segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

DESINFORMAÇÃO SOBRE COVID-19 ENTRE IDOSOS

 

Desinformação sobre COVID-19: idosos são foco de atenção


FONTE: ONU - BRASIL

Cursos e palestras abordam a importância de oferecer informações confiáveis para os maiores de 65 anos, principais vítimas da desinformação.

A desinformação é um dos grandes inimigos no combate ao novo coronavírus. Compartilhar informações não checadas pode levar à morte. E os idosos – um dos grupos de risco da COVID-19 - são vítimas mais frequentes desse mal, pela falta de intimidade com as interfaces tecnológicas e a dificuldade em identificar fontes confiáveis num ambiente que não é muito familiar. É o que destaca a psicóloga Debora Noal, pesquisadora sobre saúde mental na COVID-19 pela FIOCRUZ. 

Em live realizada no canal da ONU no Youtube como parte da campanha global PAUSE, #PenseAntesDecompartilhar, Debora chamou a atenção para o fato de que os idosos nasceram em um mundo onde as referências tanto científicas como políticas eram muito bem estabelecidas, com os quais tinham vínculos. “Essa rapidez do mundo das informações traz descrença, mas também uma sensação de desatualização. Para o idoso, que tem uma outra forma de compreender o mundo, é mais difícil encontrar as vias de verificação para confrontar as informações com o embasamento científico.”

Pesquisas com dados do Facebook corroboram a análise de Debora. Um levantamento com usuários da rede social realizado pelas universidades de Princeton e de Nova York e publicado na revista Science Advances aponta que pessoas com mais de 65 anos compartilham, em média, sete vezes mais informações não checadas ou falsas que jovens entre 18 e 29 anos. O estudo analisou o padrão de comportamento de 3.500 usuários.

Foi pensando nisso que o Núcleo de Estudos da Terceira Idade da Universidade Federal de Santa Catarina desenvolveu um curso sobre fake news para pessoas com mais de 50 anos. Realizada em 2019 ao longo de 15 encontros presenciais– as atividades da Universidade estão suspensas por conta da pandemia -, a oficina era gratuita e prática. Os alunos trabalhavam diretamente nos computadores do laboratório, assistidos pelos profissionais do NETI.

A Fiocruz, no Rio de Janeiro, também enfoca o tratamento de idosos no programa de seu curso Saúde Comunitária: Uma Construção Para Todos. Voltado para o público morador de comunidade em área de vulnerabilidade socioambiental do Estado do Rio de Janeiro, o curso é todo on-line e possui um capítulo inteiro dedicado ao tema.

Como ajudar – É possível ajudar os idosos a não compartilhar a notícia no impulso. Debora Noal diz que por meio do afeto e da ciência é possível alertar o idoso de maneira saudável. “Explicar com carinho, amor e gentileza porque não se pode compartilhar automaticamente uma notícia e o risco que esta atitude impensada pode provocar”, ensina a psicóloga. “Com afeto e ciência conectados a gente consegue fazer uma grande diferença no mundo”, finaliza.

Assista aqui a live com Debora Noal.

DOIS TERÇOS DE CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR NO MUNDO NÃO TÊM ACESSO A INTERNET

 

Dois terços das crianças em idade escolar no mundo não têm acesso à internet em casa, aponta relatório do UNICEF-ITU

  • FONTE: ONU - BRASIL
  • Dois terços das crianças e dos adolescentes em idade escolar no mundo – ou 1,3 bilhão de meninas e meninos de 3 a 17 anos – não têm conexão à internet em suas casas, de acordo com um novo relatório conjunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da União Internacional de Telecomunicações (ITU).
  • O documento observa uma falta de acesso semelhante entre os jovens de 15 a 24 anos, com 759 milhões ou 63% sem conexão em casa. 
  • Atualmente, quase 250 milhões de estudantes em todo o mundo ainda estão afetados pelo fechamento das escolas devido à COVID-19. Sem acesso à internet, a educação também fica fora de alcance.

 

No Quênia, Elizabeth, de 12 anos, e Justin, de 10, seguem uma aula pela TV EDU. Morara, que está no jardim de infância, desenha.
No Quênia, Elizabeth, de 12 anos, e Justin, de 10, seguem uma aula pela TV. Morara, que está no jardim de infância, desenha.

Dois terços das crianças e dos adolescentes em idade escolar no mundo – ou 1,3 bilhão de meninas e meninos de 3 a 17 anos – não têm conexão à internet em suas casas, de acordo com um novo relatório conjunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da União Internacional de Telecomunicações (ITU).

O relatório Quantas crianças e jovens têm acesso à internet em casa? (How Many Children and Youth Have Internet Access at Home? – disponível somente em inglês) observa uma falta de acesso semelhante entre os jovens de 15 a 24 anos, com 759 milhões ou 63% sem conexão em casa.

"O fato de tantas crianças e tantos jovens não terem internet em casa é mais do que um vão digital – é um cânion digital", disse Henrietta Fore, diretora executiva do UNICEF. "A falta de conectividade não limita apenas a capacidade de crianças e jovens de se conectar online. Ela os impede de competir na economia moderna. Ela os isola do mundo. E com o fechamento das escolas, situação que hoje atinge milhões de meninas e meninos devido à Covid-19, essa falta de conectividade faz com que eles percam a educação. Resumindo: a falta de acesso à internet está custando o futuro à próxima geração".

Quase 250 milhões de estudantes em todo o mundo ainda estão afetados pelo fechamento das escolas devido à COVID-19, o que deixa centenas de milhões de meninas e meninos dependentes do aprendizado virtual. Para aqueles sem acesso à internet, a educação pode estar fora de alcance. Mesmo antes da pandemia, um grupo crescente de jovens precisava adquirir habilidades básicas, transferíveis, digitais, profissionais e empresariais para ser competitivo na economia do século 21.

A exclusão digital está perpetuando desigualdades que já dividem países e comunidades, observa o relatório. Crianças e jovens das famílias mais pobres, de países rurais e de baixa renda estão ficando ainda mais para trás em relação aos seus pares e têm muito poucas oportunidades de alcançá-los.

Globalmente, entre as crianças em idade escolar das famílias mais ricas, 58% têm conexão à internet em casa, em comparação com apenas 16% das famílias mais pobres. A mesma disparidade também existe entre os níveis de renda do país. Menos de uma em cada 20 crianças em idade escolar de países de baixa renda tem conexão com internet em casa, em comparação com quase 9 em cada 10 crianças em países de alta renda.

"Conectar as populações rurais continua sendo um desafio formidável", disse o secretário-geral da ITU, Houlin Zhao. "Conforme mostrado pelo relatório da ITU Medindo o desenvolvimento digital: Fatos e Números de 2020, grandes partes das áreas rurais não são cobertas por uma rede de banda larga móvel e menos residências rurais têm acesso à internet. A lacuna na adoção da banda larga móvel e no uso da internet entre países desenvolvidos e em desenvolvimento é especialmente grande, colocando quase 1,3 bilhão de crianças em idade escolar, principalmente de países de baixa renda e regiões rurais, em risco de perder sua educação por falta de acesso à internet em casa ".

Também existem disparidades geográficas dentro dos países e entre as regiões. Globalmente, cerca de 60% das crianças em idade escolar nas áreas urbanas não têm acesso à internet em casa, em comparação com cerca de três quartos das crianças em idade escolar nas áreas rurais. Crianças em idade escolar na África ao sul do Saara e na Ásia Meridional são as mais afetadas, com cerca de 9 em cada 10 crianças desconectadas.

No Timor Leste, garota acompanha aulas em plataforma online pelo celular durante pandemia da COVID-19.
No Timor Leste, garota acompanha aulas em plataforma online pelo celular durante pandemia da COVID-19.

Giga - No ano passado, o UNICEF e a ITU lançaram o Giga, uma iniciativa global para conectar todas as escolas e comunidades no entorno à internet. Trabalhando com governos, o Giga já mapeou mais de 800 mil escolas em 30 países. Com esses dados, a iniciativa trabalha com governos, indústria, setor civil e parceiros do setor privado para criar casos de investimento atraentes para financiamento público-privado combinado para construir a infraestrutura de conectividade necessária para implantar soluções de aprendizagem digital e outros serviços.

O Giga está agora colaborando com a iniciativa Reimagine a Educação e em coordenação com a Generation Unlimited. Por meio da Reimagine a Educação, o UNICEF visa enfrentar a crise de aprendizagem e transformar a educação, dando às crianças, aos adolescentes e aos jovens o mesmo acesso à aprendizagem digital de qualidade. A chave para conseguir isso é a conectividade universal com a internet. Já  a Generation Connect é uma iniciativa da ITU para capacitar os jovens para que se engajem e participem do mundo digital.

Embora os números do relatório do UNICEF-ITU apresentem um quadro alarmante, a situação provavelmente é pior devido a fatores de combinação, como acessibilidade, segurança e baixos níveis de habilidades digitais. De acordo com os dados mais recentes da ITU, as baixas habilidades digitais continuam a ser uma barreira para a participação significativa em uma sociedade digital, enquanto a telefonia móvel e o acesso à internet permanecem muito caros para muitos no mundo em desenvolvimento, como resultado de grandes disparidades no poder de compra.

Mesmo quando crianças e adolescentes têm uma conexão em casa, eles podem não conseguir acessá-la por causa da pressão para fazer tarefas domésticas ou para trabalhar, falta de dispositivos suficientes nas residências, meninas tendo menos ou nenhum acesso à internet ou falta de compreensão de como acessar oportunidades online. Também existem questões relacionadas à segurança online, uma vez que pais, mães e responsáveis podem estar inadequadamente preparados para manter seus filhos e filhas seguros.

O relatório completo pode ser acessado aqui. 

Sobre a ITU - A União Internacional de Telecomunicações (ITU) é a agência especializada das Nações Unidas em tecnologias de informação e comunicação (TICs), impulsionando a inovação em TICs, juntamente com 193 estados-membros e a adesão de mais de 900 empresas, universidades e organizações internacionais e regionais. Fundada em 1865, a ITU é o órgão intergovernamental responsável por coordenar o uso global compartilhado do espectro de rádio, promovendo a cooperação internacional na atribuição de órbitas de satélite, melhorando a infraestrutura de comunicação no mundo em desenvolvimento e estabelecendo os padrões mundiais que promovem uma interconexão contínua de uma vasta gama de sistemas de comunicação. De redes de banda larga a tecnologias sem fio de ponta, navegação aeronáutica e marítima, radioastronomia, monitoramento oceanográfico e baseado em satélite, bem como convergência de telefonia fixo-móvel, internet e tecnologias de transmissão, a ITU está comprometida em conectar o mundo. Para obter mais informações, visite www.itu.int.

Sobre Generation Unlimited - Generation Unlimited é uma parceria global multissetorial para atender à necessidade urgente de expansão de educação, treinamento e oportunidades de emprego para jovens de 10 a 24 anos, em uma escala sem precedentes. Saiba mais em www.generationunlimited.org

Sobre o Giga - Lançado pela ITU e o UNICEF em 2019, o Giga é uma iniciativa global para conectar todas as escolas à internet e todos os jovens a informações, oportunidades e opções. O objetivo é garantir que todas as crianças estejam equipadas com os bens públicos digitais de que precisam e com poderes para moldar o futuro que desejam. Para obter mais informações, visite www.gigaconnect.org.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

CONSERVAÇÃO INTEGRADA SUMMIT - 2021 -2030

 

Restauração de ecossistemas será o tema do Conservação Integrada Summit 2021-2030

FONTE: ONU - BRASIL
  • A degradação dos ecossistemas terrestres e marinhos compromete o bem-estar de 3,2 bilhões de pessoas em todo o planeta, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
  • Para mudar essa realidade, somar esforços e preparar os setores no Brasil para a Década da Restauração de Ecossistemas 2021-2030, dezenas de instituições e especialistas com trabalhos reconhecidos mundialmente se reúnem no evento virtual Conservação Integrada Summit, de 30 de novembro a 4 de dezembro.
  • O evento será gratuito e totalmente online com transmissão pelo site da Academia da Conservação.

 

Ecossistemas marinhos e terrestres precisam ser preservados, alerta ONU
Ecossistemas marinhos e terrestres precisam ser preservados, alerta ONU

A degradação dos ecossistemas terrestres e marinhos compromete o bem-estar de 3,2 bilhões de pessoas em todo o planeta, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Para mudar essa realidade, somar esforços e preparar os setores no Brasil para a Década da Restauração de Ecossistemas 2021-2030, dezenas de instituições e especialistas com trabalhos reconhecidos mundialmente se reúnem no evento virtual Conservação Integrada Summit, de 30 de novembro a 4 de dezembro.

“O Summit 2021-2030 nasce como uma proposta de comunidade, onde todos pensam juntos e buscam soluções para reverter a degradação dos ecossistemas. Se até um ano atrás nós falávamos em conservação, os últimos acontecimentos, como os incêndios no Pantanal, nos mostram que se não agirmos rápido e buscarmos formas de recuperar a natureza, dificilmente conseguiremos deixar um bom legado para as futuras gerações. Precisamos agir, e rápido”, adverte Fernando Sousa, diretor executivo Institucional e de Sustentabilidade no Grupo Cataratas e diretor no Instituto Conhecer para Conservar (ICC).

Organizado em parceria pelo Grupo Cataratas, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB) e o ICC, o Summit será 100% gratuito e totalmente online com transmissão pelo site da Academia da Conservação.

Serão 15 mesas redondas, com cerca de 70 palestrantes, em mais de 20 horas de conteúdo exclusivo sobre os desafios e oportunidades para a biodiversidade e para a conservação dos ecossistemas. Entre os nomes já confirmados estão a lendária bióloga marinha Sylvia Earle; a secretária executiva da Convenção sobre a Diversidade Biológica, Elizabeth Mrema; a diretora executiva adjunta do PNUMA, Joyce Msuya; a CEO do Zoos Victoria na Austrália, Jenny Gray; o secretário executivo da Associação Mico-Leão-Dourado, Luís Paulo Ferraz; o pesquisador Braulio Dias; o economista Sérgio Besserman; o fotógrafo Sebastião Salgado e as jornalistas Sônia Bridi e Cristina Serra.

As informações sobre a programação e os painéis poderão ser acessadas através do site academiadaconservacao.com.br. A plataforma, lançada pelo ICC e focada em conservação integrada, é um local de convergência para troca de conhecimentos e experiências sobre o tema, com conteúdos colaborativos e cursos complementares.

Década da Restauração de Ecossistemas (2021-2030) - A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou que o período de 2021-2030 será a “Década da Restauração de Ecossistemas”, que tem como principal objetivo aumentar os esforços para restaurar ecossistemas degradados, criando medidas eficientes para combater a crise climática, alimentar, hídrica e da perda de biodiversidade.

A representante do PNUMA no Brasil, Denise Hamú, lembra que quando se fala em restauração, muitas pessoas pensam nas florestas. "Elas estão sim ameaçadas e são vitais para o planeta e para o ser humano. Mas outros ecossistemas, a exemplo de pântanos, pradarias, savanas (como o cerrado brasileiro) e corais também estão entrando em colapso e são essenciais para a manutenção dos serviços ecossistêmicos, que são a base da nossa sobrevivência enquanto espécie e sociedade”, alerta.

“A restauração de ecossistemas não é uma ideia nova, mas estamos em um momento crítico para agir. Por isso, a Década da Restauração, que começa no próximo ano, é lançada pela ONU mas deve ser apropriada pelas pessoas e organizações de diferentes setores. Ela chega para canalizar soluções e esforços locais e globais, fortalecer parcerias, impulsionar ações (novas e já em curso) e intensificar a troca de conhecimentos e boas práticas em prol do nosso meio ambiente”, complementa Denise Hamú.

Zoológicos e Aquários - O último relatório sobre o impacto humano na natureza, publicado pela ONU, mostra que quase 1 milhão de espécies e plantas correm o risco de extinção. E, dentro deste contexto, zoológicos e aquários assumem um importante papel de sensibilização da sociedade para a importância da conservação da biodiversidade, por meio do desenvolvimento de pesquisas e ações de educação ambiental.

Acesse a programação completa aqui.

Serviço:

Evento online e gratuito Conservação Integrada Summit 2021-2030

De 30 de novembro a 4 de dezembro de 2020

Informações e inscrições: academiadaconservacao.com.br

INCLUSÃO DIGITAL NOS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE

 

Países da América Latina e do Caribe precisam avançar na inclusão digital para sair da crise 

FONTE: ONU - BRASIL
América Latina e Caribe devem avançar na inclusão digital
América Latina e Caribe devem avançar na inclusão digital

Os países da América Latina e do Caribe devem avançar com urgência na inclusão e na transformação digital, com base na integração regional e na cooperação internacional, para enfrentar a crise derivada da pandemia da COVID-19 e alcançar um desenvolvimento com igualdade e sustentabilidade ambiental. A recomendação foi feita por autoridades e funcionários internacionais na abertura da VII Conferência Ministerial sobre a Sociedade da Informação da América Latina e do Caribe, organizada pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e o governo do Equador. O encontro virtual prossegue até quinta-feira, 26 de novembro.

 “Hoje nenhuma sociedade pode alcançar o desenvolvimento se estiver a margem da tecnologia digital, por isso deve estar ao alcance de todos, sem exclusão de qualquer tipo. Ninguém pode ficar para trás”, afirmou o presidente equatoriano, Lenín Moreno, em mensagem transmitida durante a cerimônia de abertura.

“Comemoro esse encontro de ministros da região porque todos seremos beneficiados. Juntos podemos definir e fortalecer as políticas regionais, que sejam democráticas, que sejam inclusivas. Milhões de pessoas ficarão gratas”, considerou Moreno. O Equador recebe a presidência da Conferência Ministerial por dois anos.

Em seu discurso, a secretária-executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, disse que “a atual conjuntura, marcada por uma profunda crise desencadeada pela pandemia da COVID-19, destacou a relevância das tecnologias digitais e como a sua utilização tem sido essencial para o funcionamento da economia e da sociedade”. Ela lembrou que um terço da população da América Latina e do Caribe não têm acesso a internet.

Andrés Michelena, ministro das Telecomunicações e da Sociedade da Informação do Equador, alertou sobre “a possibilidade real e potencialmente trágica de que essa crise arruíne uma geração de latino-americanos”. “Esse evento continental nos apresenta um grande desafio: passar do dizer para o fazer. Sem recursos públicos e privados, e sem a alavancagem financeira dos organismos multilaterais e regionais, o caminho será árduo e difícil”, considerou. Ele anunciou que o Equador se propôs a criar um fundo latino-americano para implantação rural de infraestrutura de telecomunicações, com pelo menos 1% do PIB de cada país colaborador, para reduzir a lacuna digital.

A ministra de Tecnologias da Informação e das Comunicações da Colômbia, Karen Abudinen, destacou a importância da conectividade e da transformação digital, apresentando algumas das  principais iniciativas realizadas por seu país em matéria de inclusão digital. "Conectividade é igualdade", ressaltou.

Em apresentação realizada após a abertura, Alicia Bárcena revelou que na região existem mais de 40 milhões de domicílios não conectados e a metade está situada nos dois quintis mais pobres. Dados do Observatório Regional de Banda Larga da CEPAL indicam que 77% dos domicílios rurais não estão conectados, assim como 42% das pessoas menores de 25 anos e 54% das pessoas maiores de 66 anos.

A secretária-executiva da CEPAL indicou que o serviço de banda larga móvel e fixa para o primeiro se segundo quintis custa 14% e 12% de suas rendas. Por outro lado, um terço dos países da região não atende aos requisitos de velocidade de download necessários para usar soluções digitais.

"Isso tem repercussões sociais de grande magnitude: 46% dos meninos e meninas com idades entre 5 e 12 anos vivem em que não estão conectados. Mais de 32 milhões de meninos e meninas não podem ter acesso a soluções de educação à distância”, exemplificou Bárcena. Ela propôs três grandes desafios para a região hoje: universalizar o acesso e a acessibilidade às tecnologias digitais; avançar na digitalização para a sustentabilidade ambiental; alcançar uma transformação digital produtiva real.

“Uma cesta básica para a população não desconectada custaria anualmente cerca de 1% do PIB da região”, afirmou a representante da CEPAL, que enfatizou a necessidade da digitalização ser totalmente incorporada aos processos produtivos. “A pandemia levará a uma enorme destruição do tecido produtivo. É previsto o fechamento de 2,7 milhões de empresas, o que provocará a perda de 8,5 milhões de empregos”, assegurou.

Durante a reunião, está prevista a aprovação da Agenda Digital para a América Latina e o Caribe eLAC 2022, dando continuidade a um processo regional iniciado há 15 anos.

“As dimensões da agenda digital regional que devemos buscar e priorizar são a construção de capacidades internas, a inclusão de todos os atores envolvidos e a cooperação internacional”, apontou Alicia Bárcena. “Devemos pensar em como utilizamos a digitalização, em como transformamos o que estamos fazendo em matéria digital e colocamos a serviço de uma recuperação pós-pandêmica que esteja baseada na sustentabilidade ambiental, na igualdade e na inclusão”, concluiu.

EDITORIAL - PELO RESPEITO À DIVERSIDADE ÉTNICA

 

EDITORIAL

Pelo respeito à diversidade étnica


    O dia 19 de novembro de 2020 está marcado como o dia do “apagão” da dignidade humana.  As cenas da violência étnica que familiares e o mundo tomaram conhecimento e vêm assistindo cada vez que as imagens degradantes dos conflitos que causaram a morte de João Alberto Silveira Freitas são reproduzidas pelos meios de comunicação, redes sociais, causam indignação, repugnância no Brasil e em todo o mundo.  Um Brasil e um mundo que já sofrem com as restrições de convivência causados  pela pandemia da Covid-19 e tem crianças e adolescentes, em sua maioria, fora das escolas. Para quem defende a “educação remota” como solução para educar os seres humanos, imagens de tamanha violência exemplificam como os seres humanos precisam curar as feridas da degradação e conflitos étnicos que neste início de século XXI parecem se multiplicar. Que futuro estamos construindo para a humanidade onde crianças e jovens sofrem com a degradação humana exposta nas redes sociais e nos meios de comunicação com a violência do racismo?

   O legado educacional que o mundo tem a transmitir à juventude não pode ser este de degradação da condição humana. A Agenda 2030 da ONU e os objetivos do desenvolvimento sustentável precisam prevalecer diante a violência da intolerância étnica.   O racismo infelizmente é uma criação humana. Qualquer pessoa que por ignorância de informação ou por interesses diversos não admita que o racismo é um problema socioambiental dos mais graves e cruéis que a humanidade tem a vencer pode ter como um dos motivos desta recusa em admiti-lo, tentar “esquecer” ou “apagar” de sua memória, de sua própria existência pessoal ou familiar o sofrimento e a degradação que o racismo provoca nas pessoas.  Uma sociedade sustentável só pode ser construída na medida em que procura vencer toda forma de violência e degradação étnica.

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

SUSTENTABILIDADE - FÓRUM DE CIDADES PAN-AMAZõNICAS

 

PNUMA fala sobre desenvolvimento urbano sustentável no Fórum de Cidades Pan-Amazônicas

  • A Representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Denise Hamú, participou do lançamento do Fórum de Cidades Pan-Amazônicas (FCPA), promovido na quarta-feira (4), durante o evento global Fórum Amazônia+21, e falou sobre oportunidades e desafios locais, bem como empregos verdes nas cidades da região.
  • O Fórum é uma plataforma para a troca de conhecimentos e experiências entre governos locais da região amazônica com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável.
FONTE: ONU - BRASIL

A Representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Denise Hamú, participou como convidada especial do lançamento do Fórum de Cidades Pan-Amazônicas (FCPA), promovido na quarta-feira (4), durante o evento global e virtual Fórum Amazônia+21.

O FCPA é uma plataforma para a troca de conhecimentos e experiências entre governos locais da região amazônica com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável. A rede foi idealizada pelo ICLEI América do Sul, WayCarbon e Fundação Konrad Adenauer, por meio do Programa Regional de Segurança Energética e Mudanças Climáticas (EKLA), e reunirá diversos representantes das pastas de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável de cidades amazônicas do Brasil, Colômbia, Equador e Peru.

“O objetivo deste Fórum é trazer a concepção de desenvolvimento sustentável da Amazônia para o século XXI, ligado com a visão de cidades que queremos criar. O Fórum propões duas linhas: a bioeconomia e a geração de empregos verdes; e o papel das cidades na prevenção do desmatamento e preservação da floresta em pé”, explicou o secretário executivo do ICLEI América do Sul, Rodrigo Perpétuo, durante a abertura do evento.

Ainda na abertura, a coordenadora do EKLA, Anuska Soares, ressaltou que “a troca entre governos locais para promover o desenvolvimento sustentável das cidades amazônicas é muito importante, pois só eles têm conhecimento efetivo do que passa em cada cidade”.

A representante do PNUMA no Brasil, Denise Hamú, foi a convidada especial do painel “Governos Locais e Desenvolvimento Sustentável”, que reuniu prefeitos(as) e secretários(as) para debater oportunidades e desafios locais, bem como empregos verdes nas cidades da região.

A representante do PNUMA apresentou algumas iniciativas da organização no âmbito do desenvolvimento urbano sustentável. Também citou dois relatórios, o “Growing in circles” sobre a transição para a economia circular no nível local, e “The Weight of Cities”, e falou da importância de endereçar as cidades e o metabolismo urbano.

“Os futuros econômicos e ambientais globais estão interligados em como os desafios urbanos serão enfrentados. As cidades têm impactos significativos, consomem mais de 70% dos recursos naturais e de energia e produzem cerca de 60% das emissões de efeito estufa. Atualmente, 54% da população global vive nas cidades”, alertou.

A representante do PNUMA ainda destacou particularidades das cidades amazônicas e levantou provocações, a exemplo de: como estimular o cultivo intensivo de cultivares nativos da Amazônia (açaí, cupuaçu, borracha, guaraná, etc.) desenvolvidos pela Embrapa? Como dar escala a projetos de bioeconomia na região gerando empregos duradouros para as populações locais? Como traduzir os ganhos da Zona Franca de Manaus em saúde, educação, saneamento?

Em seguida, os prefeitos Arthur Virgílio Neto, de Manaus (AM), e Hildon Chaves, de Porto Velho (RO), discutiram questões locais e empregos verdes nas cidades pan-amazônicas.

“A árvore em pé vale muito mais que ela derrubada. Depois de alguns anos de desmatamento vem a desertificação, a estiagem e a mudança climática”, comentou o prefeito de Manaus.

“É um avanço enorme estarmos hoje discutindo com o mundo a Amazônia – aqui da Amazônia. Que possamos concentrar e liderar daqui a discussão sobre nossos desafios e riquezas”, declarou o prefeito de Porto Velho.

Reunião de trabalho

Na reunião exclusiva para os Secretários(as), no dia 5 de novembro, o debate foi centrado na agenda técnica e na troca de experiências locais e de políticas públicas que contribuem e fomentam o crescimento econômico aliado à preservação da floresta local.

Questões como regulação fundiária e uso da terra foram comumente citadas por secretários, secretárias e seus representantes presentes na reunião, assim como a disponibilização de verbas e a relação com outros entes federativos.

O subsecretário de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente de Parintins (AM), Alzenilson Aquino, revelou que um dos principais problemas do território é a produção de madeira clandestina, sendo a regularização fundiária um tema importante para a região.  

“As alianças entre os municípios permitem que eles se tornem mais fortes e compartilhem experiências de sucesso, criando estratégias e políticas públicas que venham a diminuir as novas áreas desmatadas”, afirmou o subsecretário de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente de Parintins.

“A Amazônia é a região que define o equilíbrio do clima do mundo”, observou o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico de Santarém, Ruy Correa. “Se não tivermos a possibilidade de agregar a visão daqueles que conhecem e habitam a região – e sentem a dificuldade de alcançar e usufruir os benefícios que a sociedade moderna coloca – não conseguiremos atrair um investimento maciço. Vejo com bastante otimismo a oportunidade de reunirmos experiências em busca de uma solução adequada para toda a Pan-Amazônia.”.

A diretora de Políticas Públicas Ambientais e Mudanças Climáticas da Secretaria do Meio Ambiente de Porto Velho (RO), Lucinara Camargo, apontou a governança como uma das principais questões que precisam ser resolvidas na região. “O fortalecimento da governança é importante para nós enquanto município. Os maiores desafios para os municípios menores estão na implementação, na falta de capacidade técnica e no quadro reduzido de funcionários”

O gerente de Planejamento e Orçamento de Jaen, no Peru, Percy Romero, lembrou que a capital do país está numa cidade litorânea, então existe uma dificuldade para enxergar qual é o desenvolvimento típico das cidades amazônicas. “Estamos sempre lutando para propor ideias e parcerias estratégicas com o setor privado, pois há um grande potencial aqui. O governo nos faz repasses muito limitados e não conseguimos impulsionar algumas de nossas iniciativas. Estou aprendendo muito com o que está sendo discutido aqui”.

O mesmo acontece na Bolívia, onde o estado também centraliza os recursos, o que não permite muitos investimentos, de acordo com o secretário de Desenvolvimento Agrário e Meio Ambiente de Riberalta, Rodrigo Vaca. “O pouco que recebemos, investimos em cooperação com o terceiro setor. É importante estarmos aqui, gerando iniciativas de políticas públicas para que a Amazônia tenha um tratamento especial em cada um de nossos países. Temos que seguir buscando essas oportunidades para construir pontes cada vez mais fortes com o governo federal e investimentos diretos em comunidades indígenas”, concluiu.