Membro da Equipe Olímpica de Refugiados, Popole Misenga envia mensagem de esperança
- Membro da Equipe Olímpica de Refugiados, Popole Misenga iniciou sua segunda participação em Jogos Olímpicos na madrugada de quarta-feira, depois de ter cativado o público brasileiro na Rio 2016.
- Apesar de ter perdido a disputa, o ACNUR parabenizou o atleta pela mensagem de esperança que enviou a todos os refugiados e migrantes.
- O nome e história de Popole ficaram conhecidos mundialmente em 2016, quando participou pela primeira vez de uma edição dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro. Foi no Rio também que ele buscou proteção internacional em face das adversidades enfrentadas na República Democrática do Congo, seu país natal.
- A Equipe Olímpica de Refugiados que disputam os Jogos Tóquio 2020 é uma iniciativa do Comitê Olímpico Internacional, com apoio do ACNUR.
Na madrugada desta quarta-feira (28), o refugiado congolês Popole Misenga competiu nos Jogos Tóquio 2020, integrando a Equipe Olímpica de Refugiados. Apesar de ter perdido a disputa para o húngaro Krizstian Toth, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) parabenizou o atleta pela mensagem de esperança que enviou a todos os refugiados e migrantes.
Popole é uma referência do judô internacional e esta é a sua segunda Olimpíada. Seu nome e história ficaram conhecidos mundialmente em 2016, quando participou pela primeira vez de uma edição dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro. Foi no Rio também que Popole buscou proteção internacional em face das adversidades enfrentadas na República Democrática do Congo, seu país natal.
“No Brasil eu consigo construir minha carreira para chegar aonde almejo. Eu me casei no Rio de Janeiro, tornei-me pai e sou um exemplo a ser seguido. Estou lutando para que a vida dos meus filhos seja melhor do que a minha, para que outras pessoas refugiadas se inspirem para alcançar seus sonhos”, disse o judoca, em uma entrevista concedida ao Comitê Olímpico Internacional.
História no esporte - Aos 29 anos, Popole já construiu uma história longa com o esporte. Quando tinha apenas 9 anos de idade, foi forçado a deixar Kisangani — na República Democrática do Congo —, fugindo de conflitos violentos na região. Ele perdeu a mãe e, separado da família, foi resgatado oito dias depois de ter sido encontrado em uma floresta da região. De lá, foi levado para a capital, Kinshasa, onde descobriu o judô em um centro para crianças deslocadas.
Com muito treino e disciplina, Popole tornou-se atleta da modalidade. Mas, a cada competição que não vencia, Popole sofria duras consequências, chegando a ser privado de água e comida. O cenário mudou em 2013, durante o Campeonato Mundial de Judô realizado no Rio de Janeiro, momento em que ele decidiu desertar da equipe nacional e solicitar proteção internacional no Brasil.
Depois de conseguir o status de refugiado, Popole começou a treinar no Instituto Reação, escola fundada pelo consagrado Flávio Canto, medalhista olímpico brasileiro. Na época, o atleta reforçou a importância do esporte em sua vida e como a modalidade lhe deu serenidade para continuar.
“No meu país, eu não tinha um lar, uma família ou amigos. A guerra causou muita morte e confusão, eu tive que aproveitar a chance que eu tive para estar em segurança em outro local”.
Acolhimento - Esta outra localidade foi justamente o Rio de Janeiro, cidade que o acolheu com aplausos pela sua participação na Rio 2016. Mesmo que no Japão Popole não conte com torcedores o apoiando, os motivos que o fazem competir não serão esquecidos.
A Equipe Olímpica de Refugiados que disputam os Jogos Tóquio 2020 é uma iniciativa do Comitê Olímpico Internacional, com apoio do ACNUR
Trajetória - Em sua primeira disputa olímpica, nos Jogos Rio 2016, Pople conseguiu vencer o experiente indiano Avtar Singh e fez história ao se tornar o primeiro atleta refugiado a passar de fase nas Olimpíadas. Na competição seguinte, foi eliminado nos últimos 40 segundos da luta pelo campeão mundial, o sul-coreano Donghan Gwak.
Mesmo com a derrota, Popole tornou-se um símbolo para diversas comunidades e espectadores dos Jogos naquele ano, tornando-se reconhecido publicamente, em especial entre a juventude brasileira, que se inspirou em seu passado de superações.
Após a Rio 2016, o judoca seguiu comprometido com os treinos e ampliando sua experiência. Em 2017, garantiu uma vaga para Tóquio 2020 durante o Torneio de Abertura na Arena Deodoro, no Rio de Janeiro, com uma medalha de prata na competição.
Acompanhe o time - Como forma de referenciar o potencial humano dos atletas refugiados, o ACNUR criou a página oficial do Time de Refugiados. Acesse para ver fotos, perfis, horários das competições e outras informações atualizadas sobre a participação da Equipe Olímpica de Refugiados.