Dizer que estamos todos felizes no Brasil e no mundo poderia ser verdade. No entanto, sabemos das mazelas da sociedade globalizante que os seres humanos estão construindo. Globalizam-se os prejuízos para a maioria dos países e da população mundial e privatizam-se em pequenas minorias os lucros cada vez maiores.
Estávamos numa aula onde um participante do Curso O Cidadão e o Meio Ambiente, no Centro de Cultura Nansen Araújo em Belo Horizonte, contou uma história. Ele trabalha realizando filmes para a TV Paraguaia sobre os animais silvestres que são feridos diante a agressão dos seres humanos ao meio ambiente pelo interior do país. Em visita a um povo indígena ele entregou um caramelo a uma criança. Ela imediatamente chamou todas as crianças e dividiu um pedaço para cada um. Dividir para aquelas crianças e aquela cultura faz parte do cotidiano.
Saber que seres humanos ainda são capazes de fazer isso em pleno século XXI é um alento. Podemos ainda pensar que existem civilizações na qual poderíamos refletir culturas. As culturas diversas são ainda esperança de que possamos organizar sociedades ambientalmente mais justas. Por isso valorizar culturas locais, povos, populações tradicionais, seja vivenciar conflitos.
O individualismo mina cada vez mais o diálogo entre as pessoas. Quando achamos que estamos conversando, estamos exercendo papéis pré-estabelecidos seja na internet através de redes sociais, seja no pouco tempo para a convivência das famílias, das pessoas. O tempo está curto para tantos afazeres impostos pela mídia, pelos ritos de consumo da globalização. Nossa busca pela felicidade ideologicamente conduzida pelo consumo a qualquer preço encontra ao final o vazio de nosso pouco tempo para ouvirmos a nós mesmos se estamos realmente felizes. O medo é patrocinado pela TV e a solução dos conflitos socioambientais parece ser utopia.
Estamos aqui vivenciando chuvas que vão expondo a inviabilidade das cidades agora, por exemplo, em Minas Gerais – Brasil. Nas Filipinas outro furacão desabrigou e ceifou vidas de milhares de pessoas. Mais alguns indícios da ação humana provocando o aquecimento global. Além de a natureza expor esta condição insustentável pelo mundo, os conflitos seguem no dia a dia com todos os seres humanos, vivendo em cidades adestradas. Os conflitos que geram este aquecimento global têm origem no modo de produção e consumo que vem sendo adotado em todo mundo de forma hegemônica insustentável. Mas ainda acredito que podemos seguir construindo uma melhor qualidade de vida e meio ambiente. Sociedades sustentáveis.
Temos condições de melhorar nossas relações humanas que vem também sendo conflituosas em função desta sociedade insustentável. Necessitamos valorizar o que somos mais do que consumimos ou achamos que somos. Relaxar, ouvir uma boa música. Agradecer pelo que de bom ainda existe nesse mundo em seres vivos, recursos naturais e na nossa capacidade de optar pela valorização do que de melhor existe em cada ser humano. E esse diálogo deve ser permanente. Que possamos ser melhores a cada dia e acreditar que nossa ação humana unindo pessoas e instituições em defesa da vida e de todo meio ambiente melhore as condições socioambientais em nosso dia a dia.
Luiz Cláudio
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