segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

PNUMA - PROJETO REPARAÇÃO MATA ATLÃNTICA


FONTE; ONU - BRASIL

    A ONU reconheceu o Pacto Trinacional da Mata Atlântica como uma de suas 10 Iniciativas de Referência da Restauração Mundial, honraria que mostra como os defensores e as defensoras do meio ambiente estão reparando as paisagens danificadas no âmbito da Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas.

  O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), líder desse reconhecimento, retratou em matéria especial os detalhes deste projeto que envolve 300 organizações e que tem trabalhado desde 2009 para preservar e restaurar o que restou da Mata Atlântica. 

   Estas organizações estão protegendo espécies ameaçadas, como a onça-pintada e o mico-leão dourado, assegurando o abastecimento de água para as pessoas e para a natureza, combatendo e criando resiliência à mudança climática, e gerando milhares de empregos. Cerca de 700 mil hectares de terra já foram restaurados e o objetivo é proteger e reviver um milhão de hectares até 2030 e 15 milhões de hectares até 2050 - uma área maior do que a de todo o Nepal, Grécia ou Nicarágua.

A restauração da Mata Atlântica é parte da estratégia para manter a segurança hídrica de milhões de brasileiros.
Legenda: A restauração da Mata Atlântica é parte da estratégia para manter a segurança hídrica de milhões de brasileiros.
Foto: © Luca Messer/UNEP

Entre suas plantas de erva-mate, o fazendeiro paraguaio Eger Báez continua sem suar, apesar da temperatura média da manhã se aproximar dos 30°C. Tudo isso porque sua rica safra orgânica é sombreada por uma grande quantidade de árvores.

Convencer e ajudar os proprietários agrícolas a cultivarem mais árvores nativas em suas terras é central para um dos projetos ambientais mais sustentáveis e ambiciosos do mundo: a restauração da imponente Mata Atlântica.

"Em todo o mundo, nossas florestas estão sob ameaça", comenta a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Inger Andersen. "A restauração da Mata Atlântica por meio do envolvimento das comunidades locais é um poderoso lembrete de que a natureza pode curar e oferecer muitos benefícios quando lhe é dada a chance".

A Mata Atlântica já cobriu uma vasta faixa do Brasil, Paraguai e Argentina. Mas cinco séculos de exploração madeireira, expansão agrícola e o crescimento implacável de cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, reduziram-na a fragmentos.

Sob o Pacto Trinacional da Mata Atlântica, 300 organizações têm trabalhado desde 2009 para preservar e restaurar o que restou deste bioma. Elas estão protegendo espécies ameaçadas, como a onça-pintada e o mico-leão dourado, assegurando o abastecimento de água para as pessoas e para a natureza, combatendo e  criando resiliência à mudança climática, e gerando milhares de empregos.

Cerca de 700 mil hectares de terra já foram restaurados e o objetivo é proteger e reviver um milhão de hectares até 2030 e 15 milhões de hectares até 2050 - uma área maior do que a de todo o Nepal, Grécia ou Nicarágua.

Prêmio - A ONU reconheceu o Pacto como uma de suas 10 Iniciativas de Referência da Restauração Mundial. As iniciativas, que podem receber financiamento, aconselhamento ou apoio de divulgação da ONU, mostram como os defensores e as defensoras do meio ambiente estão reparando as paisagens danificadas no âmbito da Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas

"Estamos comemorando a concessão do status de iniciativa de referência da restauração", disse a secretária de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente do Brasil, Julie Messias e Silva. "Este esforço é um reconhecimento do papel único que o bioma desempenha não apenas em termos de serviços ecossistêmicos, mas também para a economia e para as pessoas".

Florestas em fazendas - Báez, de 43 anos, cultiva erva-mate em dois hectares de suas terras em Alto Vera, Paraguai. A área já foi uma vez um terreno vazio, diz ele. Agora Báez lista com orgulho algumas das árvores nativas que estão sombreando sua cultura: viraro, guatambu, cancharana, cedro, peteribí.

Com a ajuda de uma organização não governamental, sua cultura de erva-mate foi certificada como orgânica e tem um preço justo para os compradores, incluindo uma empresa de bebidas nos Estados Unidos da América. Baez insiste que os benefícios financeiros são secundários.

"A principal razão pela qual eu optei por esta abordagem é minha família", diz o produtor, pai de três filhos. Ele e seus vizinhos produtores de erva-mate "podem ver que nossos riachos são mais limpos e que nossas famílias não estão expostas a pesticidas perto de nossas casas".

Alto Vera fica no Alto Paraná, uma região da Mata Atlântica com uma cobertura arbórea relativamente intacta que atravessa as fronteiras dos três países. O trabalho de restauração em áreas como Alto Vera e na província argentina de Misiones foi projetado para unir as principais áreas protegidas do Alto Paraná.

Os corredores naturais são vitais para espécies como as onças-pintadas ameaçadas, ampliando seu habitat e permitindo que diferentes populações se misturem e aprofundem seu pool genético. O número de onças-pintadas no Alto Paraná aumentou em cerca de 160% entre 2005 e 2018.

"As onças-pintadas são bem difíceis de avistar, mas os fazendeiros nos dizem que estão avistando gatos menores, como jaguatiricas e gatos-maracajá, em suas fazendas pela primeira vez em muitos anos e estão felizes em tê-los de volta", diz Claudia Amicone da Fundação Vida Silvestre, uma organização não-governamental argentina que trabalha para restaurar o Alto Paraná.

Cerca de 700 mil hectares da Mata Atlântica já foram restaurados, e o objetivo é proteger e reavivar um milhão até 2030.
Legenda: Cerca de 700 mil hectares da Mata Atlântica já foram restaurados, e o objetivo é proteger e reavivar um milhão até 2030.
Foto: © Luca Messer/UNEP

Segurança hídrica - Mais de mil quilômetros ao leste, a restauração da Mata Atlântica é parte da estratégia para a manutenção da segurança hídrica de milhões de brasileiros.

No Município de Extrema, as autoridades fazem pagamentos anuais por serviços relacionados ao ecossistema aos proprietários de terras que cultivam e mantêm árvores florestais ao redor de nascentes e riachos em fazendas de gado bovino e leiteiro. As medidas ajudam a prevenir a erosão do solo e a proteger a qualidade da água no sistema de reservatórios que abastecem cidades como São Paulo e Campinas.

"Uma ação que é realizada aqui em Extrema, um pequeno município com cerca de 40 mil habitantes, também beneficia mais de 12 milhões de habitantes na grande São Paulo", diz o gerente de meio ambiente do município, Paulo Enrique Pereira.

Benefícios - As abordagens para a restauração da Mata Atlântica são tão diversas quanto os ecossistemas e comunidades que ali se encontram. Existem iniciativas focadas, por exemplo, na pesquisa científica, construção de parcerias, captação de recursos e desenvolvimento de políticas governamentais, bem como no reflorestamento e na agrofloresta.

Mas, de modo geral, existe uma ênfase no desenvolvimento e disseminação do conhecimento sobre os benefícios de manter as paisagens naturais saudáveis e na inserção das pessoas no centro desse processo.

"Se estamos falando em manter os ecossistemas, os biomas de uma região, precisamos conversar e trabalhar com as comunidades que estão lá", diz Taruhim Quadros da Aliança Trinacional para a Mata Atlântica. Somente as comunidades podem "estar lá constantemente protegendo, batalhando, gerenciando e colaborando para que ela seja sustentada a longo prazo".

A Assembleia Geral da ONU declarou os anos de 2021 a 2030 como a Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas . Liderada pelo PNUMA e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), juntamente com o apoio de parceiros, ela foi projetada para prevenir, deter e reverter a perda e degradação dos ecossistemas em todo o mundo. O objetivo é revitalizar bilhões de hectares, cobrindo tanto ecossistemas terrestres quanto aquáticos. Um chamado global à ação, a Década da ONU reúne apoio político, pesquisa científica e força financeira para a restauração em grande escala.

FELIZ ANO NOVO - SEJA BEM VINDO 2023



O JORNAL OECOAMBIENTAL DESEJA UM FELIZ 2023 - UM ANO NOVO DE SAÚDE, PAZ, AMOR, FELICIDADES, PROSPERIDADE, BOAS REALIZAÇÕES, VITÓRIAS, HARMONIA, SABEDORIA, PACIÊNCIA, SOLIDARIEDADE, FRATERNIDADE....

QUE O BRASIL POSSA SE UNIR PARA REVERTER OS GRAVES PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS QUE ENFRENTAMOS EM NOSSO PAÍS E NO MUNDO.
QUE TRABALHEMOS COM DETERMINAÇÃO PARA ERRADICAR A FOME E A MISÉRIA NO BRASIL.

 QUE HAJA UMA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA MAIS JUSTA. QUE AS PESSOAS TENHAM ACESSO:  A  EDUCAÇÃO, SAÚDE PÚBLICAS DE QUALIDADE, A MORADIA,  AO TRABALHO E A UMA RENDA SUSTENTÁVEL PARA QUE TODAS AS FAMÍLIAS BRASILEIRAS POSSAM VIVER COM DIGANIDADE. 

QUE HAJA REPEITO A DIVERSIDADE CULTURAL, A TODAS AS ETNIAS. E CRENÇAS, QUE O RACISMO NA SOCIEDADE BRASILEIRA POSSA SER VENCIDO.

DESEJAMOS QUE A UNIÃO DE ESFORÇOS DAS MELHORES ENERGIAS DAS PESSOAS QUE ACREDITAM NO RESPEITO AO SER HUMANO E AO MEIO AMBIENTE POSSAM CONQUISTAR VITÓRIAS.

ACREDITAR EM DIAS MELHORES É AGIR DE FORMA A VALORIZAR TUDO QUE DE BOM O SER HUMANO POSSA REALIZAR NA CONSTRUÇÃO DE COMUNIDADES, CIDADES E UM PAÍS SUSTENTÁVEL. 

DESEJAMOS QUE A DEMOCRACIA POSSA CONTINUAR SENDO CONSTRUÍDA COM A PARTICIPAÇÃO POPULAR, A VALORIZAÇÃO DA CULTURA, DOS POVOS INDÍGENAS, DAS POPULAÇÕES TRADICIONAIS, COM TODAS AS ETNIAS QUE ACREDITAM E RESPEITAM O BRASIL MEGADIVERSO.

QUE A VALORIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE SEJA DE FATO PRIORIDADE POLÍTICA, A PRESERVAÇÃO DA AMAZÕNIA, AS ÁGUAS, FLORESTAS, A BIODIVERSIDADE, TODOS OS RECURSOS NATURAIS SEJAM TRATADOS COM RESPEITO E DE FORMA SUSTENTÁVEL 

QUE OS EXCLUÍDOS DO BRASI  A UMA VIDA DIGNA POSSAM DE FATO  RECONQUISTAR A AUTOESTIMA QUE TODA POPULAÇÃO BRASILEIRA BUSCA VIVENCIAR.

    RECONSTRUIR NOSSOS MELHORES VALORES DE CIDADANIA,  UM PAÍS MAIS JUSTRO, FRATERNO, SOLIDÁRIO E QUE CONSTRÓI UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL COM FELICIDADE E PAZ. 





 

domingo, 25 de dezembro de 2022

FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO


   O JORNAL OECOAMBIENTAL DESEJA A TODOS NOSSOS LEITORES, LEITORAS E A POPULAÇÃO UM FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO.

   QUE  A FELICIDADE DO MENINO JESUS RENASÇA EM NOSSOS CORAÇÕES E POSSAMOS PARTILHAR NOSSAS MELHORES ENERGIAS.




   SAÚDE, PAZ, AMOR, PROSPERIDADE, UNIÃO, JUSTÇA, HARMONIA, DINHEIRO, BELEZA, BOAS REALIZAÇÕES NO TRABALHO, VITÓRIAS, DETERMINAÇÃO, FORÇA, COREGEM, CONQUISTAS, SABEDORIA, GRATIDÃO. 

   QUE POSSAMOS CONQUISTAR UM MEIO AMBIENTE MAIS SADIO, COM VALORIZAÇÃO DA CULTURA, DA SABEDORIA ANCESTRAL, DO PLANETA TERRA - UM PRESENTE DE DEUS.

   COM RESPEITO A TODAS AS CRENÇAS E SABERES QUE VALORIZAM OS SERES HUMNOS, O MEIO AMBIENTE E A CULTURA.

   UM FELIZ ANO NOVO QUE 2023 SEJA UM ANO DE SAÚDE, HARMONIA, FELICIIDADES, VITÓRIAS, SUCESSO NO TRABLAHO,  PAZ, AMOR TUDO DE BOM QUE CONSEGUIRMOS PENSAR E REALIZAR VORIZANDO TODA A BIOSIVERSIDADE E O PLANETA TERRA.


    UM GRANDE ABRAÇO FRATERNO 

     JORNAL OECOAMBIENTAL


quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

LINGUAS INDÍGENAS AMEAÇADAS - ONU LANÇA PLANO DE 10 ANOS

FONTE; ONU - BRASIL

Na sessão de lançamento da Década Internacional das Línguas Indígenas, na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Paris, o presidente da Assembleia Geral, Csaba Kőrösi, fez um discurso em prol da preservação das culturas indígenas como ato fundamental para proteção da biodiversidade.

Kőrösi lembrou que os povos indígenas são 6% da população global e falam mais de quatro mil das 6,7 mil línguas do mundo. No entanto, estima-se que mais da metade de todas as línguas serão extintas até o final deste século 

Cerca de 2,3 mil pessoas de 125 países participaram do evento híbrido, incluindo representantes indígenas e embaixadores da ONU.

A Convenção da OIT Nº 169 é o único tratado no sistema multilateral aberto à ratificação que trata de forma específica e abrangente dos direitos dos povos indígenas e tribais.
Legenda: Os indígenas representam menos de 6% da população global, mas falam mais de quatro mil das cerca de 6,7 mil línguas do mundo.
Foto: © Marcelo Camargo/Agência Brasil

No dia 13 de dezembro, 2,3 mil pessoas de 125 países participaram do evento híbrido de lançamento da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Paris. 

Durante o evento de alto nível, o presidente da Assembleia Geral da ONU, Csaba Kőrösi, afirmou que preservar essas línguas é importante para toda a humanidade. As Nações Unidas defendem os povos indígenas, que são os herdeiros e praticantes de culturas únicas e formas de se relacionar com as pessoas e o meio ambiente.

Para Kőrösi, cada vez que uma língua indígena desaparece, também se vão a cultura, a tradição e os saberes que ela carrega. Ele explica que a proteção é importante porque os povos indígenas são os guardiões de quase 80% da biodiversidade remanescente, de acordo com os dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). “Se queremos proteger a natureza, devemos ouvir os povos nativos e dialogar na língua deles”, defendeu o presidente.

Os indígenas representam menos de 6% da população global, mas falam mais de quatro mil das cerca de 6,7 mil línguas do mundo, de acordo com o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (DESA). Estima-se que mais da metade de todas as línguas serão extintas até o final deste século e este número pode ser ainda mais alto. O presidente da Assembleia Geral alertou que, a cada duas semanas, uma língua indígena morre.

Veterano diplomata húngaro, Csaba Kőrösi foi eleito por aclamação durante uma cerimônia oficial em Nova York
Legenda: O presidente da Assembleia Geral da ONU, Csaba Kőrösi.
Foto: © Eskinder Debebe/ONU

Proteção - O líder da Assembleia Geral pediu aos países que atuem com as comunidades indígenas para proteger seus direitos, como acesso à educação e recursos em seus idiomas nativos, e garantir que seus conhecimentos não sejam explorados. Ele também afirmou que os povos indígenas devem ser consultados e envolvidos, de forma significativa, em todas as etapas dos processos de tomada de decisão.

Representantes indígenas e embaixadores da ONU participaram do lançamento e defenderam a proteção e preservação das línguas. O embaixador do México, por exemplo, falou em nome do Grupo dos Amigos dos Povos Indígenas, seguido pelo representante da Colômbia, que estava acompanhado de uma indígena do povo Arhuaco.

Os participantes também ouviram representantes de comunidades indígenas do Ártico e da África.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

OIT - TRABALHO INFORMAL DAS PESSOAS INDÍGENAS CHEGA A 85% NA AMÉRICA LATINA

 FONTE: ONU - BRASIL

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicou, em espanhol, o relatório “Panorama Laboral dos povos indígenas na América Latina: a proteção social como rota para uma recuperação inclusiva da pandemia da COVID-19”.

O documento mostra que a baixa proteção social e invisibilidade estatística aumentam a vulnerabilidade de 55 milhões de pessoas indígenas na América Latina e no Caribe e que a pandemia da COVID-19 afeta, desproporcionalmente, mais de 800 grupos de povos indígenas.

Entre os dados destacados pela publicação está o fato de 85% das mulheres e homens indígenas na América Latina e no Caribe estarem empregados na economia informal, taxa bem acima da taxa de cerca de 50% da população empregada em geral. O documento também aponta que os salários das pessoas indígenas equivalem a 33% do recebido pelas pessoas não indígenas.

Povos indígenas são particularmente afetados pela pobreza e informalidade, têm poucas oportunidades de trabalho decente e enfrentam obstáculos no acesso à educação e na participação política, diz novo relatório da OIT.
Legenda: Povos indígenas são particularmente afetados pela pobreza e informalidade, têm poucas oportunidades de trabalho decente e enfrentam obstáculos no acesso à educação e na participação política, diz novo relatório da OIT.
Foto: © OIT

A crise causada pela COVID-19 expôs a vulnerabilidade em que vivem mais de 800 povos indígenas na América Latina e no Caribe e aumentou o desafio de alcançar uma melhor cobertura dos sistemas de proteção social em toda a região, destacou hoje a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

“A crise afetou desproporcionalmente os povos indígenas, destacando as barreiras pré-existentes que os povos indígenas enfrentam no acesso à saúde e à previdência social”, aponta um novo relatório do Escritório Regional da OIT, além de indicar que isso foi “uma consequência da discriminação e marginalização histórica".

“As lacunas pré-existentes no acesso à proteção social colocaram esses povos em situação de maior vulnerabilidade no contexto da pandemia”, acrescenta.

documento intitulado “Panorama Laboral dos povos indígenas na América Latina: a proteção social como rota para uma recuperação inclusiva da pandemia da COVID-19” (disponível em espanhol) tem como objetivo apresentar um panorama das características socioeconômicas dos povos indígenas da América Latina e a situação de seu acesso à proteção social.

Na região, vivem quase 55 milhões de mulheres e homens indígenas, "representando 8,5% da população total" da América Latina.Nota-se que “existem tendências globais que se reproduzem na região, como a sobrerrepresentação dos povos indígenas na economia informal e entre as pessoas mais pobres, o baixo acesso ao trabalho decente, bem como os obstáculos ao seu acesso à educação e à participação política ".

Deve-se observar que uma tendência importante está ocorrendo entre os povos indígenas, como o crescimento da população indígena vivendo em centros urbanos. Atualmente, cerca de 52% da população indígena vivem em áreas urbanas e 48% vivem em áreas rurais.

A migração para zonas urbanas é impulsionada, por um lado, pela busca de melhores oportunidades de geração de renda e, por outro lado, por fatores impulsores como o despojo de terras, a mudança climática, a deterioração ecológica, os deslocamentos devido a conflitos e violência, entre outros.

Desigualdade - Com relação à situação do emprego, dados da OIT mostram que 85% das mulheres e homens indígenas na América Latina e no Caribe estão empregados na economia informal, bem acima da taxa de cerca de 50% da população empregada em geral.

Os trabalhadores indígenas tendem a ser mais autônomos e trabalhadores familiares não remunerados do que o resto da população. De acordo com os dados disponíveis, 16% dos indígenas em idade produtiva estão em trabalho familiar não remunerado, o percentual para os não indígenas é de 4%.

Além disso, a América Latina é a região com a maior diferença de renda do trabalho. Os salários das pessoas indígenas equivalem a 33% do recebido pelas pessoas não indígenas.

Invisibilidade - Os dados compilados pela OIT vêm de informações coletadas nas pesquisas domiciliares dos países. Ainda assim, dos 18 países da América Latina e do Caribe que possuem informações de pesquisas domiciliares e de emprego, apenas oito possuem informações étnicas sobre as pessoas, indagando se pertencem a povos indígenas, a saber: Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, Panamá e Peru.

A OIT considera que isto cria uma situação de “invisibilidade estatística”, que constitui “o primeiro passo numa sequência de tratamento desigual que este segmento da população pode receber”. 

"Como não estão representados nas estatísticas oficiais, é mais difícil incluí-los nos indicadores das metas de desenvolvimento dos países, e sua condição de bem-estar é menos provável de ser uma questão de política pública", alerta o documento.

Proteção social - Garantir o acesso a oportunidades de trabalho decente para as pessoas indígenas, bem como seu acesso à proteção social, são passos decisivos para corrigir a situação de descaso, destaca o relatório.

Em relação à proteção social, os povos indígenas da região contribuem em menor proporção para sistemas de previdência e são pensionistas em menor número se comparados com as pessoas não indígenas e têm menos acesso aos sistemas de saúde, diz o relatório. Ao mesmo tempo, “nos países analisados, as mulheres e os homens indígenas são mais dependentes dos sistemas de assistência social do que seus homólogos não indígenas”.

Diante desse cenário socioeconômico, a OIT considera que “o estabelecimento de sistemas de proteção social, incluindo pisos de proteção social, que considerem as particularidades dos povos indígenas é fundamental para reduzir a lacuna de desigualdades e vulnerabilidades que os afetam”.

O documento lembra que a Recomendação n.202  da OIT indica que os pisos de proteção social devem incluir pelo menos as quatro garantias básicas a seguir:

  • Proteção social da infância: benefícios familiares e por criança;
  • Proteção social para mulheres e homens em idade ativa: benefícios de maternidade e invalidez; proteção em caso de acidente de trabalho, doença profissional e desemprego; pensões por invalidez; auxílio-doença.
  • A proteção social para mulheres e homens idosos: pensões para pessoas idosas e sobreviventes.
  • A proteção da saúde.

A necessidade de garantir maior proteção em termos de seguridade social e saúde aos povos indígenas também está claramente estabelecida na Convenção sobre Povos Indígenas e Tribais da OIT, 1989 (nº 169) .

A América Latina e o Caribe é a região que mais ratificou essa norma internacional do trabalho, com 14 das 24 ratificações.