quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

UNESCO FINANCIA INDÚSTRIA CRIATIVA

 

UNESCO financia iniciativas da indústria criativa e pede inclusão da cultura nos planos de recuperação

  • Neste Ano Internacional da Economia Criativa para o Desenvolvimento Sustentável, 2021, a UNESCO pede que os países não ignorem a cultura quando elaborarem e negociarem seus planos de recuperação.
No Ano Internacional da Economia Criativa para o Desenvolvimento Sustentável, a UNESCO pede que os países não ignorem a cultura.
No Ano Internacional da Economia Criativa para o Desenvolvimento Sustentável, a UNESCO pede que os países não ignorem a cultura.

O Comitê Intergovernamental da Convenção da UNESCO de 2005 sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais se reuniu virtualmente, entre os dias 1 e 6 de fevereiro, para debater sobre a crise profunda e sem precedentes que a COVID-19 provocou no setor da cultura.

O Comitê aprovou o financiamento de iniciativas que irão impulsionar as indústrias culturais e criativas nos países em desenvolvimento em todo o mundo (veja os projetos selecionados abaixo).

Durante a sessão do Comitê, ocorreu um debate de alto nível sobre a campanha ResiliArt, que comemora o Ano Internacional da Economia Criativa para o Desenvolvimento Sustentável, com o lema “Reconstruir melhor por meio da economia criativa”. Os participantes discutiram como os artistas e os trabalhadores da indústria criativa estão se adaptando em resposta à pandemia, bem como enfatizaram a necessidade de maior apoio por parte dos governos e das organizações regionais e internacionais.

Enquanto o mundo celebra o Ano Internacional da Economia Criativa para o Desenvolvimento Sustentável e planos de recuperação estão sendo negociados em todos os lugares, a UNESCO pediu que os países não ignorem a cultura.

“A recuperação que se aproxima determinará quem nós seremos nos próximos anos. A cultura não pode ser esquecida nos planos nacionais, porque não haverá recuperação econômica sem cultura. A UNESCO está mobilizada e convoca todos os atores a abraçar esses esforços de maneira coletiva”, disse a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay.

O debate contou com a participação de Jean-Michel Jarre (músico e embaixador da Boa Vontade da UNESCO), Adberrahmane Sissako (diretor de cinema), Thomas Steffens (diretor-executivo da Primephonic), Vanja Kaludjercic (diretora do Festival Internacional de Cinema de Roterdã), Victoria Contreras (fundadora e diretora-geral da Associação Conecta Cultura de México) e Alvaro Osmar Narvaez (secretário de Cultura da cidade de Medelín, Colômbia, Cidade Criativa de Música da UNESCO).

Segundo o músico e embaixador da Boa Vontade da UNESCO, Jean-Michel Jarre, durante a pandemia muitas pessoas assistiram a filmes, ouviram música e leram livros. “Nossos museus e teatros são serviços públicos. Essas necessidades primordiais da vida humana estão em perigo e, por isso, nós precisamos perguntar a nós mesmos e aos nossos governos se queremos salvar a cultura. A pandemia deve nos unir para trabalharmos juntos”.

O diretor de cinema, Adberrahmane Sissako, explicou que muitos países africanos carecem de estrutura e de políticas que levam em consideração o papel dos artistas na sociedade. “Pouquíssimos artistas ganham dinheiro, e quando acontece um drama como a pandemia, as consequências são graves para os artistas e para a criatividade. Nós devemos aproveitar esta oportunidade para lembrar ao poder público sobre a fragilidade da humanidade sem cultura”.

Cada projeto receberá mais de US$ 70 mil do Fundo Internacional para a Diversidade Cultural (IFCD). Incluindo este ano, o IFCD terá dado apoio, desde 2010, a 120 projetos em 60 países em desenvolvimento, com mais de US$ 8,7 milhões.

Este ano, Honduras e Tanzânia se beneficiarão do apoio do IFCD pela primeira vez. Entre 1.027 candidaturas vindas de 102 países, os projetos selecionados ampliarão o desenvolvimento de políticas e medidas culturais baseadas em evidências, incentivarão o empreendedorismo cultural em comunidades indígenas, aumentarão o envolvimento da sociedade civil, das mulheres e dos jovens nos processos de formulação de políticas culturais, assim como apoiarão a mobilidade dos artistas. Os projetos têm como objetivo fortalecer a resiliência das indústrias culturais e criativas, que foram gravemente atingidas pela COVID-19, e tornar a cultura mais acessível a todos.

Conheça os projetos selecionados:

- Avaliação das Indústrias Culturais e Criativas da Jamaica, proposto pela Jamaica Business Development Corporation (JBDC), que irá mapear as indústrias culturais jamaicanas para criar um sistema sustentável de governança cultural no país. Por meio de uma perspectiva de gênero e de uma abordagem inclusiva liderada pela comunidade, o projeto prevê uma avaliação econômica das indústrias culturais e criativas, bem como a estruturação de uma estratégia nacional para desenvolver o setor.

- Ninhos Culturais, para apoiar as startups culturais indígenas, proposto pelo Centro de Investigación en Comunicación Comunitaria AC do México, que promoverá seis startups indígenas em três estados do país por meio de programas de capacitação, financiamento inicial, processo de pré-incubação e criação de um site de comércio eletrônico.

- Fortalecimento do Envolvimento da Sociedade Civil no Desenvolvimento de Políticas Culturais no Camboja, proposto pela Cambodian Living Arts, que irá criar uma associação para representar as indústrias culturais e criativas cambojanas, com o objetivo de fortalecer a capacidade da sociedade civil e das pessoas que trabalham nas indústrias culturais e criativas, bem como dar apoio em advocacy e na formulação de políticas.

- Fortalecimento da Dança Contemporânea da África Oriental, proposto pela organização Muda Africa, da Tanzânia, que irá beneficiar 45 dançarinos, sobretudo mulheres, em Ruanda, Uganda e na Tanzânia, por meio de uma rede de criatividade e um portal na internet, que irá fornecer capacitação coreográfica, além da realização de advocacy e na área de políticas.

- Construção de Capacidades para Mulheres e Jovens Criadores para uma Política Cultural Inclusiva em Honduras, proposto pela Asociación Mujeres en las Artes “Leticia de Oyuela”, que apoiará a participação da sociedade civil e criará um comitê nacional e uma plataforma para compartilhar conhecimento. O projeto também prevê a organização de encontros nacionais.

- Igualdade de Gênero para a Diversidade Cultural, proposto pela Associação Independente da Cena Cultural da Sérvia, que irá mapear, capacitar e idealizar atividades, a fim de apoiar as mulheres para que iniciem seus próprios negócios no país. O projeto também criará uma rede de indústrias culturais e criativas.

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