quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

AÇÕES PARA PRESERVAÇÃO DOS OCEANOS

 Fonte: ONU - BRASIL

   Durante a Cúpula One Ocean, que aconteceu na França na semana passada, o secretário-geral da ONU, António Guterres alertou sobre os efeitos da tripla crise ambiental — perturbação climática, perda de biodiversidade e poluição — nos oceanos. 

Responsável pela Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) anunciou planos de mapear pelo menos 80% do fundo do mar até 2030. Atualmente, apenas 20% das profundezas dos oceanos são conhecidas.

O evento antecede outro grande marco sobre a temática, a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que acontecerá entre junho e julho deste ano em Lisboa, e discutirá desafios como poluição plástica nos mares, regulamentação da pesca e acidificação e aquecimento das águas do oceano.

pescadores puxam a rede na praia
Legenda: Mais de três bilhões de pessoas dependem da biodiversidade marinha e costeira para sua subsistência
Foto: © Cassiano Psomas/Unsplash

Na Cúpula One Ocean, que aconteceu entre 9 e 11 de fevereiro em Brest, na França, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou que “o oceano carrega grande parte do fardo” da tripla crise que o planeta enfrenta. A crise ambiental - que envolve perturbação climática, perda de biodiversidade e poluição - faz com que o oceano, um dos principais sumidouros de carbono e calor, fique mais quente e mais ácido, prejudicando ecossistemas aquáticos.

Temas como pesca, áreas marinhas protegidas, um possível tratado internacional em alto-mar e um plano da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para avançar no conhecimento sobre os oceanos marcaram o evento. A cúpula antecede outro grande marco sobre a temática, a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que acontecerá entre junho e julho deste ano em Lisboa, Portugal.

Efeito cascata - Em sua fala no evento, António Guterres destacou o risco da crise para as comunidades que dependem do oceano: “Mais de três bilhões de pessoas dependem da biodiversidade marinha e costeira para sua subsistência”. 

Ele reforçou o quadro sombrio e a conjuntura alarmante, com espécies marinhas em declínio, recifes de coral doentes, ecossistemas costeiros transformados em “grandes zonas mortas” por servirem de depósito de esgoto, e nutrientes e mares sufocados por resíduos plásticos.

Além disso, os estoques de peixes estão sendo ameaçados por práticas de pesca excessivas e destrutivas, juntamente com a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada. 

“Devemos mudar de rumo”, insistiu o secretário-geral.

Aderindo à lei - Há 40 anos foi assinada da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, descrita por Guterres como  “primordial”. Ele defendeu que a segunda Conferência dos Oceanos da ONU, que acontecerá eeste ano, é “uma oportunidade para cimentar o papel do oceano” nos esforços globais para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e implementar o Acordo de Paris

Economia azul - O chefe da ONU enfatizou que esforços intensificados devem ser feitos para proteger o oceano, dizendo que uma “economia azul sustentável pode impulsionar o progresso econômico e a criação de empregos”, ao mesmo tempo que também protege o clima.

“Precisamos de mais e mais parcerias eficazes para abordar as fontes terrestres de poluição marinha, urgência na implantação de energia renovável nos mares, que pode fornecer energia limpa e emprego, e menos combustíveis fósseis na economia oceânica”, insistiu. 

Guterres saudou “medidas encorajadoras” tomadas por alguns países, incluindo a França, para acabar com os plásticos descartáveis ​​e instou outros a seguirem o exemplo.

Soluções baseadas na natureza - Com cerca de 90% do comércio mundial transportado por mar, o transporte marítimo responde por quase 3% das emissões globais de gases de efeito estufa. “O setor de transporte marítimo precisa contribuir com o necessário para o corte de 45% nas emissões até 2030 e zero emissões até 2050, no esforço de manter vivas nossas esperanças de limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC”, defendeu o chefe da ONU.

Também é necessário avançar na adaptação e resiliência para as comunidades costeiras cujas vidas, casas e meios de subsistência estão em risco. “Devemos capitalizar nas oportunidades que soluções baseadas na natureza, como manguezais e ervas marinhas, oferecem”, acrescentou.

Economia oceânica viável - Para promover uma economia oceânica sustentável, o secretário-geral destacou a necessidade de parcerias e investimentos globais, juntamente com maior apoio à ciência oceânica “para que nossas ações sejam baseadas no conhecimento e compreensão do oceano”.

“Muito permanece não mapeado, não observado e inexplorado”, complementou.

Ao longo desta Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, também conhecida como Década do Oceano, Guterres incentivou os cidadãos preocupados em todos os lugares a “cumprir nossa promessa coletiva de um planeta azul saudável para as gerações futuras”.

Avançando o conhecimento - A UNESCO anunciou planos de mapear pelo menos 80% do fundo do mar até 2030, ano que marca o fim da Década do Oceano. Atualmente, apenas 20% do fundo do mar está mapeado.

Para alcançar o objetivo, a diretora-geral da agência, Audrey Azoulay, disse que será preciso investir 5 bilhões de dólares, ou em torno de 625 milhões por ano, na próxima década.

A grande ambição é investir primeiro na mobilização de uma frota de 50 navios especialmente dedicados à atividade. A agência pretende ainda que navios autônomos usem sonares, as ondas de propagação sonora em meio submarino, e transmitam os dados cartográficos a governos e empresas.

Como ferramenta de monitorização, o mapa global do fundo do mar irá reportar progresso anual e identificar lacunas nesses ecossistemas.

Muitos benefícios aguardam - A UNESCO defende ainda que é essencial conhecer a profundidade e os relevos do fundo do mar para entender a localização das falhas oceânicas, o funcionamento das correntes oceânicas e das marés, bem como o transporte de sedimentos.

Esta informação contribui para proteger populações, antecipando riscos sísmicos, tsunamis e identificando sítios naturais que devem ser protegidos.

O mapa permite identificar recursos pesqueiros para exploração sustentável, ajudando a planejar a construção de infraestrutura offshore, ou mesmo a responder efetivamente a desastres como derramamentos de petróleo, acidentes aéreos ou naufrágios.

Segundo a agência da ONU, os dados têm ainda um papel importante na avaliação dos efeitos futuros das alterações climáticas.

AS INUNDAÇÕES E A CRISE CLIMÁTICA

Fonte: ONU - BRASIL

   De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), as catástrofes relacionadas a inundações aumentaram 134% desde os anos 2000.

   Recentemente, as tempestades Ana e Malik atingiram o Sudeste Africano e a Europa Ocidental deixando milhares de pessoas em necessidade de ajuda humanitária.

   Para mitigar os efeitos das inundações, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) apoia iniciativas como o portal Flood and Drought, site que reúne dados de satélite e armazenamento em nuvem para melhorar a preparação, gestão e resposta diante de inundações urbanas, enchentes de bacias hidrográficas, secas e proteção costeira.

   Outra estratégia da agência da ONU é trabalhar diretamente com a conservação de áreas úmidas, como o reflorestamento das Ilhas Comores, onde a meta é plantar 1,4 milhões de árvores ao longo de quatro anos e a reumidificação de turfeiras na Indonésia.

Duas pessoas andam pela chuva de monção e inundações pesadas em uma moto
Legenda: As inundações destroem vidas, meios de subsistência, a biodiversidade, a infraestrutura e outros bens, além de agravar problemas de saúde pública
Foto: © Qimono/Pixabay

  As catástrofes relacionadas a inundações têm aumentado 134% desde os anos 2000, em comparação com as duas décadas anteriores, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Um novo relatório publicado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) também reforça o fato de que o aumento na temperatura global está afetando drasticamente o ciclo hídrico, causando inundações e secas mais severas e frequentes.

As tempestades catastróficas que ocorreram em janeiro na Europa Ocidental e no Sudeste Africano são uma dura lembrança desta realidade. A tempestade Ana, que atravessou Madagascar, Moçambique e Malawi entre o fim de janeiro e começo de fevereiro, por exemplo, deixou mais de 45 mil pessoas, incluindo 23 mil mulheres e crianças, em necessidade de ajuda humanitária, segundo informações do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). 

Paralelamente, a tempestade Malik, que atingiu a República Tcheca, Dinamarca, Alemanha, Polônia e Reino Unido, impactou milhares de pessoas, abrangendo desde quedas de energia até a destruição de casas. 

As inundações destroem vidas, meios de subsistência, a biodiversidade, a infraestrutura e outros bens. Também podem agravar problemas de saúde pública, como a cólera, quando os esgotos transbordam e a água potável é misturada com água poluída. Além disso, a água parada resultante das inundações também pode favorecer a reprodução de mosquitos vetores da malária em alguns lugares.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e parceiros têm se empenhado na mitigação dos impactos das inundações nos países. “O PNUMA não tem varinha mágica, mas podemos trabalhar com parcerias para acelerar a resistência a inundações, desenvolver capacidades, promover o desenvolvimento sustentável e obter e analisar todos os dados importantes para a formulação de políticas”, afirma a especialista do PNUMA em ecossistemas de água doce, Lis Mullin Bernhardt.

Inundações em Shaoguan, província de Guangdong, China, em 2020
Legenda: Inundações em Shaoguan, província de Guangdong, China, em 2020
Foto: © Jéan Béller/Unsplash

Atuação -  O UNEP-DHI, centro de expertise do PNUMA dedicado a melhorar a gestão, o desenvolvimento e o uso de recursos de água potável do nível local ao global, gerencia uma das mais importantes ferramentas para gestão de dados sobre inundações e secas, o portal Flood and Drought. Este é um dos exemplos de como o PNUMA tem atuado para reverter os danos causados pelas inundações. 

O site agrega e traduz dados públicos disponíveis de uma série de fontes, tornando-os acessíveis às autoridades hídricas de modo que possam ser utilizados para respaldar decisões em nível local. O portal utiliza os recursos oferecidos pelos dados de satélite e armazenamento em nuvem para melhorar a preparação, gestão e resposta diante de inundações urbanas, enchentes de bacias hidrográficas, secas e proteção costeira.

Outra estratégia da agência da ONU é trabalhar diretamente com a conservação de áreas úmidas, que absorvem o excesso de água e a liberam lentamente, mitigando assim o impacto das inundações.

Nas Ilhas Comores, por exemplo, PNUMA e parceiros ajudam as pessoas a captar e reter água, reabilitando 3.500 hectares de habitat de bacias hidrográficas. O projeto visa plantar 1,4 milhões de árvores ao longo de quatro anos em todas as três ilhas do país. Para os agricultores que vivem em bacias que estão cada vez mais secas e degradadas, essa restauração ecológica evitará que o solo seque e seja arrastado pela água. O projeto também está melhorando os sistemas de previsão do tempo e o conhecimento do clima para incentivar as pessoas a mudarem conforme o clima.

O PNUMA também tem apoiado a reumidificação de turfeiras na Indonésia. As turfeiras são zonas úmidas especialmente importantes, pois armazenam o dobro do carbono do que todas as florestas do mundo. Conservá-las contribui para desacelerar a mudança climática e reduzir o risco de eventos climáticos extremos, tais como inundações. 

Global Peatlands Iniciative, liderada pelo PNUMA, é uma iniciativa que conduz atividades internacionais dentro de quatro países parceiros iniciais — República Democrática do Congo, Indonésia, Peru e República do Congo — para desenvolver, entre outros projetos, avaliações globais rápidas sobre a extensão de turfeiras e o teor de carbono.

Recursos - O relatório do PNUMA “Lacuna de Adaptação 2021” destaca a necessidade de ampliar o financiamento na adaptação climática. Estima-se que os custos de adaptação nos países em desenvolvimento sejam de cinco a dez vezes maiores do que os atuais fluxos públicos de financiamento para esse fim, e a disparidade vem aumentando.

"As abordagens baseadas em ecossistemas, como zonas úmidas construídas, áreas dedicadas de retenção e a restauração da vegetação para a mitigação dos impactos de inundações, estão cada vez mais ganhando espaço e financiamento, e formam uma parte essencial do trabalho do PNUMA na área de clima", afirma Bernhardt.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

CHUVAS EM PETRÓPOLIS E A CRISE CLIMÁTICA

 As consequências das mudanças climáticas estão cada dia mais se agravando.  Mais registros são feitos como o dos extremos climáticos de chuvas em Petrópolis e várias regiões do Brasil, no dia 14 de fevereiro de 2022.




   Ficar registrando o sofrimento de pessoas, comunidades, cidades, causa indignação. As comunidades precisam se defender e cobrar políticas de prevenção a tantos conflitos socioambientais. É necessário apoio às ações de prevenção e educação socioambiental para que haja maior urgência da classe política, governos e da sociedade em enfrentar os problemas socioambientais das mudanças climáticas.


   Cobrar enquanto sociedade civil, ações imediatas dos governos locais e central. Um planejamento e ações concretas no enfrentamento desta crise climática de forma imediata, a curto, médio e longo prazos é fundamental. 


  É necessária uma mobilização de todos os segmentos da sociedade para que possamos agir de forma urgente e eficaz sobre a crise climática.

  O Jornal Oecoambiental se solidariza mais uma vez com as pessoas, famílias, comunidades, cidades que enfrentam enchentes, secas, nevascas em função da crise climática. Que possamos nos unir cada vez mais e agir revertendo às causas destes conflitos socioambientais.