sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

MOISE MUGENYI KABAGAMBE

Moise Mugenyi kabamgabe  Foto: Reprodução

  O Brasil e o mundo continuam perplexos de indignação com o crime bárbaro que vitimou Moise Mugenyi Kabagambe, 24 anos, da República Democrática do Congo, que remonta a crueldade da época de escravidão sofrida pelos africanos. Ao que tudo indica,  mais um triste capítulo da violência do racismo e xenofobia, uma realidade que infelizmente ainda perdura no Brasil.

    Agências ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) pediram esclarecimento das autoridades brasileiras sobre o caso. O pedido partiu do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e da Organização Internacional para migrações (OIM), que manifestaram consternação pela morte de Moise. Ele chegou ao Brasil com 14 anos juntamente com seus irmãos para fugir da guerra em seu país.  

   A família de Moise afirma que ele foi ao local, da Barra da Tijuca região oeste do Rio de Janeiro, para cobrar dívidas de diárias atrasadas por serviços prestados a um quiosque em que trabalhava como atendente. O proprietário do quiosque contesta esta versão e relatou não conhecer os agressores.

    Em todo o mundo o drama sofrido por refugiados causa indignação para todos os que acreditam no valor da pessoa humana.  Seja por motivos de guerras ou mudanças climáticas, os refugiados necessitam de melhor atenção e garantias de direitos como cidadãos.  No caso do Brasil, que vem sofrendo com a crise sanitária e econômica que penaliza a maioria da população brasileira, há que se avaliar em que condições vivem os refugiados.

    A perda de direitos trabalhistas agrava a situação econômica, a intolerância étnica na maioria da população, principalmente os afrodescendentes e dos africanos que aqui residem. Todos temos direito ao trabalho. De receber os frutos de nosso empenho de produzir para sobreviver com dignidade e contribuir para a construção de sociedades que sejam de fato sustentáveis. 

  Mais de 30 milhões de pessoas no Brasil  deixaram de receber o “auxílio emergencial”.  Se tomarmos como base o cálculo do custo de vida no Brasil atual, já em dezembro de 2021 , segundo o Dieese, para uma família sobreviver o salário necessário deveria ser R$5.800,98, muito aquém do salário mínimo vigente em dezembro: de R$1.100,00 e do “auxílio emergencial”: de R$150,00 e R$ 375,00 que a população vinha recebendo e parou de receber no final de 2021.

 O que é o salário mínimo necessário:

salário mínimo necessário para atender as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos).

   É impressionante a falta de sensibilização da classe política brasileira sobre o sofrimento que a maioria da população vem sofrendo desde o início da pandemia. Haveria algo mais urgente além do controle e fim da pandemia, da intolerância étnica, para se deliberar em todas as instâncias políticas do Brasil do que acabar com a fome e a miséria da maioria da população?

  Com tamanha desigualdade, inúmeras cenas de violência e perda da dignidade humana continuam acontecendo. Os noticiários de TVs estarrecem a quem suporta assistir tanta degradação diária de seres humanos.

    Os conflitos socioambientais que tem origem na ação antrópica (ação realizada pelo ser humano sobre a natureza) trazem as consequências das mudanças climáticas, causam às pandemias, epidemias, crises sanitárias, que por sua vez agravam a péssima distribuição de renda no Brasil, as desigualdades sociais, econômicas, os conflitos étnicos, xenofóbicos.

   Que as inúmeras manifestações de repúdio a mais esta violência étnica que acontecem no Brasil e no mundo, mobilizem nossa solidariedade e nos faça refletir sobre nossa humanidade. Quais os valores de educação, civilização que as sociedades estão edificando em pleno século XXI, em um mundo que cada vez mais enaltece as novas tecnologias e, no entanto, regride a barbárie.

   Que possamos vencer o ódio acreditando na nossa capacidade de valorizar a vida e a conquista de melhores condições sanitárias, econômicas, de educação, de cultura, éticas e valores que de fato construam sociedades melhores, socioambientalmente mais sadias, justas, fraternas, sustentáveis e com melhor qualidade de vida para todos os seres humanos.  


 

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