A IV Conferência Nacional de Meio Ambiente que será realizada de 24 a 27 de outubro em Brasília é precedida de Conferências Municipais, Regionais e Estaduais. Também há modalidade de Conferências Livres e Virtuais que ainda podem ser realizadas pelas comunidades. Esta IV Conferência discute entre outros temas, a questão dos resíduos sólidos no Brasil. Numa sociedade que estimula o consumo ilimitado, através da grande mídia, o país reflete as contradições de uma sociedade excludente, onde poucos continuam tendo muito em detrimentos de muitos que estão vivendo em condições precárias, sofrendo com a precarização das relações de trabalho. Gerar emprego e renda através da reciclagem sem precarizar as condições de trabalho humano é condição fundamental para a sustentabilidade de projetos, ações na questão dos resíduos sólidos gerados principalmente nos centros urbanos.
De acordo com a metodologia de análise da
Educação Ambiental é fundamental um abordagem holística sobre as questões de
meio ambiente. Esta abrangência é que foi proposta pela chapa Terra Azul que
venceu a IV Conferência Municipal de BH. Os problemas de meio ambiente tem que
ser discutidos amplamente por toda sociedade em todos os segmentos.
É preciso não se colocar o ônus da gestão de
resíduos apenas na responsabilidade da sociedade civil. A coleta seletiva
universalizada, porta a porta em BH deve ser uma responsabilidade inclusive do
poder público. Hoje em Belo Horizonte, se os moradores realizarem a separação
dos resíduos (lixo doméstico) não há uma coleta seletiva porta a porta
implantada pela prefeitura. Muitos dos trabalhadores que realizam a coleta
seletiva ainda vivem em condições de trabalho precarizadas. E a propaganda ao
consumo ilimitado continua pela grande mídia. Ou seja, sem se discutir a
distribuição efetiva de renda no país, melhores condições para produção da
agricultura familiar, na produção de produtos sem agrotóxicos, que favoreça a
fixação dos trabalhadores familiares no campo, onde efetivamente haveria uma
redução do êxodo rural; sem se implantar a democratização das comunicações no
país, com apoio efetivo as mídia comunitária, rádios, jornais, tvs
comunitárias; os resíduos sólidos e lixões continuarão sendo abertos pelo país.
Se a meta do governo é extinguir os lixões até 2014, lembremos que na III
Conferência Nacional de Meio Ambiente esta meta foi fixada para 2012, há que se
respeitar e valorizar e ouvir e encaminhar efetivamente as propostas da
sociedade civil brasileira, os movimentos socioambientais, das populações
tradicionais, quilombolas, povos indígenas, dos movimentos que lutam pela
preservação das nascentes, dos trabalhadores familiares do campo, que estão
produzindo de forma agroecológica, da defesa da Floresta Amazônia contra o
desmatamento; da água como bem universal para todos e com qualidade; de uma
alimentação de qualidade orgânica para todos. Todos os movimentos socioambientais que atuam
em defesa da vida, da valorização dos seres humanos e de todo meio ambiente
devem ser ouvidos, respeitados, valorizados e as propostas que encaminhamos
através das argumentações que cada segmento possui devem ser implementadas de
fato.
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