Como enfrentamos a emergência climática?
Fonte: MMA
"O ano de 2023 foi o mais quente da história1, e o aumento da
temperatura do planeta foi percebido de norte a sul do País na forma
de ondas de calor, inundações e secas. Eventos extremos cada vez
mais intensos e frequentes são manifestações do aquecimento global.
Temos pouco tempo para deter o agravamento da crise climática e
garantir uma transição rápida e justa para um modelo de
desenvolvimento de baixa emissão de gases de efeito estufa
e resiliente às mudanças do clima.
A emergência climática e o desafio da transformação ecológica
são os temas desta 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente.
As rodadas de conversas em todo o País vão até maio de 2025,
com um convite ao debate das melhores escolhas num momento tão
desafiador da história, tanto para reduzir as emissões como para nos
adaptarmos aos efeitos já visíveis do aquecimento global. Essas
escolhas envolvem desde hábitos de consumo da população, com
menor geração e melhor destinação de resíduos, até o destino das
florestas e dos oceanos, que armazenam uma parcela dos gases
causadores do efeito estufa e estão sob ameaça crescente.
Mais recentemente, o estado do Rio Grande do Sul tem enfrentado
eventos climáticos extremos, fenômeno diretamente ligado às
consequências do aquecimento global. Análises meteorológicas
indicam que a intensificação das tempestades severas e das
inundações repentinas, que afetaram milhares de vidas e causaram
danos significativos à infraestrutura regional, está associada ao
aumento da variabilidade climática. Este evento sublinha a urgência
de desenvolver estratégias mais robustas e baseadas em
evidências científicas para a gestão de crises e a mitigação de
desastres naturais, além de destacar a importância de investir em
medidas adaptativas e preventivas em resposta às mudanças
climáticas globais.
Cientistas já não têm dúvidas: o aumento da temperatura do planeta
decorre da concentração crescente de gás carbônico e dos demais
gases de efeito estufa na atmosfera desde meados do século 19.
É, portanto, resultado da ação dos seres humanos. Mundialmente,
a queima de combustíveis fósseis é responsável pela maior parcela
desses gases. Aqui no Brasil, o principal responsável pelo
aquecimento global é o desmatamento, seguido por emissões da
agricultura e da pecuária, sobretudo pelo processo digestivo do gado,
que lança metano na atmosfera, e dos fertilizantes nitrogenados.
Em terceiro lugar, aparecem as emissões no setor de energia,
pela queima de combustíveis fósseis nos transportes e na indústria.
Em um estudo realizado pelo Centro Nacional de Monitoramento e
Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) destacou-se a necessidade
urgente de uma transição na gestão ambiental do Brasil, de uma
abordagem reativa para uma proativamente voltada à gestão de
riscos. A análise, que cobriu uma série histórica de 13 anos de
dados climáticos, identificou que 1942 municípios brasileiros
estão em situação de risco significativo devido à frequência e
intensidade dos eventos climáticos extremos. Esta pesquisa
sublinha a importância de políticas que antecipem e reduzam os
riscos, em vez de apenas responder aos desastres, especialmente em
um contexto em que, já em 2024, o planeta pode ultrapassar o limite
crítico de aumento de 1,5°C na temperatura global. Este limiar é
considerado crucial para evitar as consequências mais severas para
as populações e ecossistemas.
No final de 2023, o primeiro balanço global do Acordo de Paris
evidenciou que estamos distantes dos objetivos necessários para
conter o aumento da temperatura global, indicando que os
impactos das mudanças climáticas continuarão a intensificar-se e
tendem a ser mais severos em populações mais vulnerabilizadas.
O desafio de lidar com a emergência climática é complexo, ao
mesmo tempo global e regional, depende da ação de governos e
de cada um de nós. É preciso cortar o mais rapidamente possível as
emissões de gases de efeito estufa ao mesmo tempo em que é preciso
lidar com outras questões urgentes, como o combate à fome e à
desigualdade social, que a mudança climática pode agravar.
A adaptação às mudanças climáticas, que diz respeito a lidar com
os seus impactos, com os quais já convivemos, envolverá o conjunto
da população nos municípios, com menor ou maior risco.
A plataforma Adapta Brasil3 mostra que metade dos municípios
brasileiros tem vulnerabilidade alta ou muito alta diante de
desastres chamados geo-hidrológicos, como inundações, enxurradas
e deslizamentos de terra. E quase um a cada quatro municípios
tem vulnerabilidade alta ou muito alta a secas."