quinta-feira, 20 de outubro de 2016

CLIMAFUND BRASIL - 9ª SUSTENTAR - COMBATE AS QUEIMADAS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO BRASILEIRAS











 Prevenção e combate a queimadas em Unidades de Conservação brasileiras são os principais objetivos do ClimaFund Brasil 

Projeto foi lançado no Sustentar 2016. O objetivo é colaborar com as metas de redução dos gases de efeito estufa (GEE) do Acordo de Paris recém ratificado pelo Brasil

   As queimadas e os incêndios florestais estão entre as principais ameaças ambientais enfrentadas pelo Brasil, o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa (GEE) do mundo. O problema impulsionou o  país a ratificar o Acordo de Paris- após os Estados Unidos e a China- se comprometeu a reduzir as emissões de GEE em 37% até 2025, e em 43% até 2030, tendo como base o ano de 2005. 

   Porém, as metas estão longe de serem alcançadas. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o número de focos de incêndios florestais subiu 40 % em relação ao mesmo período no ano passado. A seca dos últimos anos, provocada, entre outros, pelo El Niño, fenômeno caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais do oceano Pacífico Tropical, pode afetar o clima regional e global, aumentando a suscetibilidade aos incêndios.Para agravar a situação, de acordo dados do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo)- centro especializado do Ibama, mais de 90% dos incêndios têm ação humana. 

   As emissões de grandes quantidades de carbono provenientes da queima da biomassa colocam o Brasil entre um dos maiores emissores de gases de efeito estufa (GEE) do planeta.“Além de ocasionarem o aumento do aquecimento global, segundo muitos estudos, os incêndios poluem a atmosfera, causam prejuízos socioeconômicos e aceleram os processos de desertificação, desflorestamento e redução da biodiversidade”, afirma Douglas Trent, ecólogo e diretor internacional do Instituto Sustentar. 

   É dentro dessa perspectiva que o Sustentar 2016- 9º Fórum Internacional pelo Desenvolvimento Sustentável- (MG/ SP) lança o ClimaFund Brasil. Idealizada pelo Instituto Sustentar, a proposta de governança tem como objetivo central a mitigação dos impactos de queimadas, prevenção e combate a incêndios florestais nas áreas de Unidades de Conservação (UCs) brasileiras públicas e privadas – parques, estações ecológicas, reservas biológicas, Áreas de Proteção Ambiental (APA), entre outras – nas esferas federal, estadual e municipal. “O Climafund Brasil surge em virtude da necessidade de criarmos projetos estruturantes de abrangência nacional, pois temos percebido que, mesmo com todos os pequenos projetos que existem no mundo, não estamos dando conta de implementar as mudanças necessárias para a sustentabilidade”, explica o ecólogo. 

   O projeto foi apresentado no dia 18 de outubro, durante a edição em Minas Gerais, na Fundação Dom Cabral, no Alphaville- Nova Lima/MG. No dia 1 de novembro, o conselho do ClimaFund Brasil, formado por ambientalistas e especialistas do clima, governo, sociedade  civil e setor corporativo,vai debater, durante o fórum na edição São Paulo (FDC-SP), os impactos do fogo e da emissão de gases de efeito estufa dos ecossistemas florestais dentro do cenário do aquecimento global a partir de proposições estabelecidas pelos membros. 

   De acordo com Trent, um dos idealizadores do ClimaFund Brasil, a iniciativa vai assegurar recursos financeiros e humanos, além de capacidade logística de apoio a equipes de brigadistas para que consigam chegar até os incêndios nos parques e terras que fazem fronteira com eles, em todo o território nacional. 

   O projeto está previsto para iniciar em 2017. Para começar, será feito um piloto em três parques nacionais,Parque Nacional da Serra do Cipó (MG), Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (MT) e Floresta Nacional de Roraima (RR) e Parque Estadual do Itacolomi (MG), com a conscientização das comunidades do entorno dessas áreas, capacitação e contratação de brigadistas e equipamentos. 

   Os recursos para financiamento das ações serão originados de uma combinação de fundos, sendo o endowment a modalidade principal. Este tipo de fundo consiste na captação de recursos para criação de um patrimônio perpétuo, cujos rendimentos poderão ser utilizados continuamente para as atividades a serem desempenhadas. trabalho conjunto com o governo federal, por meio do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade, que delimitará as áreas a serem beneficiadas. 

   Haverá também a criação e capacitação de equipes de resposta rápida, que contarão com os mais qualificados equipamentos e outros recursos para a operabilidade e manutenção do envolvimento da população local por meio de iniciativas, entre elas o pagamento por serviços ambientais em áreas críticas, parcerias com organizações mundiais, sociedade civil, academia, multilaterais e especializadas, de forma a garantir a constante troca de informações sobre o tema. 

   Serão utilizadas as ferramentas de comunicação para a construção de sistemas de mobilização de recursos e de envolvimento de pessoas para a iniciativa, bem como a transparência das operações. 

   “Países como Peru, México, Equador e Costa Rica já praticam fundos como este,  operando em trabalhos para conservação da natureza, instalados em uma época quando a preocupação prioritária estava na proteção da biodiversidade. Hoje em dia, sabemos que se não reduzirmos a emissão de gases de efeito estufa, o aquecimento global trará prejuízos irreversíveis para o meio ambiente. Neste caso, a melhor forma de protegermos a biodiversidade é não deixando o planeta ferver”, enfatiza Trent.

   O professor Raoni Rajão, doutor e coordenador do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um dos conselheiros do comitê, enfatiza a importância dos mecanismos de pagamento por serviços ambientais para a concretização do ClimaFundBrasil.
   “O fogo é um insumo importante para a pecuária extensiva e agricultura familiar, pois economiza mão de obra e possibilita o manejo de pasto e a abertura de novas clareiras. Sendo assim, a redução das queimadas depende não só de ações punitiva mas também do incentivo a práticas mais sustentáveis em regiões vulneráveis”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário