segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A COP 20 E O NOVO ACORDO SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS














    O mundo continua negociando medidas frente aos problemas socioambientais gerados pelo aquecimento global na COP 20 – ( 20ª sessão Conferência das Partes).  A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) é o acordo que fundamenta o debate internacional sobre as mudanças climáticas e estabelece a (COP 20) cujo encontro visa implementar compromissos globais sobre este tema.  A COP 20  realizada  em Lima – Peru,  de primeiro de dezembro até o documento elaborado na madrugada do dia 14,   sinalizou um início de acordo global  para a próxima COP-21, que se realizará em Paris, de 30 de novembro a 11 de dezembro de 2015. Este novo acordo sobre as mudanças climáticas passará a vigorar depois de 2020, quando se encerra o período de vigência do Protocolo de Kyoto.
   A solução dos conflitos socioambientais passa pelas ações da sociedade civil que tem papel protagonista na solução dos problemas ambientais. Nós seres humanos independente da classe social, étnica ou crença somos parte do meio ambiente. Sabemos que as ações humanas interferem no equilíbrio ambiental do Planeta. Temos a responsabilidade de agirmos juntos na solução dos conflitos socioambientais visando à construção da sustentabilidade.
   As ações governamentais terão eficácia na medida em que as informações sobre as soluções dos problemas socioambientais forem democratizadas para toda sociedade.




  A seguir postamos um dos documentos que fundamentam as tentativas internacionais de se enfrentar o problema das mudanças climáticas (matéria publicada em 01 de dezembro, por Juliana Seranza, do Observatório de Políticas Públicas de Mudanças Climáticas, do Grupo Fórum Clima do Instituto Ethos).

"Relatório Síntese do IPCC (AR5)


 No dia 02 de novembro, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC) publicou a última parte do seu 5oRelatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas (AR5), conhecido porRelatório Síntese, que reúne e alinha as informações científicas lançadas pelos relatórios anteriores [1].



Para a pesquisadora brasileira Suzana Kahn, uma dos vinte e três cientistas brasileiros que integram o IPCC, não há espaço para o ceticismo, e atacar o problema climático significa descarbonizar a economia. A seguir sintetizamos algumas das principais mensagens do Relatório Síntese.



1. As emissões de gases do efeito de estufa de origem antropogênica aumentaram desde a era pré-industrial, impulsionadas em grande parte pelo crescimento econômico e populacional, e, agora, estão maiores do que nunca. Isto conduziu a concentrações atmosféricas de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso que são sem precedentes em pelo menos os últimos 800 mil anos. Seus efeitos, juntamente com outros também de origem antropogênica, foram detectados em todo o sistema climático e são a causa dominante do aquecimento observado desde 1950. Ou seja, a influência humana sobre o sistema climático é clara, e o registro de emissões antrópicas de gases de efeito estufa recentes é o maior da história.

2. Nas últimas décadas, as mudanças climáticas têm causado impactos nos sistemas naturais e humanos em todos os continentes e através dos oceanos. Os impactos são devidos às alterações climáticas observadas, independentemente da sua causa, o que indica a sensibilidade dos sistemas naturais e humanos para a mudança climática.

3. Mudanças em muitos eventos meteorológicos e climáticos extremos têm sido observadas desde cerca de 1950. Algumas dessas mudanças têm sido associadas a influências humanas, incluindo uma diminuição dos extremos de baixas temperaturas, um aumento em temperaturas extremas quentes, um aumento nos níveis extremos de mar elevado e um aumento no número de chuvas intensas em certo número de regiões.

4. Cada uma das três últimas décadas tem sido sucessivamente mais quentes na superfície da Terra do que qualquer década anterior desde 1850. O período de 1983 a 2012 foi provavelmente o mais quente no período de 30 anos dos últimos 1.400 anos no Hemisfério Norte.

5. Metade das emissões entre 1750 e 2011 aconteceu nos últimos 40 anos. As emissões aceleraram entre 2000-2010 (2,2% a.a.) em relação ao período 1970-2000 (1,3% a.a.).

6. Da energia retida pelo aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, 90% está acumulando nos oceanos. Mais de 1/3 do carbono que emitimos está sendo absorvido pelo oceano, causando sua acidificação (26% em relação à era pré-industrial).

7. A temperatura da superfície deverá aumentar ao longo do século 21 em todos os cenários de emissões avaliados. É muito provável que as ondas de calor ocorram com mais frequência e durem mais tempo, e que os eventos extremos de precipitação se tornem mais intensos e frequentes em muitas regiões. O mar vai continuar a aquecer e a acidificar e, seu nível global a subir.

8. A contínua emissão de gases de efeito estufa causará ainda mais aquecimento e mudanças de longa duração em todos os componentes do sistema climático, aumentando a probabilidade de impactos severos, invasivos e irreversíveis para as pessoas e os ecossistemas. A limitação das alterações climáticas exige reduções substanciais e sustentadas nas emissões de gases de efeito estufa, que, juntamente com a adaptação, podem limitar os riscos das mudanças climáticas.

9. A mudança climática vai amplificar os riscos existentes e criar novos riscos para os sistemas naturais e humanos. Os riscos são distribuídos de forma desigual e, são, geralmente, maiores para as pessoas desfavorecidas e as comunidades, em países de todos os níveis de desenvolvimento.

10. Muitas opções de adaptação e mitigação podem ajudar a resolver a mudança climática, mas nenhuma opção é suficiente por si só. A implementação efetiva depende de políticas e cooperação em todas as escalas, e pode ser melhorada através de respostas integradas que apontam adaptação e mitigação com outros objetivos sociais. "



[1] O IPCC é formado por três Grupos de Trabalho que produzem e publicam seus relatórios específicos segundo um cronograma: Base Científica das Mudanças Climáticas (setembro de 2013), Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade (março de 2014), Mitigação das Mudanças Climáticas (abril de 2014).

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