quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A SOCIOLOGIA E O MEIO AMBIENTE


   A profissão de sociólogo no Brasil está regulamentada no artigo 81, item III, da Constituição, tendo em vista o disposto no artigo 7º da Lei nº 6.888, de 10 de dezembro de 1980.
  No Art. 2º são estabelecidas as atribuições do sociólogo, onde destacamos algumas:

" I - elaborar, supervisionar, orientar, coordenar, planejar, programar, implantar, controlar, dirigir, executar, analisar ou avaliar estudos, trabalhos, pesquisas, planos, programas e projetos atinentes à realidade social; ...

IV - participar da elaboração, supervisão, orientação, coordenação, planejamento, programação, implantação, direção, controle, execução, análise ou avaliação de qualquer estudo, trabalho, pesquisa, plano, programa ou projeto global, regional ou setorial, atinente à realidade social. "

   O Art.4º descreve como as atividades do sociólogo serão executadas:

"I - mediante contrato de trabalho, regido pela Consolidação das Leis do Trabalho;
II - em regime estatutário 
III - de forma autônoma

  Art. 5º Admitir-se-á, igualmente, a formação de empresas ou entidades de prestação de serviços para a realização das atividades previstas no artigo 2º deste Decreto, desde que as mesmas mantenham sociólogo como responsável técnico e não cometam atividades privativas de sociólogo a pessoas não habilitadas."

   A atuação do sociólogo na área de meio ambiente ou socioambiental tem todas estas atribuições descritas uma vez que o meio ambiente ou os problemas socioambientais são "atinentes à realidade social". Desde o surgimento da sociologia nos idos da revolução industrial, onde os problemas da sociedade passaram a ser foco da investigação científica a sociologia vem atuando dentro das atribuições descritas acima.
  Toda atividade humana que envolvam projetos sociais, ambientais; assessorias, atividades diversas ligadas a realidade social devem ter sociólogos trabalhando. Pela própria natureza da profissão, os problemas sociais oriundos de uma sociedade conflitiva como a que se apresenta hoje seriam melhor compreendidos. Se ampliariam as possibilidades de melhoria das relações sociais e de solução destes problemas.  Todas as instituições, associações, sindicatos, repartições públicas, devem ter  sociólogos contratados. 
 Com relação ao meio ambiente a contribuição da sociologia é dar uma abordagem socioambiental a realidade social.  Inserir a pessoa humana e as relações sociais na complexidade da compreensão da realidade ambiental no Brasil e no mundo.
   O Brasil está construindo uma sociedade sustentável. Para tanto é preciso se respeitar os saberes, culturas e etnias que formam a identidade de nosso país, ao mesmo tempo  em que se procura respeitar toda a riqueza natural, a biodiversidade que nos cerca. 
   O Jornal  e Projeto O Ecoambiental vem realizando um trabalho de educação e comunicação socioambiental. Além do jornal impresso e em blog; realizamos IV Seminários com universidades (UFMG e PUC); mais de 35 cursos O Cidadão e o Meio Ambiente. Trabalhamos dentro de uma metodologia que escuta, analisa, pesquisa e leva informações a população, visando principalmente a valorização da pessoa humana e de todo meio ambiente. Apoiando a comunidade na busca de solução de problemas ambientais locais. Consideramos uma boa argumentação o dizer " agir local e pensar global". E ainda procuramos vencer o desafio de traduzir linguagens e vocabulários utilizadas em meio ambiente para toda a população. 
   Partimos de uma concepção de sociedade em conflito de interesses pessoais e coletivos. Mesmo argumentando sobre o trabalho da sociologia e de um sociólogo na área de meio ambiente, procuramos não realizar um trabalho corporativo. Nossas reportagens possuem uma abordagem sociológica sobre as questões ambientais.  Acreditamos e procuramos respeitar a transdisciplinaridade de saberes e culturas.  Aprendemos com outras culturas e a diversidade cultural e ambiental amplia as possibilidades de compreensão e solução de boa parte dos conflitos humanos e sociais. 
     A sociedade de mercado nega em muito, o valor das pessoas, no sentido de limitar as potencialidades criadoras humanas. Alguns sociólogos como Domenico De Masi afirmam que a criatividade humana precisa de liberdade para acontecer. Na ditadura do mercado hegemônica é um desafio possibilitar as pessoas pensarem sem massificação. Agirem de acordo com seus dons para evoluírem com qualidade de vida individual e coletiva. Acreditamos que as atitudes humanas podem ganhar significados de harmonia na direção de uma melhor qualidade de vida e convivência entre os humanos e o todo o meio ambiente. Somos seres sociais, necessitamos do convívio social para nos realizarmos como seres humanos. Exatamente neste aspecto o Brasil é singular, pois o brasileiro socializa-se  em inúmeras manifestações e tradições culturais como por exemplo a capoeira, o samba, o carnaval que levam a alegria para milhões de pessoas no Brasil e exterior. O caminho de construção da sustentabilidade brasileira, desta forma é único. A contradição entre opressão e felicidade está presente em nossa cultura. Mas aqui no Brasil sabemos que há uma possibilidade de uma evolução humana que valorize mais a nossa espécie, uma vez que temos a nosso favor uma exuberante fauna e flora. Muitas destas manifestações de conquista de uma cidadania socioambiental não são valorizadase divulgadas principalmente pela grande mídia, que insiste na ênfase negativa em suas matérias para conquistar audiência. Defender o meio ambiente hoje para o brasileiro é defender-se socioambientalmente falando. Unindo-se esta busca por um Brasil melhor com a valorização de todo meio ambiente e o respeito às culturas e etnias que formam a identidade brasileira, realmente podemos dizer que caminhamos para a construção de uma civilização brasileira sustentável. 

   Nós do Projeto e Jornal O Ecoambiental acreditamos que a construção de um Brasil sustentável passa pela construção de novos paradigmas dando-se mais respeito e valor a nossa identidade cultural diversa. Um ponto de partida é saber que não existe saber superior, existem convivências de saberes. Construir novos paradigmas brasileiros sustentáveis é compreendermos que não há um único saber universal. Quantos saberes fundamentais para manutenção da espécie humana em harmonia com o meio ambiente estão fora dos muros de universidades ? O saber de um povo indígena, ou uma comunidade quilombola que buscam manter sua história cultural estão inscritos na relação homem x natureza através de saberes que podem transformar a visão euro cêntrica ou dos países do norte sobre "o saber universal" que assemelha-se ao saber que é vendável ou atrativos ao mercado.
    Um povo indígena em harmonia com o meio ambiente não produz lixões, por exemplo. A ideologia ocidental ainda de forma opressiva argumenta que os povos indígenas não seriam "civilizados". Observando-se o caos das grandes cidades em todos os aspectos a IV Conferência Nacional do Meio Ambiente que será realizada em outubro vai abordar a questão dos resíduos sólidos.  O problema dos resíduos sólidos que afligem as cidades brasileiras não terá solução apenas no mercado. Ser civilizado socioambientalmente é não degradar o meio ambiente. Civilizadas são então aquelas culturas que não produzem lixões. A grande questão é: qual a disposição do não indígena em aprender a harmonizar-se com a floresta amazônica ?  Civilizado dentro deste novo paradigma é aquele ser humano que não destrói sua espécie e o meio ambiente. 

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