EDITORIAL
O CORONAVÍRUS E O MEIO AMBIENTE
A humanidade está tendo que aprender pela
dor, pelo sofrimento, vivenciar o descaso de muitos governos com o meio
ambiente. Felizmente existem pessoas, grupos, na sociedade civil que há muito
vêm alertando os governos sobre as ações predatórias que vêm sendo realizadas
com relação aos seres humanos e o meio ambiente, do qual fazemos parte.
As
relações socioambientais (dos seres humanos entre si, nas sociedades inseridas
no meio ambiente) estão sendo levadas a uma reflexão e a transformações bruscas
de atitudes.
O coronavírus questiona governos, as
tecnologias, os costumes, as culturas, a vida cotidiana, crenças, convivências
sociais, economias, políticas, sociedades. Não há como negar que o coronavírus
é um problema socioambiental. Pois se não saímos de casa é porque não apenas seres
humanos estão contaminados, mas as cidades. A limpeza do meio ambiente, das
moradias, das cidades está sendo questionada. Mas o mundo continua incentivando
o consumo sem limites, sujando rios,
águas, oceanos, poluindo com lixo, resíduos sólidos as cidades, utilizando de
forma indiscriminada agrotóxicos, que agridem a saúde humana há tempos. Realidade
que vem gerando inúmeros desafios para a humanidade, gerando conflitos socioambientais,
multidisciplinares. Podemos argumentar de várias formas sobre como o
coronavírus surgiu, o que não podemos dizer é que não é um dos maiores
problemas socioambientais que a humanidade está enfrentando.
Com certeza o pânico não é um bom caminho.
Mas o mundo não é e nem será o mesmo durante e pós o coronavírus. A
sustentabilidade é a palavra da vez. Como ser sustentável diante uma crise de
tamanha envergadura?
Baseando-se no princípio que a
sustentabilidade está fundamentada na valorização dos seres humanos, do meio
ambiente, ainda o mundo tem que aprender muito a se defender. Pois a
fragilidade humana, sempre foi colocada a prova pelas forças da natureza. Seja
nas conseqüências das mudanças climáticas, com mudanças bruscas de temperatura,
seja nos surgimento de epidemias, agora pandemias.
Uma questão que nós, que trabalhamos
inseridos no meio ambiente fundamentados no princípio da precaução, da Agenda
21, do Artigo 225 da Constituição brasileira, buscando difundir informações que
salvam vidas, que visam valorizar os seres humanos, o meio ambiente é que os
problemas socioambientais atingem a coletividade. Não apenas alguns segmentos
da sociedade, mas todos os seres humanos. Sabemos que, sobre a vulnerabilidade
ao coronavírus, dos mais velhos, no caso do Brasil, que são os mais velhos pobres
que sofrem e sofrerão muito mais com as conseqüências de mais este problema
socioambiental. Os problemas de meio ambiente penalizam muito mais os mais
pobres. Não só no Brasil, mas no mundo. Com a grande diferença que no Brasil os
mais velhos não são tratados com o respeito e a valorização que merecem como no
caso da reforma da previdência isto ficou evidente. Ao contrário de algumas
culturas chinesa, orientais, africanas, dentre outras, por exemplo, onde os mais
velhos são respeitados. Agora temos que nos educar para enfrentar a crise
pandêmica, mesmo em um país em que o professor de escola pública recebe tão mal
e é tão desvalorizado. O corona precisa ser vencido com educação, a mesma que
formam médicos, permite a ciência buscar evoluir, mas sabemos que o professor
não é valorizado como deveria no Brasil.
Chegamos a um patamar destes conflitos em
que as camadas mais abastadas, ou ricas economicamente, estão sendo afetadas
sem que o dinheiro, ou as tecnologias consigam deter a virulência. Quem dera o mundo combatesse a miséria, a
fome, a exclusão socioambiental dos mais pobres com a mesma mobilização de
agora. Podemos vencer o coronavírus? Acreditamos que sim, mas como será o mundo
pós corona? Os governos, os tomadores de decisão, que governam através dos
Estados às sociedades, em grande parte insustentáveis, continuarão tratando os
problemas e conflitos socioambientais com o mesmo descaso? Se o vírus corona
não for contido como será a situação da Europa nas mudanças bruscas de clima
que o mundo vem sofrendo? O coronavírus
resiste ao calor? As pessoas ficarão em casa mesmo no verão Europeu, que vem
batendo recordes de aquecimento e calor? E no Brasil como será nossa situação,
que já convive com epidemias como dengue, sarampo, outros vírus gripais, além
do coronavírus no inverno? Sabedores que somos que o Brasil é uma das
sociedades de pior distribuição de renda do mundo? Será que efetivamente os
mais pobres serão tratados da mesma forma que uma grande empresa que vem dando
férias coletivas, fechando as portas, subempregando ainda mais parcelas
crescentes da população? Mas como ficará
a saúde, a vida econômica, socioambiental da maioria dos que trabalham subempregados?
Fica a pergunta: qual a importância será
dada aos problemas, conflitos socioambientais, ao meio ambiente pós coronavírus
?
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