ONU - BRASIL
Nesta quinta-feira (10), dia dedicado à juventude na conferência climática COP27, jovens ativistas pediram justiça pelos países que mais sofrem com mudanças climáticas, embora sejam os que menos emitem gases de efeito estufa. Eles querem um sistema de reparação capaz de compensar os danos e perdas causadas pelas mudanças climáticas.
No mesmo dia também foi lançado o relatório “10 Novas Percepções em Ciência Climática”, cujo destaque é o dado de que mais de três bilhões de pessoas vão viver em áreas com maior suscetibilidade a riscos climáticos até 2050, o dobro do que é hoje.
A ONU Mulheres também emitiu uma nota lembrando que os impactos climáticos estão revertendo os ganhos na igualdade de gênero e que as mulheres são cruciais para a luta contra a mudança climática.
Armados com camisetas, faixas, cartazes, megafones e, principalmente, com depoimentos emocionantes e cheios de fatos científicos e financeiros, os jovens tomaram as salas da conferência climática COP27 para exigir dos negociadores que abordem a questão das perdas e danos.
“Há catástrofes climáticas e destruição, e meu país acaba pegando dinheiro emprestado do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial para lidar com as repercussões… Nossos países não podem se desenvolver por causa dos custos da crise climática”, disse um jovem ativista africano durante um dos muitos protestos na última quinta-feira (10). “Nossos futuros estão sendo roubados de nós e isso é uma injustiça”, declarou.
“Perdas e danos” referem-se a custos assumidos por países que contribuíram menos para a mudança climática, mas estão sofrendo os impactos, como aumento do nível do mar e eventos climáticos extremos cada vez mais comuns.
Atualmente, países em desenvolvimento como Paquistão, Bangladesh e um bom número de nações africanas são obrigados a arcar com custos muito altos para se recuperar de desastres induzidos pelo clima, e os jovens acreditam que é hora dos grandes poluidores pagarem sua dívida ecológica.
“Esta é uma questão que foi deixada de lado COP após COP. O fato de estarmos em um país africano este ano é muito significativo. É um fato científico que os países com menos recursos econômicos e com quase nenhuma responsabilidade pelas emissões são os que acabam sofrendo mais.Trata-se de reparação e justiça social”, disse Bruno Rodriguez, jovem ativista argentino à ONU News.
O apelo dos jovens foi claro: eles querem o estabelecimento de um mecanismo de financiamento para perdas e danos que possa fornecer valores adicionais e prontamente acessíveis para ajudar as nações em desenvolvimento a se ajustarem e limitarem os “impactos irreversíveis de mudança de vida sobre os jovens”.
Apelo embasado - O relatório anual “10 Novas Percepções em Ciência Climática” oferece uma síntese concisa das descobertas mais urgentes sobre pesquisas relacionadas à mudança climática para informar as negociações da COP e destacou a importância de lidar com perdas e danos como um “imperativo planetário urgente”.
Durante a divulgação do relatório nesta quinta-feira, que coincidiu com o Dia da Juventude e Ciência, os cientistas ressaltaram que perdas e danos já estão ocorrendo e devem aumentar significativamente com base nos modelos de trajetórias atuais.
“Embora muitas perdas e danos possam ser calculados em termos monetários, também há aqueles que não são econômicos e precisam ser compreendidos e contabilizados”, alertaram os autores do relatório, pedindo uma resposta política global coordenada “urgente” sobre a questão.
O documento também destaca que muitas dessas consequências não podem ser evitadas com meras medidas de adaptação e que agir rapidamente para reduzir as emissões é uma opção muito melhor.
Para os autores do relatório, a realidade de que dezenas de milhares de pessoas que já estão morrendo devido ao impacto climático precisa estar no centro das negociações.
Eles também destacaram que mais de três bilhões de pessoas vão viver em áreas com maior suscetibilidade a riscos climáticos até 2050, o dobro do que é hoje.
Mulheres - Também nesta quinta-feira, a ONU Mulheres publicou uma nota lembrando que os impactos climáticos estão revertendo os ganhos na igualdade de gênero e que as mulheres são cruciais para a luta contra a mudança climática. “Devemos desviar a narrativa das mulheres e meninas como vítimas vulneráveis e, em vez disso, promover a liderança e a participação das mulheres em todas as ações climáticas. Como agricultoras, produtoras, trabalhadoras, consumidoras e chefes de família, as mulheres são importantes agentes de mudança na implementação de estratégias de desenvolvimento com baixo nível de carbono e resilientes ao ambiente”, defende a agência.
O papel das mulheres rurais e indígenas na linha de frente da crise, empregando conhecimentos e práticas ancestrais para construir resiliência em meio a mudanças climáticas, também foi citado pela ONU Mulheres, além da persistência de jovens líderes. “A ONU Mulheres está trabalhando para assegurar que as vozes e perspectivas das mulheres e meninas sejam integradas em todas as vertentes e processos de trabalho da UNFCCC na COP27. Apelando a todos os países para que aumentem rapidamente a implementação de todos os compromissos sobre igualdade de gênero e clima e aumentem seus investimentos em ações climáticas sensíveis a gênero que priorizem o cuidado com as pessoas e com o planeta”.
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