AS CHUVAS NO NORDESTE E O AQUECIMENTO GLOBAL
Um olhar sobre as mudanças climáticas no Brasil e no mundo demonstram como temos que agir coletivamente na busca de soluções a crise ambiental. O aquecimento global já tão estudado e divulgado através do filme "Uma verdade inconveniente" do ex-vice presidente dos EUA Al Gore, pela ONU e tantos cientistas, pode ser constatado por todos, está aí . Até quando as chuvas serão responsabilizadas por desalojar e mesmo levar vidas ? E nossa ação humana, nossa responsabilidade como governos e sociedade civil ? Temos que nos organizar melhor. Tudo que acontece no Brasil e no mundo com os desequilíbrios naturais precisam ser enfrentados com ações emergenciais e com atitudes locais urgentes de governos e sociedade civil. Precisamos de atitudes que transformem esta situação. Do contrário, estaremos assim noticiando perdas, "catástrofes", que sabemos porque estão acontecendo. No noticiário da globo pela manhã esta entrevista foi realizada:
Bom Dia Brasil – Essa chuva toda no Nordeste, a seca no Sul e a chuva que a gente teve no ano passado em Santa Catarina: muita gente pergunta se isso já é resultado do aquecimento global. Os pesquisadores têm algum consenso em relação a isso?
Carlos Nobre, climatologista – O que nós podemos dizer, hoje já com alguma certeza, é que esse tipo de fenômeno extremo, como chuvas abundantes que quebram recordes históricos na Amazônia e no Nordeste, a seca persistente em partes do Sul e no Uruguai e Argentina, é um quadro muito esperado em um planeta que está em aquecimento. Nós não podemos dizer que isso nunca aconteceu. Já aconteceram várias vezes secas no Sul, associadas com um fenômeno no Oceano Pacífico – o fenômeno La Niña, quando as águas estão mais frias. Chuvas no Nordeste e na Amazônia também associadas também com La Niña e com o Oceano Atlântico que, ao norte costa brasileira, está muito quente. Esses fenômenos estão muito intensos, mais do que ocorria no passado. Esse é um quadro muito característico de um planeta que está se aquecendo.
Então, o que caracteriza isso tudo é o fato de o fenômeno estar intenso e não o fato de ter a chuva no Nordeste que é uma coisa que já acontece. Em quanto tempo, a gente pode dizer com certeza se são fenômenos naturais isolados, como a gente vê em algumas situações, ou se já é interferência do homem na natureza?
Para muitas partes do planeta e também no Brasil, quanto a gente olha as chuvas no Sul como um todo e compara as chuvas nos últimos 10 anos na região sul com 50 anos atrás, nós já podemos dizer que as pancadas de chuva muito intensas têm a ver com o aquecimento global. Elas acontecem, porque o planeta e também o Brasil estão mais quentes. Tivemos uma seca muito intensa na Amazônia em 2005. Quatro anos depois, nós temos essas inundações que quebram recordes históricos de 107 anos no Rio Amazonas. Então, isso já tem toda característica. O aumento da intensidade desses fenômenos que são naturais tem a ver com o fato de que o planeta está mais quente.
Assistindo a grande imprensa vamos tendo uma sequência de notícias que nos deixam cada dia mais atônitos diante a realidade. E hajam campanhas de solidariedade. Roupas, medicamentos, alimentos, se perdem, quando deveriam chegar as populações atingidas. Como vamos reverter estas situações se não nos fazemos sujeitos ? Temos que nos mobilizar e buscar soluções. Temos que implementar políticas e atitudes de prevenção e busca de uma produção econômica mais eficiente e sustentável. Quando temos em mãos as previsões climáticas, temos que retirar a população das regiões que serão inundadas. É uma outra conjuntura não basta saber que o aquecimento global se agrava, temos que agir na solução dos problemas locais de meio ambiente. As pessoas precisam ser protegidas e não colocadas em risco como assistimos pela tv. Tudo isto demonstra como a informação para a busca de soluções locais para a crise ambiental é urgente. A sociedade civil é determinante na busca destas soluções. Os governos locais precisam tomar consciência de que não podemos agir apenas quando a situação piora. Temos já que buscar uma maior mobilização da população brasileira e mundial que priorize a defesa de nós seres humanos e não a degradação ambiental que assistimos e vivemos.