Foto: Jornal Oecoambiental |
EDITORIAL
SOLIDARIEDADE AO RIO GRANDE DE SUL - AOS SERES
HUMANOS, AO MEIO AMBIENTE
O Jornal
Oecoambiental expressa sua solidariedade à população do Rio Grande do Sul.
Desejamos as pessoas e famílias desabrigadas Fé, força, resiliência para reconstruir
esperanças de dias melhores.
As causas desta
devastação socioambiental governos
e cientistas de todo o mundo sabem. Ambientalistas, movimentos
socioambientais sempre chamam a atenção da sociedade civil para que se prepare
se organize, se mobilize para que ações
imediatas de valorização dos seres humanos, do meio ambiente possa ser a
prioridade das sociedades combatendo as consequências das mudanças climáticas.
A agenda política
mais urgente do mundo é o combate a estas mudanças climáticas em curto, médio e
longos prazos. Mas até que ponto os detentores de poder econômico no Brasil e
no mundo de fato se comprometem em apoiar de forma permanente pessoas, ações,
projetos socioambientais e comunidades que lutam para se defender das consequências
destes extremos climáticos? A difusão da
informação socioambiental que salva vidas com dados científicos, verídicos sobre as mudanças climáticas é um dos caminhos de solução destes conflitos. Está
fundamentado na Agenda 21 – documento aprovado por 179 países na Eco- 92 – ONU realizada
no Rio de Janeiro. “A necessidade de informação surge em todos os níveis, desde o de
tomada de decisões superiores, nos planos nacional e internacional, ao
comunitário e individual.” (Agenda 21 – Cap. 40 - Informação para a tomada de
decisões”.
É preciso estar
atentos às notícias fatalistas ou “Fake News”
sobre o que está acontecendo no Brasil e no mundo com relação aos extremos
climáticos. A realidade concreta, difícil, que nos exige ainda mais atitudes e
resiliência não deve imobilizar ações que visam soluções a estes conflitos. Acreditamos
que ainda há soluções que podem, por vontade política, serem colocadas em prática
imediatamente. Podemos unir forças para vencer estas crises desde que haja uma
mudança de consciência dos seres humanos sobre os problemas socioambientais que
afetam a humanidade contemporânea.
Quantas Conferências, debates, audiências já
foram realizadas no Brasil e no mundo e ainda com toda tecnologia disponível, nossas formas de defesa ao grito da natureza
que sofre com as ações antrópicas danosas dos seres humanos ao meio ambiente se
apresentam rudimentares, precárias. As
vidas perdidas, as casas, bairros, comunidades, cidades devastadas, animais e biodiversidade perdidas demonstram
que o modo de produção das sociedades precisa se transformar. Colocam em xeque
nossa resiliência humana e a capacidade da sociedade civil cobrar de governos
atitudes de precaução às consequências das mudanças climáticas.
·
As Conferências do Clima, os estudos do IPCC
– ONU há anos divulgam que este quadro de devastação em Porto Alegre
poderia acontecer. O mundo prioriza e privilegia a acumulação de riquezas em
detrimento a erradicação da fome e da miséria, que continua degradando o meio
ambiente, poluindo cursos d’água, oceanos, mares, rios, destruindo nascentes; poluindo
o ar, com os gases de efeito estufa. Insiste em continuar gerando energias
poluidoras do meio ambiente; desmatamentos, queimadas na Amazônia, que retira
povos indígenas de suas terras, guardiães da floresta, do meio
ambiente, bem como as comunidades tradicionais. O Brasil ainda mantêm o uso
abusivo de agrotóxicos na produção de alimentos. Sociedades incentivam cada vez mais o consumo ilimitado e
geram mais e mais resíduos sólidos,
embalagens, lixos que se acumulam nas grandes cidades, em lixões. O Brasil e o mundo geram ocupações urbanas segregadas. Totalmente
desiguais; milhões de pessoas residindo
em áreas de risco de inundações previstas
pelos estudos relativos às mudanças climáticas. Estas populações em risco pelo
Brasil são, em sua maioria, afrodescendentes. Quanto tempo de sobrevivência
estas pessoas e famílias destas áreas de risco possuem diante o agravamento de
inundações e extremos climáticos? A
sociedade civil precisa se manifestar de que não dá para aceitar esperar o pior
acontecer para depois agir. É preciso uma mudança de conscientização de toda a
sociedade e união de esforços imediata dos tomadores de decisões de políticas
públicas, de pessoas que além de se
preocuparem com sua subsistência e de sua família se mobilizam em grupos,
ações, projetos sustentáveis.
Presenciamos a
resposta da natureza à ganância humana. A irracionalidade de manter modos de
produção e sociedade insustentáveis. Cada cena da devastação socioambiental do
Rio Grande do Sul agride não só a população gaúcha, mas todos nós seres
humanos. Uma triste realidade já anunciada.
Sabemos que as
inúmeras atitudes de solidariedade à população do Rio Grande do Sul pela
maioria dos brasileiros são um indicador de que através da dor os seres humanos
percebem que ações imediatas de apoio à sociedade gaúcha não faltará. Também
estamos fazendo o possível para apoiar através de nosso trabalho as pessoas e famílias.
Nosso Jornal
Oecoambiental continuará lutando pela democratização das informações
socioambientais que salvam vidas, que visam o cuidado ao meio ambiente. Nossa
principal contribuição ao povo gaúcho e a toda a sociedade civil é continuar
sensibilizando pessoas, setores públicos e privados, comunidades, países, sobre
as informações de precaução aos conflitos socioambientais. Informações que são
produzidas pela ciência, governos, organizações públicas e privadas, os
movimentos socioambientais sobre os riscos que os extremos climáticos em áreas urbanas e costeiras, ecossistemas, estão
causando e ainda causarão as populações locais e globais. Estas informações de
como vencer os conflitos socioambientais das mudanças climáticas precisam chegar
de fato às pessoas, às comunidades e populações. Trata-se de um direito
inalienável à informação como um princípio de precaução do direito ambiental.
Sabemos que todas
as classes sociais são atingidas pelos extremos climáticos, mas os que mais
estão sendo vulneráveis a toda esta devastação são os mais pobres. Nas taxas de pobreza e extrema pobreza: em 2022, segundo o censo IBGE - 40,0% das pessoas de cor ou etnia preta ou parda eram pobres, 7,7% delas eram extremamente pobres. Segundo
o censo 2022 eram seis milhões de pessoas vivendo em lares sem abastecimento de
água no Brasil, um milhão são crianças de até 9 anos, O Brasil ainda tinha 1,2
milhão de pessoas em lares sem banheiro; 5,4 milhões vivendo com 4 ou mais
pessoas. (Dados do censo IBGE - 2022).
O Brasil mesmo dando
esta grande demonstração de solidariedade continua sendo uma das sociedades de
pior distribuição de renda do mundo. Acreditamos nas ações de solidariedade de
doar tanto alimentos quanto dinheiro, recursos de subsistência que são fundamentais
neste momento. Incentivamos que cada brasileiro que puder doar um alimento,
roupas, itens básicos de sobrevivência para o enfrentamento e solução desta
crise e conflitos socioambientais no Rio Grande do Sul o faça como um ato
humano de solidariedade. Estamos doando
recursos também o que podemos não o que gostaríamos de estar doando.
Conclamamos a todas as pessoas a este gesto de humanidade: doar para os canais
de fato confiáveis o que pudermos. É fundamental certificar quais são estes
canais de apoio e verificar se estes recursos chegam mesmo aos necessitados.
Nosso trabalho visa
continuar lutando pela democratização e valorização da informação socioambiental. Reiteramos nosso compromisso de trabalhar para que a informação socioambiental possa cada vez mais unir as melhores energias
de pessoas e comunidades da sociedade
civil a cuidar mais do meio ambiente, dos seres humanos, de nossas comunidades
para que sejam sustentáveis. Retratando da melhor maneira possível à dimensão
de informações socioambientais e saberes que salvam vidas.
Todos os grupos, povos, comunidades, pessoas
que lutam pela valorização do meio ambiente, com certeza, estamos sofremos com
esta devastação. A devastação e
degradação socioambiental que ocorre no Rio Grande do Sul, em várias partes do
Brasil e do mundo não pode nos
imobilizar e sim nos exige resiliência.
Fazer o possível, a nossa parte para juntos poder vencer estes conflitos
e problemas. Não seremos os mesmos após o que acontece no Rio Grande do Sul, o
que vem acontecendo na Amazônia, em regiões que já assistimos que foram
devastadas como os rompimentos das barragens em Mariana e Brumadinho e tantas
outras consequências das mudanças climáticas que vivenciamos. Podemos aprender
a ser mais humanos. Perceberemos, ainda que durante as inundações atuais no sul,
que o valor da vida e do meio ambiente está acima do egoísmo e da ganância
humana.
Por vezes nos
perguntamos por que se divulga tanto quem doa o que neste momento de crise? Seria normal e não extraordinário os seres
humanos se unirem para vencer as desigualdades e degradação com relação ao
meio ambiente. Cada cidadão e
cidadã que faz uma doação mínima que
seja é uma vitória da nossa conscientização de que ainda nos importamos com o
sofrimento humano, de nossos semelhantes. O mundo precisa valorizar mais a
vida, os seres humanos, a fauna e flora, os recursos naturais. Deixar de degradar o meio ambiente, de promover guerras e sim repartir o pão. Conquistar
dignidade humana para a espécie humana de todo o mundo e um meio ambiente mais
saudável para todas as pessoas.
Precisamos também agir e perceber as pessoas
que sofrem em nossa volta, em nossas comunidades, cidades, países. Quem quiser
doar doe, mas se não divulgarem na grande mídia sua atitude sintam-se como nós,
seres humanos que não fazem mais que nossa obrigação de valorizar nossa espécie
humana e o meio ambiente. Fazemos votos que esta solidariedade com o Rio Grande
de Sul possa de fato fazer com que as pessoas comecem a perceber os moradores
em situação de rua que se multiplicam nas ruas e cidades brasileiras, das
comunidades que sofrem com a fome, a miséria e a pobreza. Que nos
sensibilizemos com tantas desigualdades da sociedade brasileira, das famílias
que estão em áreas de risco climático e que precisam de uma solução urgente por
parte da sociedade, de governos para que não sejam devastadas amanhã como hoje
acontece nas cidades do Rio Grande do Sul.
Somente a
mobilização permanente da sociedade civil local e global poderá nos precaver,
defender e continuar lutando para que os seres humanos aprendam de fato a respeitar
os recursos naturais, o meio ambiente, o valor de nossa espécie humana e de toda
a biodiversidade da Terra. Que possamos renascer todos os dias da degradação
socioambiental no Brasil e no mundo como uma Fênix. Sendo a cultura também um
caminho para a conquista da sustentabilidade e com a certeza de que não existe
apenas o caminho da dor e sofrimento para que possamos mudar nossas atitudes
com relação à convivência humana e ao meio ambiente, lembramos as palavras
sábias de Nelson Cavaquinho: “O sol há de brilhar mais uma vez, a luz há
de chegar aos corações. Do mal será queimada a semente. O amor será eterno
novamente.”