sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

DIA INTERNACIONAL DA FRATERNIDADE HUMANA - ONU



Fonte: ONU - BRASIL

  O secretário-geral das Nações Unidas refletiu sobre a importância da compreensão cultural e religiosa e do respeito mútuo em sua mensagem para o Dia Internacional da Fraternidade Humana.

António Guterres demonstrou preocupação com o aumento de atos e discursos de ódio religioso que minam o espírito da tolerância e do respeito pela diversidade. “Reconheçamos nossa diversidade como uma riqueza que nos fortalece a todos”, pediu.

A data emblemática foi estabelecida por unanimidade na Assembleia Geral das Nações Unidas em 21 de dezembro de 2020 e está sendo celebrada pela segunda vez neste 4 de fevereiro.

Legenda: Neste Dia Internacional da Fraternidade Humana, as Nações Unidas buscam sublinhar a importância de compreensão de diferentes culturas, religiões, credos e da promoção da tolerância
Foto: © Tim Mossholder/Unsplash

   Em uma mensagem dedicada ao Dia Internacional da Fraternidade Humana, celebrado em 4 de fevereiro, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, refletiu sobre a “importância da compreensão cultural e religiosa e do respeito mútuo”. A data emblemática foi estabelecida por unanimidade na Assembleia Geral das Nações Unidas em 21 de dezembro de 2020. Este ano é o segundo marco de comemoração da data

   “Reconheçamos nossa diversidade como uma riqueza que nos fortalece a todos”, pediu o chefe da ONU em sua mensagem

   Para as Nações Unidas, em tempos de necessidade, como o vivido agora, é importante mais do que nunca reconhecer a contribuição valorosa das pessoas de todos os credos e religiões para a humanidade e o diálogo, que pode ser feito, para melhorar a percepção dos valores comuns.

   Aumento da intolerância - A ONU está preocupada com atos de discursos de ódio religioso que minam o espírito da tolerância e do respeito pela diversidade. Essas ações são ainda mais graves num momento em que o mundo responde à pandemia.

Neste Dia Internacional da Fraternidade Humana, as Nações Unidas buscam sublinhar a importância de compreensão de diferentes culturas, religiões, credos e da promoção da tolerância, que inclui a aceitação social do que é diferente.  

Para a Organização, a educação nas escolas deve ajudar a combater a discriminação baseada na religião.

Papa e Imã - Na sua resolução sobre o Dia Internacional, a Assembleia Geral citou o encontro do Papa Francisco com o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmad al-Tayyib em 4 de fevereiro de 2019, em Abu Dhabi, que resultou na assinatura do documento “Fraternidade Humana para a Paz Mundial e para a Coexistência”. O chefe da ONU mencionou o documento em sua mensagem e o descreveu como “um modelo de compaixão e solidariedade humana”.

A ONU lembra que após a destruição da Segunda Guerra Mundial, a Organização nasceu para salvar gerações futuras do flagelo de uma guerra e com o objetivo de fomentar o diálogo e o entendimento entre os povos. Para as Nações Unidas, o espírito de harmonia, compreensão e solidariedade são elementos chave na resolução de conflitos e desafios globais.

Evento - Para marcar o Dia, a Aliança de Civilizações das Nações Unidas (UNAOC), em parceria com a Missão Permanente do Egito junto à ONU e a Missão Permanente dos Emirados Árabes Unidos junto à ONU, organizou um evento virtual.

O evento promoveu um diálogo sobre diferentes grupos religiosos, bem como uma maior compreensão dos valores comuns compartilhados por todos os seres humanos. A ONU acredita que a tolerância e o respeito entre os diferentes grupos religiosos e culturais podem ajudar a criar um ambiente de paz, estabilidade e compreensão.


 

MOISE MUGENYI KABAGAMBE

Moise Mugenyi kabamgabe  Foto: Reprodução

  O Brasil e o mundo continuam perplexos de indignação com o crime bárbaro que vitimou Moise Mugenyi Kabagambe, 24 anos, da República Democrática do Congo, que remonta a crueldade da época de escravidão sofrida pelos africanos. Ao que tudo indica,  mais um triste capítulo da violência do racismo e xenofobia, uma realidade que infelizmente ainda perdura no Brasil.

    Agências ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) pediram esclarecimento das autoridades brasileiras sobre o caso. O pedido partiu do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e da Organização Internacional para migrações (OIM), que manifestaram consternação pela morte de Moise. Ele chegou ao Brasil com 14 anos juntamente com seus irmãos para fugir da guerra em seu país.  

   A família de Moise afirma que ele foi ao local, da Barra da Tijuca região oeste do Rio de Janeiro, para cobrar dívidas de diárias atrasadas por serviços prestados a um quiosque em que trabalhava como atendente. O proprietário do quiosque contesta esta versão e relatou não conhecer os agressores.

    Em todo o mundo o drama sofrido por refugiados causa indignação para todos os que acreditam no valor da pessoa humana.  Seja por motivos de guerras ou mudanças climáticas, os refugiados necessitam de melhor atenção e garantias de direitos como cidadãos.  No caso do Brasil, que vem sofrendo com a crise sanitária e econômica que penaliza a maioria da população brasileira, há que se avaliar em que condições vivem os refugiados.

    A perda de direitos trabalhistas agrava a situação econômica, a intolerância étnica na maioria da população, principalmente os afrodescendentes e dos africanos que aqui residem. Todos temos direito ao trabalho. De receber os frutos de nosso empenho de produzir para sobreviver com dignidade e contribuir para a construção de sociedades que sejam de fato sustentáveis. 

  Mais de 30 milhões de pessoas no Brasil  deixaram de receber o “auxílio emergencial”.  Se tomarmos como base o cálculo do custo de vida no Brasil atual, já em dezembro de 2021 , segundo o Dieese, para uma família sobreviver o salário necessário deveria ser R$5.800,98, muito aquém do salário mínimo vigente em dezembro: de R$1.100,00 e do “auxílio emergencial”: de R$150,00 e R$ 375,00 que a população vinha recebendo e parou de receber no final de 2021.

 O que é o salário mínimo necessário:

salário mínimo necessário para atender as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos).

   É impressionante a falta de sensibilização da classe política brasileira sobre o sofrimento que a maioria da população vem sofrendo desde o início da pandemia. Haveria algo mais urgente além do controle e fim da pandemia, da intolerância étnica, para se deliberar em todas as instâncias políticas do Brasil do que acabar com a fome e a miséria da maioria da população?

  Com tamanha desigualdade, inúmeras cenas de violência e perda da dignidade humana continuam acontecendo. Os noticiários de TVs estarrecem a quem suporta assistir tanta degradação diária de seres humanos.

    Os conflitos socioambientais que tem origem na ação antrópica (ação realizada pelo ser humano sobre a natureza) trazem as consequências das mudanças climáticas, causam às pandemias, epidemias, crises sanitárias, que por sua vez agravam a péssima distribuição de renda no Brasil, as desigualdades sociais, econômicas, os conflitos étnicos, xenofóbicos.

   Que as inúmeras manifestações de repúdio a mais esta violência étnica que acontecem no Brasil e no mundo, mobilizem nossa solidariedade e nos faça refletir sobre nossa humanidade. Quais os valores de educação, civilização que as sociedades estão edificando em pleno século XXI, em um mundo que cada vez mais enaltece as novas tecnologias e, no entanto, regride a barbárie.

   Que possamos vencer o ódio acreditando na nossa capacidade de valorizar a vida e a conquista de melhores condições sanitárias, econômicas, de educação, de cultura, éticas e valores que de fato construam sociedades melhores, socioambientalmente mais sadias, justas, fraternas, sustentáveis e com melhor qualidade de vida para todos os seres humanos.