Acompanhe as entrevistas dos palestrantes do IV Seminário o Cidadão e o Meio Ambiente. A opinião de cada um sobre a importância da Conferência Rio + 20 e a Cúpula dos Povos - os eventos que acontecerão no Brasil em junho de 2012 e que devem traçar os novos rumos do meio ambiente dentro de toda sua abrangência socioambiental no Brasil e no mundo.
Professora Adriana Monteiro
Graduada em geografia, pela Fundação Educacional Monsenhor Messias (2001), especialista em solos e meio ambiente, pela Universidade Federal de Lavras (2003), mestre em Agronomia/Solos, pela Universidade Federal de Uberlândia (2005), doutora em ciência do solo, pela Universidade Federal de Lavras (2008) e tenho pós-doutorado, pela Embrapa Milho e Sorgo (2010). Atuo nas áreas de pedologia, levantamento e classificação de solos e física do solo, com ênfase em indicadores de sustentabilidade do solo e sequestro de carbono no solo. Atualmente, sou Professora adjunta de pedologia, do Departamento de Geografia, Instituto de Geociências (IGC), da Universidade Federal de Minas Gerais.
Ela falou ao Jornal Oecoambiental:
"Atualmente, integro a equipe executora de dois projetos de pesquisa relacionados a indicadores sócio-econômicos e ambientais.
O primeiro deles visa à identificação de indicadores e instrumentos, para serem integrados às metodologias de avaliação da sustentabilidade de atividades agrícolas, em Minas Gerais, cujo objetivo é delinear um instrumento para avaliação sócio-econômica e ambiental de propriedades rurais do estado de Minas Gerais. Este projeto é coordenado pela Epamig e conta com uma equipe multidisciplinar; é financiado pela Fapemig.
O segundo projeto de implantação de observatório sócio-ambiental, em Congonhas, visa desenvolver um estudo sobre aspectos sócio-econômicos e ambientais de Congonhas, que apresentem um panorama do município e que possa contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas que auxiliem no desenvolvimento sustentável do município, mediante o grande crescimento econômico e pressões oriundas deste crescimento. O desenvolvimento deste estudo está baseado na metodologia proposta pelo Sistema GeoCidade, conforme PNUMA (2004). Este projeto conta com parcerias entre a UFMG, UFSJ, campus Alto Paraopeba e tem o apoio econômico da Prefeitura Municipal de Congonhas.
2 - No Seminário O Cidadão e o Meio Ambiente, o que, principalmente, você abordou no tema “Observatório socioambiental de Congonhas”?
A minha palestra esteve direcionada para a definição dos conceitos de sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e de indicadores de sustentabilidade. Falei acerca da necessidade de definição de indicadores de sustentabilidade, sobre as características desejáveis de um indicador, como estes podem contribuir para a avaliação da sustentabilidade de um determinado local e das dificuldades de um desenvolvimento sustentável, mediante o grande crescimento da população e, conseqüentemente, da sua demanda pela produção de alimentos, energia, melhores condições de saúde, educação, moradia, dentre outros.
3 – Qual sua avaliação da importância deste IV Seminário O Cidadão e o Meio Ambiente, realizado pelo NESTH/UFMG e o Jornal O Eco Ambiental?
A importância é eminente, na medida em que temos um crescimento acelerado da população e da pressão desta sobre os recursos naturais, carecendo, assim, de esforços das diferentes esferas da sociedade, no sentido de tentar conscientizar a população sobre a necessidade de que todos contribuam para garantir a sustentabilidade da vida no planeta. Essas iniciativas devem ser incentivadas, e o meio acadêmico é um local privilegiado, para difusão destes valores.
4 – Quais são os principais desafios, em sua opinião, da área socioambiental, em Minas Gerais e no Brasil?
O grande desafio é delinear um desenvolvimento que seja realmente sustentável, respeitando os pilares da sustentabilidade (econômico, social e ambiental).
Como questões a serem debatidas e direcionadas destacam-se o uso e manejo adequado dos solos. Vários trabalhos vêm apontando o agravamento dos processos erosivos em Minas Gerais, como na região do Vale do Rio Doce e Campo das vertentes, e que carecem de intervenção. O uso inadequado dos solos pode levar à sua exaustão, ao avanço de processos erosivos, contaminação dos cursos d’ água, dentre outros. Minas Gerais tem se atentado para isso e conta hoje com um Conselho Diretor das Ações de manejo do solo (CDSOLOS), o qual administrará o Plano Estadual de Manejo e Conservação de Solos, visando o direcionamento das atividades
de controle da ocupação, uso, manejo e conservação do solo agrícola em Minas Gerais.
O Brasil, considerado a grande fronteira agrícola mundial, tem como grande desafio o aumento da produção de alimentos de forma sustentável, para isso, devemos avançar em pesquisas, investir na recuperação de milhões de hectares de áreas degradadas e incorporá-las ao sistema produtivo, investir em sistemas de produção sustentáveis, como os Sistemas de Integração lavoura-pecuária e floresta (ILPF’s), que, além de garantir maior diversidade de renda e recuperação de solos e pastagem degradados, é um importante instrumento na redução da emissão de CO2 atmosférico.
Outro desafio relaciona-se à questão da disposição dos resíduos sólidos, e aos impactos desta sobre os recursos naturais. O crescimento da população e melhoria da qualidade de vida desta levará à uma crescente produção de resíduos sólidos, o que carece de políticas públicas adequadas para destinação destes.
5 – Quais as soluções possíveis aos conflitos ambientais locais?
A busca por soluções pelos conflitos ambientais locais deve sempre considerar as peculiaridades do local e o diálogo entre os seus diferentes atores. Nesta perspectiva, o cidadão deve se apropriar dos problemas relacionados ao seu cotidiano, deve ser agente na organização, na gestão do ambiente no qual está inserido, contribuindo para a manutenção da qualidade deste ambiente, como também para a busca de alternativas viáveis para a solução dos problemas. E isso só poderá ocorrer com um diálogo aberto entre as diferentes esferas da sociedade.
6 - Qual a importância da Conferência Rio+20 para o Brasil e o mundo?
A Rio +20 trará a oportunidade de discussão acerca da necessidade de serem considerados todos os pilares do desenvolvimento sustentável, ou seja, não é admissível mais pensar em crescimento econômico, sem pensar no desenvolvimento social e ambiental. Estes pilares são indissociáveis e toda e qualquer política pública deve se basear nestes pilares. A Conferência Rio+20 exige um novo comportamento dos países, frente aos desafios ambientais que temos presenciado, exige um novo olhar, um pensar e agir de forma sustentável, de forma a conciliar desenvolvimento econômica com sustentabilidade ambiental e social. Deve haver uma convergência entre estes pensamentos. E neste contexto, o Brasil assume um papel de destaque como grande potência ambiental, destacando o grande potencial de biodiversidade, capacidade de produção de alimentos, geração de energia limpa, dentre outros. Desta forma, as suas políticas públicas devem considerar um desenvolvimento centrado nestes pilares.
Professora Adriana Monteiro
Graduada em geografia, pela Fundação Educacional Monsenhor Messias (2001), especialista em solos e meio ambiente, pela Universidade Federal de Lavras (2003), mestre em Agronomia/Solos, pela Universidade Federal de Uberlândia (2005), doutora em ciência do solo, pela Universidade Federal de Lavras (2008) e tenho pós-doutorado, pela Embrapa Milho e Sorgo (2010). Atuo nas áreas de pedologia, levantamento e classificação de solos e física do solo, com ênfase em indicadores de sustentabilidade do solo e sequestro de carbono no solo. Atualmente, sou Professora adjunta de pedologia, do Departamento de Geografia, Instituto de Geociências (IGC), da Universidade Federal de Minas Gerais.
Ela falou ao Jornal Oecoambiental:
"Atualmente, integro a equipe executora de dois projetos de pesquisa relacionados a indicadores sócio-econômicos e ambientais.
O primeiro deles visa à identificação de indicadores e instrumentos, para serem integrados às metodologias de avaliação da sustentabilidade de atividades agrícolas, em Minas Gerais, cujo objetivo é delinear um instrumento para avaliação sócio-econômica e ambiental de propriedades rurais do estado de Minas Gerais. Este projeto é coordenado pela Epamig e conta com uma equipe multidisciplinar; é financiado pela Fapemig.
O segundo projeto de implantação de observatório sócio-ambiental, em Congonhas, visa desenvolver um estudo sobre aspectos sócio-econômicos e ambientais de Congonhas, que apresentem um panorama do município e que possa contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas que auxiliem no desenvolvimento sustentável do município, mediante o grande crescimento econômico e pressões oriundas deste crescimento. O desenvolvimento deste estudo está baseado na metodologia proposta pelo Sistema GeoCidade, conforme PNUMA (2004). Este projeto conta com parcerias entre a UFMG, UFSJ, campus Alto Paraopeba e tem o apoio econômico da Prefeitura Municipal de Congonhas.
2 - No Seminário O Cidadão e o Meio Ambiente, o que, principalmente, você abordou no tema “Observatório socioambiental de Congonhas”?
A minha palestra esteve direcionada para a definição dos conceitos de sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e de indicadores de sustentabilidade. Falei acerca da necessidade de definição de indicadores de sustentabilidade, sobre as características desejáveis de um indicador, como estes podem contribuir para a avaliação da sustentabilidade de um determinado local e das dificuldades de um desenvolvimento sustentável, mediante o grande crescimento da população e, conseqüentemente, da sua demanda pela produção de alimentos, energia, melhores condições de saúde, educação, moradia, dentre outros.
3 – Qual sua avaliação da importância deste IV Seminário O Cidadão e o Meio Ambiente, realizado pelo NESTH/UFMG e o Jornal O Eco Ambiental?
A importância é eminente, na medida em que temos um crescimento acelerado da população e da pressão desta sobre os recursos naturais, carecendo, assim, de esforços das diferentes esferas da sociedade, no sentido de tentar conscientizar a população sobre a necessidade de que todos contribuam para garantir a sustentabilidade da vida no planeta. Essas iniciativas devem ser incentivadas, e o meio acadêmico é um local privilegiado, para difusão destes valores.
4 – Quais são os principais desafios, em sua opinião, da área socioambiental, em Minas Gerais e no Brasil?
O grande desafio é delinear um desenvolvimento que seja realmente sustentável, respeitando os pilares da sustentabilidade (econômico, social e ambiental).
Como questões a serem debatidas e direcionadas destacam-se o uso e manejo adequado dos solos. Vários trabalhos vêm apontando o agravamento dos processos erosivos em Minas Gerais, como na região do Vale do Rio Doce e Campo das vertentes, e que carecem de intervenção. O uso inadequado dos solos pode levar à sua exaustão, ao avanço de processos erosivos, contaminação dos cursos d’ água, dentre outros. Minas Gerais tem se atentado para isso e conta hoje com um Conselho Diretor das Ações de manejo do solo (CDSOLOS), o qual administrará o Plano Estadual de Manejo e Conservação de Solos, visando o direcionamento das atividades
de controle da ocupação, uso, manejo e conservação do solo agrícola em Minas Gerais.
O Brasil, considerado a grande fronteira agrícola mundial, tem como grande desafio o aumento da produção de alimentos de forma sustentável, para isso, devemos avançar em pesquisas, investir na recuperação de milhões de hectares de áreas degradadas e incorporá-las ao sistema produtivo, investir em sistemas de produção sustentáveis, como os Sistemas de Integração lavoura-pecuária e floresta (ILPF’s), que, além de garantir maior diversidade de renda e recuperação de solos e pastagem degradados, é um importante instrumento na redução da emissão de CO2 atmosférico.
Outro desafio relaciona-se à questão da disposição dos resíduos sólidos, e aos impactos desta sobre os recursos naturais. O crescimento da população e melhoria da qualidade de vida desta levará à uma crescente produção de resíduos sólidos, o que carece de políticas públicas adequadas para destinação destes.
5 – Quais as soluções possíveis aos conflitos ambientais locais?
A busca por soluções pelos conflitos ambientais locais deve sempre considerar as peculiaridades do local e o diálogo entre os seus diferentes atores. Nesta perspectiva, o cidadão deve se apropriar dos problemas relacionados ao seu cotidiano, deve ser agente na organização, na gestão do ambiente no qual está inserido, contribuindo para a manutenção da qualidade deste ambiente, como também para a busca de alternativas viáveis para a solução dos problemas. E isso só poderá ocorrer com um diálogo aberto entre as diferentes esferas da sociedade.
6 - Qual a importância da Conferência Rio+20 para o Brasil e o mundo?
A Rio +20 trará a oportunidade de discussão acerca da necessidade de serem considerados todos os pilares do desenvolvimento sustentável, ou seja, não é admissível mais pensar em crescimento econômico, sem pensar no desenvolvimento social e ambiental. Estes pilares são indissociáveis e toda e qualquer política pública deve se basear nestes pilares. A Conferência Rio+20 exige um novo comportamento dos países, frente aos desafios ambientais que temos presenciado, exige um novo olhar, um pensar e agir de forma sustentável, de forma a conciliar desenvolvimento econômica com sustentabilidade ambiental e social. Deve haver uma convergência entre estes pensamentos. E neste contexto, o Brasil assume um papel de destaque como grande potência ambiental, destacando o grande potencial de biodiversidade, capacidade de produção de alimentos, geração de energia limpa, dentre outros. Desta forma, as suas políticas públicas devem considerar um desenvolvimento centrado nestes pilares.
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