quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

ROMPIMENTO DA BARRAGEM DO FEIJÃO









EDITORIAL

DEVASTAÇÃO SOCIOAMBIENTAL EM BRUMADINHO

   A triste previsão do que já havia sido alertado pela sociedade civil que atua na área de meio ambiente: "mais barragens poderiam se romper, mesmo após Mariana", acontece em tempo real,  com o rompimento da barragem do Feijão.
  O pior destas devastações do meio ambiente é que elas não só acontecem naquele momento do rompimento da barragem, elas seguem seu curso de lama.  A lama da barragem do Feijão em  Brumadinho é o lamentável, triste e repugnante quadro que daqui para frente só se agrava com o passar dos dias, do tempo. Uma devastação socioambiental que degrada os seres humanos, o meio ambiente em escala crescente.
    As águas dali para frente estão poluídas, contaminadas. Como o Rio que era Doce.  A lama da barragem do Feijão, avança pelo rio Paraopeba, já percorreu mais de 100 km e segundo pesquisadores na área de geologia, a lama deve atingir a represa de Três Marias por volta dos dias 15 e 20 de fevereiro. 
  O sofrimento das famílias, moradores do entorno de Brumadinho e comunidades aonde a lama segue seu curso de destruição,  é algo que faz os seres humanos temerem essa voracidade predadora em relação ao meio ambiente e entre nossa própria espécie. Assistimos cenas grotescas estarrecedoras, de uma operação de resgate cinematográfica para resgatar corpos e não mais vidas. 
   O que poderia deter tal destruição? Esta é a pergunta que todos nós fazemos.   Brumadinho infelizmente é mais uma ponta trágica deste iceberg de conflitos socioambientais que penalizam principalmente a população mais pobre, sem recursos, que vive de seu trabalho rural, plantando hortas, pescando, tirando da natureza, de forma respeitosa, bem mais respeitosa, o sustento de suas famílias. 
    A água misturada à lama causa também espanto. Um dia as águas de MG poderão ser assim? Aí nossa espécie deixa de existir.  Necessitamos da água para nossa sobrevivência. Nosso organismo humano é constituído por cerca de setenta por cento de água. E só de ver tanta lama, sentimos sede. Sede de água pura, sem poluição. Sede de acreditar que temos capacidade de sermos seres humanos melhores.
    Estes rompimentos de barragens: Mariana, Brumadinho, são tristes realidades que nos fazem temer pela capacidade de destruição que nossa espécie pode provocar não só aos seus, nossos semelhantes, mas a toda a biodiversidade e ecossistemas. 
     O que nos resta a não ser nos solidarizar com as famílias que sofrem as perdas de parentes, amigos, da fauna,  da flora, de sua sobrevivência naquele ecossistema até então quase paradisíaco ? Haverá dinheiro que compre tamanho sofrimento ?  
   O Paraopeba, devastado e a cidade de Brumadinho mergulhada em um pesadelo, cuja triste realidade hoje chega via satélite ao mundo.
     O que mais podemos propor senão fazer resgatar os melhores valores de nossa humanidade agredida. Precisamos voltar a sentir nossa total dependência ao meio ambiente. Somos parte da natureza que nos cerca. Reeducar novamente para viver, sentir, valorizar, aprender a respeitar e amar as águas, nossas montanhas, nossas matas, florestas, respeitar nossa espécie, aos outros animais e formas de vida, nosso clima antes ameno, nosso horizonte que se diz belo e ainda pode ser.
   Precisamos mais que pronunciar que somos solidários em nosso dia a dia.  Agir e aprender o que significa ser esta forma solidária, fraterna, dividir o pão, conviver em paz, promover as melhores capacidades humanas para que tenhamos comunidades sadias, com melhor qualidade de vida.
   Quem se comove com Brumadinho precisa internalizar que para ter água potável em casa é preciso dar as mãos todos os dias. Seja plantando uma árvore, boas palavras e atitudes. Não se busca aqui a santidade, mas o resgate de nossa humanidade roubada, agredida.  Pois as águas estão clamando para que deixemos de destruí-las.  Todos os dias podemos fazer algo pela valorização da pessoa humana, de nossas comunidades.  Para conquistarmos um meio ambiente mais saudável para todos.
   Todos aqueles que são humanos e que se comovem com a degradação de Brumadinho, do meio ambiente, podem aprender a ser solidários, sem ter que sofrer através de devastações ambientais desta ordem.
    Que possamos acreditar no que de bom cada um de nós pode partilhar para sermos seres humanos de melhor qualidade. Para valorizarmos tantas belezas naturais que o Brasil abriga.  Com certeza, todo este sofrimento de Marina, Brumadinho da Mãe Terra, nossa Mãe, não será em vão. Ainda podemos vencer este lado predador pela Fé e pela atitude fraterna, solidária  de valorização dos seres humanos e do meio ambiente.

2 comentários:

  1. Muito bom. Parabéns. Posso compartilhar no zape?

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  2. Boa noite, claro. Agora estamos no Instagram, nos segue por lá e fique à vontade para cadastrar seu e-mail e se informar do nosso trabalho.
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