Rebeca Andrade - medalha de ouro na gInástica em Tóquio - Foto: divulgação COb |
A
primeira atleta brasileira a conquistar medalhas olímpicas históricas para o
Brasil na ginástica artística, de ouro e prata, é a afrobrasileira – Rebeca Andrade.
A
história de dedicação de Rebeca Andrade tem sua inspiração em Daiane dos
Santos, a também brasileira, afrodescendente, que encantou o mundo na ginástica de solo com o “Brasileirinho” em 2000.
A
determinação de Rebeca prova que os projetos sociais esportivos são caminhos
vitoriosos que geram talentos para o esporte brasileiro. Rebeca iniciou sua
prática de ginasta no projeto social – “Iniciação Esportiva” da Prefeitura de
Guarulhos – São Paulo.
Na transmissão pela TV para milhões de
brasileiros das Olimpíadas de Tóquio, a apresentadora e ex –
atleta Daiane dos Santos, que defendeu a ginástica brasileira no mundo durante anos, se emocionou relembrando sua história também de superação, junto com outros atletas desbravadores. Dizemos desbravadores, porque não há no
Brasil uma política de incentivo à prática de esportes descentralizada nas
comunidades como poderia haver.
Superando barreiras e preconceitos as atletas
afrobrasileiras inspiram a juventude (de todas as etnias) e as novas gerações
de atletas que sonhar e vencer é possível.
O Brasil é um país que possui um potencial muito grande a se desenvolver em todas as modalidades esportivas, De Daiane dos Santos, Rebeca Andrade a Arthur Zanetti.
Rayssa Leal - a "Fadinha" - Foto: divulgação - COB |
A “Fadinha” Rayssa Leal, prata no skate na modalidade street, canalizou as atenções para a sadia prática dos esportes desde a infância. Tornou-se a medalhista mais jovem da história do Brasil, com apenas 13 anos de idade. Rayssa é conhecida como “fadinha”, porque em 7 de setembro de 2015, estava fantasiada de fada azul e tentava uma manobra no skate conhecida como heelflip, uma das mais difíceis no esporte. Seus amigos gravaram, sem maiores pretensões, o momento em que conseguiu executar a manobra. A gravação viralizou nas redes sociais.
Ítalo Ferreira - medalha de ouro em Tóquio - Foto: divulgação COB |
Ítalo Ferreira, que conquistou a medalha histórica de ouro no surfe, é também nordestino, assim como Rayssa, no Brasil ainda há muito preconceito ou sentimentos xenofóbicos com relação aos nordestinos que precisam ser vencidos. Ítalo começou surfar com tampa de isopor. Na conquista do ouro, lembrou de sua avó, representando um país aonde a sabedoria dos mais velhos não é respeitada e valorizada como deveria. No Japão, país anfitrião das Olimpiadas, há até um feriado nacional em comemoração ao Dia do Respeito ao Idoso (Keiro no Hi), na terceira segunda feira de setembro. As crianças no Japão são educadas para respeitarem os mais velhos como exemplos de sabedoria. E o desenvolvimento tecnológico do país emprega boa parte das suas inovações, para a melhoria da qualidade de vida dos idosos.
O Brasil, contudo, apresenta nas Olimpíadas de Tóquio, histórias de superação, como a do nadador Bruno Fratus, bronze na natação. Uma lição de como a prática de esportes pode transformar a vida das pessoas. Bruno, venceu a depressão pela lesão sofrida pós Olimpíadas do Rio e com o apoio da esposa treinadora, ex-nadadora olímpica Michelle, teve sua vida transformada até a conquista do bronze em Tóquio.
Mayra Aguiar, bronze no judô, superou cirurgias de ligamentos, para ser a maior medalhista da história do judô brasileiro. Fernando Sheffer, bronze na natação em Tóquio,
treinou em um açude meses antes dos Jogos. Exemplos de superação. Lições de
vida para a sociedade.
Bruno Fratus - bronze na natação recebe em Tóquio - beijo de sua esposa Michelle Lenhardt Foto: divulgação COB |
O Brasil pode, havendo políticas de incentivo popular à prática de esportes, se tornar em poucos anos uma potência esportiva mundial. O país pode e deve muito mais fazer para valorizar a juventude a praticar esportes.
O
Brasil marcado pelos contrastes sociais, ostenta o triste recorde de possuir
uma das piores e mais desiguais distribuições de renda do mundo. Em marcantes
momentos de ginástica em Tóquio, Rebeca apresentou ao
mundo o ritmo do funk, na ginástica de solo. Um ritmo que faz parte da cultura
e retrata grande parte da população brasileira excluída de políticas sociais,
nas favelas e periferias.
A força dos esportes mobiliza atitudes que
elevam as relações humanas a uma convivência mais saudável. É possível as
sociedades evoluírem para vencer os preconceitos, barreiras, racismo, intolerâncias. Haja vista a delegação de refugiados, nas Olimpíadas de Tóquio.
A singularidade da espécie humana é nossa
diversidade de etnias de potencialidades humanas que podem conquistar melhores
condições de vida com dignidade para todos.
O mundo pós pandemia precisa renovar-se.
Aprender com os erros quando deixamos de respeitar nossa própria espécie e o
meio ambiente. A pandemia trazendo sofrimentos produz um aprendizado de que
temos que melhorar em muito nossa relação com a natureza e com todos nós seres
humanos. Produzir mais solidariedade, fraternidade que a prática de esportes na
superação de limites nos educa e nos convoca a vencer, em se tratando das
desigualdades socioambientais que o Brasil apresenta e que é preciso vencer. Erradicar pandemias, fome
e miséria. Pensar, agir e construir um mundo saudável, sustentável para todos e
não apenas para alguns que ignoram a beleza de ser humano e da natureza que nos
cerca. Algumas modalidades de esportes nos apresentam a possibilidade de harmonia entre os seres humanos com a natureza, como o surfe.
Com os bons exemplos de Rebeca, Daiane,
Ítalo e atletas de todas as etnias que mobilizam nossas melhores energias, fazemos votos de que
possamos dar saltos de qualidade no respeito a todas as etnias, povos e a natureza.
Que as energias canalizadas nas disputas
dos Jogos Olímpicos de Tóquio, durante a maior pandemia da história da
humanidade, auxilie o mundo a construir sociedades que vençam racismos,
intolerâncias, desigualdades sociais, a fome, a miséria e construamos, unindo nossas melhores energias, um mundo sustentável para todos.
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