terça-feira, 26 de agosto de 2014

CONVERSANDO SOBRE A SUSTENTABILIDADE

  

   O Jornal e Projeto O Ecoambiental trabalha na área socioambiental, buscando contribuir para dar visibilidade a saberes, culturas de povos, civilizações históricas, das várias ciências, das ciências sociais, como a sociologia, para conquistarmos novos paradigmas na construção da sustentabilidade, na direção de sociedades ambientalmente mais justas, com melhor qualidade de vida e meio ambiente sadio para todos. 

METODOLOGIA PARA A CONSTRUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE - o agir local e pensar global


   Houve um tempo em que se considerava meio ambiente algo externo aos seres humanos: a fauna e flora, a natureza que nos cerca. Hoje sabemos que nossa espécie humana age e transforma a natureza, de forma predatória em relação a nossa própria espécie e a todo meio ambiente, ocasionando poluição, desmatamento, má qualidade de vida das cidades, das políticas públicas de saúde, educação, mobilidade urbana, habitação. Mantendo péssimas distribuições de riquezas entre pessoas e Países, promovendo conflitos étnicos, religiosos, culturais. Ações humanas que contribuem para a produção de alimentos com uso abusivo de produtos químicos;  nas mudanças climáticas ou aquecimento global; na má gestão das águas que agrava a escassez de água potável em várias regiões do País e do mundo; da perda de ecossistemas vitais para o equilíbrio ambiental do Planeta.  Há a grave situação dos povos, pessoas e refugiados em acampamentos, que migram em várias partes do mundo fugindo de guerras, conflitos ou das más condições socioambientais - de sobrevivência. Todo este novo cenário global acarreta conflitos socioambientais no campo e nas cidades.
    O mundo no século XXI é o mundo onde todos nós temos que saber agir com precaução, nos defendendo dos conflitos socioambientais. Em uma sociedade dividida em classes, onde há um descompasso entre o que se exige de cada ser humano: ser um super consumidor, em detrimento do que nós somos e queremos que ser, segundo nossa essência.  Sem contar o desperdício não só de alimentos, mas de recursos naturais. Talvez os seres humanos ainda não evoluíram individual e coletivamente para que nossa inteligência e tecnologia sejam sinônimas  de uma harmonia interior e com a natureza. Bem provável que direcionar energias e  economias para guerras, produção de armas químicas, doenças, vícios,  como no século passado e os conflitos socioambientais que ainda sofremos nos tenha trazido uma constatação: ainda não vencemos a “barbárie” humana e socioambiental.  O século XXI exige que conquistemos nosso equilíbrio do bem viver: “Sumac Kawsay” (em língua Quéchua, andina – Sumac – quer dizer plenitude e Kawsay – viver). 
      As novas tecnologias para o século XXI são de fato aquelas que são sustentáveis e que atendam princípios fundamentais em que todos tenhamos vida digna, saúde, educação, trabalho, habitação, alimentação de qualidade para todas nossas famílias e todos os seres humanos. Uma vida mais saudável, feliz e ambientalmente melhor.  Condições ambientais o Planeta possui. Precisamos aprender é compartilhar com outras espécies e recursos as belezas da Terra. E descobrirmos como sociedade que é inteligente e sinal de evolução cuidar e não destruir. Não podemos destruir o que não criamos. Muito porque a natureza está em nosso organismo: água e minerais. - - - Estamos evoluindo na direção de uma metodologia da dialética socioambiental. O que somos agora e fazemos e não nos agrada, ou não é sustentável, podemos compreender e evoluir. Em um movimento dialético, contrário ao que nos oprime há a afirmação de uma nova síntese ao conquistarmos uma autonomia de valorização humana, socioambiental. 

   CAMINHOS PARA A SUSTENTABILIDADE

- Descobrirmos que primeiro nós somos, existimos. Valorizarmos nossa existência é um ponto fundamental para a conquista da sustentabilidade.
- Cada ser humano tem que se esforçar para melhorar a si próprio, interiormente e agir pensando na melhoria da valorização dos seres humanos e de todo meio ambiente.
- Uma questão fundamental: cada um procurar descobrir o que veio fazer neste mundo. Por que, e para que nascemos? Qual nossa missão individual e como espécie neste mundo? Aqui cada um em sua crença ou na avaliação da beleza do cosmos tem uma opção de encontrar respostas.
- Se já descobrimos melhor, senão, é um caminho que cada um pode percorrer e descobrir.  Uma vez sabedores do por que estamos vivendo neste mundo, isto pode nos auxiliar a dar um sentido para nossas vidas. Aliar este sentido a ações que visam valorizar nossa espécie humana e todo o meio ambiente é um caminho para a sustentabilidade. Esta atitude vai além das relações capital x trabalho. Um movimento individual e coletivo faz-se necessário para que possamos unir o que temos de melhor em cada ser humano e na sociedade para vencermos esta condição insustentável em que nossa espécie se encontra.
- A sustentabilidade não é utópica, neste sentido, porque descobrir o que viemos fazer neste mundo é um caminho não tão fácil para com nós mesmos. É um caminho conflituoso. Mas fundamental.   Diz a sabedoria de Sun Tzu: “ o maior inimigo que podemos encontrar em uma guerra, somos nós mesmos”.  A determinação de buscarmos sermos melhores é fundamental. Muitas vezes temos saídas utópicas, ideais, mas nossa ação está muito distante de nossa palavra.  Este movimento individual a partir do interior de cada um de nós e as ações coletivas em benefício de todo meio ambiente que podemos empreender são conflituosos, porque as sociedades assim estão estabelecidas.
- A sustentabilidade une as pequenas coisas que podemos fazer para melhorar nossa evolução humana, de nossa comunidade e de todo meio ambiente, com outras ações que estão acontecendo a cada momento, de pessoas, sociedades, culturas e saberes.
- Há quem diga que o ser humano é criativo quando se sente livre.  Seguirmos com autonomia do sentido que damos a nossa vida, do valor humano que cada um de nós possuiu, agindo e trabalhando em todas as áreas do conhecimento humano, com todos os saberes e a atitude de aprendermos a ser melhores, assim os novos paradigmas da sustentabilidade estão se construindo.
- Um novo paradigma é nos questionarmos: o que é um trabalho sustentável ?  Com certeza já não é apenas o trabalho que procuro realizar para garantir a própria subsistência e de minha família, mas um trabalho em que já compreendi o sentido que dou a minha vida e o que posso fazer para resolver, ou contribuir na solução de algum problema socioambiental, local ou global. O trabalho sustentável é de responsabilidade de todas as classes sociais.
- A sustentabilidade passa por vários caminhos e um deles é: sabendo por que aqui estamos, o sentido de nossas vidas, de nossa espécie, agir pela nossa valorização como seres humanos e de todo o meio ambiente.  Viver de forma horizontal com relação aos ecossistemas. Partilhar os dons de cada um de nós e convivermos da melhor maneira entre nós mesmos e com todo o meio ambiente.
- Tudo que fizermos de bom para o meio ambiente, nossa comunidade, estaremos fazendo um bem a nós mesmos. Vamos evoluir individual e coletivamente, como seres humanos e como espécie.
- Sabendo que estamos na direção de sermos melhores, podemos corrigir nossos erros. Pela nossa condição humana, todos seres humanos são imperfeitos, cometem erros, assim como as sociedades erram. É preciso trilharmos  o caminho da disposição de aprender a conciliar, a dialogar, a argumentar, mais que sermos donos da verdade absoluta. 
- Esta afirmação já devemos ter ouvido: “não existe saber superior, existem saberes que se completam.”
- Outro caminho fundamental para a sustentabilidade é a  valorização das culturas e sabedorias locais, o respeito às culturas, etnias, crenças, civilizações que contribuem para a valorização dos seres humanos e de todo meio ambiente.
 - Como não existe “saberes superiores” compreendermos que não existem “etnias superiores”.  Existem formas diferentes de se relacionar, por exemplo, com o transcendente. Com Deus, com a natureza. Neste sentido,  as culturas dos povos indígenas, populações tradicionais, quilombolas, aborígenes, em todas as regiões da Terra, devem ser respeitadas. Assim como as várias culturas e civilizações que procuram contribuir na valorização de nossa espécie humana e de todo meio ambiente.
- O fio condutor, o eixo que deve nos unir no século XXI é a valorização de todos os seres humanos e de todo meio ambiente. Isto a partir de cada pessoa, de nossas famílias, nossa comunidade, a sociedade civil que tem papel protagonista na construção deste novo paradigma da sustentabilidade: um ser humano que não destrua sua própria espécie e todo o meio ambiente que nos cerca.
- Estas são argumentações, apenas uma breve conversa com nossos leitores sobre a sustentabilidade. Questões que levantamos a partir de nossa prática, nosso trabalho na área socioambiental. Ver o mundo de forma holística é um caminho que buscamos estar sempre aprendendo. Por isto convidamos nossos leitores ao diálogo e as boas ações. Boas ações dizemos não porque nos julgamos melhores, mas porque são as melhores que podemos ter em cada momento. 


 - É evidente que sabemos que este modo de produção sustentável que a humanidade está construindo não se dá sem conflitos. Contudo, na medida em que decidimos individual e coletivamente melhorarmos nossa condição de darmos sentido a nossas vidas e de melhorarmos a nós mesmos agindo de forma sustentável com todo o meio ambiente, nós podemos construir caminhos onde haja mais harmonia.
Por Luiz Cláudio - Jornal O Ecoambiental

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