quarta-feira, 24 de setembro de 2025
terça-feira, 23 de setembro de 2025
COP 30 E O FUNDO DE FLORESTAS TROPICAIS PARA SEMPRE (TFFF)
Amazônia - Foto : divulgação |
O Brasil encabeça uma das iniciativas que deve modificar a forma do mundo enxergar a conservação ambiental. O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) - que deve ser lançado durante a COP30 - fará pagamentos a países que garantam a conservação dessas florestas. No total, mais de 70 países em desenvolvimento com florestas tropicais poderão receber os recursos deste que poderá ser um dos maiores fundos multilaterais já criados no planeta.
Ao realizar pagamento por florestas em pé, protegidas de desmatamento e degradação em biomas como a Mata Atlântica, a Amazônia, as florestas da Bacia do Congo e do Mekong/Borneo, o TFFF reconhece serviços ambientais fundamentais prestados por estes ambientes em todo o mundo e sua importância para a sustentação de atividades econômicas.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, afirmou que este é o momento de mudar a forma como a humanidade lida com os recursos naturais do planeta.
“Já exploramos demais a natureza para gerar recursos financeiros e bens materiais. Agora, é hora de usar os recursos que geramos com essa exploração para proteger a natureza. Somos constantemente cobrados por depender apenas de dinheiro público para essa proteção, mas o Fundo Florestas Tropicais para Sempre representa uma virada de chave”, enfatizou.
“Não é doação, mas uma iniciativa que opera com lógica de mercado, alavancando recursos privados a partir de investimentos diversos. Para cada dólar aportado pelos países, espera-se mobilizar cerca de quatro dólares do setor privado, criando um fundo fiduciário permanente. É uma nova forma de financiar a conservação, com responsabilidade compartilhada e visão de futuro", complementou a ministra .
Origem
O Brasil lidera os esforços pela criação do TFFF desde a COP28, realizada em Dubai, em 2023, quando o tema foi abordado publicamente pela primeira vez pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Até o momento, outros cinco países que têm florestas tropicais integram a iniciativa: Colômbia, Gana, República Democrática do Congo, Indonésia e Malásia. Além disso, cinco países potencialmente investidores também participam do processo de fundação do mecanismo: Alemanha, Emirados Árabes Unidos, França, Noruega e Reino Unido.
Recursos e atratividade
A expectativa é que as nações investidoras e outras fontes garantam um aporte de 25 bilhões de dólares nos primeiros anos do TFFF. Com esta injeção, será possível alavancar mais 100 bilhões de dólares (capital sênior) do setor privado nos próximos anos. Os governos, ao aceitarem o papel de capital júnior, consentem em incorrer em um risco um pouco maior do que o setor privado, atraindo estes investidores privados.
As projeções apontam que o mecanismo deverá viabilizar 4 bilhões de dólares anuais para a conservação ambiental, o que representa um valor próximo do triplo do volume aplicado globalmente para a proteção das florestas tropicais por meio de recursos concessionais.
De maneira inovadora, os recursos disponibilizados pelo TFFF serão repassados aos países com florestas tropicais, que contarão com uma fonte de recursos previsível e em grande escala para financiar objetivos de longo prazo. O TFFF espera que os pagamentos aos países sejam adicionais aos recursos do orçamento hoje empregados para a conservação das florestas, que são extremamente limitados.
“Isso daria uma capacidade de investimento em políticas públicas muito forte”, frisou André Aquino.
De acordo com Rafael Dubeux, o fundo mudará a forma de aplicar capital em prol do meio ambiente.
“Ao contrário de experiências anteriores que são muito baseadas em doações, filantropia, o TFFF traz uma inovação porque pressiona menos o orçamento de todo mundo, já que é um investimento”, destacou.
Trata-se de um fundo fiduciário, similar aos "endowments" que sustentam as grandes universidades privadas dos EUA.
Ainda conforme Dubeux, se as previsões se concretizarem, este será um dos maiores fundos multilaterais já criados no planeta, atrás apenas do Banco Mundial. Fonte: Por Laura Marques / COP30 ) UNCC).
Os 74 países detentores de florestas tropicais elegíveis para integrar o fundo |