terça-feira, 14 de outubro de 2025

UM DIA DEPOIS DA COP 30 - EDITORIAL

Enchentes nas cidades do Rio Grande do Sul - Brasil - em 2024 - Foto: L. Alves 
 - Secom - divulgação


UM DIA APÓS A COP 30

EDITORIAL

A mais emblemática Conferência global do clima - a COP 30 a ser realizada na Amazônia entre os dias 10 a 21 de novembro de 2025 se aproxima. O mundo já realizou inúmeras Conferências ambientais que não atingiram os resultados esperados. A degradação aos seres humanos, aos recursos naturais, ao Planeta, continuam. 
  Os grandes acordos globais precisam trazer  soluções que mobilizem populações para resolver os problemas e as consequências  das mudanças climáticas. Todos nós estamos vivenciando as consequências destes problemas, seja pelos contrastes e extremos climáticos, seja pelas mudanças e perdas na qualidade de vida da maioria da população mundial, pelos milhares de refugiados climáticos e de guerras, os que sofrem pelas secas, enchentes, desmatamentos, os conflitos em áreas indígenas e quilombolas ou com a proliferação de vetores causadores de epidemias.   A revista "The Lancet Planetary Health estimou que, entre 2000 e 2019, cerca de 5,1 milhões de mortes extras por ano podem ser atribuídas a temperaturas não-ótimas — temperatura muito quente ou muito fria — ligadas ao aquecimento global." Nunca é demais lembrar que as Conferências Ambientais, assim como as COPs lidam não apenas com a degradação dos recursos naturais, mas com vidas humanas que poderão ser salvas com as deliberações que são tomadas. 
Somos ainda sobreviventes da recente pandemia onde bilhões de seres humanos ficaram reclusos, isolados, impedidos de exercer uma das principais razões de nossa  existência como espécie humana: a capacidade de conviver em sociedade, de socializarmos. A humanidade sofreu e sofre com as consequências da pandemia. Será que os seres humanos aprenderam algo com esta crise global? Por que nos referimos a pandemia? Pelo motivo de que crises socioambientais são globais. Atingem populações em todo o mundo. Se contabilizarmos as consequências humanas: mortes, desabrigados, refugiados, os problemas emocionais, físicos, de saúde pública,  socioambientais que a humanidade enfrenta nesta crise climática teremos uma dimensão do quanto é grave esta crise mundial. É preciso que a humanidade se conscientize de que deixar de investir recursos financeiros, humanos na precaução aos problemas causados pela crise climática é multiplicar os danos causados após as enchentes, ondas de calor, nevascas, desmatamentos. Reconstruir infraestruturas de cidades, como ocorreu no Brasil no Rio Grande do Sul em 2024 demanda mais gastos em energia, em recursos públicos que em tempos "normais" poderiam ser investidos em educação e saúde públicas, moradias populares, na produção de alimentos. A questão é que isto não vem acontecendo só no Brasil, mas em várias partes do mundo.

O Jornal Oecoambiental acredita que a humanidade pode aprender com os erros das ditas revoluções industriais. E que os organizadores da COP 30 possam democratizar os debates sobre as soluções possíveis a crise climática. Após várias Conferências ambientais que deliberam ações aparentemente lentas e burocráticas,  chamamos a atenção das missões diplomáticas e dos negociadores governamentais de que a sociedade civil, os grupos que atuam em todo o mundo em favor da valorização dos seres humanos e dos recursos naturais da Terra são  protagonistas fundamentais das soluções aos problemas causados pelas mudanças climáticas. 
Todas as atenções do mundo se voltam para a COP 30 a grande questão é o que será " o dia seguinte " após a COP: o mundo continuará dizendo que é preciso trilhar novos caminhos sem os  países investirem recursos e ações eficazes para o combate a crise climática ou vamos  unir pessoas e instituições para colocar em prática ações que revertam tantos problemas socioambientais que a humanidade  e a  biodiversidade global enfrentam.
A sociedade civil que busca se organizar merece ser ouvida, respeitada como parceiros fundamentais junto aos Governos e os setores da sociedade que de fato estão empenhados na construção das sustentabilidades locais e globais.