quinta-feira, 25 de setembro de 2014

AS ELEIÇÕES NO BRASIL EM 2014, A SUSTENTABILIDADE E A CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA

EDITORIAL

   O debate sobre estas eleições 2014 vem colocando em xeque concepções políticas, econômicas, sociais, étnicas, religiosas,  culturais, socioambientais que são históricas na formação da sociedade brasileira. Constituem um desafio para avançarmos qualitativamente em direção de uma civilização brasileira onde haja respeito à pessoa humana e todo meio ambiente. Um Brasil sustentável.
   Esta semana postamos no blog do Jornal O Ecoambiental, alguns pensamentos emblemáticos sobre algumas culturas, sobre líderes mundiais que quando nos referimos a eles sentimos que a humanidade merece ser valorizada.
   Nos debates dos presidenciáveis temos assistido como falar de determinados assuntos questiona as pessoas, cultura brasileira. Alguns destes assuntos que consideramos ligados a construção da sustentabilidade. Afinal qual é a sustentabilidade defendida pelas candidaturas a Presidência?
- Falar de pobreza ou em nome dos pobres é um apelo para votos. Todos sabemos que os programas sociais do governo são fundamentais para que a miséria no Brasil seja extinta. Contudo, sabemos que a pobreza é socioambientalmente construída. Ninguém quer ser pobre. Nenhum ser humano nasceu para ser pobre. Mas como falar da pobreza dá votos! O desafio é avançarmos em qualidade de vida de toda a população. Segundo o provérbio chinês, “é melhor dar a vara para pescar o peixe que entregar o peixe.”  A situação de miséria  e conflitos socioambientias do povo brasileiro é ultrajante, ainda uma das piores distribuições de riqueza do mundo, sendo o nosso País um dos maiores produtores de riqueza do Planeta. A necessidade de se manter e aperfeiçoar o  “bolsa família” é a prova taxativa destes conflitos. Quais são os caminhos para se tirar o povo brasileiro da miséria ?
- Quem escuta as propagandas eleitorais no rádio e tv, percebe nitidamente que “a política” é tida ainda como um meio de vida e não a oportunidade de se valorizar a vida de todos. Ouvir frases como “nunca fui político, mas com seu voto e com sua ajuda, quero ser político para lutar por você”. O que se percebe é que o dinheiro que se ganha para “fazer para o povo” fala mais alto. Muitos que trabalham para partidos e candidatos estão de fato buscando um emprego, uma forma de ganhar o mínimo dos três mil reais do salário mínimo necessário para uma família hoje sobreviver no Brasil, já que a Constituição é desrespeitada ao não se garantir um salário mínimo necessário a sobrevivência de uma família no Brasil. Quem consegue sustentar uma família com R$ 724,00 ?
- A política passa então a ser no imaginário da população, “a arte de mentir para o povo”. Quando na verdade poderia ser a arte mais nobre do ser humano de cuidar de sua espécie e de todo meio ambiente.
- Se formos dialogando sobre estas concepções político-ideológicas podemos comparar a pobreza e a política brasileira.
- Uma vez que a forma como agimos politicamente determina a qualidade de nossa vida e de nossos semelhantes, da população. A pobreza ou a extinção da pobreza é política. Refletindo sobre as grandes lideranças da humanidade como Madre Tereza de Calcutá que nos traz sabedoria:"a falta de amor é a maior de todas as pobrezas”.  O ódio é uma energia contrária ao amor que provoca a pobreza material, espiritual, afetiva, social, socioambiental nos seres humanos e em todo meio ambiente. A política é talvez um dos maiores instrumentos criados pelos humanos que poderia ser utilizada para a manifestação do amor do ser humano para com sua própria espécie.
- Outro debate emblemático: sobre “ser capaz”. Quem na verdade detém a capacidade de governar um País ? Quem está preparado? Ouvimos este questionamento, quando um metalúrgico ousou ser candidato a Presidência da República. Ouvimos isto quando uma mulher ousa ser candidata a Presidência. Ouvimos isto quando uma mulher negra ousa ser candidata a Presidência da República. Os argumentos são os mesmos utilizados nas últimas eleições presidenciais: “não é o momento”; “não está preparado”. Estas eleições são emblemáticas para analisarmos como a sociedade brasileira ainda é preconceituosa. Nina Rodrigues  fundamenta uma postura ideológica de algumas concepções da sociologia brasileira e que foram introjetadas na cultura ou aculturação dos brasileiros. Foi ele um médico e antropólogo, brasileiro que repercutiu teorias de que a biologia e a etnia definiam quem era capaz “superior” e incapaz “inferior”. Esta construção de conflito étnico está ainda mais do que nunca presente na sociedade brasileira, como de que as etnias, negras, indígenas, não brancas da sociedade brasileira estivessem predestinadas à escravidão e as brancas ao exercício do governo.
- Na reta final das eleições 2014, assistimos debates carregados de preconceitos que na verdade são o contrário “do exercício político pelo amor” que citamos de Madre Teresa.
- Pobreza, política, economia, cultura, igualdade da raça humana, estão em xeque na civilização brasileira. 

   A sustentabilidade é fundamentada na valorização da pessoa humana e de todo meio ambiente. Acreditamos que não existe saberes superiores, assim como etnias superiores. Existem etnias, saberes que se completam. Esta é a beleza da singularidade humana, da nossa espécie.

   Temos um grande desafio como Nação brasileira a definir nestas eleições. Podemos nos tornar de fato uma civilização brasileira elevando os debates dos candidatos a Presidência da República ou vamos continuar pensando o Brasil a partir de concepções de “superior” e “inferior”. De teorias de alguns autores da sociologia brasileira impregnadas de racismo, de pensamentos socioambientais do século XIX que ainda povoam a formação cognitiva da população brasileira.
  Nunca é demais lembrarmos a sabedoria de Nelson Mandela, palavras que nos ensinam a bondade e o amor que os seres humanos podem ter com sua própria espécie e o exercício da política:

“Ninguém nasce odiando um outro ser humano. Se aprendemos a odiar, podemos aprender a amar”.

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