quinta-feira, 10 de setembro de 2020

SEMIÁRIDOS E AGRICULTURA RESILIENTE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

 

Semiáridos latino-americanos trocam 

conhecimentos para se adaptar às

 mudanças climáticas

por ONU Brasil
Produtor rural no semiárido. Foto: EBC

Produtor rural no Semiárido brasileiro. Foto: EBC

Regiões semiáridas da América Latina e Central poderão compartilhar

conhecimentos e identificar práticas de sucesso que promovam uma

 agricultura resiliente às mudanças climáticas em novo projeto financiado 

pelas Nações Unidas.

O Semiárido do Nordeste brasileiro, o Grande Chaco Americano — 

compartilhado por Argentina, Bolívia e Paraguai — e o Corredor Seco da

 América Central participam do DAKI-Semiárido Vivo, iniciativa financiada 

pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), da ONU.

A ação é executada pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), a Fundação Argentina para o Desenvolvimento pela Justiça e pela Paz (FUNDAPAZ) e

 pela Fundação Nacional para o Desenvolvimento de El Salvador (FUNDE).

Em agosto (18), representantes dessas organizações reuniram-se em evento

 online para o lançamento do projeto, cujo foco são territórios de áreas 

secas que enfrentam crescentes processos de desertificação e são 

afetadas pelo aumento da temperatura do planeta e pela ocorrência de

 eventos climáticos extremos.

"Esta tarde damos outro passo importante na articulação e intercâmbio de 

conhecimentos que envolvem dinâmicas sociais, culturais, econômicas e

 políticas nas regiões semiáridas de toda a América Latina", disse no lançamento Alexandre Pires, da coordenação nacional da ASA.

"Espero que este projeto possa aproximar ainda mais a aliança da

 Plataforma Semiáridos da América Latina e a ASA com os governos 

locais e nacionais, com o FIDA e outras agências multilaterais, em 

defesa de um enfoque político que tenha em seu centro a proposta da 

convivência com o Semiárido."

Segundo Gabriel Seghezzo, da Plataforma Semiáridos e da Fundação 

para o Desenvolvimento da Justiça e Paz, o conceito de Semiáridos adotado

 no projeto é "político, climático, social, econômico e cultural."

"(O conceito de) Semiáridos expressa um nome emblemático porque não 

evidencia apenas regiões com semelhanças climáticas e de paisagens. Há

 também outras semelhanças mais profundas: diversidade cultural, que nos 

orgulha; diversidade biológica que dá à região um potencial de desenvolvimento; o histórico de trabalho social e organizativo que gera uma massa crítica institucional impressionante", disse.

Há ainda milhares de organizações indígenas e campesinas com lutas semelhantes, diagnósticos e soluções que podem debater e pensar em direção ao futuro,

 afirmou, "para juntos, vencerem a exclusão e a marginalização, que também são características comuns em nossas regiões".

De acordo com dados citados pela ASA, das 800 milhões de pessoas em 

situação de fome no mundo, metade são agricultores e agricultoras que vivem

 em regiões semiáridas, cuja realidade se agrava com o fenômeno da crise

 climática. A emergência do clima torna ainda mais crítica a dificuldade no 

acesso à água de qualidade, bem como à segurança alimentar e a outros direitos humanos básicos.

O Projeto DAKI-Semiárido Vivo e os programas da ASA atuam no estoque de

 água para a produção de alimentos e de sementes crioulas, tendo como um 

de seus princípios de ação a valorização do conhecimento dos povos do Semiárido.

"Mas o projeto não só propõe reconhecer e valorizar. Sua proposta é construir metodologias para que este conhecimento popular sistematizado ganhe força

 para impulsionar a criação de políticas públicas de diferentes âmbitos 

governamentais", declarou Antônio Barbosa, coordenador do Projeto 

Daki-Semiárido Vivo.

"Queremos destacar a importância do conhecimento tradicional, que respeitado 

e em diálogo com o conhecimento acadêmico podem enfrentar as mudanças 

climáticas e seus impactos na vida e nos territórios semiáridos da América Latina", 

disse.

Para Claus Reiner, gerente de programas do FIDA para o Brasil, "são diversos 

os sistemas de que (as famílias rurais) necessitam para sobreviver". "Estas práticas agrícolas resilientes ao clima são muito importantes, e é o que o 

projeto vai fazer: identificar, analisar e documentar, através de diferentes formas, as práticas agrícolas resilientes ao clima."

A moderadora do evento, Zulema Burneo, coordenadora da Coalizão 

Internacional pela Terra (ILC) para América Latina e Caribe, salientou que projetos

 como o DAKI-Semiárido Vivo são parte de um processo maior capaz de gerar 

capital social e humano a partir de relações sustentáveis entre organizações

 sociais e agricultores, indígenas, campesinos e quilombolas.

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