terça-feira, 16 de novembro de 2021

RESOLUÇÕES DA CONFERÊNCIA DO CLIMA - COP 26


 

 O Jornal Oecoambiental, desde sua fundação vem acompanhando os principais eventos nacionais e internacionais relacionados ao meio ambiente.

   A COP 26, como a COP 21, são Conferências que analisam os problemas socioambientais causados pelas mudanças climáticas de um ponto de vista de urgência frente aos inúmeros desafios que a humanidade está tendo que enfrentar e resolver. A transição para a sustentabilidade exige de todos nós atitudes de valorização dos seres humanos, pela conquista de um meio ambiente mais saudável, justo e com melhor qualidade de vida para todos.

   Publicamos a seguir, as principais resoluções da COP 26.  Todos nós podemos realizar ações climáticas que conduzam o mundo a "emissões zero". Temos duas alternativas: agir pela valorização do meio ambiente sob o princípio da precaução com a urgência climática reiterada nas Conferências Climáticas ou esperar a situação socioambiental local e global se agravarem penalizando principalmente os mais pobres e a grande parcela da população brasileira e mundial que já sofre com as consequências da crise sanitária e econômica, que tem origem nos problemas socioambientais que o mundo enfrenta.

   Nós do Jornal Oecoambiental, nossos parceiros e todos que estão plantando árvores conosco, estamos fazendo nossa parte dentro do possível. Venham  plantar árvores com o Jornal Oecoambiental.  Plantar árvores e cuidar do manejo do plantio educa a todos nós. Fortalece nossa gratidão pela vida, pelo bem que a conquista de um meio ambiente mais saudável pode favorecer a toda população.


FONTE: ONU - BRASIL

   A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática encerrou no sábado e reuniu cerca de 50 mil participantes em busca de ação climática. No fechamento, os Estados-membros celebraram o Pacto Climático de Glasgow, que o chefe da ONU, António Guterres, descreveu como fruto dos “interesses, das contradições e do estado da vontade política no mundo hoje”. 

   Uma emenda proposta repentinamente pela China e Índia resultou na alteração do texto final do pacto, que substituiu "eliminar o uso de carvão" por “reduzir gradualmente”. Alok Sharma, presidente da COP26, lamentou a alteração, mas pontuou que as delegações mantiveram “com credibilidade” o objetivo de 1,5º C acima de níveis pré-industriais ao alcance, mas que “seu pulso é fraco”.

   A Conferência avançou em muitas áreas. 120 países se comprometeram a conter e reverter o desmatamento até 2030, mais de 100 países concordaram em reduzir as emissões dos gases de efeito estufa até 2030, e 500 empresas de serviços financeiros globais concordaram em levantar 130 trilhões de dólares para alcançar as metas do Acordo de Paris, entre outras conquistas.

Legenda: Guterres adicionou que é o momento de entrarmos em “ritmo de emergência”, eliminando os subsídios para todos os combustíveis fósseis
Foto: © Laura Quiñones/ONU News

   Depois de estenderem as negociações climáticas da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26) por mais um dia, os 197 países reunidos em Glasgow, na Escócia, aprovaram no sábado (13) um documento final que marca o fim da Conferência. De acordo com o secretário-geral da ONU, António Guterres, em seu discurso de encerramento, o texto final da Conferência “reflete os interesses, as contradições e o estado da vontade política no mundo hoje”.

  As negociações do chamado Pacto Climático de Glasgow foram até o último momento. Índia e China pediram ajuste no texto repentinamente, sugerindo o uso de “redução” em vez de “abandono” do uso de carvão no texto final. O presidente da COP26, Alok Sharma, lutou para conter a mudança de última hora, entretanto, no texto final adotado no sábado (13), a linguagem foi revisada para “reduzir gradualmente” o uso de carvão.

  O evento de duas semanas trouxe outras conquistas como compromissos na redução de desmatamento e emissões de gases de efeito estufa.

Insuficiente - O chefe das Nações Unidas destacou que o acordo é um passo importante, porém não será suficiente. Ele reafirmou a necessidade de acelerar as ações climáticas para manter viva a meta de limitar o aquecimento global em até 1,5 ºC.

Em vídeo enviado para o fechamento do evento, que aconteceu em Glasgow, na Escócia, durante as duas últimas semanas, Guterres acrescentou que é o momento de entrarmos em “ritmo de emergência”, eliminando os subsídios para todos os combustíveis fósseis.

Ele ainda lembrou da necessidade de fixar um preço para o carbono, proteger comunidades vulneráveis e alcançar o financiamento de 100 bilhões de dólares previstos para as ações de adaptação e mitigação das mudanças climáticas.

Guterres lamentou que esses objetivos não foram atingidos na Conferência, mas celebrou que foram alcançados importantes passos para o progresso da agenda.

Jovens indígenas e mulheres - Ao falar para jovens, indígenas, mulheres e outros líderes de movimentos climáticos, a autoridade máxima da ONU antecipou que o resultado não corresponde com suas ambições. 

Ele afirmou que o caminho para alcançar esses objetivos pode não ser linear, mas que são possíveis. Ele deu uma mensagem de ânimo, pedindo para que eles não desistam.

A secretária executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC), Patricia Espinosa, declarou que as negociações nunca são “fáceis”, afirmando que essa é a natureza do consenso e do multilateralismo.

O presidente da COP26, Alok Sharma, afirmou que as delegações poderiam dizer “com credibilidade” que mantiveram o objetivo de 1.5ºC ao alcance, mas que “seu pulso é fraco”. 

Segundo ele, as promessas só sobrevivem com ação rápida. Alok Sharma acrescentou que se forem cumpridas as expectativas será possível aumentar a ambição até 2030 e fechar a lacuna que resta. Sharma concluiu dizendo que Glasgow fez história. 

Detalhes do acordo - Uma emenda de última hora solicitada pela China e Índia modificou o texto preliminar sobre a redução do uso de carvão. Os países pediram que fosse documentada a “redução gradual” do recurso no lugar de “eliminação”, como indicava a proposta inicial.

Sobre o financiamento para ação climática, o texto enfatiza a necessidade de elevar os valores “de todas as fontes para atingir o nível necessário e chegar aos objetivos do Acordo de Paris, incluindo um aumento significativo do apoio para países em desenvolvimento, além de 100 bilhões de dólares por ano”.

O acordo pede que os governos antecipem os prazos de seus planos de redução de emissões e convida os 197 países participantes a reportar o progresso sobre as ações climáticas no evento do próximo ano, na COP27, que vai acontecer no Egito.

Repercussão - No início da última plenária de avaliação, muitos países lamentaram que o pacote de decisões não será suficiente. Alguns declararam estar desapontados, mas no geral, reconheceram que o texto era equilibrado. Países como Nigéria, Palau, Filipinas, Chile e Turquia disseram que, embora haja imperfeições, eles apoiavam o texto. Os representantes das Maldivas e da Nova Zelândia foram menos otimistas. Em declarações, afirmaram que o resultado foi o “menos pior”, embora não esteja em linha com o progresso necessário.

O enviado dos Estados Unidos, John Kerry, disse que o texto “é uma declaração poderosa” e garantiu aos representantes que o país se engajará construtivamente em um diálogo sobre perdas e danos bem como sobre adaptação, duas das questões que mais geram ambiguidades.

Principais conquistas - Além das negociações políticas e da Cúpula dos Líderes, a COP26 reuniu cerca de 50 mil participantes online e pessoalmente para compartilhar ideias, soluções, participar de eventos culturais e construir parcerias e coalizões.

A conferência apresentou anúncios encorajadores. Entre os destaques, líderes de mais de 120 países, representando cerca de 90% das florestas do mundo, se comprometeram a conter e reverter o desmatamento até 2030.

Houve também uma promessa sobre a redução de metano, liderada pelos Estados Unidos e pela União Europeia. Mais de 100 países concordaram em reduzir as emissões de gases do efeito estufa até 2030.

Enquanto isso, mais de 40 países, incluindo grandes usuários de carvão como Polônia, Vietnã e Chile, concordaram em abandonar o minério, um dos maiores geradores de emissões de carbono.

Cerca de 500 empresas de serviços financeiros globais concordaram em levantar 130 trilhões de dólares - cerca de 40% dos ativos financeiros mundiais – para alcançar as metas estabelecidas no Acordo de Paris, incluindo limitar o aquecimento global a 1.5ºC.

Outro importante acordo foi o compromisso conjunto dos Estados Unidos e da China em aumentar a cooperação climática na próxima década. As nações concordaram em tomar medidas para reduzir emissões de metano e carbono, fazendo transição para adotar energia limpa. Eles também reiteraram seu compromisso de manter viva a meta de 1.5 grau Celsius.

Com relação ao transporte, governos e empresas assinaram compromisso para encerrar a venda de motores de combustão interna até 2035 nos principais mercados em 2040 em todo o mundo. Pelo menos 13 nações também se comprometeram a acabar com a venda de veículos pesados movidos a combustíveis fósseis até 2040.

Por fim, países como Irlanda, França, Dinamarca e Costa Rica lançaram uma aliança inédita para definir uma data final para a exploração e extração nacional de petróleo e gás.

Legenda: Evento trouxe conquistas como compromissos na redução de desmatamento e emissões de gases de efeito estufa
Foto: © Laura Quiñones/ONU News

O caminho até aqui - Para simplificar, a COP26 foi o mais recente esforço e uma das etapas mais importantes nas últimas décadas, facilitada pela ONU para ajudar a evitar a emergência climática iminente.

Em 1992, a ONU organizou um grande evento no Rio de Janeiro, denominado Cúpula da Terra, em que foi adotada a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Nesse tratado, as nações concordaram em "estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera" para evitar a interferência perigosa da atividade humana no sistema climático. Hoje, o tratado tem 197 signatários.

Desde 1994, quando o tratado entrou em vigor, a cada ano a ONU reúne quase todos os países do planeta para as cúpulas globais do clima ou “COPs”, que significa 'Conferência das Partes'. Este ano deveria ter sido a 27ª cúpula anual, mas devido à COVID-19 , a Conferência foi  adiada ano passado, por isso em 2021 celebrou-se a 26ª edição do evento.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

COP 26 - ARMAZENAMENTO DE CARBONO NAS FLORESTAS DA TERRA




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PAINEL Monitorando os Pulmões do Mundo do Espaço -
Armazenamento de Carbono nas Florestas da Terra
 
Os palestrantes deste evento são especialistas em inventários 
de carbono florestal globais e nacionais, observações da Terra 
do espaço e valor líquido zero. Elas vão:
• Explicar como as árvores e florestas fazem a diferença para 
o dióxido de carbono em nossa atmosfera.
• Mostrar como novas medições empolgantes de satélites informam
 nosso conhecimento sobre o conteúdo de carbono de florestas 
e árvores.
• Mostrar o status global das florestas e destacar exemplos
 de remoção de gases de efeito estufa 
em desenvolvimentos florestais / arbóreos sustentáveis.


COP 26 - MEIO AMBIENTE DE CONHECIMENTOS INDÍGENAS E DA CIÊNCIA OCIDENTAL



Os principais apresentadores deste workshop são:

 

 Merle Lefkoff, PhD (ela / ela) - Diretor Fundador do Center for Emergent Diplomacy, que falará sobre um novo projeto e “Playbook” que treina líderes comunitários emergentes para facilitar diálogos locais para se preparar para viver juntos de forma pacífica e sustentável em um mundo alterado.

 

 Mary Roessel, MD (ela / ela) - Psiquiatra Navajo, Conselho de Curadores da American Psychiatric Association - compartilhará o imenso valor, poder e resiliência dos conhecimentos indígenas e modos de ser. Os Povos Indígenas têm experiências de vida extensas e diversificadas que podem oferecer suporte para enfrentar a crise climática com esperança e resiliência.




https://www.youtube.com/watch?v=EjVMYXkEVn0&list=TLPQMTIxMTIwMjHuAQd59op18g&index=5

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COP 26 - DECLARAÇÃO DA COP 26 POR UMA TRANSIÇÃO JUSTA É SAUDADA PELA OIT

 


A OIT desempenhou um papel fundamental na formulação da Declaração para uma Transição Justa, adotada na Cúpula do Clima das Nações Unidas, a COP26, em Glasgow. O texto reconhece a necessidade de garantir que ninguém seja deixado para trás na transição para economias com emissão líquida zero — especialmente aquelas pessoas que trabalham em setores, cidades e regiões dependentes de indústrias e produções intensivas em carbono.

Mais de 30 nações, incluindo os principais países produtores de carvão, assinaram a Declaração, comprometendo-se a implementar estratégias que garantam que trabalhadores, trabalhadoras, empresas e comunidades recebam apoio à medida que os países fazem uma transição para economias mais verdes.

O documento reflete as Diretrizes para uma Transição Justa da OIT de 2015, que delineiam os passos necessários para economias e sociedades ambientalmente sustentáveis e bem administradas, trabalho decente para todas as pessoas, inclusão social e erradicação da pobreza.

Legenda: A OIT apoiará a implementação da Declaração por meio da promoção e aplicação das Normas Internacionais do Trabalho
Foto: © ONU

Durante a Conferência da ONU Sobre Mudanças Climáticas (COP26), mais de 30 nações, incluindo os principais países produtores de carvão, assinaram uma Declaração comprometendo-se a implementar estratégias que garantam que trabalhadores, trabalhadoras, empresas e comunidades recebam apoio à medida que os países fazem uma transição para economias mais verdes. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) reconheceu a importância do marco e contribuiu na formulação das novas diretrizes. 

Declaração para uma Transição Justa (tradução livre do título original em inglês, Just Transition Declaration), adotada na COP26, em Glasgow, na Escócia, reconhece a necessidade de garantir que ninguém seja deixado para trás na transição para economias com emissão líquida zero - especialmente aquelas pessoas que trabalham em setores, cidades e regiões dependentes de indústrias e produções intensivas em carbono.

O documento reflete as Diretrizes para uma Transição Justa da OIT de 2015 (disponível em inglês no link), que delineiam os passos necessários para economias e sociedades ambientalmente sustentáveis e bem administradas, trabalho decente para todas as pessoas, inclusão social e erradicação da pobreza. Os signatários da Declaração são Estados Unidos, Reino Unido, todos os 27 estados membros da UE, Noruega, Canadá e Nova Zelândia. Isso segue aos compromissos assumidos na Cúpula por mais de 40 países para abandonar o uso do carvão.

"Para a OIT, uma transição energética justa é urgente, indispensável e possível. [...] Há evidências claras de que haverá mais ganhos para a economia e para as pessoas do que perdas."

Vic Van Vuuren, diretor do departamento de Empresas da OIT

Atuação da OIT - No âmbito do Conselho de Transição de Energia da COP26, a OIT desempenhou um papel fundamental na elaboração da Declaração, que foi lançada em um evento da COP26 que incluiu representantes de países produtores de carvão, agências multilaterais e organizações não governamentais. Adicionalmente, a OIT apoiará a implementação da Declaração por meio da promoção e aplicação das Normas Internacionais do Trabalho.

“Uma transição justa significa maximizar os ganhos econômicos e sociais, ao mesmo tempo em que administra com eficácia os riscos na transformação econômica, tecnológica e social", disse o diretor do departamento de Empresas da OIT, Vic Van Vuuren.

“Há evidências claras de que haverá mais ganhos para a economia e para as pessoas do que perdas. Esta Declaração ajudará a assegurar que estruturas de políticas abrangentes e coerentes sejam implementadas para que ninguém seja prejudicado pela transição para economias mais verdes”, completou Vuuren.

https://youtu.be/_GHNTNP7Fzw

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Por meio da Declaração, os países se comprometem a:

  1. Apoiar trabalhadores, trabalhadoras, comunidades e regiões que são particularmente vulneráveis aos efeitos do abandono de economias intensivas em carbono.
  2. Promover o diálogo social e o engajamento entre governos, representantes de empregadores e trabalhadores e outros grupos afetados pela transição para economias verdes.
  3. Implementar estratégias econômicas que apoiem a energia limpa, promovam o crescimento econômico com eficiência de recursos, criem renda e empregos decentes e reduzam a pobreza e a desigualdade.
  4. Criar empregos decentes para as pessoas em suas áreas locais, juntamente com requalificação e treinamento e proteção social para as que necessitarem.
  5. Garantir que as cadeias de abastecimento existentes e novas criem trabalho decente para todas as pessoas, incluindo as mais marginalizadas, com respeito aos direitos humanos

COP 26 - AS MULHERES REPRESENTAM 80% DOS DESLOCADOS POR DESASTRES E MUDANÇAS CLIMÁTICAS



FONTE: ONU - BRASIL

 

  A COP 26 nesta semana, debateu a participação de mulheres e meninas nas políticas e ações climáticas. A participação feminina pode gerar efeitos em cascata e ajudar na adaptação climática. Entretanto, o seu potencial segue negligenciado.

  Segundo o presidente da Conferência, Alok Sharma, clima e gênero estão intimamente interligados, afinal, o impacto da mudança climática afeta as mulheres e meninas de forma desproporcional, uma vez que elas correspondem a 80% dos deslocados por desastres e mudanças climáticas em todo o mundo.

   A diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen, ressaltou que o mundo ainda “não está fazendo o suficiente”. Ela destacou a atualização de um relatório do Programa, que revela que, com as atuais contribuições e promessas nacionais, o mundo está a caminho de reduzir cerca de 7,8% das emissões anuais de gases de efeito estufa em 2030, bem longe dos 55% necessários para conter o aquecimento global em 1,5º C.

Legenda: Após percorrer cerca de 13 mil quilômetros pela Europa, Pequena Amal, um fantoche gigante que representa uma jovem refugiada síria, chegou a Glasgow
Foto: © Laura Quiñones/ONU News

   As mulheres assumiram o palco na Conferência da ONU para Mudanças Climáticas (COP26)  para mostrar que os impactos dessa crise não são neutros em termos de gênero e que as ações no campo precisam de participação feminina. O principal argumento defendido é que investir em mulheres e meninas cria efeitos em cascata que são sentidos em comunidades inteiras. A sua participação e conhecimento é mais necessária do que nunca.

   Aquecimento - A atuação das mulheres é ainda mais importante considerando uma nova análise que mostra que os anúncios dos líderes mundiais na COP26 ainda deixam o planeta no caminho do aquecimento global catastrófico.

   Após percorrer cerca de 13 mil quilômetros pela Europa, Little Amal, um fantoche gigante que representa uma jovem refugiada síria, chegou a Glasgow na hora certa para o “Dia da Mulher” na COP26.

   A obra de arte com 3,5 metros de altura surpreendeu os participantes da plenária quando subiu as escadas e se juntou à ativista climática de Samoa Brianna Fruean em um abraço e uma troca de presentes. Brianna deu a ela uma flor, representando esperança e luz, e Amal retribuiu com um saco de sementes.

  A ativista afirmou: “Nós embarcamos aqui para uma jornada, de dois lugares muito diferentes, mas estamos conectadas pelo fato de estarmos vivendo em um mundo quebrado que tem sistematicamente marginalizado mulheres e meninas. Especialmente mulheres e meninas de comunidades vulneráveis.”

   Emergência Climática - Fruean lembrou aos participantes que o peso da emergência climática que amplifica as desigualdades existentes é frequentemente mais suportado pelas mulheres. Ela destacou que Amal trouxe sementes para compartilhar fisicamente, para inspirar, sementes representam esperança. A beleza delas é que “você precisa ser altruísta o suficiente para se contentar com o fato de não poder comer os frutos ou dar flores, mas sentir que vale a pena saber que seus filhos viverão com sua beleza”. 

   A ativista destacou ainda que essas unidades precisam ser regadas e nutridas para dar frutos e flores, convidando os delegados a continuarem seu trabalho após o término da conferência. “Vou plantar essas sementes quando nossos ministros estiverem prontos, mas espero que dentro das negociações e das salas você possa plantá-las e quando saímos da COP, você cuide delas para que cresçam em um mundo lindo que mereça garotas como Amal e que todas as garotas estejam seguras nele”, disse.

   Equidade de gênero e crises climáticas - O presidente da COP26, Alok Sharma explicou “por que gênero e clima estão profundamente interligados”, e ressaltou que o impacto da mudança climática afeta as mulheres e meninas de forma desproporcional.

   A pequena Amal e as meninas sírias que ela representa fazem parte dos 80% dos deslocados por desastres e mudanças climáticas em todo o mundo. 

  Recursos naturais e ecossistemas - Em países em desenvolvimento, elas são geralmente as primeiras a gerir o capital ambiental que as rodeia. Desde coletar água para cozinhar e limpar, usar a terra para o gado, buscar alimentos em rios e recifes e coletar lenha, as mulheres em todo o planeta usam e interagem com os recursos naturais e ecossistemas diariamente.

   De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e outras agências da ONU, elas também são as primeiras a sentir os efeitos da mudança climática ao percorrer distâncias cada vez maiores para encontrar o que necessitam para alimentar suas famílias.

   Além disso, embora a degradação ambiental tenha graves consequências para todos os seres humanos, afeta em particular os setores mais vulneráveis da sociedade, principalmente as mulheres, cuja saúde é mais frágil durante a gravidez e a maternidade.

   No entanto, o reconhecimento da contribuição real ou potencial feminino para a sobrevivência do planeta e para o desenvolvimento permanece limitado. A desigualdade de gênero e a exclusão social continuam a aumentar os efeitos negativos da gestão ambiental insustentável e destrutiva sobre mulheres e meninas.

   Normas sociais e culturais discriminatórias persistentes, como acesso desigual à terra, água e outros recursos e a falta de participação nas decisões relativas ao planejamento e gestão da natureza, muitas vezes levam à ignorância das enormes contribuições que podem dar.

   A presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, disse aos delegados da COP26 que enfrentar a mudança do clima é uma questão de justiça e igualdade para os mais vulneráveis e afetados, incluindo comunidades indígenas e países menos desenvolvidos, reforçando o papel das mulheres. 

   Financiamento - Pelosi observou que ela trouxe 21 pessoas na maior delegação parlamentar americana até o momento para uma COP. Ela anunciou que, até o final do ano, o Congresso planeja aprovar uma legislação para dobrar o financiamento climático internacional.

   A ideia é “reconstruir melhor com as mulheres”, disse para as integrantes de sua delegação. Uma delas foi a deputada Alexandra Ocasio Cortez, conhecida por ser a mulher mais jovem a servir no congresso dos Estados Unidos e por ser uma das mais ativas em ações e legislação climática.

   Em entrevista à ONU News, ela disse que a liderança que as levou a Glasgow não será a liderança que as tirará daquele lugar, referindo-se ao motivo pelo qual era importante para as mulheres se envolverem na luta pelo clima.

Legenda: Ativista indígena do povo Wapixana na Guiana, Immaculata Casimero
Foto: © Laura Quiñones/ONU News

   Mulheres da América do Sul ao Ártico - Tendo esse aspecto em mente, a ativista indígena do povo Wapixana na Guiana, Immaculata Casimero, trabalha para ajudar a dar mais poder às mulheres em sua comunidade.

   Em entrevista à ONU News, ela revelou que conduz sessões de capacitação porque gostaria de ver mais mulheres na liderança. Em grande parte do tempo, existem apenas homens exercendo liderança e o patriarcado “precisa ser quebrado”. 

   A ativista indígena disse que mulheres podem liderar melhor do que os homens como acontece em casa, cuidando dos filhos, e especialmente porque “toda a humanidade existe” por causa delas. Casimero também apontou que mulheres indígenas são veículos do conhecimento tradicional para as novas gerações, e têm um papel extremamente importante no combate às mudanças climáticas.

   Insegurança alimentar - Nessa área, a crise atingiu sua comunidade natal este ano com a perda de “vários hectares de lavouras de mandioca, sua principal fonte de renda”. As chuvas foram fortes e inesperadas. A situação também gerou insegurança alimentar.

   Ela contou que o “sol está muito mais quente do que antes”. Pelo clima que se faz sentir, o povo não sabe como realmente se adaptar “porque quando deveria haver chuva, há sol e quando deveria haver sol, há chuva”. 

   A ativista indígena relatou ainda que todo o sistema de cultivo agrícola é afetado pela mudança climática e “não há mais nada de que depender”. Em outra parte do mundo vivem os Sami, povos indígenas de língua fino-úgrica da região de Sápmi. Atualmente a área que abrange grande parte do norte da Noruega, Suécia e Finlândia, também está sentindo em primeira mão a crise climática.

Legenda: Em outra parte do mundo vivem os Sami, povos indígenas de língua fino-úgrica da região de Sápmi
Foto: © Laura Quiñones/UN News

   Pavilhão indígena - Em declarações feitas no Pavilhão Indígena na COP26, a jovem ativista Maja Kristine Jama disse que a mudança climática no Ártico está acontecendo muito rápido. Ela destacou que o tempo está mudando com muita instabilidade. Onde os invernos são instáveis, o congelamento do gelo não ocorre como deveria. Todo o conhecimento tradicional para administrar a paisagem também está mudando.

   Também no evento, a amiga de Jama, Elle Ravdna Nakkakajarvi, clamou aos líderes mundiais presentes na conferência que as "ouçam verdadeiramente". 

Ela declarou: “Não façam promessas vazias, porque somos nós quem sentimos as mudanças climáticas em nossos corpos e temos conhecimento sobre as terras e águas em nossas áreas e podemos encontrar soluções. Nós merecemos ser ouvidas.”

  Lacuna de Liderança - Na terça-feira (09) a COP26 teve ainda o Dia da Ciência. Na sessão temática, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, PNUMA, apresentou uma atualização do último Relatório de Lacunas de Emissões. A nova versão inclui dados de promessas feitas desde o início da conferência.

   A diretora executiva da agência, Inger Andersen, ressalta que o mundo ainda “não está fazendo o suficiente, não está onde precisa estar e precisa dar um passo à frente com muito mais ação, urgência e muito mais ambição”. Ela destaca haver ainda “uma lacuna de liderança”, que precisa ser endereçada antes do encerramento da COP26.

   O relatório revela que com as atuais contribuições e promessas nacionais, o mundo está a caminho de reduzir cerca de 7,8% das emissões anuais de gases de efeito estufa em 2030, bem longe dos 55% necessários para conter o aquecimento global em 1,5º C.

   Promessas - Inger Andersen destacou que considerava as promessas insuficientes. Segundo a oficial da ONU, é necessário se empenhar mais, incluindo os planos e promessas atualizados porque “o mundo só vai cortar 8% das emissões até o final da década”. Andersen disse ainda que considera positivo ver os países em diálogo, mas alertou que promessas vagas devem ser desencorajadas pela falta de transparência, uma vez que são difíceis de calcular e de exigir responsabilidades. 

terça-feira, 9 de novembro de 2021

COP 26 -PAINEL: CULTURA - O ELO QUE FALTAVA

 


 "Artistas em todo o mundo e organizações artísticas estão se mobilizando em torno da crise climática e descobrindo uma conexão mais profunda com o planeta. Este painel presidido por Alison Tickell, fundadora e CEO da Julie¹S Bicycle, uma organização que atua sobre o papel vital que as artes e a cultura devem desempenhar na transformação do clima." 

https://www.youtube.com/watch?v=lLA0zbZkfFE 

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