terça-feira, 5 de abril de 2022

NOVO RELATÓRIO CLIMÁTICO DA TERRA - ALERTA EXIGEM NOVAS POLÍTICAS ENERGÉTICAS

 O novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indica que as emissões nocivas de carbono de 2010-2019 foram as mais altas na história da humanidade, com aumentos de emissões registrados  “em todos os principais setores do mundo”.

Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, esta é prova de que o mundo está em um caminho rápido para o desastre, que pode tornar o planeta inabitável. “Isso não é ficção ou exagero. É o que a ciência nos diz que resultará de nossas atuais políticas energéticas. Estamos no caminho para o aquecimento global de mais que o dobro do limite de 1,5 grau Celsius que foi acordado em Paris em 2015", ressaltou.

O painel de cientistas realça, no entanto, que é ainda é possível reduzir pela metade as emissões até 2030 e evitar os piores cenários. O relatório detalha medidas e políticas que podem levar a um mundo mais justo e sustentável.

Moradores e comerciantes da comunidade de Rio das Pedras, zona oeste da cidade, sofrem com alagamentos devido às chuvas intensas que causaram estragos em vários pontos do Estado do Rio de Janeiro
Legenda: Eventos extremos, como enchentes, devem se tornar mais comuns à medida que o planeta aquece
Foto: © Fernando Frazão/Agência Brasil

Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou seu novo relatório na segunda-feira (04). O documento, que tem foco na mitigação das mudanças climáticas, indica que as emissões nocivas de carbono de 2010-2019 foram as mais altas na história da humanidade. Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, esta é prova de que o mundo está em um “caminho rápido” para o desastre.

Em seus comentários sobre o lançamento do novo relatório do IPCC, o secretário-geral da ONU insistiu que, a menos que os governos de todos os lugares reavaliem suas políticas energéticas, o mundo será inabitável.

Seus comentários refletem a insistência do IPCC de que todos os países devem reduzir substancialmente o uso de combustíveis fósseis, ampliar o acesso à eletricidade, melhorar a eficiência energética e aumentar o uso de combustíveis alternativos, como o hidrogênio.

História de terror - A menos que uma ação seja tomada em breve, algumas grandes cidades ficarão submersas, afirmou Guterres em uma mensagem de vídeo, que também prevê “ondas de calor sem precedentes, tempestades aterrorizantes, escassez generalizada de água e a extinção de um milhão de espécies de plantas e animais”.

O chefe da ONU acrescentou: “Isso não é ficção ou exagero. É o que a ciência nos diz que resultará de nossas atuais políticas energéticas. Estamos no caminho para o aquecimento global de mais que o dobro do limite de 1,5 grau Celsius que foi acordado em Paris em 2015".

Questão urbana – Segundo os autores do relatório, uma parcela crescente das emissões pode ser atribuída a vilas e cidades. De forma igualmente preocupante, o relatório sinaliza que as reduções de emissões na última década “foram menores do que os aumentos de emissões, devido ao aumento dos níveis de atividade global na indústria, abastecimento de energia, transportes, agricultura e edifícios”.

De acordo com o novo, as emissões de gases de efeito estufa geradas pela atividade humana aumentaram desde 2010 “em todos os principais setores do mundo”. O documento é fruto do trabalho de centenas de cientistas independentes de todo mundo e foi aprovado por 195 países.

Sinais encorajadores - O painel de cientistas realça, no entanto, que é ainda é possível reduzir pela metade as emissões até 2030 e insta governos a intensificar as ações para reduzir as emissões.

Como exemplo dos avanços, os autores chamam atenção para a redução significativa no custo das fontes de energia renovável desde 2010, em até 85% para energia solar e eólica e baterias.

Mulher que foi treinadas em engenharia solar em Tinginaput, na Índia, segura uma lâmpada que iluminará sua casa
Legenda: Apesar dos desafios, passos encorajadores vêm sendo dados. A redução significativa no custo das fontes de energia renovável desde 2010 é um exemplo
Foto: © Abbie Trayler-Smith/UK Department for International Development

Incentivando a ação climática – De acordo com o presidente do IPCC, Hoesung Lee, o momento atual representa uma “encruzilhada”. “As decisões que tomamos agora podem garantir um futuro habitável”, disse Lee.

Ele se mostrou encorajado pela ação climática que está sendo tomada em muitos países. “Existem políticas, regulamentos e instrumentos de mercado que estão se mostrando eficazes. Se forem ampliados e aplicados de forma mais ampla e equitativa, podem apoiar reduções profundas de emissões e estimular a inovação”, afirmou.

Para limitar o aquecimento global a cerca de 1,5°C (2,7°F), o relatório do IPCC insiste que as emissões globais de gases de efeito estufa teriam que atingir o pico "antes de 2025, o mais tardar, e ser reduzidas em 43% até 2030".

O metano também precisaria ser reduzido em cerca de um terço, de acordo com os autores do relatório. Ainda assim, mesmo que isso fosse alcançado, é “quase inevitável” que ultrapassemos temporariamente o limite de temperatura de 1,5 grau Celcius acima do período pré-industrial. No entanto, ainda seria possível retornar a um valor abaixo deste limite até o final do século.

Agora ou nunca - “É agora ou nunca, se quisermos limitar o aquecimento global a 1,5°C; sem reduções imediatas e profundas de emissões em todos os setores, será impossível”, disse Jim Skea, copresidente do Grupo de Trabalho III do IPCC, responsável pelo último relatório.

De acordo com o relatório, que reúne as melhores evidências científicas disponíveis, as temperaturas globais se estabilizarão quando as emissões de dióxido de carbono atingirem zero líquido. Para 1,5°C, isso significa atingir emissões líquidas zero de dióxido de carbono globalmente no início da década de 2050; para 2°C, é no início da década de 2070.

“Esta avaliação mostra que limitar o aquecimento a cerca de 2°C ainda exige que as emissões globais de gases de efeito estufa atinjam o pico antes de 2025, o mais tardar, e sejam reduzidas em um quarto até 2030”, ressalta Skea.

Base da política - As avaliações do IPCC são muito importantes porque fornecem aos governos informações científicas que podem ser usadas para desenvolver políticas climáticas.

Eles também desempenham um papel fundamental nas negociações internacionais para combater as mudanças climáticas.

Entre as soluções sustentáveis ​​e de redução de emissões disponíveis para os governos, o relatório do IPCC enfatizou que repensar como as cidades e outras áreas urbanas funcionarão no futuro pode ajudar significativamente a mitigar os piores efeitos das mudanças climáticas.

“Essas (reduções) podem ser alcançadas por meio de menor consumo de energia (como a criação de cidades compactas e caminháveis), eletrificação do transporte em combinação com fontes de energia de baixa emissão e maior absorção e armazenamento de carbono usando a natureza”, sugeriu o relatório, que apresenta opções para cidades estabelecidas, de rápido crescimento e novas.

“As mudanças climáticas são o resultado de mais de um século padrões insustentáveis de energia, uso da terra, estilos de vida, consumo e produção”, resumiu Skea. “Este relatório mostra como agir agora pode nos levar a um mundo mais justo e sustentável.”

Sobre o IPCC - O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) é o órgão da ONU para avaliar a ciência relacionada às mudanças climáticas. Foi estabelecido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988 para fornecer aos líderes políticos avaliações científicas periódicas sobre as mudanças climáticas, suas implicações e riscos, bem como propor estratégias de adaptação e mitigação. No mesmo ano, a Assembleia Geral da ONU endossou a ação da OMM e do PNUMA em estabelecer conjuntamente o IPCC, que atualmente tem 195 Estados-membros.

Milhares de pessoas de todo o mundo contribuem para o trabalho do IPCC. Para os relatórios de avaliação, os especialistas oferecem seu tempo como autores do IPCC para avaliar os milhares de artigos científicos publicados a cada ano para fornecer um resumo abrangente do que se sabe sobre os impulsionadores das mudanças climáticas, seus impactos e riscos futuros e como a adaptação e a mitigação podem reduzir esses riscos.

Sobre o relatório – O último relatório é resultado do trabalho de 278 autores de 65 países, incluindo o Brasil. Eles compõem o Grupo de Trabalho III do IPCC, que se debruça sobre a mitigação das mudanças climáticas, ou seja, medidas que podem tornar menos intensas os efeitos da crise do clima.

O documento faz parte do Sexto Ciclo de Avaliação do IPCC (AR6). As duas primeiras partes deste ciclo foram lançadas em agosto de 2021 e fevereiro de 2022 e tratam, respectivamente, das bases científicas e da adaptação às mudanças climáticas. Um Relatório de Síntese está previsto para ser divulgado no segundo semestre de 2022.

sexta-feira, 1 de abril de 2022

AMAURY COSTA SHOW - NO CANTIM NOIR DIA 2 SÁBADO - CULTURA E MEIO AMBIENTE

 


  O Jornal Oecoambiental lança neste sábado 2 de Abril o “Projeto Cultural Sempre um Show” em parceria com "Cantim Noir"- Av. do Contorno 3588 - Santa Efigênia - BH -  de 20 as 23h -  com a presença do artista Amaury Costa. Uma excelente opção cultural e de lazer para quem curte a MPB e músicas autorais de qualidade. Vale o lembrete: importante realizar a reserva de mesas com antecedência.  

 

AMAURY COSTA

 


  Músico, compositor, produtor e arranjador.

 

  É formado pela Escola de Música da OMB em teoria e solfejo, violão erudito com o professor Noé Lourenço no Palácio das Artes, tem formação musical na Escola de Música da UFMG, técnica vocal com Eládio Pena González.  Em 2016 gravou o CD autoral Coração, que contou com a participação de vários artistas convidados: Marilton Borges do Clube da Esquina e Marcus Viana do Sagrado Coração da Terra.

Viaja pelo Brasil realizando shows  acústicos e com banda. Já se apresentou nos teatros: Palácio das Artes, Francisco Nunes, Clara Nunes, Sala Ceschiatti em Belo Horizonte. Participou de vários festivais, finalista do MP Minas promovido pela TV Alterosa e vencedor do Primeiro festival intercolegial de São Bernardo do Campo com a música autoral – Coração.

  


PROJETO REPLANTAR COM O JORNAL OECOAMBIENTAL - PLANTIO DE ÁRVORES NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DA UFMG

 



Plantio de árvores - Estação Ecológica da UFMG - Projeto Replantar com o Jornal Oecoambiental, Estação Ecológica da UFMG, Mais Verde em parceria Foto: Jornal Oecoambiental


    O Projeto Replantar com o Jornal Oecoambiental segue plantando árvores como uma ação educativa socioambiental, unindo pessoas e instituições no sentido de valorização do meio ambiente.


   Realizamos em parceria, com a Estação Ecológica da UFMG e Mais Verde, um plantio de árvores com a participação da representante da Assufemg Lindaura o professor Dimas da PUC e estudantes da UFMG, um evento muito importante e significativo de valorização do plantio de árvores.



  São nossos objetivos do Projeto Replantar com o Jornal Oecoambiental:

- Absorção de gás carbônico da atmosfera (CO2), combatendo as consequências das mudanças climáticas, do aquecimento global. 

- Melhoria da qualidade de vida e meio ambiente local, através do sombreamento das árvores.

- Melhoria do clima local equilibrando a variação de temperaturas durante o dia.

- Reduzir os problemas de enchentes, através da retenção da água nas copas, troncos e infiltração no solo.

- Dar nossa contribuição através de uma ação prática local (plantar árvores) para a construção da sustentabilidade.

- Educação e comunicação socioambiental

- Melhorar as condições socioambientais de nossas comunidades.

Somar esforços e dar nossa contribuição através do “Projeto Replantar com o Jornal Oecoambiental” as “Ações Climáticas” incentivadas pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) de zero emissão.

-- Reflorestar matas ciliares, revitalizar nascentes, despoluir rios, lagos, restaurar ecossistemas.

 

PARCERIAS UNINDO PESSOAS E INSTITUIÇÕES NO PLANTIO DE ÁRVORES

 

  O PROJETO REPLANTAR para alcançar nosso objetivo do plantio de oito mil árvores, vem realizando parcerias. Neste plantio, contamos com a presença da Assufemg, estudantes da UFMG, professores, Estação Ecológica da UFMG, Mais Verde, que acrescentam nas parcerias que realizamos com Clube dos Vigilantes, Associação Cabral e Cândida Ferreira, Sindifes, Escoteiros e a população.

    Convidamos pessoas e instituições a somarem forças conosco no plantio de árvores e na construção de comunidades com melhor qualidade de vida e sustentabilidade.


CLUBE DOS VIGILANTES


ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA CABRAL CÃNDIDA FERREIRA

CASA DAS ERVAS E RAÍZES MEDICINAIS 
Mercado Central - BH








ZÉ RAMALHO EM MG - DIA 2 DE ABRIL 2022 - SÁBADO


 

sábado, 26 de março de 2022

PROJETO REPLANTAR -Plantio de árvores na Estação Ecológica da UFMG

 

Plantio de árvores - Projeto Replantar em parceria com Estação Ecológica da UFMG Foto: Jornal Oecoambiental
Plantio de árvores Estação Ecológica UFMG Luis Foto:Jornal Oecoambiental






O Projeto Replantar com o Jornal Oecoambiental realizou em parceria, com sucesso, um plantio de árvores na Estação Ecológica da UFMG dia 23-03 com  o Mais Verde, e convidados. nossa proposta de plantio de árvores como educação socioambiental segue em frente. Convidamos pessoas e instituições a somar forças no.plantio de árvores conosco. 






terça-feira, 22 de março de 2022

22 DE MARÇO - DIA MUNDIAL DA ÁGUA

UNESCO PRODUZ RELATÓRIO  QUE DESTACA ÁGUAS SUBTERRÂNEAS COMO SOLUÇÃO PARA CRISE HÍDRICA

Fonte: ONU - BRASIL

  As águas subterrâneas representam 99% de toda a água doce líquida da Terra e, atualmente, fornecem metade do volume captado para uso doméstico pela população global e cerca de 25% de toda a água utilizada para irrigação.

Elas são destaque do Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, publicado pela UNESCO em nome da ONU-Água no Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março.

O documento defende que, com mais investimentos em conhecimento, infraestrutura e capacitação de profissionais, as águas subterrâneas podem ser um catalisador para o crescimento econômico em todo o mundo.

 

Legenda: Espera-se que a nossa dependência geral das águas subterrâneas aumente, à medida que a disponibilidade de água superficial se torne cada vez mais limitada devido à mudança climática
Foto: © UNESCO

Embora represente a quase totalidade de toda água doce líquida do planeta, as águas subterrâneas muitas vezes são um recurso natural mal compreendido e, consequentemente, subvalorizado, mal gerido e até mesmo explorado em excesso. De acordo com a última edição do Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em nome da ONU-Água, o vasto potencial das águas subterrâneas e a necessidade de gerenciá-las de forma sustentável não podem mais ser negligenciados.

A mais recente edição do relatório, intitulada “Águas subterrâneas: tornar visível o invisível”, foi lançada na cerimônia de abertura do 9º Fórum Mundial da Água, em Dacar, Senegal, marcando o Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março. Os autores pedem aos Estados que se comprometam a desenvolver políticas adequadas e eficazes de gestão e governança das águas subterrâneas, com o objetivo de lidar com as crises hídricas atuais e futuras em todo o mundo.

Atualmente, as águas subterrâneas fornecem metade do volume captado para uso doméstico pela população global, incluindo a água potável para a grande maioria da população rural que não recebe água por meio de sistemas de abastecimento público ou privado, e cerca de 25% de toda a água utilizada para irrigação.

Em âmbito mundial, projeta-se que o uso da água irá aumentar cerca de 1% ao ano nos próximos 30 anos. Espera-se que a nossa dependência geral das águas subterrâneas aumente, à medida que a disponibilidade de água superficial se torne cada vez mais limitada devido à mudança climática.

“Cada vez mais recursos hídricos estão sendo poluídos, superexplorados e esgotados pelo ser humano, às vezes com consequências irreversíveis. Usar de forma mais inteligente o potencial dos recursos hídricos subterrâneos ainda pouco desenvolvidos e protegê-los da poluição e da superexploração são ações essenciais para atender às necessidades fundamentais de uma população global cada vez maior, bem como para enfrentar as crises climáticas e energéticas globais”, afirma a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay.

“Melhorar a maneira como usamos e gerenciamos as águas subterrâneas é uma prioridade urgente para alcançarmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. Os tomadores de decisão devem começar a levar em consideração as formas vitais pelas quais as águas subterrâneas podem ajudar a garantir a resiliência e as atividades da vida humana em um futuro no qual o clima está se tornando cada vez mais imprevisível”, acrescenta Gilbert F. Houngbo, diretor da ONU-Água e presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

Grandes benefícios e oportunidades - A qualidade das águas subterrâneas em geral é boa, o que significa que elas podem ser usadas de forma segura e acessível em termos financeiros, sem exigir níveis avançados de tratamento. Muitas vezes, as águas subterrâneas são a forma mais rentável de se fornecer abastecimento seguro de água às aldeias rurais.

Certas regiões, como por exemplo o Saara na África e o Oriente Médio, possuem quantidades substanciais de fontes de águas subterrâneas não renováveis que podem ser extraídas para manter a segurança hídrica. No entanto, não se deve negligenciar as gerações futuras nem os aspectos econômicos, financeiros e ambientais do esgotamento do armazenamento dos recursos hídricos.

Na África Subsaariana, as oportunidades oferecidas pelos vastos aquíferos permanecem amplamente subexploradas. Apenas 3% das terras agrícolas estão equipadas para irrigação – em comparação com 59% e 57%, respectivamente, na América do Norte e no Sul da Ásia –, e apenas 5% dessa área usa água subterrânea.

Como aponta o relatório, esse baixo uso não se deve à falta de água subterrânea renovável (que muitas vezes é abundante), mas, sim, à falta de investimentos em infraestrutura, instituições, profissionais capacitados e conhecimento sobre o recurso. O desenvolvimento das águas subterrâneas poderia atuar como um catalisador para o crescimento econômico, aumentando a extensão das áreas irrigadas e, portanto, melhorando os rendimentos agrícolas e a diversidade de culturas.

Em termos de adaptação à mudança climática, a capacidade dos sistemas de aquíferos de armazenar excedentes sazonais ou episódicos de água superficial pode ser explorada para melhorar a disponibilidade de água doce durante todo o ano, pois os aquíferos incorrem em perdas por evaporação substancialmente menores do que os reservatórios de superfície. Por exemplo, incluir o armazenamento e a captação de águas subterrâneas como parte do planejamento do abastecimento urbano de água aumentaria a segurança e a flexibilidade em casos de variação sazonal.

Liberar todo o potencial das águas subterrâneas – o que precisa ser feito?

1. Coletar dados - O relatório levanta a questão da falta de dados sobre as águas subterrâneas e enfatiza que o monitoramento desse recurso muitas vezes é uma “área negligenciada”. Para melhorar isso, a aquisição de dados e informações, que geralmente fica sob a responsabilidade de agências nacionais (e locais) de águas subterrâneas, poderia ser complementada pelo setor privado. Em particular, as indústrias de petróleo, gás e mineração já possuem uma grande quantidade de dados, informações e conhecimento sobre a composição das regiões subterrâneas mais profundas, incluindo os aquíferos. Por uma questão de responsabilidade social corporativa, as empresas privadas são altamente incentivadas a compartilhar esses dados e informações com profissionais do setor público.

2. Fortalecer os regulamentos ambientais - Como a poluição das águas subterrâneas é praticamente irreversível, ela deve ser evitada. Os esforços de fiscalização e criminalização de poluidores, no entanto, muitas vezes são desafiadores devido à natureza invisível das águas subterrâneas. A prevenção da contaminação dessas águas requer o uso adequado da terra e regulamentações ambientais apropriadas, especialmente nas áreas de recarga de aquíferos. É imperativo que os governos assumam seu papel como guardiões de recursos, tendo em vista os aspectos de bem comum das águas subterrâneas, para garantir que o acesso e o lucro sejam distribuídos de forma equitativa e que o recurso permaneça disponível para as gerações futuras.

3. Reforçar os recursos humanos, materiais e financeiros - Em muitos países, a falta geral de profissionais no campo de águas subterrâneas entre o pessoal das instituições e administrações locais e nacionais, bem como responsabilidades, financiamento e apoio insuficientes dos departamentos ou agências de águas subterrâneas, dificultam a gestão eficaz desse recurso. O compromisso dos governos quanto a construir, apoiar e manter a capacidade institucional relacionada às águas subterrâneas é crucial.

Sobre o relatório - O Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (WWDR), a principal publicação da ONU-Água sobre questões relativas a água e saneamento, tem como foco um tema diferente a cada ano. O relatório é publicado pela UNESCO em nome da ONU-Água, e sua produção é coordenada pelo Programa Mundial de Avaliação da Água da UNESCO (WWAP). O relatório fornece uma visão sobre as principais tendências relativas à situação, ao uso e à gestão da água doce e do saneamento, com base no trabalho de membros e parceiros da ONU-Água. Lançado juntamente com o Dia Mundial da Água, o relatório leva aos tomadores de decisão conhecimento e ferramentas para formular e implementar políticas hídricas sustentáveis. Ele também oferece exemplos de melhores práticas e análises aprofundadas para estimular ideias e ações para uma melhor gestão do setor hídrico e outros.