ele era durão, mas era honesto. Uma pessoa
muito capacitada, muito exigente. Exigia bastante dos jogadores. E eu fui feliz
em relação a isso, porque eu era mais rebelde. Ele foi me podando. Ele me perguntou:
“o que você fez lá que eles te mandaram embora?” Porque eles me suspenderam dez
dias. Aí eu falei um palavrão pra ele e ele chegou o dedo no meu nariz e disse:
“aqui não, aqui você não fala isso não”. Eu fiquei tremendo porque ele tinha
quase dois metros de altura. Ai fiquei no galo, porque eu treinava como louco.
Eu ele saiu e veio o Telê.
Jornal Oecoambiental: Era na Vila Olímpica ?
Vantuir: Exatamente, na Vila Olímpica veio o Telê. Pra minha sorte.
Aí o sol abriu pra mim mesmo. O Telê falou que eu ia jogar de zagueiro. Treinava bastante. Eu era lateral
esquerdo. Ele me disse: “você
vai jogar de zagueiro.” Eu disse:
“eu não vou não, sou lateral esquerdo, não jogo de zagueiro não”. Ele disse:
“joga, você vai jogar.” Ele foi falando comigo que eu era bom. Falei, “sim vou jogar, mas a responsabilidade é do
senhor, está certo? Ele falou assim: “pode contar comigo, não tem problema
não”. Aí eu joguei contra o Vila Nova, fui o melhor em campo. Comecei a ganhar
prêmios. Tenho um monte de troféus. Teve um dia que eu estava jogando no
campeonato brasileiro. Meu nome já estava grande. Aí o Telê disse: “você
vai voltar para a lateral esquerda agora.” Aí eu disse: “de jeito nenhum chefe, o que que é isso ?”“.
Ele morreu de rir. Mas era uma pessoa espetacular. Estas duas pessoas eu não
esqueço. O que fizeram por mim: o Telê Santana, o primeiro foi o Yustrich. E
meus amigos velhos que eu tenho: Piazza, Tostão, Zé Carlos, pessoas que me
ajudaram também. Pìazza, Tostão e Dirceu Lopes, precisa ver o que fizeram
comigo na seleção brasileira. São pessoas que quando eu vestia a camisa eram inimigos. Mas quando estava sem a camisa
do time eram amigos. Grandes amigos hoje. Sou muito grato a estas pessoas.
Jornal Oecoambiental: Você era quarto zagueiro não é isso?
Vantuir: Sim, quarto zagueiro.
Jornal Oecoambiental: Parece que foi uma das melhores defesas em
toda a história do galo.
Vantuir: É eles falam. Eu fico calado. O Luisinho também foi um bom
jogador. Um bom quarto zagueiro. Mas havia uma diferença entre a gente na parte
técnica. O Luisinho era muito técnico. Eu era muito forte. Eu tinha uma
recuperação gigantesca. O Luisinho não tinha. Eu cabeceava muito melhor que o
Luisinho. O Luisinho cabeceava pouco, mas o Luisinho tinha uma habilidade
gigantesca em relação a mim. Se nós jogássemos juntos, seríamos quase que perfeitos
no Atlético. Ele fez um trabalho espetacular, o Luisinho, e eu também fiz um
bom trabalho.
Foto: Equipe campeã brasileira do galo 1971 - Foto Jornal Oecoambiental |
Jornal: E esta época foi também do título do galo campeão, não foi?
Vantuir Oecoambiental: Campeão mineiro e nacional. Mas isso com
Telê Santana, um cara que chegava a oito e meia da manhã. Nós saíamos do campo onze
e meia, meio dia. Vários treinamentos. Um monte de treinamento, mas todo mundo
com alegria, com satisfação.
Jornal: Conte um pouco a história do título nacional do galo em 71.
Vantuir: O Telê formou o time e não falou nada que a gente seria
campeão. E nós acreditamos nele. Nós que eu falo, eu e os outros jogadores,
Grapete, Humberto Monteiro, o Oldair, o Vanderlei, o Lola, Tião. Ele foi
trazendo Paulo Isidoro, mas não foi nessa época. Dario. Era o maior perna de
pau. Dario era zagueiro. Dava só chutão o Dario. Rsrsrs... eu estou brincando.
Dario era ruim pra caramba. Quando o veio o Telê, o Dario começou no
profissional com 19 anos. Quando o Telê começou a trabalhar com ele aí ele
assumiu cabecear, chutar... cabecear chutar. Driblar ele não sabia muito não,
mas tinha muita velocidade. Arrancava e fazia gols pra caramba nos treinos. E
fazia também nos jogos. Telê passou a confiar nele e ele foi artilheiro do
campeonato brasileiro várias vezes. Um excelente jogador, um excelente
companheiro, um profissional altamente competente.
Jornal Oecoambiental: Então nesta campanha vitoriosa do galo no
primeiro título, em 71 o time do galo era qual?
Vantuir: O time do galo era Renato, Humberto, Grapete, Vantuir,
Cincunegui ou Oldair, Vanderlei, Humberto Ramos, Lola, Ronaldo, Dario e Tião, ou
Vaguinho, Dario e Tião. E tinha o Romeu que jogava sempre.
Tínhamos um conjunto perfeito de
jogadores. Nós tínhamos poucos jogadores na seleção brasileira. Não tínhamos
naquela época ninguém na seleção brasileira. 1971, o Brasil tinha sido campeão
em 1970. Só o Dario que foi reserva lá na seleção.
Naquela época, havia jogadores como Dirceu Lopes, tinha Coutinho. Me perguntavam
como eu ia parar o Pelé. Eu ficava uma semana em casa, riscando um papel para
ver como eu ia parar o Pelé. Sempre tive a felicidade, a sorte de marcá-lo em
cima. Eu não deixava ele receber a bola. Porque se ele recebesse aí não tinha
jeito. Então eu falava com os jogadores: “não deixa receber, não deixa ele
receber”.