Reduzir o desperdício de alimentos é uma das maneiras mais fáceis de diminuir o impacto climático pessoal
- Cerca de 10% de todas as emissões de gases de efeito estufa vêm da produção de alimentos que são jogados fora, de acordo com um relatório do Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
- Para especialistas do programa da ONU, reduzir o desperdício de alimentos em casa é uma das maneiras mais fáceis de diminuir o impacto climático pessoal. "Você come - e toma decisões alimentares - pelo menos três vezes ao dia", explica o especialista em sistemas alimentares do PNUMA, Clementine O'Connor.
- Ele dá algumas dicas simples para reduzir o desperdício alimentar. Entre elas, comprar apenas o que realmente for necessário, usar tudo o que comprar com receitas criativas e aproveitar bem o freezer para congelar alimentos e sobras.
Um relatório lançado em março pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) descobriu que o mundo está mergulhado numa epidemia de desperdício de alimentos. Em 2019, os consumidores jogaram fora quase um bilhão de toneladas de alimentos, ou 17% de toda a comida que compraram.
"Se você pode imaginar 23 milhões de caminhões de 40 toneladas totalmente carregados - pára-choque com pára-choque, o suficiente para circular a Terra sete vezes - então é disso que estamos falando", ilustra o analista da organização sem fins lucrativos WRAP, Tom Quested.
"Alimentos não consumidos são um puro desperdício de energia e recursos que poderiam ser melhor aproveitados", reforça o
Quested e O'Connor são autores do Índice de Desperdício de Alimentos 2021. Entre os dados do levantamento coordenado por eles, destaca-se que em todo mundo, antes mesmo da crise gerada pela COVID-19, 690 milhões de pessoas estavam subnutridas. Três bilhões de pessoas não tinham condições de manter uma dieta saudável. Além disso, cerca de 10% de todas as emissões de gases de efeito estufa vêm da produção de alimentos que são jogados fora.
"O desperdício de alimentos gera todos os impactos ambientais da produção de alimentos (uso intensivo e poluição da terra e dos recursos hídricos, exacerbação da perda de biodiversidade, emissões de gases de efeito estufa) sem nenhum dos benefícios de alimentar as pessoas", analisa Quested ao explicar a relação entre o desperdício e as alterações climáticas.
O conceito de desperdício inclui o alimento que é jogado fora pelas famílias (61%), pelos serviços de alimentação (26%) e pelo varejo (13%). De acordo com o relatório, os níveis de desperdício per capita familiar são similares em países da alta e de média renda. Por isso, o PNUMA está lançando Grupos de Trabalho Regionais de Resíduos de Alimentos na América Latina e Caribe, África, Ásia Ocidental e Ásia-Pacífico.
"Reduzir o desperdício de alimentos em casa é uma das maneiras mais fáceis de reduzir o impacto climático pessoal", explica O’Connor. "Você come - e toma decisões alimentares - pelo menos três vezes ao dia", acrescenta.
Dicas simples - Entre as dicas do especialista do PNUMA para evitar o desperdício alimentar estão comprar apenas o que realmente for necessário, usar tudo o que comprar e aproveitar bem o freezer para congelar alimentos e sobras.
Para colocar em prática estas dicas, O'Connor recomenda sempre ter uma lista de compras, evitar compras por impulso, e comprar alimentos frescos com frequência. Além disso, ele sugere descobrir novas receitas criativas para utilizar as sobras de alimentos e cozinhar receitas com medidas precisas. Em um restaurante, o especialista sugere por sempre optar por porções menores ou por levar para casa o que sobrou no prato.
Metas para 2030 - O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12, em sua meta 12.3, visa reduzir pela metade o desperdício global de alimentos per capita no varejo e no consumidor e diminuir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo perdas pós-colheita até 2030.
Para acompanhar o progresso dessa meta, o PNUMA envia a cada dois anos um questionário para os Escritórios Nacionais de Estatística e Ministérios do Meio Ambiente. Os dados são disponibilizados publicamente na Base de Dados Global ODS e no Relatório do Índice de Resíduos Alimentares do PNUMA, que será publicado em intervalos regulares até 2030. O próximo questionário será enviado aos Estados Membros em setembro de 2022, e os resultados serão relatados ao SDG Global Database em fevereiro de 2023.
Sobre o relatório - O relatório do Índice de Desperdício Alimentar do PNUMA foi publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) com o apoio do WRAP, uma organização não governamental que trabalha para garantir que os recursos naturais do mundo sejam usados de forma sustentável.
Como guardião do indicador da meta 12.3 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável sobre perda e desperdício de alimentos, o PNUMA desenvolveu o índice para ajudar os países a acompanhar o progresso. O trabalho faz parte dos esforços globais do PNUMA para incentivar o consumo e a produção sustentáveis de alimentos e contribui para a Iniciativa Básica sobre Perda e Desperdício de Alimentos do Programa de Sistemas Alimentares Sustentáveis da One Planet Network. A campanha pública de longa data do PNUMA sobre desperdício de alimentos, Think Eat Save, publica orientações para programas de prevenção de desperdício de alimentos para países e empresas.
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