DEVASTAÇÃO SOCIOAMBIENTAL EM BRUMADINHO
A triste
previsão do que já havia sido alertado pela sociedade civil que atua na área de
meio ambiente: "mais barragens poderiam se romper, mesmo após
Mariana", acontece em tempo real, com o rompimento da barragem do Feijão.
O
pior destas devastações do meio ambiente é que elas não só acontecem naquele momento do rompimento da barragem, elas
seguem seu curso de lama. A lama da
barragem do Feijão em Brumadinho é o lamentável, triste e repugnante
quadro que daqui para frente só se agrava com o passar dos dias, do tempo. Uma
devastação socioambiental que degrada os seres humanos, o meio ambiente em escala
crescente.
As águas dali para frente estão poluídas,
contaminadas. Como o Rio que era Doce. A
lama da barragem do Feijão, avança pelo rio Paraopeba, já percorreu mais de 100
km e segundo pesquisadores na área de geologia, a lama deve atingir a represa
de Três Marias por volta dos dias 15 e 20 de fevereiro.
O sofrimento das
famílias, moradores do entorno de Brumadinho e comunidades aonde a lama segue
seu curso de destruição, é algo que faz os seres humanos temerem essa
voracidade predadora em relação ao meio ambiente e entre nossa própria espécie.
Assistimos cenas grotescas estarrecedoras, de uma operação de
resgate cinematográfica para resgatar corpos e não mais vidas.
O que poderia
deter tal destruição? Esta é a pergunta que todos nós fazemos.
Brumadinho infelizmente é mais uma ponta trágica deste iceberg de
conflitos socioambientais que penalizam principalmente a população mais pobre,
sem recursos, que vive de seu trabalho rural, plantando hortas, pescando,
tirando da natureza, de forma respeitosa, bem mais respeitosa, o sustento de
suas famílias.
A água
misturada à lama causa também espanto. Um dia as águas de MG poderão ser assim?
Aí nossa espécie deixa de existir. Necessitamos da água para nossa sobrevivência.
Nosso organismo humano é constituído por cerca de setenta por cento de água. E
só de ver tanta lama, sentimos sede. Sede de água pura, sem poluição. Sede de
acreditar que temos capacidade de sermos seres humanos melhores.
Estes rompimentos de barragens: Mariana,
Brumadinho, são tristes realidades que nos fazem temer pela capacidade de
destruição que nossa espécie pode provocar não só aos seus, nossos semelhantes,
mas a toda a biodiversidade e ecossistemas.
O que
nos resta a não ser nos solidarizar com as famílias que sofrem as perdas de
parentes, amigos, da fauna, da flora, de
sua sobrevivência naquele ecossistema até então quase paradisíaco ? Haverá
dinheiro que compre tamanho sofrimento ?
O Paraopeba, devastado e a cidade de
Brumadinho mergulhada em um pesadelo, cuja triste realidade hoje chega via
satélite ao mundo.
O que
mais podemos propor senão fazer resgatar os melhores valores de nossa
humanidade agredida. Precisamos voltar a sentir nossa total dependência ao meio
ambiente. Somos parte da natureza que nos cerca. Reeducar novamente para viver,
sentir, valorizar, aprender a respeitar e amar as águas, nossas montanhas,
nossas matas, florestas, respeitar nossa espécie, aos outros animais e formas
de vida, nosso clima antes ameno, nosso horizonte que se diz belo e ainda pode
ser.
Precisamos mais que pronunciar que somos
solidários em nosso dia a dia. Agir e
aprender o que significa ser esta forma solidária, fraterna, dividir o pão,
conviver em paz, promover as melhores capacidades humanas para que tenhamos
comunidades sadias, com melhor qualidade de vida.
Quem se comove com Brumadinho precisa internalizar que para ter água
potável em casa é preciso dar as mãos todos os dias. Seja plantando uma árvore,
boas palavras e atitudes. Não se busca aqui a santidade, mas o resgate de nossa
humanidade roubada, agredida. Pois as
águas estão clamando para que deixemos de destruí-las. Todos os dias podemos fazer algo pela
valorização da pessoa humana, de nossas comunidades. Para conquistarmos um meio ambiente mais
saudável para todos.
Todos
aqueles que são humanos e que se comovem com a degradação de Brumadinho, do
meio ambiente, podem aprender a ser solidários, sem ter que sofrer através de
devastações ambientais desta ordem.
Que possamos acreditar no que de bom cada um de nós pode partilhar para
sermos seres humanos de melhor qualidade. Para valorizarmos tantas belezas
naturais que o Brasil abriga. Com
certeza, todo este sofrimento de Marina, Brumadinho da Mãe Terra, nossa Mãe,
não será em vão. Ainda podemos vencer este lado predador pela Fé e pela atitude
fraterna, solidária de valorização dos
seres humanos e do meio ambiente.