quarta-feira, 18 de maio de 2022

ORGANIZAÇÃO METEREOLÓGICA MUNDIAL - OMM - PULICA RELATÓRIO SOBRE O CLIMA

  Fonte: ONU - BRASIL

   As concentrações de gases de efeito estufa, a elevação do nível do mar, o aquecimento e acidificação dos oceanos tiveram novos recordes em 2021, de acordo com o último relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), publicado nesta quarta-feira (18).

O relatório ‘Estado do Clima 2021’ indica que o clima extremo – causado pelas mudanças climáticas – custou vidas, insegurança alimentar e crise hídrica, levando a uma perda econômica de centenas de bilhões de dólares no último ano.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o tempo está se esgotando para evitar os piores impactos da crise climática, "mas há uma 'salvação’ bem na frente de nós. Devemos acabar com a poluição por combustíveis fósseis e acelerar a transição para energia renovável antes de destruir a nossa única casa”.

 

Campo de produção de energia eólica na Alemanha.
Legenda: Campo de produção de energia eólica na Alemanha.
Foto: © Karsten Würth/Unsplash

As concentrações de gases de efeito estufa, a elevação do nível do mar, o aquecimento e acidificação dos oceanos tiveram novos recordes em 2021, de acordo com o último relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), publicado nesta quarta-feira (18).

O relatório ‘Estado do Clima 2021’ indica que o clima extremo – causado pelas mudanças climáticas – custou vidas, insegurança alimentar e crise hídrica, levando a uma perda econômica de centenas de bilhões de dólares no último ano.

O relatório, que descreve sinais ainda mais claros de que a atividade humana está causando danos em escala planetária - a terra, ao oceano e a atmosfera - também confirma que os últimos sete anos foram os mais quentes já registrados, com a temperatura global em 2021 atingindo cerca de 1,1 °C acima dos níveis pré-industriais.

“É apenas uma questão de tempo até vermos outro ano mais quente já registrado. Nosso clima está mudando diante de nossos olhos. O calor emitido pelos gases de efeito estufa aquecerá o planeta por muitas gerações”, alertou o chefe da OMM, Petteri Taalas. “A elevação do nível do mar, aqueciemento dos oceanos e a acidificação continuarão por centenas de anos, a menos que sejam criadas formas de retirar o carbono da atmosfera”.

Um plano para energias renováveis 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o tempo está se esgotando para evitar os piores impactos da crise climática, mas há uma 'salvação’ bem na frente de nós.

“Devemos acabar com a poluição por combustíveis fósseis e acelerar a transição para energia renovável antes de destruir a nossa única casa”, enfatizou em uma mensagem de vídeo.

Destacando que as tecnologias de energia renovável, como a eólica e a solar, estão prontamente disponíveis e, na maioria dos casos, mais baratas que o carvão e outros combustíveis fósseis, o chefe da ONU propôs cinco ações para impulsionar a transição energética, que ele chamou de “projeto de paz do século 21".

1. Tratar as tecnologias de energia renovável como bens públicos globais essenciais

Isso significa remover os obstáculos do compartilhamento de conhecimento e transferência de tecnologia, incluindo as restrições de propriedade intelectual.

Guterres pediu uma nova coalizão global sobre armazenamento de baterias liderada por governos e reunindo empresas de tecnologia, fabricantes e financiadores para acelerar a inovação e a distribuição.

2. Garantir, ampliar e diversificar os componentes de fornecimento e matérias-primas para tecnologias de energia renovável

As cadeias de fornecimento de tecnologia de energia renovável e matérias-primas estão concentradas em alguns países, e é necessária mais coordenação internacional para superar esse obstáculo.

3. Construir estruturas e reformar as burocracias dos combustíveis fósseis

O chefe da ONU está pedindo aos governos que agilizem e otimizem as aprovações de projetos solares e eólicos, modernizem as redes e estabeleçam metas ambiciosas de energia renovável que forneçam segurança a investidores, desenvolvedores, consumidores e produtores.

4. Alterar os subsídios dos combustíveis fósseis

A cada ano, governos de todo o mundo gastam cerca de meio trilhão de dólares para reduzir artificialmente o preço dos combustíveis fósseis – mais do que o triplo dos subsídios concedidos às energias renováveis.

“Enquanto as pessoas sofrem com os altos preços na bomba, a indústria de petróleo e gás está faturando bilhões em um mercado distorcido. Esse escândalo tem que parar”, destacou Guterres.

5. Investimentos privados e públicos em energia renovável devem triplicar

O chefe da ONU está pedindo um ajuste nas estruturas de risco e mais flexibilidade para aumentar o financiamento renovável. “É hora de impulsionar a transição para as energias renováveis ​​antes que seja tarde demais”, pediu o secretário-geral.

Emergência climática 

O plano do chefe da ONU está muito atrasado, uma vez que o clima extremo continua a impactar milhões de vidas nas últimas semanas, como visto na emergência da seca no Chifre da África, as inundações fatais na África do Sul e o calor extremo na Índia e Paquistão.

O relatório Situação do Clima Global da OMM complementa a última avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que incluiu apenas dados até 2019, e será usado como documento de negociação durante a próxima Conferência do Clima da ONU no Egito (COP 27) ainda este ano.

Aqui estão algumas de suas principais descobertas:

- Concentrações de gases de efeito estufa: Os níveis atingiram uma nova alta global em 2020 e continuaram a aumentar em 2021, com a concentração de dióxido de carbono atingindo 413,2 partes por milhão globalmente, um aumento de 149% em relação aos níveis pré-industriais.

- Aquecimento do oceano: Mais um recorde de alta. A profundidade superior de 2.000m da água do oceano continuou a aquecer em 2021 e espera-se que continue a aquecer no futuro – uma mudança que é irreversível e afeta profundamente os ecossistemas marinhos, assim como os recifes de coral.

- Acidificação do oceano: Em função do excesso de dióxido de carbono (CO2) que o oceano está absorvendo (cerca de 23% das emissões anuais), suas águas estão cada vez mais acidificadas. Isso tem consequências para os organismos e ecossistemas, e também ameaça a segurança alimentar e o turismo. A diminuição do nível de PH também significa que a capacidade do oceano de absorver CO2 da atmosfera também diminui.

- Elevação do nível do mar: O nível do mar aumentou um recorde de 4,5 mm por ano no período 2013-2021, principalmente devido à perda acelerada de massa de gelo das placas de gelo. Isso tem grandes implicações para as centenas de milhares de pessoas que vivem nos litorais, além de aumentar a vulnerabilidade aos ciclones tropicais.

- Criosfera: As geleiras do mundo que os cientistas usam como referência diminuíram 33,5 metros desde 1950, com 76% acontecendo desde 1980. Em 2021, as geleiras do Canadá e do noroeste dos EUA tiveram uma perda recorde de massa de gelo devido às ondas de calor e incêndios em junho e julho. A Groenlândia também experimentou um excepcional degelo em meados de agosto e a primeira chuva registrada em seu ponto mais alto.

- Ondas de calor: O calor quebrou recordes no oeste da América do Norte e no Mediterrâneo em 2021. Death Valley, Califórnia, atingiu 54,4 °C em 9 de julho, igualando um valor semelhante em 2020 como o mais alto registrado no mundo desde pelo menos a década de 1930, e Syracuse, na Sicília, atingiu 48,8 °C. Uma onda de calor na Colúmbia Britânica, no Canadá, causou mais de 500 mortes e provocou incêndios florestais devastadores.

- Inundações e Secas: As inundações causaram perdas econômicas de US$ 17,7 bilhões na província de Henan, na China, e 20 bilhões na Alemanha. Foi também um fator que levou a perda de vidas. As secas afetaram muitas partes do mundo, incluindo o Chifre da África, América do Sul, Canadá, oeste dos Estados Unidos, Irã, Afeganistão, Paquistão e Turquia. A seca no Chifre da África se intensificou até 2022.

A África Oriental lida com a perspectiva muito real de que as chuvas vão falhar pela quarta temporada consecutiva, colocando a Etiópia, o Quênia e a Somália em uma seca de duração não experimentada nos últimos 40 anos .

- Segurança alimentar: Os efeitos combinados de conflitos, eventos climáticos extremos e choques econômicos, ainda mais exacerbados pela pandemia de COVID-19, minaram décadas de progresso para melhorar a segurança alimentar globalmente.

O agravamento das crises humanitárias em 2021 também levou a um número crescente de países em risco de fome. Do número total de pessoas desnutridas em 2020, mais da metade vive na Ásia (418 milhões) e um terço na África (282 milhões).

- Deslocamento: Desastres naturais relacionados à água continuaram a contribuir para o deslocamento interno. Os países com os maiores números de deslocamentos registrados em outubro de 2021 foram China (mais de 1,4 milhão), Filipinas (mais de 386.000) e Vietnã (mais de 664.000).

terça-feira, 17 de maio de 2022

MEIO AMBIENTE E CULTURA


 

MEIO AMBIENTE E CULTURA : AS LÍNGUAS INDÍGENAS E O PORTUGUÊS BRASILEIRO


 

BARCO QUE LIMPA OS OCEANOS


 

PROJETO AMAZÕNIA DE GESTÃO SUSTENTÁVEL (PAGES)

Fonte: ONU - BRASIL 

Agricultores familiares, povos indígenas e outras comunidades tradicionais da Floresta Amazônica do Maranhão serão beneficiados pelo Projeto Amazônia de Gestão Sustentável (PAGES), iniciativa que abordará a degradação ambiental da floresta no estado com as maiores taxas de extrema pobreza do Brasil.

O Governo do Estado do Maranhão e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) das Nações Unidas, por meio de uma doação do Governo da Alemanha, investirão juntos  US $37 milhões no projeto.

Cerca de 80 mil habitantes da área rural do Maranhão serão beneficiados, sendo que metade deles serão mulheres.

 

Projeto beneficiará cerca de 80 mil habitantes. Deste total, 50% serão mulheres e 15% integrantes de comunidades indígenas e ou tradicionais, como quilombolas e quebradeiras de coco babaçu.
Legenda: Projeto beneficiará cerca de 80 mil habitantes. Deste total, 50% serão mulheres e 15% integrantes de comunidades indígenas e ou tradicionais, como quilombolas e quebradeiras de coco babaçu.
Foto: © FIDA

O Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) das Nações Unidas e o Governo do Estado do Maranhão assinaram hoje (12) um acordo de financiamento para a implementação do Projeto Amazônia de Gestão Sustentável (PAGES). Implementado no estado brasileiro com os maiores índices de pobreza e insegurança alimentar, o projeto abordará a preocupante degradação ambiental da Floresta Amazônica.

O custo total do PAGES é de US $37 milhões. O FIDA contribuirá com uma doação de US $17 milhões do Governo da Alemanha por meio do Programa de Adaptação Aprimorada para Agricultura de Pequenos Produtores (ASAP+), e o Governo do Maranhão com US $16 milhões. Além disso, as contribuições não monetárias dos beneficiários serão de US $4 milhões.

O PAGES alcançará as populações mais pobres e vulneráveis da Amazônia brasileira, beneficiando cerca de 80 mil habitantes da área rural do Maranhão. Deste total, 50% serão mulheres e 25% jovens, e 15% serão de integrantes de comunidades indígenas e ou tradicionais, como quilombolas e quebradeiras de coco babaçu.

“No Maranhão e em outras partes do Brasil, a pobreza, a insegurança alimentar e a degradação ambiental estão profundamente relacionadas. O PAGES busca fornecer aos pequenos agricultores e comunidades tradicionais ferramentas que lhes permitam melhorar sua situação socioeconômica sem ter de recorrer ao esgotamento dos recursos naturais. O desenvolvimento e o bem-estar a longo prazo só são possíveis através do uso sustentável da natureza”, disse o diretor do FIDA para o Brasil, Claus Reiner.

Mais pobres - Agricultores familiares, povos indígenas e outras comunidades tradicionais da Floresta Amazônica do Maranhão estão entre as populações mais pobres do país. O estado tem as maiores taxas de pobreza e extrema pobreza do Brasil (53% e 20% da população, respectivamente), além do maior índice de insegurança alimentar (aproximadamente 60% dos domicílios).

O PAGES será a primeira intervenção de desenvolvimento rural financiada pelo FIDA no Brasil para além do semiárido nordestino, mas se beneficiará da ampla experiência do Fundo nessa região, onde promove investimentos em infraestrutura de pequena escala para facilitar o acesso das populações rurais à água e em desenvolvimento de empreendimentos agroflorestais.

A área de atuação do projeto inclui três regiões do Maranhão: Amazonas, Gurupí e Pindaré, além das terras indígenas de Arariboia. No total, ele abrange uma área de 58.755 km², que se estende por 37 municípios e aproximadamente 72% da Floresta Amazônica do estado, uma região sob constante ameaça de desmatamento e degradação por extração ilegal de madeira e desmatamento para agricultura de larga escala. Por meio da intervenção, o projeto reduzirá as emissões de gases de efeito estufa em aproximadamente 6 milhões de toneladas de CO2 equivalente.

Assinatura do projeto PAGES para preservação da Floresta Amazônica no Maranhão
Legenda: Assinatura da cooperação entre FIDA e o Governo do Maranhão aconteceu nesta quinta (12).
Foto: © FIDA.

Atuação - O projeto aplicará uma estratégia integral que engloba quatro elementos. Primeiro, promoverá o manejo florestal sustentável. Este elemento inclui o uso de boas práticas agroflorestais —como o cultivo intercalado de árvores nativas com mandioca, milho, feijão e café—, e a melhoria das capacidades das comunidades indígenas para proteger seus territórios contra invasões, desmatamento e incêndios.

Em segundo lugar, o PAGES promoverá a produção e comercialização de produtos florestais não-madeireiros, como açaí, babaçu e mel, por meio de investimentos e assistência técnica às organizações de produtores. Como terceiro elemento, o projeto investirá em infraestrutura básica de abastecimento de água, como cisternas, sistemas de reuso e fossas sépticas ecológicas. Isso atenderá à necessidade de água das famílias para consumo próprio e animal, produção agrícola e energia. Por fim, o PAGES contribuirá para o aprimoramento das capacidades das famílias e das autoridades estaduais em garantir o acesso das populações rurais a programas públicos de proteção social e de melhoria produtiva, bem como a governança socioeconômica e ambiental da Floresta Amazônica maranhense.

A Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF) será a entidade executora do projeto, em parceria estratégica com o Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (ITERMA) e a Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (AGERP).

FIDA - Desde a década de 1980, os investimentos do FIDA no Brasil têm se concentrado em atividades de desenvolvimento rural no semiárido nordestino. Todos os projetos apoiados pelo Fundo no país se concentram no apoio e na promoção da agricultura familiar, especialmente entre grupos vulneráveis, como comunidades indígenas, quilombolas, assentados da reforma agrária, mulheres e jovens.

Os 13 projetos apoiados pelo FIDA no país investiram um total de US $1,18 bilhão (com mais de US $297 milhões do Fundo) e beneficiaram cerca de 615 mil famílias.  

ASAP+ - O Programa de Adaptação Aprimorada para Agricultura de Pequenos Produtores (ASAP+) visa mobilizar US $500 milhões do FIDA e de outros doadores internacionais para ajudar mais de 10 milhões de agricultores em todo o mundo a se adaptarem às mudanças climáticas. É o maior fundo global dedicado a esse objetivo