terça-feira, 22 de maio de 2012

RIO PARA TODOS - MINAS NA RIO + 20

Acompanhe as entrevistas dos palestrantes do IV Seminário o Cidadão e o Meio Ambiente. A opinião de cada um sobre a importância da Conferência Rio + 20 e a Cúpula dos Povos - os eventos que acontecerão no Brasil em junho de 2012 e que devem traçar os novos rumos do meio ambiente dentro de toda sua abrangência socioambiental no Brasil e no mundo.


Professora Adriana Monteiro

Graduada em geografia, pela Fundação Educacional Monsenhor Messias (2001), especialista em solos e meio ambiente, pela Universidade Federal de Lavras (2003), mestre em Agronomia/Solos, pela Universidade Federal de Uberlândia (2005), doutora em ciência do solo, pela Universidade Federal de Lavras (2008) e tenho pós-doutorado, pela Embrapa Milho e Sorgo (2010). Atuo nas áreas de pedologia, levantamento e classificação de solos e física do solo, com ênfase em indicadores de sustentabilidade do solo e sequestro de carbono no solo. Atualmente, sou Professora adjunta de pedologia, do Departamento de Geografia, Instituto de Geociências (IGC), da Universidade Federal de Minas Gerais.

Ela falou ao Jornal Oecoambiental:
  "Atualmente, integro a equipe executora de dois projetos de pesquisa relacionados a indicadores sócio-econômicos e ambientais.
  O primeiro deles visa à identificação de indicadores e instrumentos, para serem integrados às metodologias de avaliação da sustentabilidade de atividades agrícolas, em Minas Gerais, cujo objetivo é delinear um instrumento para avaliação sócio-econômica e ambiental de propriedades rurais do estado de Minas Gerais. Este projeto é coordenado pela Epamig e conta com uma equipe multidisciplinar; é financiado pela Fapemig.
   O segundo projeto de implantação de observatório sócio-ambiental, em Congonhas, visa desenvolver um estudo sobre aspectos sócio-econômicos e ambientais de Congonhas, que apresentem um panorama do município e que possa contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas que auxiliem no desenvolvimento sustentável do município, mediante o grande crescimento econômico e pressões oriundas deste crescimento. O desenvolvimento deste estudo está baseado na metodologia proposta pelo Sistema GeoCidade, conforme PNUMA (2004). Este projeto conta com parcerias entre a UFMG, UFSJ, campus Alto Paraopeba e tem o apoio econômico da Prefeitura Municipal de Congonhas.

2 - No Seminário O Cidadão e o Meio Ambiente, o que, principalmente, você abordou no tema “Observatório socioambiental de Congonhas”?

   A minha palestra esteve direcionada para a definição dos conceitos de sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e de indicadores de sustentabilidade. Falei acerca da necessidade de definição de indicadores de sustentabilidade, sobre as características desejáveis de um indicador, como estes podem contribuir para a avaliação da sustentabilidade de um determinado local e das dificuldades de um desenvolvimento sustentável, mediante o grande crescimento da população e, conseqüentemente, da sua demanda pela produção de alimentos, energia, melhores condições de saúde, educação, moradia, dentre outros.

3 – Qual sua avaliação da importância deste IV Seminário O Cidadão e o Meio Ambiente, realizado pelo NESTH/UFMG e o Jornal O Eco Ambiental?

   A importância é eminente, na medida em que temos um crescimento acelerado da população e da pressão desta sobre os recursos naturais, carecendo, assim, de esforços das diferentes esferas da sociedade, no sentido de tentar conscientizar a população sobre a necessidade de que todos contribuam para garantir a sustentabilidade da vida no planeta. Essas iniciativas devem ser incentivadas, e o meio acadêmico é um local privilegiado, para difusão destes valores.

4 – Quais são os principais desafios, em sua opinião, da área socioambiental, em Minas Gerais e no Brasil?

   O grande desafio é delinear um desenvolvimento que seja realmente sustentável, respeitando os pilares da sustentabilidade (econômico, social e ambiental).
Como questões a serem debatidas e direcionadas destacam-se o uso e manejo adequado dos solos. Vários trabalhos vêm apontando o agravamento dos processos erosivos em Minas Gerais, como na região do Vale do Rio Doce e Campo das vertentes, e que carecem de intervenção. O uso inadequado dos solos pode levar à sua exaustão, ao avanço de processos erosivos, contaminação dos cursos d’ água, dentre outros. Minas Gerais tem se atentado para isso e conta hoje com um Conselho Diretor das Ações de manejo do solo (CDSOLOS), o qual administrará o Plano Estadual de Manejo e Conservação de Solos, visando o direcionamento das atividades
de controle da ocupação, uso, manejo e conservação do solo agrícola em Minas Gerais.
   O Brasil, considerado a grande fronteira agrícola mundial, tem como grande desafio o aumento da produção de alimentos de forma sustentável, para isso, devemos avançar em pesquisas, investir na recuperação de milhões de hectares de áreas degradadas e incorporá-las ao sistema produtivo, investir em sistemas de produção sustentáveis, como os Sistemas de Integração lavoura-pecuária e floresta (ILPF’s), que, além de garantir maior diversidade de renda e recuperação de solos e pastagem degradados, é um importante instrumento na redução da emissão de CO2 atmosférico.
Outro desafio relaciona-se à questão da disposição dos resíduos sólidos, e aos impactos desta sobre os recursos naturais. O crescimento da população e melhoria da qualidade de vida desta levará à uma crescente produção de resíduos sólidos, o que carece de políticas públicas adequadas para destinação destes.

5 – Quais as soluções possíveis aos conflitos ambientais locais?

   A busca por soluções pelos conflitos ambientais locais deve sempre considerar as peculiaridades do local e o diálogo entre os seus diferentes atores. Nesta perspectiva, o cidadão deve se apropriar dos problemas relacionados ao seu cotidiano, deve ser agente na organização, na gestão do ambiente no qual está inserido, contribuindo para a manutenção da qualidade deste ambiente, como também para a busca de alternativas viáveis para a solução dos problemas. E isso só poderá ocorrer com um diálogo aberto entre as diferentes esferas da sociedade.

6 - Qual a importância da Conferência Rio+20 para o Brasil e o mundo?

  A Rio +20 trará a oportunidade de discussão acerca da necessidade de serem considerados todos os pilares do desenvolvimento sustentável, ou seja, não é admissível mais pensar em crescimento econômico, sem pensar no desenvolvimento social e ambiental. Estes pilares são indissociáveis e toda e qualquer política pública deve se basear nestes pilares. A Conferência Rio+20 exige um novo comportamento dos países, frente aos desafios ambientais que temos presenciado, exige um novo olhar, um pensar e agir de forma sustentável, de forma a conciliar desenvolvimento econômica com sustentabilidade ambiental e social. Deve haver uma convergência entre estes pensamentos. E neste contexto, o Brasil assume um papel de destaque como grande potência ambiental, destacando o grande potencial de biodiversidade, capacidade de produção de alimentos, geração de energia limpa, dentre outros. Desta forma, as suas políticas públicas devem considerar um desenvolvimento centrado nestes pilares.

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