Foto divulgação - EBC |
Mudanças climáticas
O Brasil em chamas
A maior seca da história do Brasil -2024 e ondas de calor que deverão superar 45° em várias regiões do país. Trata-se de agravantes dos alertas locais e globais sobre as consequências das mudanças climáticas. O paradoxo é que estas temperaturas extremas acontecem em pleno inverno. Como explicar tantos focos de incêndios em tantas regiões simultâneos? Ainda que alguns incêndios estejam sendo provocados por ações humanas criminosas e há indícios de que boa parte seja criminosa, não há como negar que também este grande período de secas são consequências das mudanças climáticas. A degradação da perda da biodiversidade é de entristecer. Florestas devastadas, áreas de proteção ambiental, parques, matas nativas, reservas indígenas, a fauna dizimada, perdas de vidas, populações estarrecidas.
A solução que se espera são as chuvas chegarem... anunciam a grande mídia. Porém a gravidade da situação vai muito além. Como devolver ao Planeta o clima de outrora? Dizem os cientistas que as presentes e futuras gerações terão que aprender a lidar com os conflitos socioambientais provocados pelo aquecimento global.
O impacto de tantos extremos - fazem poucos meses que o Brasil presenciou o Rio Grande do Sul inundado. Agora todo o país está tomado pelas chamas, pela fuligem das queimadas. Os danos à saúde, o tempo de recuperação destas áreas degradas, a perda da fauna e flora são preocupantes.
Para nós que trabalhamos há anos divulgando os problemas e as possíveis soluções da crise socioambiental no Brasil e no mundo, fica a certeza da lentidão com que as ações governamentais de transição energética vêm acontecendo.
As mudanças climáticas estão alterando as relações de convivência humana de forma drástica. O futuro incerto coloca desafios que exigem atitudes de precaução muito mais eficazes para combater tanta destruição do meio ambiente.
Continuamos acreditando no papel protagonista da sociedade civil. As comunidades precisam debater e se proteger destas consequências.
As informações sobre o clima, os extremos climáticos, seja de seca, nevascas, enchentes, de quaisquer alterações no clima precisam chegar com antecedência às comunidades.
Não basta o registro do fato depois que o pior acontece. Há que se implantar os princípios do Direito Ambiental da precaução nas comunidades. As escolas precisam debater e agir com seus alunos sobre a gravidade destes problemas, assim como as comunidades. É preciso uma mobilização socioambiental de todas as pessoas, instituições, governos para que possamos nos defender destes extremos climáticos.
Sabemos que estudos científicos existem. Que projeções são realizadas pelo IPCC(Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), pelos órgãos que estudam cientificamente a crise climática. O que falta na verdade é vontade política de haver pactos locais de pessoas e instituições para que medidas sejam tomadas com antecedência. Que os recursos para combate às mudanças climáticas cheguem de fato para as comunidades e instituições que lutam pela valorização do meio ambiente, que trabalham sem recursos para difundir a informação socioambiental, que implantam projetos sustentáveis que salvam vidas, a biodiversidade, o meio ambiente. Existem inúmeras iniciativas da sociedade civil que está lutando desde muito tempo para evitar o pior. Se é que podemos traçar esta linha do tempo do que seria pior.
Sociedades consomem energia sem limites, entulham resíduos, que geram consciências degradadas e predatórias que relegam para segundo plano a importância de se cuidar do meio ambiente, da qualidade de vida. A conscientização das comunidades, das populações precisam se transformar. Todas as consequências das mudanças climáticas sabemos atingem principalmente populações que sofrem com a fome, as guerras, os que habitam áreas de risco, degradadas, os refugiados dos conflitos socioambientais.
O Brasil tem a oportunidade de ser um dos protagonistas em todo o mundo para esta transformação da percepção e atitudes em relação a convivência humana e a natureza por sua originalidade de: “País Megadiverso”.
Estamos às vésperas da Conferência do Clima no Brasil em 2025 – a COP 30 que será realizada na Amazônia.
Já deveria haver uma mobilização nacional para que o Brasil possa se preparar para implantar projetos sustentáveis de combate às mudanças climáticas com a participação de toda sociedade. Estes projetos só terão eficácia se forem implantados de "baixo para cima", ou seja, com o devido respeito, participação e valorização da sociedade civil.
O Brasil que está sofrendo com as queimadas e o clima seco é a maior reserva ambiental do Planeta. Tem uma diversidade cultural inigualável. Além do nome de nosso País ser uma referência a uma árvore.
Mais um registro impressionante e preocupante. Em plena campanha eleitoral municipal quase não se ouve propostas sobre o combate as mudanças climáticas. O que confirma que a sociedade civil cada vez mais precisa se fazer protagonista. Cobrar políticas públicas de precaução e combate às mudanças climáticas.
Fica a questão: qual a responsabilidade de cada ser humano com o que vem ocorrendo com a degradação das relações humanas e socioambientais diante o crescente agravamento da crise climática?
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