quarta-feira, 27 de julho de 2022

ONU LANÇA DIRETRIZES PARA PROTEÇÃO ÀS CRIANÇAS

FONTE:ONU-BRASIL

UNICEF, OIM, Universidade de Georgetown e Universidade das Nações Unidas lançaram novas diretrizes para fornecer o primeiro marco de política global que ajudará a proteger crianças e adolescentes em movimento no contexto das mudanças climáticas.

Atualmente, a maioria das políticas de migração relacionadas a este público não considera fatores climáticos e ambientais.

Em 2020, quase 10 milhões de crianças e jovens se deslocaram após choques climáticos.

Cerca de um bilhão de meninas e meninos vivem em 33 países sob alto risco dos impactos das mudanças climáticas.

Garota se protege da chuva na Nicarágua
Legenda: Garota se protege da chuva na Nicarágua, em 2020
Foto: © UNICEF

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Agência da ONU para as Migrações (OIM), a Universidade de Georgetown e a Universidade das Nações Unidas (UNU) lançaram nesta segunda-feira (25) novas diretrizes para fornecer o primeiro marco de política global que ajudará a proteger, incluir e capacitar crianças e adolescentes em movimento no contexto das mudanças climáticas.

Os Princípios Orientadores para Crianças e Adolescentes em Movimento no Contexto das Mudanças Climáticas (Guiding Principles for Children on the Move in the Context of Climate Change – disponível somente em inglês) fornecem um conjunto de nove princípios que abordam as vulnerabilidades particulares e em diversas camadas de crianças e adolescentes em movimento, tanto internamente quanto além-fronteiras, como resultado dos impactos adversos das mudanças climáticas. Atualmente, a maioria das políticas de migração relacionadas a crianças e adolescentes não considera fatores climáticos e ambientais, enquanto a maioria das políticas de mudança climática ignora as necessidades específicas de meninas e meninos.

As diretrizes observam que as mudanças climáticas estão se cruzando com as condições ambientais, sociais, políticas, econômicas e demográficas existentes, contribuindo para as decisões das pessoas de se mudar. Somente em 2020, quase 10 milhões de crianças e adolescentes se deslocaram após choques climáticos. Com cerca de um bilhão de meninas e meninos – quase metade dos 2,2 bilhões de crianças e adolescentes do mundo – vivendo em 33 países sob alto risco dos impactos das mudanças climáticas, milhões a mais de crianças e adolescentes poderão estar em movimento nos próximos anos.

Desenvolvidos em colaboração com jovens ativistas climáticos e de migração, acadêmicos, especialistas, formuladores de políticas, profissionais e agências da ONU, os princípios orientadores são baseados na Convenção sobre os Direitos da Criança, ratificada globalmente, e informam também diretrizes e marcos operacionais existentes.

Os princípios orientadores fornecem aos governos nacionais e locais, organizações internacionais e grupos da sociedade civil uma base para construir políticas que protejam os direitos de crianças e adolescentes.

As organizações e instituições estão pedindo aos governos, atores locais e regionais, organizações internacionais e grupos da sociedade civil que adotem os princípios orientadores para ajudar a proteger, incluir e capacitar crianças e adolescentes em movimento no contexto das mudanças climáticas.

"Todos os dias, o aumento do nível do mar, furacões, incêndios florestais e colheitas fracas estão expulsando mais e mais crianças, adolescentes e famílias de suas casas”, disse a diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell. “Meninas e meninos deslocados correm maior risco de abuso, tráfico e exploração. Eles são mais propensos a perder o acesso à educação e à saúde. E são frequentemente forçados ao casamento precoce e ao trabalho infantil. Trabalhando juntos, por meio de ações coordenadas informadas por esses princípios, governos, sociedade civil e organizações internacionais podem proteger melhor os direitos e o bem-estar das crianças e dos adolescentes em movimento”.

“A emergência climática tem e continuará a ter profundas implicações para a mobilidade humana. Os seus impactos serão mais graves em segmentos específicos das nossas comunidades, como as crianças e os adolescentes; não podemos pôr em perigo as gerações futuras”, disse o diretor-geral da OIM, António Vitorino. “Meninas e meninos migrantes são particularmente vulneráveis quando se deslocam no contexto das mudanças climáticas, mas suas necessidades e aspirações ainda são negligenciadas nos debates políticos. Com estes princípios orientadores, pretendemos dar visibilidade às suas necessidades e aos seus direitos, tanto nos debates políticos como na programação. Gerenciar a migração e lidar com o deslocamento de crianças e adolescentes no contexto das mudanças climáticas, degradação ambiental e desastres é um imenso desafio que devemos enfrentar agora”.

“Embora as novas diretrizes não ofereçam novas obrigações legais, elas destilam e alavancam princípios-chave que já foram afirmados no direito internacional e adotados por governos de todo o mundo”, acrescentou a diretora do Instituto para o Estudo da Migração Internacional da Universidade de Georgetown Elizabeth Ferris..“Pedimos a todos os governos que revisem suas políticas à luz dos princípios orientadores e tomem medidas agora que garantam que as crianças e os adolescentes em movimento em face das mudanças climáticas estejam protegidos hoje e no futuro”.

“A comunidade internacional vem soando o alarme sobre as mudanças climáticas e a degradação ambiental há anos, bem como a probabilidade de deslocamento humano em massa. Essas previsões se tornaram realidade com a migração relacionada ao clima observada em todas as partes do mundo. Entre aqueles que se deslocam por causa do clima em rápida mudança, está um número crescente de crianças e adolescentes. Embora esses meninos e meninas se beneficiem de uma série de proteções internacionais e nacionais, o assunto é altamente técnico e de difícil acesso, criando um déficit de proteção para crianças e adolescentes migrantes”, acrescentou o diretor executivo do Centro para Pesquisa Política da Universidade das Nações Unidas David Passarelli.

“A UNU, o UNICEF e nossos parceiros enfatizaram a necessidade de diretrizes concisas que comuniquem riscos, proteções e direitos em linguagem clara e acessível. Os Princípios Orientadores para Crianças e Adolescentes em Movimento no Contexto das Mudanças Climáticas foram desenvolvidos com esse objetivo específico em mente. Essa ferramenta ajuda a navegar no complexo nexo de direitos dos migrantes, direitos das crianças e dos adolescentes e mudanças climáticas, a fim de responder de forma mais rápida e eficaz às necessidades dos meninos e meninas em movimento no contexto das mudanças climáticas”.

Criança na vila de Naaba Guegma, em Burkina Faso
Legenda: Criança na vila de Naaba Guegma, em Burkina Faso
Foto: © UNICEF

Princípios orientadores

Princípio 1: Abordagem baseada em direitos – Crianças e adolescentes que se deslocam no contexto das mudanças climáticas mantêm todos os direitos consagrados na Convenção sobre os Direitos da Criança.

Princípio 2: Melhor interesse da criança – Em todas as decisões e ações que afetem meninas e meninos em movimento no contexto das mudanças climáticas, o melhor interesse da criança ou do(a) adolescente deve ser uma consideração primordial.

Princípio 3: Responsabilidade – Os governos e outros atores são responsáveis por suas decisões e ações que contribuam para a mobilidade de crianças e adolescentes no contexto das mudanças climáticas.

Princípio 4: Conscientização e participação na tomada de decisões – Crianças e adolescentes têm o direito de ser informados e consultados e de participar nas decisões de mudança ou permanência no contexto das mudanças climáticas, de acordo com a sua 'idade e maturidade', reconhecendo os direitos dos pais (ou dos cuidadores no caso de meninas e meninos desacompanhados ou separados) para fornecer orientação adequada a crianças e adolescentes no exercício desses direitos.

Princípio 5: Unidade familiar – Crianças e adolescentes que se deslocam no contexto das mudanças climáticas têm o direito de ser cuidados por seus pais ou cuidadores e não ser separados deles. Se ocorrer a separação, meninas e meninos têm direito a uma proteção e assistência especiais por parte do Estado, que deve assegurar-lhes os cuidados alternativos temporários e tomar todas as medidas necessárias para reagrupá-los com os pais ou outros familiares.

Princípio 6: Proteção, segurança e proteção – Crianças e adolescentes em movimento no contexto das mudanças climáticas têm o direito de estar seguros durante todas as etapas do movimento. Isso inclui proteção contra danos físicos e emocionais, violência baseada em gênero, exploração, contrabando, tráfico e extorsão, além de facilitar o acesso ao asilo e/ou status de refugiado.

Princípio 7: Acesso contínuo aos serviços (educação, saúde, serviços sociais) – Crianças e adolescentes que se deslocam no contexto das mudanças climáticas têm direito ao acesso à educação, aos cuidados de saúde e a outros serviços sociais, em todas as etapas do seu percurso.

Princípio 8: Não discriminação – Crianças e adolescentes que se deslocam no contexto das mudanças climáticas têm direito a um tratamento não discriminatório e às disposições necessárias para que possam exercer os seus direitos, independentemente do status migratório de seus pais.

Princípio 9: Nacionalidade – Quando crianças e adolescentes apátridas se mudam no contexto das mudanças climáticas, ou quando crianças e adolescentes se tornam apátridas como resultado de se mudarem de seu país de nacionalidade, os Estados têm a obrigação de garantir que eles tenham uma nacionalidade, incluindo, quando necessário, conceder-lhes a nacionalidade do estado de recebimento.

OIM - A Agência da ONU para as Migrações (OIM) é uma organização intergovernamental internacional líder no campo da migração, comprometida com o princípio de que a migração humana e ordenada beneficia os migrantes e a sociedade. Com parceiros na comunidade internacional, ajuda a enfrentar os crescentes desafios operacionais da gestão da migração, melhora a compreensão das questões migratórias, incentiva o desenvolvimento social e econômico por meio da migração e defende a dignidade humana e o bem-estar de todos os migrantes.

 Universidade de Georgetown, Instituto para o Estudo da Migração Internacional - O Instituto para o Estudo da Migração Internacional (ISIM, na sigla em inglês) é um centro multidisciplinar inovador que estuda as dimensões social, econômica, ambiental e política da migração internacional.

Centro para Pesquisa Política da UNU - Nas últimas quatro décadas, a Universidade das Nações Unidas (UNU) tem sido um centro de reflexão para pesquisas imparciais sobre sobrevivência humana, prevenção de conflitos, desenvolvimento sustentável e bem-estar. Com mais de 400 pesquisadores em 13 países, o Centro para Pesquisa Política da Universidade das Nações Unidas (UNU-CPR, em inglês) é um dos 13 institutos de pesquisa e treinamento que compõem os think tanks do sistema da UNU. O UNU-CPR, operando em Nova York e Genebra, combina excelência em pesquisa com profundo conhecimento do sistema multilateral para avançar em soluções inovadoras para os atuais e futuros desafios de políticas públicas globais.

sexta-feira, 22 de julho de 2022

UNICEF REALIZA MOBILIZAÇÃO PARA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS

 FONTE: ONU - BRASIL

Entre 21 de julho e 30 de agosto, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) vai promover 29 Encontros pela Educação em 18 estados, com a participação de representantes de mais de dois mil municípios brasileiros.

As atividades fazem parte do Selo UNICEF, iniciativa que busca apoiar prefeituras no fortalecimento de estratégias municipais de enfrentamento ao abandono escolar e à exclusão escolar. 

Os encontros presenciais fazem parte da metodologia do Selo UNICEF que também inclui capacitações remotas e compartilhamento de conteúdo e instrumentos de forma contínua ao longo da edição.

 

Confira a agenda completa dos “Encontros pela Educação no Selo UNICEF” em selounicef.org.br.
Legenda: Confira a agenda completa dos “Encontros pela Educação no Selo UNICEF” em selounicef.org.br.
Foto: © Reprodução/UNICEF

Mais de cinco mil técnicos e secretários de dois mil municípios participarão de capacitações com especialistas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e parceiros para levar crianças e adolescentes de volta à escola. 

Os “Encontros pela Educação no Selo UNICEF – Fortalecendo políticas públicas para crianças” fazem parte do Selo UNICEF, iniciativa que busca apoiar as prefeituras a assegurar os direitos de cada menina e de cada menino.

Entre 21 de julho e 30 de agosto, serão realizados 29 Encontros pela Educação em 18 estados para fortalecer as estratégias municipais de enfrentamento do abandono escolar e da exclusão escolar, assim como garantir a aprendizagem. As oficinas vão ser realizadas em polos por estado, reunindo os municípios que participam do Selo UNICEF.

Nos encontros, as equipes municipais poderão se aprofundar em estudos de caso e tirar dúvidas sobre estratégias compartilhadas pelo UNICEF para identificar e levar de volta à escola estudantes que estejam fora ou em risco de evadir, como Busca Ativa Escolar e Trajetórias de Sucesso Escolar

“Em momentos como esses, fortalecemos nosso pacto com cada município, para buscar coletivamente cada menina e cada menino, garantindo seu direito de estar na escola protegido, convivendo e aprendendo”, destaca a especialista em educação do UNICEF, Verônica Bezerra.

Os encontros presenciais fazem parte da metodologia do Selo UNICEF que também inclui capacitações remotas e compartilhamento de conteúdo e instrumentos de forma contínua ao longo da edição. Além de temáticas vinculadas à educação, será abordada a importância da busca ativa vacinal, do desenvolvimento da primeira infância e da proteção contra violências, entre outros.

Exclusão – O Brasil vinha avançando, lentamente, no acesso de crianças e adolescentes à escola nos últimos anos. Mas a pandemia de COVID-19 trouxe uma regressão de duas décadas. Em novembro de 2020, mais de cinco milhões de meninas e meninos não tiveram acesso à educação no Brasil, de acordo com estudos lançados pelo UNICEF. 

A pesquisa indicou que quase 1,5 milhão de estudantes não frequentavam a escola (remota ou presencialmente) e outros 3,7 milhões que estavam matriculados não tiveram acesso a atividades escolares e não conseguiram se manter aprendendo em casa.

Selo UNICEF - O Selo UNICEF é uma iniciativa do UNICEF para fortalecer as políticas públicas municipais voltadas para crianças e adolescentes. Ao aderir ao Selo UNICEF, os municípios assumem o compromisso de manter a agenda de suas políticas públicas pela infância e adolescência como prioridade. 

A metodologia inclui o monitoramento de indicadores sociais e a implementação de ações que ajudem o município a cumprir a Convenção sobre os Direitos da Criança, que no Brasil é refletida no Estatuto da Criança e do Adolescente. A adesão ao Selo UNICEF é espontânea.

A atual edição (2021-2024) da iniciativa conta com a participação de 2.023 municípios de 18 estados, onde vivem mais de 17 milhões de crianças e adolescentes.

PUBLICADO RELATÓRIO SOBRE AVANÇO DA CRISE CLIMÁTICA NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

 FONTE: ONU - BRASIL

  Foi publicado nesta sexta-feira (22) o relatório “Situação do Clima na América Latina e no Caribe 2021”, da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O documento foi divulgado durante conferência técnica regional da OMM para países da América do Sul, promovida pela organização em Cartagena, na Colômbia.

O relatório mostra que a mega seca, derretimento de geleiras, chuvas extremas e desmatamento estão impactando fortemente a região. Em 2021, as geleiras andinas chegaram à marca de 30% de redução em comparação com a sua área em 1980. A mega seca na região central do Chile também foi considerada a mais longa em pelo menos mil anos.

No Brasil, o relatório mostra que as chuvas extremas na Bahia e Minas Gerais-- além de causarem centenas de mortes e o deslocamento de centenas de milhares de pessoas-- provocaram inundações e deslizamentos que levaram a uma perda estimada de US$ 3,1 bilhões. O desmatamento na floresta amazônica brasileira também dobrou em relação à média de 2009-2018, atingindo seu nível mais alto desde 2009. A floresta perdeu no ano passado 22% a mais de área florestal do que em 2020.

O brasileiro Dr. José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta Precoce de Desastres Naturais do Brasil, atuou como principal autor da publicação.
Legenda: O brasileiro Dr. José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta Precoce de Desastres Naturais do Brasil, atuou como principal autor da publicação.
Foto: © Max Valencia/FAO

Clima extremo e impactos das mudanças climáticas como mega secas, chuvas extremas, ondas de calor terrestres, ondas de calor marinhas e o derretimento de geleiras estão afetando a região da América Latina e do Caribe, da Amazônia aos Andes e das águas do Pacífico e Atlântico às profundezas nevadas da Patagônia.

A informação é do relatório “Situação do Clima na América Latina e no Caribe 2021”, da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que destaca as repercussões de longo alcance das mudanças do clima para os ecossistemas, para a segurança alimentar e hídrica, para a saúde humana e para a pobreza.

Publicado nesta sexta-feira (22), o relatório aponta que as taxas de desmatamento na região foram as mais altas desde 2009, em um golpe tanto para o meio ambiente quanto para a mitigação das mudanças climáticas. As geleiras andinas perderam mais de 30% de sua área em menos de 50 anos e a mega seca na região central do Chile é a mais longa em pelo menos mil anos.

“O relatório mostra que os riscos hidrometeorológicos, incluindo secas, ondas de calor, ondas de frio, ciclones tropicais e inundações, infelizmente levaram à perda de centenas de vidas, danos graves à produção agrícola, à infraestrutura local e ao deslocamento humano”, afirmou o secretário-geral da OMM, professor Petteri Taalas.

“Espera-se que o aumento do nível do mar e o aquecimento dos oceanos continuem a afetar os meios de subsistência costeiros, turismo, saúde, alimentação, energia e segurança hídrica, particularmente em pequenas ilhas e países da América Central. Para muitas cidades andinas, o derretimento das geleiras representa a perda de uma fonte significativa de água doce, atualmente usada para uso doméstico, irrigação e energia hidrelétrica. Na América do Sul, a contínua degradação da floresta amazônica ainda está sendo destacada como uma grande preocupação para a região e também para o clima global, considerando o papel da floresta no ciclo do carbono”, completou Taalas.

Conferência - O relatório foi divulgado durante conferência técnica regional da OMM para países da América do Sul, promovida pela organização em Cartagena, na Colômbia. Este é o segundo ano em que a OMM produz este tipo de relatório regional, que fornece aos tomadores de decisão informações focadas em suas regiões, para fundamentar seus planos de ação. A publicação é acompanhada por um mapa interativo.

“O agravamento das mudanças climáticas e os efeitos agravantes da pandemia de COVID-19 não apenas impactaram a biodiversidade da região, mas também paralisaram décadas de progresso contra a pobreza, a insegurança alimentar e a redução da desigualdade na região”, ressaltou o representante da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Mario Cimoli.

“Enfrentar esses desafios interconectados e seus impactos associados exigirá um esforço interconectado. Não importa como seja tomada, a ação deve ser baseada na ciência. O relatório ‘Situação do Clima na América Latina e no Caribe’, o segundo desse tipo, é uma fonte importante de informações científicas para a política climática e a tomada de decisões. A CEPAL continuará desempenhando um papel ativo na disseminação de informações meteorológicas e climáticas para promover mais parcerias, melhores serviços climáticos e políticas climáticas mais fortes na América Latina e no Caribe”, acrescentou.   

Principais conclusões:

  • Temperatura: A tendência de aquecimento seguiu a mesma na América Latina e no Caribe em 2021. A taxa média de aumento da temperatura foi em torno de 0,2°C/década entre 1991 e 2021, comparado a 0,1°C/década entre 1961 e 1990.
  • As geleiras nos Andes tropicais perderam 30% ou mais de sua área desde a década de 1980, com uma tendência de balanço de massa negativo de -0,97m equivalente de água por ano, durante o período de monitoramento, entre 1990-2020. Algumas geleiras no Peru perderam mais de 50% de sua área. O recuo das geleiras e a correspondente perda de massa de gelo aumentaram o risco de escassez de água para a população e os ecossistemas andinos.
  • O nível do mar na região continuou a subir em um ritmo mais rápido do que a média global, principalmente ao longo da costa atlântica da América do Sul, ao sul do equador (3,52 ± 0,0 mm por ano, de 1993 a 2021), e no Atlântico Norte subtropical e no Golfo do México (3,48 ± 0,1 mm por ano, de 1993 a 1991). O aumento do nível do mar ameaça uma grande proporção da população, que está concentrada nas áreas costeiras – contaminando aquíferos de água doce, erodindo as linhas costeiras, inundando áreas baixas e aumentando os riscos de tempestades.
  • A “mega seca na região central do Chile” continuou em 2021. Com 13 anos até o momento, esta constitui a seca mais longa nesta região em pelo menos mil anos, exacerbando uma tendência de seca e colocando o Chile na linha de frente da crise hídrica da região. Além disso, uma seca de vários anos na Bacia Paraná-La Plata, a pior desde 1944, afetou o centro-sul do Brasil e partes do Paraguai e Bolívia.
  • Os danos à agricultura causados pela seca da bacia Paraná-La Plata levaram à redução na produção de culturas, incluindo soja e milho, afetando os mercados globais desses produtos. Na América do Sul em geral, as condições de seca levaram a um declínio de -2,6% na safra de cereais 2020-2021 em comparação com a temporada anterior.
  • A temporada de furacões no Atlântico em 2021 teve o terceiro maior número de tempestades nomeadas já registrado, 21, incluindo sete furacões, e foi a sexta temporada consecutiva de furacões no Atlântico acima do normal. Algumas dessas tempestades impactaram diretamente a região.
  • Chuvas extremas em 2021, com volumes recordes em muitos lugares, levaram a enchentes e deslizamentos de terra. Houve perdas substanciais, incluindo centenas de mortes, dezenas de milhares de casas destruídas ou danificadas e centenas de milhares de pessoas deslocadas. Inundações e deslizamentos de terra nos estados brasileiros da Bahia e Minas Gerais levaram a uma perda estimada de US$ 3,1 bilhões.
  • O desmatamento na floresta amazônica brasileira dobrou em relação à média de 2009-2018, atingindo seu nível mais alto desde 2009. 22% a mais de área florestal foi perdida em 2021 em relação a 2020.
  • Um total de 7,7 milhões de pessoas, na Guatemala, El Salvador e Nicarágua, experimentaram altos níveis de insegurança alimentar em 2021, com fatores contribuintes incluindo impactos contínuos dos furacões Eta e Iota no final de 2020 e impactos econômicos da pandemia de COVID-19.
  • Os Andes, o nordeste do Brasil e os países do norte da América Central estão entre as regiões mais sensíveis às migrações e deslocamentos relacionados ao clima, fenômeno que aumentou nos últimos oito anos. A migração e o deslocamento populacional têm múltiplas causas. As mudanças climáticas e os eventos extremos associados são fatores amplificadores, que exacerbam os fatores sociais, econômicos e ambientais.
  • A América do Sul está entre as regiões com maior necessidade documentada de fortalecimento dos sistemas de alerta precoce. Tais sistemas são ferramentas essenciais para uma adaptação eficaz em áreas em risco de eventos climáticos extremos.

Motivos de preocupação e lacunas de conhecimento - O Sexto Relatório de Avaliação do IPCC mostra como os padrões de precipitação estão mudando, as temperaturas estão subindo e algumas áreas estão passando por mudanças na frequência e gravidade de extremos climáticos, como chuvas fortes.

Os dois grandes oceanos que ladeiam o continente americano – o Pacífico e o Atlântico – estão aquecendo e se tornando mais ácidos como resultado do aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, enquanto o nível do mar também aumenta.

Infelizmente, impactos ainda maiores estão reservados para a região, pois tanto a atmosfera quanto os oceanos continuam a mudar rapidamente. O abastecimento de alimentos e água serão afetados. Cidades grandes e pequenas, assim como a infraestrutura necessária para sustentá-las, estarão cada vez mais em risco.

A saúde e o bem-estar humanos também serão afetados negativamente, junto aos ecossistemas naturais. A Amazônia, o nordeste do Brasil, a América Central, o Caribe e algumas partes do México provavelmente vão ver maiores condições de seca, enquanto os impactos dos furacões podem aumentar na América Central e no Caribe. As mudanças climáticas ameaçam sistemas vitais da região, como as geleiras dos Andes, os recifes de corais da América Central e a floresta amazônica, que já se aproximam de condições críticas sob risco de danos irreversíveis.

Além dos impactos da pandemia de COVID-19, o Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres registrou na região da América Latina e Caribe um total de 175 desastres durante o período 2020-2022. Destes, 88% são de origem meteorológica, climatológica e hidrológica. Esses perigos foram responsáveis por 40% das mortes registradas relacionadas a desastres e 71% das perdas econômicas.

Para reduzir os impactos adversos dos desastres relacionados ao clima e apoiar as decisões de gestão de recursos, são necessários serviços climáticos, sistemas de alerta precoce de ponta a ponta e investimentos sustentáveis, mas tais serviços ainda não estão adequadamente implantados na região da América Latina e do Caribe.

É vital fortalecer a cadeia de valor dos serviços climáticos em seus diferentes componentes – incluindo sistemas de observação, dados e gerenciamento de dados, melhor previsão, fortalecimento dos serviços climáticos, cenários climáticos, projeções e sistemas de informações climáticas.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

ONU - DIREITOS HUMANOS - LANÇA CAMPANHA ANTI-RACISMO

 FONTE: ONU - BRASIL

  Como forma de marcar o Dia Internacional Nelson Mandela, comemorado no último dia 18, a ONU Direitos Humanos lançou a campanha “Aprenda, Fale, Aja!”. 

A ação prevista para durar dois anos visa aumentar a conscientização global sobre igualdade, justiça racial e tolerância e inspirar as pessoas a tomarem ações concretas para combater racismo, discriminação, xenofobia e outras violências correlatas.

“A agenda antirracismo pertence a todos nós”, disse a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, no discurso de lançamento da campanha. “Alcançar a dignidade humana e a igualdade é nosso dever coletivo”, completou.

 

A campanha “Aprenda, fale, aja” enfatiza que todos também devem ser ensinados sobre ferramentas de direitos humanos que podem ser usadas para lutar contra a opressão, o racismo e a discriminação.
Legenda: A campanha “Aprenda, Fale, Aja!” enfatiza que todos também devem ser ensinados sobre ferramentas de direitos humanos que podem ser usadas para lutar contra a opressão, o racismo e a discriminação.
Foto: © Reprodução/Learn, Speak up, Act!/UN Human Rights

“Racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerâncias relacionadas de todas as formas e manifestações constituem um ataque brutal à dignidade humana”, disse a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet,  em um discurso para marcar o Dia Internacional Nelson Mandela. “Eles devem ser erradicados por meio de maior vontade política e mudanças sistêmicas.”

Comemorado no dia 18 de julho, o Dia Internacional Nelson Mandela celebra o trabalho do líder sul-africano em áreas como igualdade, justiça racial e tolerância.  Usando este trabalho como exemplo, a ONU Direitos Humanos também lançou uma campanha de duração de dois anos chamada “Aprenda, Fale, Aja!”, para aumentar a conscientização global sobre essas questões e inspirar as pessoas a tomarem ações concretas para combater racismo, discriminação, xenofobia e intolerância correlata. 

O Conselho de Direitos Humanos solicitou o desenvolvimento de uma campanha que mobilizasse o apoio público global para a igualdade racial, inclusive na Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (ICERD) e na Declaração e Programa de Ação de Durban (DDPA).

Embora os desafios impostos pelo racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância relacionada não sejam novos, Bachelet insta “os governos a agir com determinação para acabar com as profundas injustiças e a discriminação racial enfrentadas por muitos”.

Educação - Todos, especialmente os jovens, têm o direito de aprender sobre os direitos humanos, incluindo a história do racismo, escravidão, colonialismo e seus legados de desigualdades estruturais e discriminação que ainda afligem as sociedades atuais. A campanha “Aprenda, Fale, Aja!” enfatiza que todos também devem ser ensinados sobre ferramentas de direitos humanos que podem ser usadas para lutar contra a opressão, o racismo e a discriminação.

Agentes de mudança - O racismo sistêmico precisa de uma resposta sistêmica. A Declaração e Programa de Ação de Durban, adotado por consenso em Durban, África do Sul, em setembro de 2001, fornece uma estrutura abrangente para abordar e erradicar todas as formas e manifestações de racismo, especialmente as formas sistêmicas de racismo.

A “Agenda do Alto Comissariado para a Mudança Transformadora em Justiça Racial e Igualdade para Africanos e Afrodescendentes” também fornece um roteiro vital para ajudar a desmantelar a injustiça racial e alcançar a igualdade racial.

O racismo é uma preocupação global que se apresenta em muitas formas e manifestações e afeta a todos em todos os sentidos, incluindo a sociedade como um todo. Todos nós podemos ser agentes de mudança se agirmos juntos para alcançar a justiça e a igualdade racial, pedindo a ratificação e implementação do ICERD e a implementação dos compromissos estabelecidos no DDPA e no programa de atividades da Década Internacional dos Afrodescendentes .

Vozes - Todos devem ser capazes de se envolver de forma segura e significativa em discussões públicas e ter suas vozes ouvidas. Falar contra a discriminação e as intolerâncias pode levar a ações reais. Ambos são fundamentais na luta contra o racismo, a discriminação, a xenofobia e as intolerâncias relacionadas.

“A agenda antirracismo pertence a todos nós”, disse Bachelet. “Alcançar a dignidade humana e a igualdade é nosso dever coletivo.” 

segunda-feira, 18 de julho de 2022

AS ONDAS DE CALOR NA EUROPA E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Foto: Jornal Oecoambiental


   As ondas de calor que atingem a Europa, segundo cientistas, estão relacionadas às consequências das mudanças climáticas.

   A Europa sofre com eventos climáticos anormais, temperaturas acima de 40 graus Celsius, incêndios florestais em diversos países, como Espanha, Grécia, Portugal, França, que já registraram mais de mil mortos.

   A revista “Environmental Research Climate” publicou um estudo em junho que concluiu que é altamente provável que mudanças climáticas estejam tornando  às ondas de calor piores.

  A França emitiu alertas vermelhos, para áreas atingidas pelos incêndios, que se espalharam por mais de 11.000 hectares em Gironde, região no sudoeste, mais de 14.000 pessoas foram retiradas de várias regiões. Autoridades locais pediram aos moradores que ficassem “extremamente vigilantes." No departamento de Gironde, nos arredores de Bordeaux, foram proibidos eventos públicos, shows em locais fechados sem ar condicionado.

  Na Itália e Reino Unido, estão previstas temperaturas acima de 40 graus Celsius, para os próximos dias.

  Em Portugal, temperaturas passaram de 40 graus Celsius em várias regiões. Uma estação meteorológica no distrito de Vizeu, na região central do país, registrou 47 graus.

  As ondas de calor aumentam a pressão sobre os sistemas de energia, de ar condicionado, que correm o risco de elevação de preços. A saúde da população vem sendo cada vez mais afetada, com perdas de vidas.  Para as pessoas, a desidratação e insolação são os piores riscos,  principalmente para crianças e idosos.