sexta-feira, 17 de agosto de 2012

AS CIÊNCIAS SOCIAIS E O MEIO AMBIENTE


EDITORIAL

    As Ciências Sociais utiliza metodologias para explicar os problemas da sociedade e tem uma preocupação não só de compreender estes problemas, mas procurar solucioná-los. Nos grandes conflitos do mundo contemporâneo inscrevem-se os problemas de meio ambiente. O Jornal Oecoambiental foi fundado com o propósito de buscar democratizar a informação e a difusão da comunicação socioambiental para toda população, dentro dos princípios do Artigo 225 da Constituição brasileira, da Agenda 21 e da economia solidária. Realiza um trabalho de pesquisa diante estes problemas e busca organizar ações abrindo caminhos de soluções possíveis para os mesmos.
   Participamos das duas últimas Conferências Nacionais de Meio Ambiente, da Conferência Nacional de Comunicação - defendendo a comunicação socioambiental (todas realizadas em Brasília) e em junho deste ano de 2012 participamos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - a Rio + 20 e Cúpula dos Povos - no Rio de Janeiro. Foram mais de três mil painéis, debates, palestras, eventos no maior encontro socioambiental que o mundo já realizou para analisar, buscar conhecer melhor as realidades locais e globais e apontar soluções aos graves problemas socioambientais que atingem o Brasil e o mundo.  O saldo da Rio + 20 é a certeza de que,  em grande maioria,  a sociedade civil tem uma força que vem aqui e ali brotando nas comunidades locais no Brasil e no mundo. Afinal dos Estados fazem parte a sociedade civil. Os acordos então tão esperados entre nações e cúpulas ficam para serem testados em uma máxima conhecida: as ações de cada ser humano que diz se preocupar com o meio ambiente continuam a fazer a diferença. Nossa capacidade de sentirmos que fazemos parte dos Estados podem de fato construir uma sociedade mais justa e ambientalmente mais saudável.
   Nosso Jornal Oecoambiental realiza um trabalho de mobilização permanente, dialogando com a população, organizando seminários, feiras, palestras junto a universidades, escolas, sindicatos, instituições públicas e privadas, sempre abertos à participação popular.
   Um dos grandes problemas brasileiros na área de meio ambiente que obteve grande repercussão na Rio + 20 e Cúpula dos Povos e que a grande imprensa não deu a devida divulgação, foi à palestra da professora Lia Giraldo da Silva Augusto, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - confira neste link: http://oecoambiental.blogspot.com.br/2012_06_01_archive.html
 postado pelo Jornal Oecoambiental. O Brasil é um dos países que mais contamina seus alimentos com produtos químicos. Consideramos que é um direito da população brasileira conhecer e se informar sobre esta situação, para que possamos nos unir na busca de uma solução efetiva na melhoria da qualidade de vida de todos os brasileiros. É preciso que a população tenha direito econômico - socioambiental de consumir produtos orgânicos de boa qualidade; que estas informações cheguem de fato às pessoas; que os preços dos orgânicos sejam mais acessíveis à população e que haja em todos os supermercados, sacolões, feiras, esta opção de oferta dos produtos orgânicos. Ter saúde não é apenas malhar em academia, dançar, praticar esportes, fazer exercícios. Saúde é ter alimentação de qualidade, sem esta criminosa contaminação química no Brasil. O equilíbrio de corpo e alma se alcança pela alimentação de qualidade.
   A grande questão é que os problemas de meio ambiente atingem a coletividade, são milhões, bilhões de seres humanos que sofrem hoje com as conseqüências desta crise socioambinetal, chamada na Rio + 20 e Cúpula dos Povos de "Crise de Civilização" onde os problemas econômicos fundem-se aos problemas ambientais e sociais. A saída para solucionarmos esta crise passa pela união da sociedade civil. Estamos divulgando em nosso Jornal Oecoambiental, blog, facebook os conteúdos destas Conferências. Sabemos que a informação socioambiental salva vidas e protege todo meio ambiente.
   Precisamos resgatar a auto-estima de nossa própria espécie humana. Não podemos conviver e aceitar a destruição dos seres humanos e de todo meio ambiente como vem acontecendo. Todas as pessoas de todas as profissões, culturas, comunidades precisam agir de forma imediata. Precisamos nos unir cada vez mais. Acreditar na defesa da vida, na conquista de melhor qualidade de vida e meio ambiente sadio para todos.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O BRASIL NAS OLIMPÍADAS DE LONDRES





   Os poucos brasileiros que conquistam medalhas de ouro para o Brasil em Londres realizam atos mais que olímpicos: são atos heróicos. O Brasil não oferece à maioria de sua população a qualidade de vida que traduza numa olimpíada, conquistas olímpicas na maioria das modalidades de esportes. Enquanto alguns economistas tentam esconder a verdade socioambiental do Brasil, os esportes denunciam quanto ainda estamos longe de conquistarmos medalhas na valorização real do povo brasileiro. Nós que trabalhamos na área socioambiental, constatamos as desigualdades sociais no Brasil. Temos através de nossos artigos, editoriais, entrevistas, comentários, buscado refletir a má qualidade de vida da maioria dos brasileiros. A brutal concentração de renda no Brasil (a terceira pior do mundo) e a péssima qualidade da educação, saúde, transporte públicos é evidente. Só mesmo a grande imprensa que insiste em dizer apenas o que os grandes patrocinadores querem não vê o quanto ainda temos que lutar para que o Brasil seja de fato um país mais justo socioambientalmente falando. Enquanto em alguns países incentiva-se a prática de esportes nas escolas já na infância e mesmo o Estado remunera sua população para estudar, no Brasil, em estados como Minas Gerais um professor de escola pública recebe salário líquido de menos de mil reais. A necessidade das reformas historicamente adiadas: agrária, política, fiscal onera os mais pobres e beneficia os mais ricos. Na China que até o momento lidera o quadro de medalhas em Londres, a profissão mais valorizada e das mais bem remuneradas é a de professor.
   A qualidade da alimentação no Brasil está cada dia mais comprometida, fato que foi apresentado na Rio + 20 – Cúpula dos Povos, no painel onde se constatou em pesquisa que o Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos na agricultura. Segundo a pesquisadora Lia Giraldo da Silva Augusto, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em média, cada brasileiro consome 5 Kg de agrotóxicos por ano. Dados que fazem parte de um estudo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), baseado em informações disponibilizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segue link da matéria divulgada na Rio + 20: http://oecoambiental.blogspot.com.br/2012_06_01_archive.html
  Nosso país necessita urgente não apenas de melhorar a qualidade da educação em todos os níveis, mas de alfabetizar-se na forma de se alimentar. Podemos ficar ainda tentando explicar os motivos de o Brasil ser desclassificado na maioria das modalidades de esportes ainda na fase inicial de disputa. Não se trata apenas de uma explicação psicológica, o peso que estes atletas carregam porque as próximas grandes competições mundiais de futebol e olimpíadas acontecerão no Brasil. A constatação é que não há uma base formada. Uma estrutura socioambiental justa e que valorize toda a população brasileira. Talvez a antropologia brasileira pudesse explicar porque os próprios brasileiros não valorizam a maioria dos brasileiros. Mesmo que digamos isso continuamente: “brasileiro não desiste nunca”. São mais de 500 anos de opressão.  
     As medalhas de ouro nas olimpíadas de Londres são feitas de prata e levemente banhadas a ouro (valem cerca de mil e quatrocentos reais cada uma). Porém, sabemos que as medalhas de ouro  avaliadas na classificação do ranking entre países,  nos permitem argumentar de certo modo, as relações socioambientais que os países estão estabelecendo. Como cada país se prepara, investe na promoção de esportes e na valorização e qualidade de vida de sua população. Como sociológica e  historicamente este "ranking" vem sendo estabelecido.  
   Mas para que não fiquemos sentindo que o nosso país é só de futebol. Uma metáfora histórica poderia ser utilizada para dizer que cada medalha de ouro que cada atleta e país vem recebendo nas olimpíadas de Londres tem um pouco de Brasil. Quem sabe se procurarmos explicação na história constate que as medalhas de ouro, banhadas em Londres nestas olimpíadas, lembram o ouro tirado aqui das Minas Gerais, no Brasil no século XVIII, que foram para a nobreza de Portugal e este passou então para a burguesia da Inglaterra. O ouro do Brasil possibilitou a Inglaterra levar a cabo a revolução industrial. Que teve nos EUA seu modelo econômico capitalista em expansão.    Seguindo sua trajetória este sistema possibilitou que a economia norte americana implantasse empresas como a Monsanto, que vem quimicamente poluindo a agricultura brasileira e mundial com seus agrotóxicos. O Estado brasileiro ainda hoje permite que isto aconteça. E a grande imprensa faz vistas grossas em mais este crime socioambiental contra a população brasileira.  Para que nós brasileiros não nos sintamos derrotados fica este registro de que a dita revolução industrial que engendrou o atual sistema político, econômico global continua dando ouro para poucos no mundo.
   Quem sabe assim aprendamos esta lição e não oprimamos tanto nossa própria população. E não continuemos destruindo nossas riquezas, concentrando estas riquezas nas mãos de poucos em detrimento da exclusão da maioria da população. Pois a Vale do Rio Doce está aqui em Minas rezando nesta cartilha. Tirando nossas riquezas na mineração que quer realizar em cima de nossas nascentes da Serra da Gandarela. Minas Gerais ainda é o estado que mais produz ouro no Brasil, que nunca foi distribuído com justiça ambiental para a maioria dos brasileiros. E que agora nas Olimpíadas de Londres desnuda a gravidade das desigualdades socioambientais do Brasil: um PIB nacional da exclusão socioambiental. A sociedade civil brasileira pode sim reivindicar que este ouro seja distribuído aqui internamente para a maioria dos brasileiros. Afinal todos nós brasileiros produzimos há séculos esta riqueza.
   O judô – esporte da cultura oriental é onde mais conquistamos medalhas na história olímpica do Brasil. Nosso diálogo com o oriente está estabelecido. Mas lembrando Darcy Ribeiro, a civilização brasileira, que vem dando ouro ao mundo, tem direito histórico de fazer o mundo conhecer e reconhecer nosso valor. Para isso é fundamental que todos nós brasileiros elevemos nossa auto-estima. Que valorizemos o povo brasileiro. Não para que sejamos exaltados como donos do mundo, mas para que possamos levar à todos nossa alegria de celebrar o valor da vida.
   Quem sabe se lançarmos uma campanha para a valorização dos esportes e da cultura brasileira possamos conquistar nas próximas olimpíadas no Brasil uma grande medalha de ouro: o direito de transformarmos a capoeira em esporte olímpico. O esporte que mais divulga o Brasil no exterior juntamente com o futebol é a capoeira, para quem ainda não sabe. Para isto, nas escolas brasileiras a capoeira deveria já fazer parte da educação física. Como o judô é valorizado nos países do oriente. Esta seria a grande contribuição brasileira ao esporte mundial, porque na roda de capoeira todos os seres humanos são diferentes ("cada um é cada um" como disse o sábio Mestre Pastinha) e iguais, porque apesar de nossas diferenças ninguém é melhor que ninguém. Tudo que o mundo clama hoje é que haja um só mundo, onde as diferenças culturais de todos os países sejam de fato respeitadas. Onde a justiça socioambiental traga melhor qualidade de vida e meio ambiente sadio para todos.
  Por Luiz Cláudio dos Santos - sociólogo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

CARNAVALIZA BH - MEIO AMBIENTE E CULTURA

                      Banda Chama o Sindico - Carnavaliza BH - Music Hall - Foto: Jornal Oecoambiental

Aconteceu no dia 27 de julho no Music Hall em BH -  o Carnavaliza BH um evento cultural que congregou um público animado revivendo o último carnaval de rua de BH. Com a presença das bandas: Chama o Síndico regido por Nara Torres, a Orquestra Mineira de Brega e Alta Fidelidade.


Nara Torres e a Banda Chama o Síndico - Music Hall - Carnavaliza BH Foto: Jornal Oecoambiental
   Um evento cultural belorizontino de muito boa qualidade, com um repertório de ritmos adaptados ao bom estilo brasileiro de Tim Maia e Jorge Bem Jor. Uma noite agradável em ritmo de carnaval e muita descontração. Deixamos os parabéns aos organizadores Bernardo e sua equipe da Usina do Entretenimento.

                        Bernardo - da equipe de organização do evento do Carnavaliza BH
                            Foto: Jornal Oecoambiental



domingo, 29 de julho de 2012

A SOCIEDADE CIVIL NA RIO + 20: A NECESSIDADE DE PRINCÍPIOS NÃO-REGRESSIVOS


Conferência Rio + 20 - Riocentro - Foto: Jornal Oecoambiental

Publicamos a I e II partes do artigo de Vanessa Lemgruber que esteve presente na Rio + 20 - em junho de 2012. Agradecemos sua participação Vanessa em nosso propósito de seguirmos divulgando o conteúdo dos mais de três mil painéis que aconteceram no maior encontro do mundo que avaliou a crise socioambiental brasileira e global.  Repassar a sociedade civil o conteúdo destes painéis da Rio + 20 é o que nosso Jornal Oecoambiental vem fazendo deste nossa participação durante a Conferência no Rio de Janeiro. Que esta argumentação possa favorecer as pessoas, instituições e governos em realizarem ações concretas em defesa da vida e de todo meio ambiente. O que não acontece apenas durante a Conferência Rio + 20, mas em nosso cotidiano, nos próximos anos e décadas.

ARTIGO DE VANESSA LEMGRUBER

   Multiplicidade: a única definição que encontro para os dias nos quais o Rio foi sede das três vias da Rio+20: o processo oficial com os Major Groups e Side events; o semi-oficial , como a Arena Socioambiental e outros espaços organizados pelo Governo Brasileiro; e o autônomo, sendo a Cúpula dos Povos e o Youth Blast as principais iniciativas organizadas pela sociedade civil.
   Mas voltando às definições e às dificuldades em estabelecê-las; delimitar os contornos do que foi a Cúpula dos Povos é elevar essa multiplicidade ao expoente. Fazer um recorte do evento pode ser considerado tão árduo trabalho quanto o de escolher uma única paisagem do Rio de Janeiro para ser emoldurada na eternidade.
   Numa atmosfera quase poética, pessoas de todas as nações se reuniram, buscando se fazer escutar pelas autoridades envolvidas na Rio+20: Agricultores de associações campesinas das Filipinas, Índia e Camboja mostravam que é possível uma forma alternativa de produção agrária; grupo de jovens mulheres ativistas do Canadá levantava sua voz em defesa da Pacha Mama;organizações como a TEBTEBBA(Indigenous Peoples’Internacional Centre for Police Research and Education) defendiam a necessidade de um substrato protetivo e de auto-determinação indigenista;hare Krishnas,padres Agostinianos e pajés indígenas mostraram como o Sagrado pode estar alinhado às questões da natureza;stands em defesa da conservação do Cerrado se destacavam; estudantes e pesquisadores universitários posicionavam-se de forma ativa nos debates; incansáveis discussões, muitas vezes lideradas por representantes da “La Vía Campesina”, em oposição à economia verde... Uma atmosfera quase poética, demasiada pluralidade.
   A economia verde, modelo de desenvolvimento descrido pelo PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) como “aquele que resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica.” pondera que o crescimento na renda e no emprego deve ser puxado por investimentos públicos e privados que reduziriam emissões de carbono e poluição. Essa rota de desenvolvimento deve manter, aprimorar e recuperar o capital natural degradado, traduzindo-o como ativo econômico e fonte de benefícios públicos, “especialmente para a população pobre cuja sobrevivência e segurança são mais direta e imediatamente afetadas por desequilíbrios nos sistemas naturais”(vide efeitos das secas em regiões pobres)
    A sociedade civil tem baseado suas críticas à esse modelo em,basicamente, dois eixos. A crítica feita por um deles pode ser sintetizada no que diz respeito a uma nova etapa ineficaz do ciclo capitalista em relação ao meio-ambiente, o que acabaria por transformar bens comuns como as florestas e os oceanos em objetos de especulação,acumulação e apropriação.Com benefícios em curto prazo,na garantia de maior ganho econômico, essa usurpação dos bens comuns de todos os seres vivos, segundo os que defendem essa crítica, tende a impedir que soluções realmente inovadoras venham a se consolidar, pois mantém a mesma estrutura evidenciadora de desigualdades sob um nova roupagem verde.
     O segundo eixo pode ser descrito como ceticismo em relação ao termo e sua relevância, ou seja, haveria real necessidade de criar um novo termo sendo que não se tem uma definição clara e precisa do mesmo?Muita energia seria gasta em processos nem tão produtivos ao invés de manter o foco em questões já conhecidas que de fato poderiam evidenciar mudanças.
   Mas,observando-se por uma outra óptica a problemática em questão, alguns afirmam que, apesar das críticas serem importantes, elas não seriam capazes de reduzir ao mínimo a potência da Economia Verde como fator de solução para demandas ambientais e sociais. Ao interligar práticas econômicas a pleitos ambientais, esse modelo econômico levaria a uma rápida incorporação de ações “verdes” ao cotidiano de empresas e governos.
   Essa posição, adotada por personalidades como o presidente francês François Hollande, pode muitas das vezes esconder um discurso falacioso para a defesa da queda de medidas protetivas em relação ao meio-ambiente que alguns países emergentes podem vir a adotar. É defender o prisma do deslocamento de recursos e responsabilidades;é aplicaros recursos economizados nos processos decoupling em mais consumo, o que pode criar sobrecargas adicionais sobre os ecossistemas dos países do sul.
   Bem, isso é o que me parece. Transcrevo o que afirmou Hollande quando questionado sobre a Rio+20: “O desenvolvimento sustentável também é uma maneira de sairmos da crise, embora não nos proteja dela. Para isso, devemos combater o protecionismo.Não é um entrave, mas uma oportunidade. Não é uma ferramenta de protecionismo para favorecer países’’
   Pois bem,se na declaração final os governantes presentes na Rio+20 parecem ter concordado apenas nos pontos mínimos,deixando as grandes questões para a agenda pós-evento de 2015; acho correto concordar em uma das pontuações de Amalio de Marichalar,presidente do Foro Soria 21 para o Desenvolvimento Sustentável:se não fosse pela iniciativa da sociedade civil, a problemática ambiental ainda estaria estagnada em discussões teóricas.
    É sob essa mesma óptica de valoração da sociedade civil que Jérôme Fromageau, participante da Rio+20, seguiu em seus ajuizamentos. Ações importantes a serem desenvolvidas pela coletividade podem ser exemplificadas pela necessidade de se pensar a criação de um Tribunal Penal Ambiental Internacional e também de um organismo específico (à exemplo da OIT e UNESCO)para questões pró-ambiente mediante a ineficácia muitas das vezes encontrada no PNUMA;ponderando se essa concessão maior de poder seria bem utilizada pelo órgão a ser criado.
   Além disso, também caberia à coletividade o papel de fiscalizar a aplicação do Princípio da não-regressão. Essa irreversibilidade em matéria de direito ambiental pode ser entendida como a aplicação de um direito progressivo, não comprometedor de gerações futuras.Um direito de eficácia real, que apesar de pautado em lentas transformações,seriam elas qualitativas e relevantes.
   Jérôme vai defender ainda uma questão que está em consonância com o defendido pelos presentes na tarde de quarta-feira na Arena Rio 20: a necessidade de volta às origens e valoração de conexões regionais. O retorno às tradições indigenistas em respeito e valoração da Terra, bem como a importância de um desenvolvimento regional, que busca inspiração em comunidades com similaridade histórica e natural se faz urgente. O Brasil não deve, por exemplo, buscar adequar nossa realidade ao sistema protetivo da Finlândia, cujas florestas e extensão territorial em pouco se assemelham às brasileiras.Um retorno a tradição de povos nativos ou de valoração da cultura de comunidades interioranas como a das quebradeiras-de-coco poderia se mostrar mais eficaz.
   Não que se deva desconsiderar a experiência estrangeira, mas sim que haja uma melhor adequação à realidade do nosso país: que seja - como já diriam os modernistas de 1922- uma real antropofagia do que é produzido fora daqui. Exemplos como a Constituição de 2008 do Equador que trata a natureza como sujeito de direitos ao valorizar as raízes ancestrais do povo; e da do Butão que instituiu o dever de preservar no mínimo 60% das florestas na eternidade não só podem, como devem, ser levados em consideração.
  Vinte anos se passaram desde a Eco92 e da Agenda 21. É verdade que a conscientização ambiental se mostra muito mais recorrente do que há anos atrás, mas pouco de concreto aconteceu desde então. Cabe, mais uma vez, à sociedade civil ser protagonista de um processo fundamental para sua própria perpetuação.
   2015 será o ano de fechamento das natimortas “8 metas do milênio” e data mágica para entrar em vigor os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que deverão ganhar contornos mais bem definidos a partir de 2013.

Nos vemos lá!

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