terça-feira, 7 de fevereiro de 2023
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023
IN NATURA - ARTIGO - POEMA - RICARDO EVANGELISTA
Pampulha - foto divulgação |
IN – NATURA
Ricardo Evangelista
Fartas
fontes
de águas
límpidas.
Vastos
verdes
de vivas
folhagens.
Fortes
feras
de fetos
fecundos.
As fontes se
feriram:
máquinas,
machados,
fogos de
apetites infinitos.
Os verdes
são cinzas:
mercúrios,
minérios
usinas,
urânios
As feras se
extinguiram:
indústrias,
incúria
homens,
injúria.
CONTEXTO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL - ARTIGO - CAMILO COGIRO
Favelas - Contexto de Urbanização no Brasil -
- (Camilo Cogiro)
O histórico processo de urbanização no Brasil, refletindo altos índices de desigualdade social e concentração de renda, gerou o aparecimento de comunidades e blocos urbanísticos denominados - FAVELAS -. O termo “favela” remonta ao princípio do período republicano no Brasil, e hoje são: habitações, comunidades, culturas e meio social presentes em todas as grandes cidades brasileiras.
Algumas vezes, o termo “favelados” tem uma conotação negativa, se referindo a pessoas marginalizadas socialmente. As favelas estão presentes tanto em locais geográficos marginais como também nos centros das grandes cidades no Brasil.
As favelas, são vistas como locais com grande presença de criminalidade e problemas sociais. Algumas realmente apresentam indicadores que precisam de muito investimento público para superar problemas crônicos.
Favelas são berços culturais, de interação humana com altos graus de sofisticação e criação cultural de grande elaboração. Grandes artistas vieram das favelas ou dialogam com ideias que nasceram nas favelas e ganharam o mundo. O rap nacional, com temas e discos que marcaram a história da música brasileira, nasceu nas favelas por influência da cultura pop negra americana, grandes músicas e trabalhos que orbitam a temática rap no Brasil são de altíssima qualidade lírica, musical, fonográfica e também conceitual. Favelas apresentam grandes compositores não só do rap, mas do chorinho, samba, música percussiva brasileira, danças e projetos nobres que exportam a cultura a o talento brasileiro.
Em Belo Horizonte - MG, existem grandes lideranças de comunidades. Uma delas é Lindaura Rosa dos Santos, da comunidade do Morro das Pedras, profissional da Assistência Social e que faz a ponte entre comunidade e o ambiente acadêmico da maior universidade de Minas Gerais, UFMG. Lindaura Rosa é protagonista em diferentes ações de cunho social, participa de diretórios e militância política, ativista da defesa do meio-ambiente, circula junto aos principais intelectuais de BH desenvolvendo um trabalho que tem como finalidade melhorar a vida das pessoas. Trabalhou na FAFICH BH (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas) é um destaque em liderança comunitária e trabalho social, contribuindo com as principais ações sócio/político/culturais da cidade.
Lideranças comunitárias ajudam na articulação social dos espaços, criando mecanismos ideológicos para efetivar ações e projetos, ajudam a dinamizar o ambiente e são peças fundamentais no desenvolvimento das comunidades, fazer a ponto e as pressões necessárias para o investimento do poder público e privado.
Temos que pensar as favelas como cenários integrados na urbanização. Favelas como ingrediente urbano, com investimento em infraestrutura social: Saneamento, saúde, escolas, lazer, setor comercial, emprego, transporte… Favela é cultura, favela é arte, favela é criatividade e talento!
PROGRAMA DIGAÊ - PROJETOS EM COMUNIDADES PERIFÉRICAS DE MACEIÓ
FONTE: ONU - BRASIL
No Digaê, jovens contam com mentorias e recebem recurso para conceber e implementar projetos em comunidades periféricas de Maceió.
Programa também oferece uma capacitação de três meses em técnicas de comunicação e mobilização social a partir de temas como direito à cidade.
A iniciativa é realizada pelo ONU-Habitat em parceria com o governo de Alagoas e está com inscrições abertas para um novo ciclo de formações.
Estimular a criação de projetos voltados para a população que vive nas grotas de Maceió é um dos intuitos do Programa Digaê. É justamente por isso que uma das etapas da iniciativa consiste em capacitar a juventude periférica que participa do programa em todo o processo que envolve a elaboração de um projeto: desde a sua concepção até o momento em que as ideias saem do papel e se materializam no território.
Realizada pelo Programa das Nações Unidades para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) em parceria com o Governo de Alagoas, a iniciativa, que está com inscrições abertas para um novo ciclo de formação, já preparou jovens de grotas da parte baixa da cidade para a criação de intervenções em diversas comunidades. Como resultado, foram desenvolvidos projetos nos mais variados formatos.
Moradora da Grota das Piabas, Eloísa Graciliano foi uma das jovens que colocaram na rua o Digaê Quebrada Festival. Realizado no dia 3 de dezembro, o projeto levou lazer, artes visuais, cinema, batalha de rimas, gincanas e outras atividades para a população da Grota do Rafael.
“Mesmo sendo meu terceiro evento, foi o único que produzi sendo eu mesma, e não mais uma. Tivemos que aprender a arquitetar tudo burocraticamente, isso me deu a experiência de trabalhar em um curto período e fazer uma festa linda. Foi a primeira vez em que trabalhei diretamente com jovens, para jovens, e toda essa experiência totalmente diferente eu tive graças ao Digaê. A satisfação de dever cumprido, conhecimento adquirido... foi um misto de emoções sentidas no dia”, comenta a jovem.
Já o projeto Excluídos, voltado para a comunidade do Vale do Reginaldo, envolveu a criação de um documentário que trata de questões de saúde pública, socioeconômicas e territoriais a partir da vivência de moradores. “Muitas pessoas do Vale do Reginaldo não têm acesso ao mínimo, como a um sabonete, uma pasta de dente. Ver com meus próprios olhos a existência delas, o quanto elas precisam dessa ajuda, e poder contribuir de alguma forma, faz com que tudo isso seja mais mágico”, compartilha Thales Gabriel, um dos participantes do projeto. A produção será disponibilizada em breve.
Processo de capacitação - Para a realização dessas iniciativas, os jovens contam com mentorias especializadas, que acompanham a concepção das intervenções e auxiliam os participantes no processo de aprendizagem. O intuito é que todo o conhecimento adquirido seja replicado pelas próprias juventudes e que mais projetos sejam desenvolvidos a partir dessas trocas.
“Nessa etapa, os participantes também recebem um recurso pra que possam implementar essas ideias e verem um resultado prático do seu desenvolvimento ao longo das formações. Todo esse conteúdo vai ser editado em uma coletânea de memórias e narrativas das grotas, um compilado sobre as histórias desses territórios, de seus atores e seus avanços. Tudo isso a partir da curadoria dessas juventudes”, explica a analista de Programas do ONU-Habitat, Fernanda Balbino.
Inscrições abertas - A elaboração de iniciativas como essas é apenas uma das etapas do Digaê, que também oferece oficinas sobre direito à cidade e técnicas de comunicação e mobilização social. O programa está com inscrições abertas para um novo ciclo de formação e, desta vez, vai contemplar as juventudes que moram ou já residiram nas grotas dos bairros do Benedito Bentes, Antares, Bebedouro, Chã de Bebedouro, Chã da Jaqueira, Mutange e Petrópolis.
“Em um esforço conjunto, o governo de Alagoas vem fortalecendo as políticas públicas voltadas à população mais vulnerável, ouvindo suas principais demandas e planejando de maneira inclusiva. Por meio de programas como o Digaê, buscamos contribuir para a continuidade desse movimento de transformação que temos desenvolvido junto às grotas e que só tende a avançar dia após dia”, pontua a primeira-dama do Estado e coordenadora de programas voltados para as grotas, Marina Dantas.
A iniciativa, que também é desenvolvida em parceria com o Instituto Pólis e a Viração Educomunicação, prevê o pagamento de uma bolsa-auxílio mensal no valor de R$ 200, certificado de participação, reembolso de despesas com transporte e alimentação no local das atividades presenciais.