EDITORIAL
O debate sobre estas eleições 2014 vem
colocando em xeque concepções políticas, econômicas, sociais, étnicas,
religiosas, culturais, socioambientais
que são históricas na formação da sociedade brasileira. Constituem um desafio
para avançarmos qualitativamente em direção de uma civilização brasileira onde
haja respeito à pessoa humana e todo meio ambiente. Um Brasil sustentável.
Esta semana postamos no blog do Jornal O
Ecoambiental, alguns pensamentos emblemáticos sobre algumas culturas, sobre
líderes mundiais que quando nos referimos a eles sentimos que a humanidade merece
ser valorizada.
Nos debates dos presidenciáveis temos
assistido como falar de determinados assuntos questiona as pessoas, cultura brasileira. Alguns
destes assuntos que consideramos ligados a construção da sustentabilidade.
Afinal qual é a sustentabilidade defendida pelas candidaturas a Presidência?
- Falar de
pobreza ou em nome dos pobres é um apelo para votos. Todos sabemos que os
programas sociais do governo são fundamentais para que a miséria no Brasil seja
extinta. Contudo, sabemos que a pobreza é socioambientalmente construída.
Ninguém quer ser pobre. Nenhum ser humano nasceu para ser pobre. Mas como falar
da pobreza dá votos! O desafio é avançarmos em qualidade de vida de toda a população. Segundo
o provérbio chinês, “é melhor dar a vara para pescar o peixe que entregar o
peixe.” A situação de miséria e conflitos socioambientias do povo brasileiro
é ultrajante, ainda uma das piores distribuições de riqueza do mundo, sendo o
nosso País um dos maiores produtores de riqueza do Planeta. A necessidade de se
manter e aperfeiçoar o “bolsa família” é
a prova taxativa destes conflitos. Quais são os caminhos para se tirar o povo
brasileiro da miséria ?
- Quem
escuta as propagandas eleitorais no rádio e tv, percebe nitidamente que “a
política” é tida ainda como um meio de vida e não a oportunidade de se
valorizar a vida de todos. Ouvir frases como “nunca fui político, mas com seu
voto e com sua ajuda, quero ser político para lutar por você”. O que se percebe
é que o dinheiro que se ganha para “fazer para o povo” fala mais alto. Muitos
que trabalham para partidos e candidatos estão de fato buscando um emprego, uma
forma de ganhar o mínimo dos três mil reais do salário mínimo necessário para
uma família hoje sobreviver no Brasil, já que a Constituição é desrespeitada ao
não se garantir um salário mínimo necessário a sobrevivência de uma família no
Brasil. Quem consegue sustentar uma família com R$ 724,00 ?
- A política
passa então a ser no imaginário da população, “a arte de mentir para o povo”.
Quando na verdade poderia ser a arte mais nobre do ser humano de cuidar de sua
espécie e de todo meio ambiente.
- Se formos dialogando sobre estas concepções político-ideológicas podemos comparar a pobreza e a política
brasileira.
- Uma vez que
a forma como agimos politicamente determina a qualidade de nossa vida e de
nossos semelhantes, da população. A pobreza ou a extinção da pobreza é
política. Refletindo sobre as grandes lideranças da humanidade como Madre Tereza
de Calcutá que nos traz sabedoria:"a falta de amor é a maior de todas as
pobrezas”. O ódio é uma energia
contrária ao amor que provoca a pobreza material, espiritual, afetiva, social,
socioambiental nos seres humanos e em todo meio ambiente. A política é talvez
um dos maiores instrumentos criados pelos humanos que poderia ser utilizada para a manifestação do
amor do ser humano para com sua própria espécie.
- Outro
debate emblemático: sobre “ser capaz”. Quem na verdade detém a capacidade de governar um
País ? Quem está preparado? Ouvimos este questionamento, quando um metalúrgico
ousou ser candidato a Presidência da República. Ouvimos isto quando uma mulher
ousa ser candidata a Presidência. Ouvimos isto quando uma mulher negra ousa ser
candidata a Presidência da República. Os argumentos são os mesmos utilizados
nas últimas eleições presidenciais: “não é o momento”; “não está preparado”. Estas
eleições são emblemáticas para analisarmos como a sociedade brasileira ainda é
preconceituosa. Nina Rodrigues fundamenta
uma postura ideológica de algumas concepções da sociologia brasileira e que
foram introjetadas na cultura ou aculturação dos brasileiros. Foi ele um médico
e antropólogo, brasileiro que repercutiu teorias de que a biologia e a etnia
definiam quem era capaz “superior” e incapaz “inferior”. Esta construção de
conflito étnico está ainda mais do que nunca presente na sociedade brasileira,
como de que as etnias, negras, indígenas, não brancas da sociedade brasileira
estivessem predestinadas à escravidão e as brancas ao exercício do governo.
- Na reta
final das eleições 2014, assistimos debates carregados de preconceitos que na
verdade são o contrário “do exercício político pelo amor” que citamos de Madre
Teresa.
- Pobreza,
política, economia, cultura, igualdade da raça humana, estão em xeque na
civilização brasileira.
A sustentabilidade é fundamentada na
valorização da pessoa humana e de todo meio ambiente. Acreditamos que não existe
saberes superiores, assim como etnias superiores. Existem etnias, saberes
que se completam. Esta é a beleza da singularidade humana, da nossa espécie.
Temos um grande desafio como Nação
brasileira a definir nestas eleições. Podemos nos tornar de fato uma civilização
brasileira elevando os debates dos candidatos a Presidência da República ou
vamos continuar pensando o Brasil a partir de concepções de “superior” e “inferior”.
De teorias de alguns autores da sociologia brasileira impregnadas de racismo,
de pensamentos socioambientais do século XIX que ainda povoam a formação
cognitiva da população brasileira.
Nunca é demais lembrarmos a sabedoria de
Nelson Mandela, palavras que nos ensinam a bondade e o amor que os seres
humanos podem ter com sua própria espécie e o exercício da política:
“Ninguém
nasce odiando um outro ser humano. Se aprendemos a odiar, podemos aprender a
amar”.
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