EDITORIAL
COMO
VENCER AS CONSEQUÊNCIAS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM ÁREAS URBANAS
Sabemos
que um dos maiores problemas socioambientais do Brasil e em várias regiões do
mundo é a concentração de pessoas em áreas urbanas que mediante ações
antrópicas danosas ao meio ambiente provocam inúmeros conflitos entre
populações e ao meio ambiente. Esta concentração vem trazendo consequências
inclusive para áreas rurais onde o desemprego e a automação da agricultura sem
uma devida valorização da agricultura familiar fazem o êxodo rural se
intensificar.
Enquanto
pequenas parcelas da população concentram inúmeros recursos econômicos e
demandam muito consumo de energia, a grande parcela da população mais pobre
sofre com as consequências das mudanças climáticas, com escassez de: alimentos,
moradia e saneamento básico precário, desemprego, falta de infraestrutura de
educação, saúde e mobilidade urbana.
Os
extremos climáticos aceleram as desigualdades crescentes de parcelas cada vez
maiores da população. Vidas são perdidas, populações sofrem com a fome, são
desalojadas nos extremos climáticos de enchentes, riscos climáticos dos mais
diversos, aumento de epidemias, risco de novas pandemias, escassez de recursos
naturais em várias regiões vitais para a população como água potável, secas,
poluição hídrica, do ar, nevascas, contaminação química, produção cada vez maior
de resíduos sólidos em áreas urbanas.
São
inúmeros os fatores que estão alterando e degradando drasticamente as
sociedades. Tão importante como deter o desmatamento da Amazônia é a sociedade
buscar soluções aos problemas socioambientais urbanos e suas consequências
inclusive para áreas rurais. A crise climática vem exigindo ações imediatas
tanto da esfera de governos, quanto das instituições, da sociedade civil.
Como
enfrentar esta crise climática é o desafio que as sociedades precisam resolver
e com urgência e buscar soluções tanto imediatas como a médios e longos prazos.
Ouvindo
e pesquisando a respeito destas soluções alguns caminhos podem ser percorridos
pelas populações e comunidades. Vamos seguir dialogando com nossos leitores e
leitoras sobre quais são estes caminhos:
1
-Combate à fome e a pobreza
Enquanto os recursos naturais ficam cada vez
mais comprometidos pela poluição hídrica, desmatamento, efeitos das mudanças do
clima sobre a produção de alimentos, a habitação e infraestrutura urbana é
necessária uma mobilização da sociedade no sentido de ser mais
solidária com os seres humanos em risco. É preciso haver um resgate da
convivência comunitária de forma mais fraterna. Que as pessoas
compreendam que a degradação humana a que estão submetidas a grande parcela da
população é a degradação de toda a sociedade.
Muitas
destas formas de convivência mais solidária entre seres humanos buscando se
harmonizar com a natureza, felizmente estão presentes em populações
tradicionais. Daí a importância da sociedade saber ouvir e respeitar estas
populações. Estamos vivendo épocas de adaptação às consequências das mudanças
climáticas e é tarefa das sociedades compreenderem o que podemos assimilar de
boas práticas em lidar com a diversidade humana e aquelas comunidades e pessoas
que procuram se harmonizar com o meio ambiente.
Pesquisas
nas áreas das Ciências Sociais como da antropóloga Alba Zaluar confirmam que as
desigualdades são fatores determinantes do aumento da violência. Muitos
associam este aumento da violência à pobreza. Quando, na verdade segundo a
pesquisadora, as desigualdades é que estão intensificando os conflitos
socioambientais nas sociedades.
Por
mais que a sociedade seja focada no individualismo como forma de realização,
nossa essência humana é social. O ser humano se reconhece como uma forma de
vida através do convívio com outras pessoas. Todos nós vivenciamos estas
consequências que o isolamento provocado pela pandemia recente causou para os
seres humanos da Terra. Uma dura lição, fruto do que ações humanas predatórias
antrópicas podem causar. E mesmo assim as sociedades parecem não terem
assimilado este período pandêmico como aprendizado para novos caminhos de
sustentabilidade e continuam seguindo caminhos que estão intensificando novos
conflitos socioambientais. Como a eclosão de guerras e seus gastos que poderiam
ser revertidos para o combate à fome no mundo. Quantas pessoas durante a
pandemia pediam para poder sair às ruas. Escolas, e formas de organização do
trabalho, foram paralisadas de forma drástica. O sofrimento e estresse de
bilhões de seres humanos se deparam hoje com redes sociais que precisam de mais
credibilidade de conteúdos que valorizem os seres humanos como prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos
(ONU – dezembro 1948). Recriar formas sadias de convivência socioambiental
é um caminho para a construção de sociedades sustentáveis. Sem disseminação
desenfreada de "fakes news" e mais solidariedade e qualidade de informação
e convivência social.
O desafio de favorecer uma vivência
comunitária solidária diante o individualismo é um caminho para a construção da
sustentabilidade. Uma destas soluções é difusão da cultura voltada para a
valorização dos seres humanos e do meio ambiente. Este é um bom caminho para a
conquista de cidades sustentáveis. Governos precisam dinamizar políticas de
distribuição de renda, melhorar a qualidade dos transportes públicos e a
mobilidade urbana, gerar empregos sustentáveis, retirar trabalhadores da
precarização das relações de trabalho e de áreas de risco. Gerar oportunidades
para pessoas e instituições que realizam ações e trabalhos de pesquisa,
produção de conhecimentos e tecnologias sobre energias renováveis. Podemos valorizar nossa convivência
comunitária sadia através do incentivo a criatividade humana que construa a
sustentabilidade. Promover ações, projetos e combate à fome, vencer as
desigualdades com solidariedade e conscientização da capacidade humana de
buscar construir sociedades socioambientalmente mais justas e com qualidade de
vida para todos. A inteligência humana não é artificial.