quarta-feira, 26 de março de 2025

5ª CONFERÊNCIA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - "EMERGÊNCIA CLIMÁTICA E O DESAFIO DA TRANSFORMAÇÃO ECOLÓGICA"


Como enfrentamos a emergência climática?

Fonte: MMA

    "O ano de 2023 foi o mais quente da história1, e o aumento da

 temperatura do planeta foi percebido de norte a sul do País na forma

 de ondas de calor, inundações e secas. Eventos extremos cada vez

 mais intensos e frequentes são manifestações do aquecimento global.

 Temos pouco tempo para deter o agravamento da crise climática e

 garantir uma transição rápida e justa para um modelo de 

desenvolvimento de baixa emissão de gases de efeito estufa

 e resiliente às mudanças do clima.

A emergência climática e o desafio da transformação ecológica 

são os temas desta 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente. 

As rodadas de conversas em todo o País vão até maio de 2025

com um convite ao debate das melhores escolhas num momento tão

 desafiador da história, tanto para reduzir as emissões como para nos

 adaptarmos aos efeitos já visíveis do aquecimento global. Essas 

escolhas envolvem desde hábitos de consumo da população, com 

menor geração e melhor destinação de resíduos, até o destino das 

florestas e dos oceanos, que armazenam uma parcela dos gases

 causadores do efeito estufa e estão sob ameaça crescente.

Mais recentemente, o estado do Rio Grande do Sul tem enfrentado 

eventos climáticos extremos, fenômeno diretamente ligado às 

consequências do aquecimento global. Análises 

meteorológicas indicam que a intensificação das 

tempestades severas e das inundações repentinas, 

que afetaram milhares de vidas e causaram 

danos significativos à infraestrutura regional, 

está associada ao aumento da variabilidade 

climática. Este evento sublinha a urgência

 de desenvolver estratégias mais robustas e 

baseadas em evidências científicas para a 

gestão de crises e a mitigação de desastres naturais, 

além de destacar a importância de investir em 

medidas adaptativas e preventivas em resposta 

às mudanças climáticas globais.

Cientistas já não têm dúvidas: o aumento da temperatura do planeta

 decorre da concentração crescente de gás carbônico e dos demais 

gases de efeito estufa na atmosfera desde meados do século 19.

 É, portanto, resultado da ação dos seres humanos. Mundialmente, 

a queima de combustíveis fósseis é responsável pela maior parcela 

desses gases. Aqui no Brasil, o principal responsável pelo 

aquecimento global é o desmatamento, seguido por emissões da

 agricultura e da pecuária, sobretudo pelo processo digestivo do gado, 

que lança metano na atmosfera, e dos fertilizantes nitrogenados. 

Em terceiro lugar, aparecem as emissões no setor de energia,

 pela queima de combustíveis fósseis nos transportes e na indústria.

Em um estudo realizado pelo Centro Nacional de Monitoramento e 

Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) destacou-se a necessidade 

urgente de uma transição na gestão ambiental do Brasil, de uma 

abordagem reativa para uma proativamente voltada à gestão de

 riscos. A análise, que cobriu uma série histórica de 13 anos de

 dados climáticos, identificou que 1942 municípios brasileiros 

estão em situação de risco significativo devido à frequência e

 intensidade dos eventos climáticos extremos. Esta pesquisa 

sublinha a importância de políticas que antecipem e reduzam os 

riscos, em vez de apenas responder aos desastres, especialmente em

 um contexto em que, já em 2024, o planeta pode ultrapassar o limite 

crítico de aumento de 1,5°C na temperatura global. Este limiar é

 considerado crucial para evitar as consequências mais severas para

 as populações e ecossistemas.

No final de 2023, o primeiro balanço global do Acordo de Paris

evidenciou que estamos distantes dos objetivos necessários para 

conter o aumento da temperatura global, indicando que os

 impactos das mudanças climáticas continuarão a intensificar-se e

 tendem a ser mais severos em populações mais vulnerabilizadas.

desafio de lidar com a emergência climática é complexo, ao

 mesmo tempo global e regional, depende da ação de governos e 

de cada um de nós. É preciso cortar o mais rapidamente possível as

 emissões de gases de efeito estufa ao mesmo tempo em que é preciso

 lidar com outras questões urgentes, como o combate à fome e à

 desigualdade social, que a mudança climática pode agravar.

A adaptação às mudanças climáticas, que diz respeito a lidar com 

os seus impactos, com os quais já convivemos, envolverá o conjunto 

da população nos municípios, com menor ou maior risco.

 A plataforma Adapta Brasil3 mostra que metade dos municípios

 brasileiros tem vulnerabilidade alta ou muito alta diante de 

desastres chamados geo-hidrológicos, como inundações, enxurradas

 e deslizamentos de terra. E quase um a cada quatro municípios

 tem vulnerabilidade alta ou muito alta a secas."