sábado, 11 de maio de 2024

EDITORIAL SOLIDARIEDADE AO RIO GRANDE DE SUL - AOS SERES HUMANOS, AO MEIO AMBIENTE

Foto: Jornal Oecoambiental

                        EDITORIAL

 SOLIDARIEDADE AO RIO GRANDE DE SUL - AOS SERES HUMANOS, AO MEIO AMBIENTE

 

   O Jornal Oecoambiental expressa sua solidariedade à população do Rio Grande do Sul. Desejamos as pessoas e famílias desabrigadas Fé, força, resiliência para reconstruir esperanças de dias melhores.

  As causas desta devastação  socioambiental  governos  e cientistas de todo o mundo sabem. Ambientalistas, movimentos socioambientais sempre chamam a atenção da sociedade civil para que se prepare se organize,  se mobilize para que ações imediatas de valorização dos seres humanos, do meio ambiente possa ser a prioridade das sociedades combatendo as consequências das mudanças climáticas.

   A agenda política mais urgente do mundo é o combate a estas mudanças climáticas em curto, médio e longos prazos. Mas até que ponto os detentores de poder econômico no Brasil e no mundo de fato se comprometem em apoiar de forma permanente pessoas, ações, projetos socioambientais e comunidades que lutam para se defender das consequências destes extremos climáticos?  A difusão da informação socioambiental que salva vidas com dados científicos, verídicos  sobre as mudanças climáticas é um dos  caminhos de solução destes conflitos. Está fundamentado na Agenda 21 – documento aprovado por 179 países na Eco- 92 – ONU realizada no Rio de Janeiro. “A necessidade de informação surge em todos os níveis, desde o de tomada de decisões superiores, nos planos nacional e internacional, ao comunitário e individual.” (Agenda 21 – Cap. 40 - Informação para a tomada de decisões”.

 É preciso estar atentos  às notícias fatalistas ou “Fake News” sobre o que está acontecendo no Brasil e no mundo com relação aos extremos climáticos. A realidade concreta, difícil, que nos exige ainda mais atitudes e resiliência não deve imobilizar ações que visam soluções a estes conflitos. Acreditamos que ainda há soluções que podem, por vontade política, serem colocadas em prática imediatamente. Podemos unir forças para vencer estas crises desde que haja uma mudança de consciência dos seres humanos sobre os problemas socioambientais que afetam a humanidade contemporânea.

   Quantas Conferências, debates, audiências já foram realizadas no Brasil e no mundo e ainda com toda tecnologia disponível,  nossas formas de defesa ao grito da natureza que sofre com as ações antrópicas danosas dos seres humanos ao meio ambiente se apresentam  rudimentares, precárias.   As vidas perdidas, as casas, bairros, comunidades, cidades devastadas, animais e biodiversidade perdidas demonstram que o modo de produção das sociedades precisa se transformar. Colocam em xeque nossa resiliência humana e a capacidade da sociedade civil cobrar de governos atitudes de precaução às consequências das mudanças climáticas.

·            As Conferências do Clima, os estudos do IPCC – ONU há anos divulgam que este quadro de devastação em Porto Alegre poderia acontecer.  O mundo prioriza e  privilegia a acumulação de riquezas em detrimento a erradicação da fome e da miséria, que continua degradando o meio ambiente, poluindo cursos d’água, oceanos, mares, rios, destruindo nascentes; poluindo o ar, com os gases de efeito estufa. Insiste em continuar gerando energias poluidoras do meio ambiente; desmatamentos, queimadas na Amazônia, que retira povos indígenas de suas terras, guardiães da floresta, do meio ambiente, bem como as comunidades tradicionais. O Brasil ainda mantêm o uso abusivo de agrotóxicos na produção de alimentos. Sociedades  incentivam cada vez mais o consumo ilimitado e geram  mais e mais resíduos sólidos, embalagens, lixos que se acumulam nas grandes cidades, em lixões.  O Brasil e o mundo  geram ocupações urbanas segregadas. Totalmente  desiguais; milhões de pessoas residindo em áreas de risco de inundações  previstas pelos estudos relativos às mudanças climáticas. Estas populações em risco pelo Brasil são, em sua maioria, afrodescendentes. Quanto tempo de sobrevivência estas pessoas e famílias destas áreas de risco possuem diante o agravamento de inundações e extremos climáticos?  A sociedade civil precisa se manifestar de que não dá para aceitar esperar o pior acontecer para depois agir. É preciso uma mudança de conscientização de toda a sociedade e união de esforços imediata dos tomadores de decisões de políticas públicas,  de pessoas que além de se preocuparem com sua subsistência e de sua família se mobilizam em grupos, ações, projetos sustentáveis.

   Presenciamos a resposta da natureza à ganância humana. A irracionalidade de manter modos de produção e sociedade insustentáveis. Cada cena da devastação socioambiental do Rio Grande do Sul agride não só a população gaúcha, mas todos nós seres humanos. Uma triste realidade já anunciada.

   Sabemos que as inúmeras atitudes de solidariedade à população do Rio Grande do Sul pela maioria dos brasileiros são um indicador de que através da dor os seres humanos percebem que ações imediatas de apoio à sociedade gaúcha não faltará. Também estamos fazendo o possível para apoiar através de nosso trabalho as pessoas e famílias.

   Nosso Jornal Oecoambiental continuará lutando pela democratização das informações socioambientais que salvam vidas, que visam o cuidado ao meio ambiente. Nossa principal contribuição ao povo gaúcho e a toda a sociedade civil é continuar sensibilizando pessoas, setores públicos e privados, comunidades, países, sobre as informações de precaução aos conflitos socioambientais. Informações que são produzidas pela ciência, governos, organizações públicas e privadas, os movimentos socioambientais sobre os riscos que os extremos climáticos em  áreas urbanas e costeiras, ecossistemas, estão causando e ainda causarão as populações locais e globais. Estas informações de como vencer os conflitos socioambientais das mudanças climáticas precisam chegar de fato às pessoas, às comunidades e populações. Trata-se de um direito inalienável à informação como um princípio de precaução do direito ambiental.

    Sabemos que todas as classes sociais são atingidas pelos extremos climáticos, mas os que mais estão sendo vulneráveis a toda esta devastação  são os mais pobres.  Nas taxas de pobreza e extrema pobreza: em 2022, segundo o censo IBGE -  40,0% das pessoas de cor ou etnia preta ou parda eram pobres,  7,7% delas eram extremamente pobres. Segundo o censo 2022 eram seis milhões de pessoas vivendo em lares sem abastecimento de água no Brasil, um milhão são crianças de até 9 anos, O Brasil ainda tinha 1,2 milhão de pessoas em lares sem banheiro; 5,4 milhões vivendo com 4 ou mais pessoas.  (Dados do censo IBGE - 2022).

   O Brasil mesmo dando esta grande demonstração de solidariedade continua sendo uma das sociedades de pior distribuição de renda do mundo. Acreditamos nas ações de solidariedade de doar tanto alimentos quanto dinheiro, recursos de subsistência que são fundamentais neste momento. Incentivamos que cada brasileiro que puder doar um alimento, roupas, itens básicos de sobrevivência para o enfrentamento e solução desta crise e conflitos socioambientais no Rio Grande do Sul o faça como um ato humano de solidariedade.  Estamos doando recursos também o que podemos não o que gostaríamos de estar doando. Conclamamos a todas as pessoas a este gesto de humanidade: doar para os canais de fato confiáveis o que pudermos. É fundamental certificar quais são estes canais de apoio e verificar se estes recursos chegam mesmo aos necessitados.

   Nosso trabalho visa continuar lutando pela democratização e valorização da informação socioambiental.  Reiteramos nosso compromisso de  trabalhar para  que a informação socioambiental  possa cada vez mais unir as melhores energias de  pessoas e comunidades da sociedade civil a cuidar mais do meio ambiente, dos seres humanos, de nossas comunidades para que sejam sustentáveis. Retratando da melhor maneira possível à dimensão de informações socioambientais e saberes que salvam vidas.

    Todos os grupos, povos, comunidades, pessoas que lutam pela valorização do meio ambiente, com certeza, estamos sofremos com esta devastação.  A devastação e degradação socioambiental que ocorre no Rio Grande do Sul, em várias partes do Brasil e do mundo não pode nos  imobilizar e sim nos exige resiliência.  Fazer o possível, a nossa parte para juntos poder vencer estes conflitos e problemas. Não seremos os mesmos após o que acontece no Rio Grande do Sul, o que vem acontecendo na Amazônia, em regiões que já assistimos que foram devastadas como os rompimentos das barragens em Mariana e Brumadinho e tantas outras consequências das mudanças climáticas que vivenciamos. Podemos aprender a ser mais humanos. Perceberemos, ainda que durante as inundações atuais no sul, que o valor da vida e do meio ambiente está acima do egoísmo e da ganância humana.

  Por vezes nos perguntamos por que se divulga tanto quem doa o que neste momento de crise?  Seria normal e não extraordinário os seres humanos se unirem para vencer as desigualdades e degradação  com relação ao meio ambiente.  Cada cidadão e cidadã  que faz uma doação mínima que seja é uma vitória da nossa conscientização de que ainda nos importamos com o sofrimento humano, de nossos semelhantes. O mundo precisa valorizar mais a vida, os seres humanos, a fauna e flora, os recursos naturais. Deixar de degradar o meio ambiente, de  promover guerras e sim repartir o pão. Conquistar dignidade humana para a espécie humana de todo o mundo e um meio ambiente mais saudável para todas as pessoas.

   Precisamos também agir e perceber as pessoas que sofrem em nossa volta, em nossas comunidades, cidades, países. Quem quiser doar doe, mas se não divulgarem na grande mídia sua atitude sintam-se como nós, seres humanos que não fazem mais que nossa obrigação de valorizar nossa espécie humana e o meio ambiente. Fazemos votos que esta solidariedade com o Rio Grande de Sul possa de fato fazer com que as pessoas comecem a perceber os moradores em situação de rua que se multiplicam nas ruas e cidades brasileiras, das comunidades que sofrem com a fome, a miséria e a pobreza. Que nos sensibilizemos com tantas desigualdades da sociedade brasileira, das famílias que estão em áreas de risco climático e que precisam de uma solução urgente por parte da sociedade, de governos para que não sejam devastadas amanhã como hoje acontece nas cidades do Rio Grande do Sul.

   Somente a mobilização permanente da sociedade civil local e global poderá nos precaver, defender e continuar lutando para que os seres humanos aprendam de fato a respeitar os recursos naturais, o meio ambiente, o valor de nossa espécie humana e de toda a biodiversidade da Terra. Que possamos renascer todos os dias da degradação socioambiental no Brasil e no mundo como uma Fênix. Sendo a cultura também um caminho para a conquista da sustentabilidade e com a certeza de que não existe apenas o caminho da dor e sofrimento para que possamos mudar nossas atitudes com relação à convivência humana e ao meio ambiente, lembramos as palavras sábias de Nelson Cavaquinho: “O sol há de brilhar mais uma vez, a luz há de chegar aos corações. Do mal será queimada a semente. O amor será eterno novamente.”