sexta-feira, 18 de setembro de 2020
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
A ALFABETIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS
A alfabetização é umaquestão de dignidadee direitos humanospor ONU Brasil |

Menina de 11 anos recebe um guia de estudos durante a pandemia
da COVID-19, porque as escolas estão fechadas no Equador
. Foto: Martin Kingman/UNICEF
Todos os anos a Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (UNESCO) celebra o Dia Internacional da Alfabetização
para lembrar o mundo sobre a importância da alfabetização como uma questão de dignidade e direitos humanos.
Apesar dos progressos feitos ao longo dos anos, cerca de 773 milhões de
adultos em todo o mundo ainda não dominam as competências básicas em escrita e leitura.
Celebrado em 8 de setembro, o Dia Internacional da Alfabetização tem
como foco neste ano “o ensino e a aprendizagem da alfabetização na crise da
COVID-19 e além”, com ênfase para a alfabetização ao longo da vida - mantendo os jovens e adultos no centro das atenções.
Educadores são prioridade
Segundo a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, para superar o impacto da COVID-19, é fundamental priorizar os educadores da linha de frente. “Vimos
a dedicação deles durante esta situação sem precedentes, mas também
testemunhamos sua insegurança e privação, já que o trabalho diário de
alfabetização, por mais essencial que seja, recebe muito pouco reconhecimento”.
Os educadores em todos os lugares devem ser capazes de realizar suas
tarefas em boas condições de trabalho, inclusive recebendo uma remuneração justa e com estabilidade no emprego.
Também precisam ser capacitados ao longo de sua carreira para que sejam
capazes de se adaptarem às diferentes circunstâncias, como o fechamento de escolas.
Dois em cada três alunos ainda estão fora da escola
Com dois em cada três alunos ainda sem condições de voltar às aulas, a chefe da UNESCO destacou a importância de uma ampla capacitação para os educadores sobre educação à distância.
As novas tecnologias também têm grande potencial. Embora eles não possam
substituir a transmissão de conhecimento por pessoas, a chefe da UNESCO disse que eles podem ser aliados valiosos.
“Devemos apoiar seu desenvolvimento e torná-los acessíveis a todos os alunos”
, afirmou a diretora-geral da UNESCO. “Este é um aspecto importante para refletirmos sobre o futuro da educação”.
Lacunas políticas reveladas pela pandemia
A crise da COVID-19 tem sido um lembrete gritante da lacuna entre o discurso
político e a realidade.
Durante a pandemia, os programas de alfabetização de adultos em muitos
países foram deixados de fora dos planos iniciais de resposta à educação.
E a maioria dos programas de alfabetização de adultos que existiam foi suspensa.
O Dia da Alfabetização oferece uma oportunidade de explorar como posicionar a alfabetização de jovens e adultos nas respostas globais e nacionais, bem
como formular políticas, sistemas e outras medidas de apoio aos educadores.
Para mais informações e para acompanhar as ações preparadas pela
UNESCO nesta data, acesse a página do Dia Internacional da Alfabetização
2020 (em espanhol).
SEMIÁRIDOS E AGRICULTURA RESILIENTE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Semiáridos latino-americanos trocamconhecimentos para se adaptar àsmudanças climáticaspor ONU Brasil |

Produtor rural no Semiárido brasileiro. Foto: EBC
Regiões semiáridas da América Latina e Central poderão compartilhar
conhecimentos e identificar práticas de sucesso que promovam uma
agricultura resiliente às mudanças climáticas em novo projeto financiado
pelas Nações Unidas.
O Semiárido do Nordeste brasileiro, o Grande Chaco Americano —
compartilhado por Argentina, Bolívia e Paraguai — e o Corredor Seco da
América Central participam do DAKI-Semiárido Vivo, iniciativa financiada
pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), da ONU.
A ação é executada pela Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), a Fundação Argentina para o Desenvolvimento pela Justiça e pela Paz (FUNDAPAZ) e
pela Fundação Nacional para o Desenvolvimento de El Salvador (FUNDE).
Em agosto (18), representantes dessas organizações reuniram-se em evento
online para o lançamento do projeto, cujo foco são territórios de áreas
secas que enfrentam crescentes processos de desertificação e são
afetadas pelo aumento da temperatura do planeta e pela ocorrência de
eventos climáticos extremos.
"Esta tarde damos outro passo importante na articulação e intercâmbio de
conhecimentos que envolvem dinâmicas sociais, culturais, econômicas e
políticas nas regiões semiáridas de toda a América Latina", disse no lançamento Alexandre Pires, da coordenação nacional da ASA.
"Espero que este projeto possa aproximar ainda mais a aliança da
Plataforma Semiáridos da América Latina e a ASA com os governos
locais e nacionais, com o FIDA e outras agências multilaterais, em
defesa de um enfoque político que tenha em seu centro a proposta da
convivência com o Semiárido."
Segundo Gabriel Seghezzo, da Plataforma Semiáridos e da Fundação
para o Desenvolvimento da Justiça e Paz, o conceito de Semiáridos adotado
no projeto é "político, climático, social, econômico e cultural."
"(O conceito de) Semiáridos expressa um nome emblemático porque não
evidencia apenas regiões com semelhanças climáticas e de paisagens. Há
também outras semelhanças mais profundas: diversidade cultural, que nos
orgulha; diversidade biológica que dá à região um potencial de desenvolvimento; o histórico de trabalho social e organizativo que gera uma massa crítica institucional impressionante", disse.
Há ainda milhares de organizações indígenas e campesinas com lutas semelhantes, diagnósticos e soluções que podem debater e pensar em direção ao futuro,
afirmou, "para juntos, vencerem a exclusão e a marginalização, que também são características comuns em nossas regiões".
De acordo com dados citados pela ASA, das 800 milhões de pessoas em
situação de fome no mundo, metade são agricultores e agricultoras que vivem
em regiões semiáridas, cuja realidade se agrava com o fenômeno da crise
climática. A emergência do clima torna ainda mais crítica a dificuldade no
acesso à água de qualidade, bem como à segurança alimentar e a outros direitos humanos básicos.
O Projeto DAKI-Semiárido Vivo e os programas da ASA atuam no estoque de
água para a produção de alimentos e de sementes crioulas, tendo como um
de seus princípios de ação a valorização do conhecimento dos povos do Semiárido.
"Mas o projeto não só propõe reconhecer e valorizar. Sua proposta é construir metodologias para que este conhecimento popular sistematizado ganhe força
para impulsionar a criação de políticas públicas de diferentes âmbitos
governamentais", declarou Antônio Barbosa, coordenador do Projeto
Daki-Semiárido Vivo.
"Queremos destacar a importância do conhecimento tradicional, que respeitado
e em diálogo com o conhecimento acadêmico podem enfrentar as mudanças
climáticas e seus impactos na vida e nos territórios semiáridos da América Latina",
disse.
Para Claus Reiner, gerente de programas do FIDA para o Brasil, "são diversos
os sistemas de que (as famílias rurais) necessitam para sobreviver". "Estas práticas agrícolas resilientes ao clima são muito importantes, e é o que o
projeto vai fazer: identificar, analisar e documentar, através de diferentes formas, as práticas agrícolas resilientes ao clima."
A moderadora do evento, Zulema Burneo, coordenadora da Coalizão
Internacional pela Terra (ILC) para América Latina e Caribe, salientou que projetos
como o DAKI-Semiárido Vivo são parte de um processo maior capaz de gerar
capital social e humano a partir de relações sustentáveis entre organizações
sociais e agricultores, indígenas, campesinos e quilombolas.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS - TEMPERATURA MÉDIA GLOBAL 2016-2020
A TEMPERATURA MÉDIA GLOBAL PARA 2016-2020
DEVE SER A MAIS ALTA JÁ REGISTRADA
FONTE:: ONU - Brasil
As concentrações de gases de efeito
estufa na atmosfera estão em níveis recordes; as emissões que tiveram
declínio temporário devido à pandemia estão caminhando para níveis pré-COVID-19, enquanto as temperaturas globais
continuam atingindo novos picos, de acordo com um novo relatório da ONU.
O documento "United in Science 2020", lançado na quarta-feira
(9), destaca os impactos crescentes e irreversíveis das mudanças
climáticas em geleiras, oceanos, natureza, economias e seus custos para as
pessoas em todo o mundo; manifestam-se cada vez com mais frequência por
meio de desastres, como ondas de calor recordes, incêndios florestais,
secas e inundações.
Falando no lançamento do relatório, o secretário-geral da ONU, António
Guterres, sublinhou que "não há tempo a perder" se o mundo
pretende abrandar a tendência dos impactos devastadores das alterações
climáticas e limitar o aumento das temperaturas a 1,5 grau Celsius.
"Quer estejamos enfrentando uma pandemia ou a crise climática, é
claro que precisamos de ciência, solidariedade e soluções decisivas",
disse Guterres.
"Temos uma escolha: continuar como sempre, levando a mais
calamidades; ou podemos usar a recuperação da COVID-19 para fornecer uma
oportunidade real de colocar o mundo em um caminho sustentável",
acrescentou.
O secretário-geral delineou seis ações relacionadas ao clima para moldar
a recuperação da COVD-19, a fim de garantir um futuro sustentável para
as próximas gerações.
As seis ações incluem: gerar novos empregos e negócios por meio de uma
transição limpa e verde; tornar os resgates públicos condicionantes de empregos
verdes e crescimento sustentável; migrar da economia cinza para a economia
verde, tornando as sociedades e as pessoas mais resilientes; canalizar
investimentos de fundos públicos para setores e projetos sustentáveis
que ajudem o meio ambiente e o clima; levar em consideração os
riscos e oportunidades do clima no sistema financeiro, bem como
na formulação de políticas públicas e infraestrutura; e trabalharmos
juntos como uma comunidade internacional.
"Enquanto trabalhamos para enfrentar a pandemia de COVID-19 e a
crise climática, exorto os líderes a prestarem atenção aos fatos deste
relatório, unirem-se por trás da ciência e tomarem medidas urgentes no
clima", acrescentou Guterres, instando os governos a
prepararem planos climáticos nacionais ambiciosos, as Contribuições
Nacionalmente Determinadas (NDC), antes da COP26.
"É assim que construiremos um futuro mais seguro e
sustentável."
A mudança climática
continua inabalável
Em uma de suas principais descobertas, o relatório afirma que as
concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO2) "não
mostraram sinais de terem chegado ao pico" e continuaram a atingir
novos recordes.
Estações de referência na rede WMO Global Atmosphere Watch
relataram concentrações de CO2 acima de 410 partes por milhão (ppm)
durante o primeiro semestre de 2020, com Mauna Loa (Havaí) e Cape Grim
(Tasmânia) em 414,38 ppm e 410,04 ppm, respectivamente, em julho 2020,
acima dos 411,74 ppm e 407,83 ppm no mesmo mês do ano passado.
"As concentrações de gases de efeito estufa — que já estão em seus
níveis mais altos em 3 milhões de anos — continuaram a aumentar”, disse
Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica
Mundial (OMM), no prefácio do relatório.
Enquanto isso, grandes áreas da Sibéria viram uma onda de calor
prolongada e notável durante o primeiro semestre de 2020, o que
teria sido muito improvável sem a mudança climática antropogênica. E
agora 2016-2020 deve ser o período de cinco anos mais quente já
registrado, ele continuou.
"Embora muitos aspectos de nossas vidas tenham sido interrompidos
em 2020, a mudança climática continuou inabalável", acrescentou
Taalas.
Conclusões
De acordo com o relatório, as emissões de CO2 em 2020 cairão entre 4% e
7% em 2020 devido às políticas de distanciamento social impostas pela
pandemia de COVID-19. O declínio exato dependerá da trajetória contínua da
pandemia e das respostas dos governos para enfrentá-la.
Em abril de 2020, no auge dos lockdowns relacionados à COVID-19, as
emissões globais diárias de CO2 caíram 17% em comparação com o ano
anterior, uma queda sem precedentes. No entanto, no início de junho, as
emissões haviam retornado a um patamar 5% inferior aos níveis de 2019.
O relatório observa que, embora a lacuna de emissões — a diferença entre
o que precisamos fazer e o que estamos realmente fazendo para enfrentar as
mudanças climáticas — seja ampla, ela ainda pode ser superada com ações
urgentes e concertadas de todos os países e setores.
Sobre o estado do clima global, o relatório indica que a temperatura
média global para 2016-2020 deve ser a mais quente já registrada, cerca de
1,1 grau Celsius acima de 1850-1900 (período de referência para a mudança
de temperatura desde os tempos pré-industriais) e 0,24 grau Celsius mais
quente do que a temperatura média global para 2011-2015.
Impacto da COVID-19
nas observações do sistema terrestre
O relatório também documenta como a pandemia de COVID-19 impediu a
capacidade de monitorar as mudanças no clima por meio do sistema de
observação global, o que por sua vez afetou a qualidade das
previsões e outros serviços relacionados ao tempo, clima e oceano.
Observações baseadas em aeronaves tiveram grandes reduções, medições
manuais em estações meteorológicas e de rios foram gravemente afetadas e
quase todos os navios de pesquisa oceanográfica estão nos portos, devido
ao impacto direto ou secundário da pandemia.
Os impactos no monitoramento das mudanças climáticas são de longo prazo,
de acordo com o relatório. Eles provavelmente impedirão ou restringirão
campanhas de medição do balanço de massa das geleiras ou da espessura do
pergelissolo (tipo de solo encontrado na região do Ártico), geralmente conduzidas
no final do período de degelo.
Sobre o relatório
O relatório United in Science 2020, o segundo da série, é coordenado
pela Organização Meteorológica Mundial das Nações Unidas (OMM),
com contribuições do Global Carbon Project, do Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas, da Comissão Oceanográfica
Intergovernamental da UNESCO, do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA) e do UK Met Office.
O relatório reúne as últimas atualizações relacionadas à ciência do
clima de um grupo de organizações parceiras globais importantes.
Apresenta os mais recentes dados científicos e descobertas
relacionadas às mudanças climáticas para informar a política e a
ação global.
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
CEPAL PROPÕE UNIVERSALIZAR ACESSO ÀS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA PANDEMIA
CEPAL propõe ‘cesta básica’ para universalizar acesso às tecnologias digitais na pandemiapor ONU Brasil |

A escala e a velocidade dos fechamentos de escolas e universidades representa um desafio sem precedentes para o setor da educação, que tem adotado o ensino a distância. Foto: UNICEF/Raoni Libório
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) fez nesta quarta-feira (26) um apelo para garantir e universalizar a conectividade e a acessibilidade às tecnologias digitais para enfrentar os impactos causados pela pandemia do coronavírus (COVID-19) na região.
Para isso, propôs cinco linhas de ação que incluem construir uma sociedade digital inclusiva, impulsionar a transformação produtiva, promover a confiança e a segurança digital.
A proposta também inclui fortalecer a cooperação digital regional e avançar em direção a um novo modelo de governança para assegurar um ‘Estado de bem-estar digital’ que promova a igualdade, proteja os direitos econômicos, sociais e do trabalho da população, garanta o uso seguro dos dados, e gere a mudança estrutural progressiva.
A secretária-executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, divulgou em uma coletiva de imprensa o Relatório especial COVID-19 N⁰ 7 da Instituição, intitulado: Universalizar o acesso às tecnologias digitais para enfrentar os efeitos da COVID-19, em que propõe aos países da região garantirem uma cesta básica de tecnologias de informação e comunicação composta por um laptop, um smartphone, um tablet e um plano de conexão para os domicílios não conectados, com um custo anual inferior a 1% do PIB.
O relatório destaca que as tecnologias digitais têm sido essenciais para o funcionamento da economia e da sociedade durante a crise provocada pela pandemia.
Apesar dos avanços dos últimos meses, as dificuldades de acesso às tecnologias digitais permanecem, condicionando os direitos a saúde, educação e trabalho, ao mesmo tempo em que podem aumentar as desigualdades socioeconômicas.
“Os países da América Latina e do Caribe têm adotado medidas para impulsionar o uso das soluções tecnológicas e garantir a continuidade dos serviços de telecomunicações. Entretanto, o alcance dessas ações é limitado pelas dificuldades no acesso e uso dessas tecnologias e as velocidades de conexão”, afirmou Bárcena durante a apresentação do relatório.
Segundo o documento, em 2019, 66,7% dos habitantes da região possuíam conexão à Internet. O terço restante tinha acesso limitado ou não contava com acesso às tecnologias digitais, devido à sua situação econômica e social, particularmente sua idade e localização.
Em 12 países da região, o número dos domicílios do quintil de renda mais alta (quintil V) que têm conexão à Internet é de 81%, em média; os números correspondentes para os domicílios do primeiro e do segundo quintil é de 38% e 53%, respectivamente.
As diferenças na conectividade entre a área urbana e a rural são significativas. Na região, 67% dos domicílios urbanos estão conectados à Internet, enquanto nas áreas rurais apenas 23% estão conectados. Em termos de faixas etárias, os jovens e os idosos são os que têm menor conectividade: 42% dos menores de 25 anos e 54% dos maiores de 66 anos não têm conexão à Internet.
O documento acrescenta que a baixa acessibilidade consolida a exclusão dos domicílios de menores rendas. O custo do serviço de banda larga móvel e fixa para a população do primeiro quintil de renda chega a 14% e 12% de sua renda, respectivamente. Isso é cerca de seis vezes o limite de referência de 2% da renda recomendada pela Comissão de Banda Larga das Nações Unidas.
O estudo revela que os dados de mobilidade durante os primeiros meses de quarentena mostram um mundo paralisado no ambiente físico, mas não no virtual. O tráfego nos sites e o uso de aplicativos de teletrabalho, educação online ou ensino a distância e compras online revelam um aumento significativo no uso de soluções digitais. Entre o primeiro e o segundo trimestre de 2020, a utilização de soluções de teletrabalho aumentou 324% e o ensino a distância mais de 60%.
Entretanto, a utilização de soluções de educação online só é possível para quem tem conexão à Internet e dispositivos de acesso, e na América Latina 46% das crianças entre 5 e 12 anos vivem em domicílios que não estão conectados.
O acesso dos domicílios aos dispositivos digitais é também desigual na região: enquanto entre 70% e 80% dos estudantes nos níveis socioeconômicos mais elevados têm laptops em suas casas, somente entre 10% e 20% dos estudantes pertencentes aos quintis de menores rendas contam com esses dispositivos.
“A diferença entre os estratos econômicos mais altos e os mais baixos condiciona o direito à educação e aprofunda as desigualdades socioeconômicas. Para garantir uma educação inclusiva e equitativa e promover oportunidades de aprendizagem ao longo de todo o ciclo educacional, deve-se aumentar não somente a conectividade e a infraestrutura digital, mas também, as habilidades digitais de professores, bem como a adequação dos conteúdos educacionais para o âmbito digital”, enfatizou a secretária-executiva da CEPAL.
Com relação à porcentagem de empregos que podem migrar para o teletrabalho, o relatório especifica que está positivamente vinculada ao nível do PIB per capita e aos menores graus de informalidade. Na Europa e nos Estados Unidos, quase 40% dos trabalhadores podem trabalhar em casa, enquanto, no caso da América Latina, a CEPAL estima que cerca de 21,3% dos ocupados poderiam utilizar o teletrabalho.
O documento destaca que a Internet mitiga o impacto da crise nas empresas. Especifica que, entre março e abril de 2020, o número de sites empresariais aumentou 800% na Colômbia e no México e cerca de 360% no Brasil e no Chile. Em junho de 2020, a presença online de empresas do comércio varejista aumentou 431% com relação a junho de 2019.
Finalmente, o relatório indica que a pós pandemia será caracterizada por uma nova demanda baseada em canais online que implicará em um esforço dos países e do setor privado para oferecer um melhor serviço. A nova oferta será baseada na flexibilidade, na proximidade local e na capacidade de reação.
“A produtividade e a mudança estrutural continuarão sendo fatores inevitáveis para o desenvolvimento. A região deve avançar para sistemas produtivos mais diversificados, homogêneos e integrados para aumentar a produtividade e a inclusão produtiva, o que se traduziria em maiores níveis de emprego e salários”, concluiu Alicia Bárcena.
Mais informações:
- TRANSMISSÃO AO VIVO.
- Documento completo. Relatório especial COVID-19 N⁰ 7 da CEPAL: Universalizar o acesso às tecnologias digitais para enfrentar os efeitos da COVID-19 (em espanhol).
- Apresentação da Secretária-Executiva da CEPAL, Alicia Bárcena (em espanhol).
- Observatório COVID-19 da América Latina e do Caribe (com acesso aos Relatórios Especiais COVID-19 da CEPAL, publicados anteriormente).
POLIOMIELITE É ELIMINADA NA ÁFRICA SEGUNDO OPAS
OPAS comemora a eliminaçãoda poliomielite na Áfricapor ONU Brasil |

47 países da região africana estão livres da poliomielite. Foto: OPAS
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) comemora nesta terça-feira (25) a certificação de que 47 países da região africana da Organização Mundial da Saúde (OMS) já estão livres da poliomielite, após quatro anos sem nenhum caso. Com essa conquista, cinco das seis regiões da OMS têm sua certificação de livre da pólio selvagem.
“Nas Américas, compartilhamos a alegria de milhares de profissionais de saúde, tomadores de decisão e parceiros estratégicos que contribuíram para a eliminação da pólio na África, uma grande conquista”, disse a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne. “Mais uma vez, as evidências científicas, a colaboração internacional e o trabalho árduo no terreno conseguiram derrotar uma doença para o benefício de toda a humanidade”.
As Américas foram a primeira região da OMS a ser certificada como livre da pólio em 1994. O último caso relatado de poliovírus selvagem nas Américas foi em 1991.
“Acabar com o vírus selvagem da poliomielite na África é uma das maiores conquistas de saúde pública de nosso tempo e é uma inspiração poderosa para todos nós terminarmos o trabalho de erradicação da poliomielite no mundo”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Os recursos e conhecimentos usados para eliminar a poliomielite selvagem contribuíram significativamente para a saúde pública e os sistemas de resposta a surtos na África e países ao redor do mundo. O programa da poliomielite oferece benefícios de saúde de longo alcance às comunidades locais, desde o apoio à resposta dos países à COVID-19 até o fortalecimento da vacinação de rotina contra outras doenças evitáveis por vacinas.
Américas: abrindo caminho para erradicar a pólio
Como a primeira região da OMS a eliminar a pólio, a Região das Américas ajudou a pavimentar o caminho para a erradicação global da pólio. As lições aprendidas nas Américas sobre vigilância epidemiológica e iniciativas voltadas para a sustentabilidade dos programas de imunização por meio do Fundo Rotatório para Vacinas da OPAS foram compartilhadas com programas de imunização em todo o mundo.
Entre os principais elementos para alcançar a eliminação da poliomielite nas Américas, estiveram o compromisso político de governos, envolvimento da comunidade, forte colaboração de agências governamentais e internacionais e da Rotary Internacional, coordenação entre agências em cada país e gestão adequada dos recursos disponíveis.
Desde então, a OPAS continuou a trabalhar com seus Estados Membros para promover o acesso universal às vacinas, fortalecer os programas nacionais de imunização, promover o intercâmbio técnico entre os países e documentar boas práticas para compartilhar com outras regiões do mundo.
A Região das Américas também compartilhou suas experiências na realização de campanhas de vacinação em situações adversas, emergências ou após desastres naturais, inclusive durante conflitos armados e guerras civis.
Ao negociar o cessar-fogo e estabelecer “dias de tranquilidade” no plano “Saúde como ponte para a paz” na América Central e no Panamá – parte do processo de paz de Esquipulas – e ao trazer vacinação e outros serviços de saúde essenciais para populações vulneráveis, mesmo em zonas de conflito, a região das Américas demonstrou que a imunização é um bem comum que pode ajudar a superar os principais obstáculos no caminho para a erradicação.
Reta final
Embora o poliovírus selvagem já esteja fora das Américas há 29 anos, a região ainda não pode baixar a guarda, alertaram os especialistas da OPAS. A queda nas taxas de cobertura de vacinação e o fato de que o poliovírus selvagem continua a circular no Afeganistão e no Paquistão significa que a poliomielite continua a ser um risco para crianças em todo o mundo.
A pandemia de COVID-19 criou barreiras adicionais para os programas de imunização, levando a OPAS a enfatizar a importância de manter a imunização como um serviço essencial no contexto da pandemia. Desde o início da pandemia, a OPAS tem pedido aos países que continuem a vacinar e realizar a vigilância epidemiológica das doenças evitáveis por vacinação.
“Em breve, todos os países do mundo enfrentarão um novo desafio: quando tivermos uma vacina, a aplicação do legado de erradicação da pólio será fundamental durante as campanhas de vacinação contra a COVID-19”, disse Etienne. “As vacinas representam uma esperança, uma forma de fazer o bem e um direito para todos os cidadãos do mundo. Devemos continuar promovendo vigorosamente a vacinação”, concluiu.